Grêmio abre cofre, soma vitórias e vai da "vergonha" à liderança em 1 mês

Felipão vibra com gol: o que era raridade virou rotina (Foto: Wesley Santos / Agência PressDigital )

O dia foi o mesmo, só mudou o mês. Só? O que se viu em questão de 30 dias foi uma revolução na Arena. Nesse mesmo estádio, em 14 de fevereiro, o Grêmio perdia a sua segunda partida consecutiva em casa, para o Veranópolis, e Felipão deixava o banco de reservas antes do final do jogo, em atitude desesperada que ganhou o mundo, classificada por ele próprio como uma reação à "vergonha". Agora, no último sábado, 14 de março, a Arena conheceu o novo líder do Gauchão. Esse mesmo Grêmio, que, em um mês, parece outro time, forjado por vitórias, reforços e mais confiança.

Apesar da política de contenção de gastos, com 11 saídas do elenco principal e somente quatro contratações, o Grêmio começou o Gauchão bem, ao bater o União Frederiquense na Arena. No entanto, sofreria com o baque das vendas repentinas de Marcelo Moreno e Barcos. Restaram apenas garotos no ataque, e a média de idade baixa fez o elenco tricolor ser o mais jovem do estadual.

As dificuldades aumentaram em jogos na Arena. Sob pressão da torcida e diante de times retrancadas, os garotos de Felipão sucumbiram. Perderam para Brasil de Pelotas e Veranópolis. Esse último jogo causou a inesperada reação de Scolari de abandonar o reservado. Mais do que isso: iniciou, mesmo que lentamente, uma reação. A começar pela direção, que, cobrada publicamente pelo treinador, intensificou a busca por reforços e resolveu "abrir os cofres", a despeito da cruzada a favor da economia.



Nas últimas semanas, chegaram Maicon, Braian Rodríguez e Cristian Rodríguez, todos jogadores experientes, perto dos 30 anos e em plenas condições físicas para vestir a camiseta e jogar de imediato. O que não só acarretou em qualidade ao time, o que se viu neste sábado, quando os três, enfim, atuaram juntos. A torcida se animou a ponto de surgirem mais 500 novos associados nos últimos 15 dias, segundo o presidente Romildo Bolzan Júnior.

- Abrimos os cofres e trouxemos três jogadores. Houve um acréscimo muito forte. Junto com esses cascudos, a meninada deu uma consistência. Esperamos subir ainda mais essa escada - analisou o diretor de futebol César Pacheco. - Também acho que o vestiário é muito bom. Vi uma mudança radical, jogadores que assumiram o espírito do Grêmio, de nunca desistir. Isso dá campeonato. Nossa torcida precisa. A direção investiu. O trabalho está sendo feito para ganhar o Gauchão.

Cristian Rodríguez foi a última contratação de peso do Grêmio (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

A reação em campo, todavia, começou um pouco antes. Mesmo ainda sem os reforços pedidos, Felipão conseguiu arrumar o time, usando a mesma receita do segundo semestre do ano passado. Ou seja, aprimorou a defesa, resgatando os três volantes para vencer o Passo Fundo, fora de casa, em triunfo que teve até abraço coletivo no treinador. A partir daí, o grupo pareceu mais fechado, não abrindo mão de sempre se reunir no centro do gramado, antes de a bola rolar e também no intervalo e ao final das partidas.

A mesma fortaleza defensiva se viu contra Juventude e Inter (empates sem gols). Faltava melhorar o ataque. Para tanto, voltaram os lesionados Giuliano e Luan, além de Yuri Mamute. O trio foi bem contra o Caxias, na vitória que coroou a retomada, na semana passada. Depois, houve novo resultado positivo com o Ypiranga e o Cruzeiro-RS - três vitórias consecutivas pela primeira vez na temporada.

Para se ter uma ideia da reação: desde que o time estancou as derrotas, contra o Passo Fundo, são seis jogos invictos, com 14 pontos ganhos. Antes, havia conquistado seis pontos nos primeiros cinco duelos no Gauchão. E só levou um gol, do Caxias.

- Estava até comentando. Antes, só vinha para explicar derrota, mas as coisas mudaram. Nós conversamos, a gente tinha vergonha pelo que vinha acontecendo, tentávamos e não ia. Assumimos nossos erros e corrigimos devagar. Com a chegada de grandes jogadores, de seis jogos, pulamos de décimo para primeiro - valoriza o capitão Rhodolfo.

A boa fase inspira até brincadeiras. Questionado sobre a "fuga" de Felipão do reservado há um mês, Giuliano afirmou que isso não mais se repetirá:

- Não sei se é o time ideal, mas de repente encontramos um padrão que o time fica muito bem representado e o Felipe não saia mais do banco.

É o que todos os gremistas desejam. O próximo teste para confirmar a ascensão será no domingo, 22 de março, contra o Lajeadense na Arena, pela 12ª rodada do Gauchão.




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