Conhecemos o primeiro capítulo dessa história. Ele é épico, mas não seria como em toda história verdadeira? Há 30 anos o Brasil de Pelotas venceu o Flamengo de Zico. Talvez já fosse o segundo capítulo quando, no caso, o primeiro teria sido a luta de Davi contra Golias.
Histórias costumam repetir-se e, três décadas depois, temos o reencontro de Davi, digo, do Brasil de Pelotas e do Flamengo do Rio. Ok, o Flamengo não tem mais o Zico (tem o Pará) e o próprio Vanderlei Luxemburgo já não é nenhum Golias. Mas o time continua na Série A com uma das maiores — senão a maior — torcidas do país e uma folha de pagamento muito superior ao do adversário que hoje luta bravamente na Série C.
O novo capítulo dá-se no mesmo cenário, um Bento Freitas lotado à espera de uma nova façanha no jogo de ida pela Copa do Brasil. Conhecemos as regras. Se o visitante fizer dois a zero, não tem jogo de volta. E a trama recomeça indigesta: ainda no primeiro tempo, o zagueiro pelotense falha como havia falhado o flamenguista no gol do Bira há 30 anos.
Para complicar a intriga, até o Pará faz um gol no segundo tempo. Dois a zero, fim da linha, fim da história nada repetida.
Eis que no último lance, Forster reedita a jogada de Júnior Brasília há 30 anos. Tudo é muito igual e muito diferente como no paradoxo das melhores histórias. Igual, porque o gol é meio bruxo, igual porque reacende a torcida. Diferente, porque o Brasil de Pelotas perde o jogo e as chances de uma reabilitação deverão passar por uma vitória por dois gols de diferença na frieza do Maracanã e não no caldeirão do Bento Freitas. Uma classificação no Rio é improvável.
Mesmo assim, a torcida comemora como se tivesse vencido uma Copa do Mundo. A massa xavante rubro-negra colore a alegria das arquibancadas e ilumina o barulho de um estádio inteiro. É o segundo capítulo, a repetição de uma história, ainda que diferente. O que ontem era épico, hoje é lírico na vida de uma paixão que, 30 anos depois, no meio de tantos revezes, incluindo uma derrota parcial quase total, consegue permanecer acesa, intacta, inflamada e repleta de esperança.
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Mesmo assim, a torcida comemora como se tivesse vencido uma Copa do Mundo. A massa xavante rubro-negra colore a alegria das arquibancadas e ilumina o barulho de um estádio inteiro. É o segundo capítulo, a repetição de uma história, ainda que diferente. O que ontem era épico, hoje é lírico na vida de uma paixão que, 30 anos depois, no meio de tantos revezes, incluindo uma derrota parcial quase total, consegue permanecer acesa, intacta, inflamada e repleta de esperança.
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