Diogo Olivier: os robocops invadiram o futebol


Fonte: Diário Gaucho

Diogo Olivier: os robocops invadiram o futebol
Agomar Martins, expressão nacional do apito nos anos 70, com seu metro e meio de altura, não teria vez. Esqueça, também, os barrigudinhos que a gente via caminhando com serenidade e altivez nos gols do Fantástico.

E mesmo os magros, mas nada atléticos, como a lenda Armando Marques. Agora tem de ser marombado. Tipo assim um Schwarzenegger em Conan, o Bárbaro. Aqui no nosso Gauchão há vários representantes desta tendência mundial da arbitragem.Anderson Daronco é o mais famoso, por levar no peito o escudo Fifa.

Jean Pierre Gonçalves não ganhou o apelido de Vin Diesel apenas pela semelhança da careca com o ator americano, mas também pelo porte de lutador. O jovem Roger Goulart faz o estilo entroncado. O próprio Márcio Chagas, hoje analista da RBS TV, se valia do corpanzil de jogador de basquete de NBA. Sei de muito valente que desistiu de peitá-lo ao deparar com o tamanho da encrenca. Minhas fontes no mundo do apito afiançam esta nova realidade.

Há exemplos à mancheia para ser mera coincidência. Luis Teixeira Rocha, árbitro de Grêmio e São Paulo-RG, na Arena, é um deles. Pinta de Van Damme. Um quarto árbitro de 26 anos que, dizem, tem muito futuro, em ação nos gramados provinciais, chegou a ser finalista do Mister Brasil de fisiculturismo. Disputou concursos na Bulgária. Douglas Schwengber da Silva é o nome dele.

Não é só aqui. É no mundo todo. O número 1 da Argentina, Nestor Pitana, 1m93cm, as veias dos braços saltadas, parece um monstro quando franze o cenho. Eu é que não o deixaria contar histórias de ninar para o meu filho pequeno.

O movimento marombado ganhou corpo – perde-se o leitor, nunca o trocadilho – na Copa de 2010, com o policial britânico Howard Webb, 1m88cm, escalado para a final, entre Espanha e Holanda. A atuação foi ruim, mas sua presença titânica cravou uma tendência.

Os rigores dos testes físicos regulares são tão espessos que só sendo máquina. O sujeito tem de correr 100m como se fosse Husain Bolt, suportar maratona feito um queniano na São Silvestre e, ao mesmo, ter força muscular de levantador de peso do Cazaquistão.

É a competição desleal entre as dezenas de câmeras infalíveis e os erros humanos. A tese diz que, quanto mais próximo do lance estiver o árbitro, menos chance ele terá de dar mancada. Como o futebol está cada vez mais veloz e intenso, é um mortal a contrariar as leis da física, tendo de estar em vários lugares ao mesmo tempo. Só sendo robô. Quem não for superatleta não tem vez. Mas há controvérsias sobre esta diretriz da Fifa.

A prevalência física ameaça a técnica. Algo assim como correr mais rápido até do que a bola mas, ao topar com a jogada a centímetros de distância, não saber o que fazer.
Ganha-se em força, perde-se em tirocínio. Os árbitros mais velhos – e experientes – fatalmente perderão espaço para os mais jovens. E, como se sabe, em qualquer atividade, a experiência acumulada é o ápice. Isso não quer dizer que o fortão será necessariamente um brucutu do apito. O próprio Daronco é prova em contrário: tem recebido merecidos elogios do Oiapoque ao Chuí pelo seu talento.

Mas é fato: árbitro que sonha com projeção na Fifa agora tem de ser robocop.
Antes de ser ser bom, aí é que está o problema.

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