Discreto, eficiente e nas graças de Felipão, Araújo é comprado pelo Grêmio

Em oito meses, Araújo passou de mais um menino em teste no Grêmio ao guardião da zaga e homem de confiança de Felipão. Uma trajetória tão rápida que surpreendeu até mesmo a direção. Que precisou correr para comprá-lo ao Juazeiro, clube do Sertão do Cariri, terra do Padre Cícero no interior do Ceará. Nesta sexta-feira, a direção adquiriu os direitos econômicos e assinou com o guri por três anos.

Teodoro Junio Barbosa de Araújo, ou simplesmente Araújo, 19 anos, foi descoberto pelo empresário Gilmar Veloz em 2010, na disputa da Copa Santiago, torneio sub-17. Ele e o atacante Leandro, hoje no Palmeiras, eram os pilares do Gama-DF. Com 15 anos, fez as malas e deixou a família para jogar no Pedrabranca F.C., de Alvorada _ hoje extinto e com CT alugado para o Inter. Para ganhar mais projeção, foi levado por Veloz para o Vitória, onde ficou quatro anos. Saiu de Salvador para o período de testes no Grêmio. Desembarcou no Olímpico dia 8 de abril de 2014 para começar sua trajetória rápida até o titular.


A nova aposta de Felipão foge do tradicional estilo dos boleiros. Discreto, quieto e centrado, o volante talvez tenha de parar com a faculdade de educação física no primeiro semestre. Mas será por uma boa causa.

Natural de Aparecida de Goiânia, munícipio da Região Metropolitana de Goiânia, Araújo saiu de casa aos 12 anos. Mantém o contato com os pais em ligações diárias. A mãe, Maria Das Neves Araújo, e o pai, Teodoro Batista Barbosa, monitoram por telefone as andanças do volante.

_ Brincava um pouquinho com a bola, quando era mais novo nas roças. Jogava em todas as posições, mas gostava mesmo é de fazer gols. E era bom (risos) _ brinca Teodoro, por telefone.

Araújo herdou do pai mais do que o nome e a paixão pela bola. Colocou o pé na estrada com os conselhos decorados de como deveria encarar a carreira de jogador. Seu perfil foge ao dos padrões da gurizada da base. Enquanto os companheiros esbanjam roupas de grifes e gastam o tempo com idas aos shoppings, Araújo mantém rotina sem agitações. Para economizar o salário, seguiu morando no alojamento do clube, em Eldorado. Parte dos ganhos é enviado aos pais, que trabalham como vendedores em lojas de roupas em Aparecida de Goiânia.

_ Trabalhei de feirante, de tudo que dá pra fazer. Na roça, a vida é mais difícil, fazia de tudo. Hoje, trabalho vendendo roupas. Para todos os lugares que o Araújo foi, só dei o conselho de que precisa ser uma pessoa correta, não andar com gente errada. Para levar para o lado errado tem muitos. Peço sempre para andar com as pessoas sérias e trabalhar certinho _ diz o pai.

Foi justamente o estilo correto _ em campo e fora dele _ que fez o volante cair nas graças do exigente Felipão. Bom marcador, faz sem alarde a marcação e a proteção à zaga em campo. Esse é o seu diferencial.

_ O Araujo sabe se posicionar e está sempre com a cabeça em pé. Esse permanecerá conosco. Gosto muito dele _ garantiu o técnico depois do empate contra o Novo Hamburgo.

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