Foto: Ricardo Duarte / Agencia RBS
Quinta-feira, 20h. O treino do técnico Felipão que preparava a equipe para a partida contra o São Paulo já havia terminado há mais de duas horas. Poucas luzes estavam acessas no já semidemolido Olímpico. Uma delas é na sala onde algumas das principais decisões do futebol gremista são tomadas. Paredes que registram as conversas sobre mudanças de técnicos, jogadores e projetos.
Desde o anúncio do dia 21 de outubro de 2012, a convite de Fábio Koff, essa é a rotina que marca a vida Rui Costa, diretor-executivo do Grêmio para o biênio 2013/2014, período que se esperava que a mudança para a Arena começaria magicamente uma nova série de vitórias e conquistas.
— Foram apenas dois anos, mas pareceram 20 — diz Rui Costa.
A pressão por resultados, contratações e o peso de trabalhar na gestão do departamento de futebol com o presidente mais importante da história de 111 de anos de clube, mudaram não só a profissão do advogado, casado com Cristina e pai dos gêmeos Antônio e Cecília, de 5 anos, que resolveu trocar a tranquilidade dos escritórios pela efervescência dos vestiários.
Entre as badaladas contrações de jogadores como Vargas, Barcos, André Santos, Rhodolfo e Giuliano, Rui Costa também teve de se acostumar com as cobranças pelos fracassos na Libertadores e a supremacia recente do arquirrival.
Em mais de uma hora de entrevista, Rui Costa fala sobre os 23 meses de trabalho no cargo e de como o clube está se preparando para a reta final do Brasileirão e o futuro.
Nos dois anos da atual gestão, o Grêmio teve um técnico com um perfil no primeiro semestre e outro no segundo. Por quê?
O Vanderlei (Luxemburgo) tinha um perfil. Houve um momento que a forma de trabalho não se compatibilizava com o que o presidente queria. O Renato (Portaluppi) veio pela relação que tem com o clube, e fez um trabalho exatamente como se pensava. Claro, queríamos conquistar um título, mas se formos analisar friamente, ele atendeu nossas expectativas. Ali também fizemos um diagnóstico que teríamos que mudar. O Enderson (Moreira) veio por convicção e saiu porque havia a necessidade de uma mudança. E aí veio o Felipão, o treinador que o presidente sempre quis. Não é um resgate do passado, é um resgate do presente. O ideal é não mudar. Os grupos campeões venceram porque tiveram continuidade. Agora, temos um treinador que defenderá um trabalho de longo prazo.
O que mudou de 2013 para 2014 em termos de contratações?
Quando chegamos, havia uma expectativa de que o Grêmio teria uma disponibilidade de caixa que permitiria grandes investimentos. Tínhamos a Libertadores, e por decisão do departamento de futebol e do Vanderlei, buscamos fazer uma equipe com mais solidez, nome e experiência. Vieram Cris, André Santos, Welliton, mas também chegaram Ramiro, Bressan e Wendell. Não conquistamos a Libertadores e tivemos que fazer um projeto de adequação. Dos quase 20 contratados, mantivemos 12. Existe alguma dúvida de que o Barcos é um dos melhores centroavantes do Brasil hoje? Erramos, mas também acertamos bastante. O Grêmio tem uma estrutura de equipe pronta para o futuro.
Um título teria mudado a avaliação do trabalho?
Sem dúvida. O resultado no futebol é preponderante. Como gestor, preciso analisar o que nem sempre é bem digerido. O torcedor é um apaixonado, e essa sinergia só acontece com vitórias. Há mais de 10 anos o Grêmio vem próximo de conquistar um título. Estamos trabalhando para mudar isso, com dificuldades financeiras, sem receitas dos jogos. Ao mesmo tempo, desenvolvemos receitas ordinárias. Captamos jogadores, mostramos para o mercado que aqui eles irão jogar, e nos sustentamos nesses dois anos com a venda de jogadores. Falta um título. Nós carregamos esse peso, e isso torna o trabalho mais difícil.
Esses dois anos sem vitória em Gre-Nal também prejudica?
Uma das principais paixões do torcedor é ganhar o Gre-Nal. Se não conquistamos títulos, sobra o Gre-Nal. Infelizmente, se jogamos bem ou mal, não tivemos sucesso. Temos que mudar isso. Quero que a torcida ganhe. Assim, no dia 9 de novembro, quando entrarmos em campo, vamos buscar com muita veemência uma vitória.
Como foi apostar em um ataque que passou boa parte de 2013 criticado por não marcar gols?
O dirigente precisa ter uma capacidade de observação e, acima de tudo, humildade para poder identificar os acertos e não achar que os erros foram conspiração do destino. Sempre trouxemos jogador para dar opções ao técnico. Hoje, temos o Barcos, que dispensa comentário. Temos o Dudu, que todos os clubes grandes do Brasil querem, e já tentam o contato. Temos o Lucas Coelho, que cresce muito. O Grêmio é dono do artilheiro do Brasileirão, Marcelo Moreno. Foi para o Flamengo e não atuou bem, a escolha da ida dele para o Cruzeiro foi processo de gestão. Sabíamos que iria bem, foi lá que teve o ápice da carreira. Hoje, está valorizadíssimo e tem em contrato opção de compra quase um terço maior do que o Grêmio pagou. Projetávamos a valorização dele e garantiu-se isso em contrato. Ou pagam ou volta.
O Marcelo Moreno voltará ao Grêmio?
Se quiser voltar, o Marcelo Moreno será recebido de braços abertos. Nunca houve uma ruptura. Identificamos que um jogador do nível dele não poderia ficar sem jogar. Cabe ao gestor encontrar um ambiente favorável para ele crescer. Quando saiu, não tinha o status de artilheiro do campeonato. Era melhor que estivesse aqui, mas pergunto: o Barcos não faz gols? Ele está próximo da artilharia. Essas coisas demoram um tempo a aparecer.
O Barcos é um símbolo do elenco?
O Grêmio tem um grupo de vários símbolos. O Marcelo (Grohe) é um grande símbolo. Passou por cima de críticas e até destruição de imagem e virou goleiro da Seleção. Alguém pode dizer: "Mas por que veio o Dida?". O Dida era importante para aquela situação. Ele cresceu com a presença do Dida. Quem decidiu que o Grohe seria o goleiro à disposição do treinador para ser titular fomos nós. E fomos muito criticados por isso...
.. mas houve a tentativa de contratação do Júlio Cesar?
Não. O goleiro do Grêmio sempre foi o Marcelo. Havia uma convicção. Disse a ele isso no final de 2013. Falei para ele nos dar um voto de confiança e continuar o trabalho que em 2014 viria a oportunidade dele.
Qual foi o legado do Luxemburgo no Grêmio?
Eu era quem mais discutia com o Vanderlei, tínhamos uma relação de respeito, com divergências. Não existe essa lenda de que se entregou a chave do vestiário para ele. O Vanderlei sugeriu jogadores à diretoria e não trouxemos. Outros, pelo olhar técnico dele, vieram. Vanderlei nunca indicou Barcos, Vargas, Rivero e Wendell. Mas indicou o Dida, por exemplo, que correspondeu. A responsabilidade é de todos. E acontecem incompatibilidades de conceitos e ideias e alguém tem que sair do espaço. O clube e o presidente não vão sair para ficar o treinador. Alguém tem que mudar. Todos os treinadores que passaram pelo Grêmio tiveram erros e acertos.
As contratações mais impactantes da janela foram feitas pelo Grêmio. Eles serão solução para 2014 ou para o futuro?
Todos os jogadores do Grêmio tem a mesma importância. Desde do Erik, que chegou agora, ao Barcos. O Giuliano é um dos principais jogadores do futebol brasileiro. Está passando por um período de adaptação. O Grêmio contratou um grande atleta e um grande homem. Ele está com um problema difícil de lidar no futebol, que causa dor e desconforto. Respeitando os cuidados do departamento médico, Giuliano tem dado uma cota de sacrifício, uma característica desse grupo. Ele sabe que não está em condições de ser o tudo que pode ser, mas tem consciência de que pode ajudar no coletivo. Tão logo tenha plena recuperação física, ele vai ser aquele jogador que contratamos, se não até melhor. E tem todas as condições de voltar a ser da Seleção Brasileira. O Fernandinho também está em processo de adaptação. É uma opção. O Grêmio hoje tem 14,15,16 titulares. A qualquer momento eles podem fazer a diferença.
O Giuliano será o meia-armador do Grêmio?
Não faço análise técnica assim. Ele é um jogador que aprendeu algo na Europa, que para nós aqui ainda é algo nebuloso, da versatilidade. Quem viu os jogos do Giuliano no Dnipro, vai ver um jogador que fazia funções de um meia-atacante, mas que por vezes se posicionava como um verdadeiro armador. Por quê? Versatilidade. Mas essa é uma questão técnica, que cabe ao Felipe decidir como irá utilizá-lo. O que cabe a mim observar, é que cada vez mais nos grandes centros de futebol, os jogadores que têm versatilidade para fazer mais de uma função no campo.
E o Maxi Rodríguez?
O Maxi é um jogador que veio por uma observação de sua qualidade técnica. Veio em uma condição favorável, do ponto de vista financeiro. Ficou praticamente seis meses sendo preparado. Ele é pura técnica, fez dois gols espetaculares contra o Flamengo. Mas como todo jogador estrangeiro, além de ser tímido, ainda não compreendeu o que aconteceu na vida dele ao sair do Wanderers, um time de bairro, e vir para o Grêmio. O Maxi é um jogador que vai voltar a jogar no Grêmio? Tomara que sim, mas desde que faça o que o treinador quer e compreenda que um jogador na função dele não pode só jogar com a bola no pé. Monitoramos todos os jogadores emprestados. Ele já é o jogador que nós queremos? Na minha avaliação, não. Ele tem que compreender melhor o sistema de marcação e como é o futebol no Brasil. Aqui não estaria jogando, o Felipão exige um outro perfil.
Kleber teve problemas com o Felipe no Palmeiras. Ele tem ambiente para voltar?
Terá que perguntar para o Felipe. Não posso falar de uma situação que não fiz parte. Só as partes envolvidas que podem falar, e mesmo que tivesse feito parte também não responderia por se tratar de uma situação pessoal. O Kleber é jogador do Grêmio, tem uma possibilidade de permanência no Vasco por um período mais longo. Opinar sobre como será a relação, precisa questionar eles.
Como é a rotina com o Felipão?
Muito boa, ele é uma pessoa generosa. É um dos melhores treinadores do mundo e é muito simples. Ele se informou sobre com quem trabalharia e isso favoreceu. A relação com o presidente Fábio Koff e o fato de eu ser homem de confiança dele também favoreceu. Desde a primeira vez na qual conversamos já se criou uma conexão que se consolida a cada momento. Nossa relação tem sido muito boa, quase incompatível ao pouco tempo de convívio.
Quais os planos para 2015?
Quando recebi a proposta do presidente Koff para ser o executivo de futebol, ele me deu uma oportunidade de uma nova carreira. Eu estou trabalhando no Grêmio como se tivesse um contrato de 10 anos. Tive uma reunião muito agradável com o Duda Kroeff como se estivesse começando hoje. Quero contribuir com o meu trabalho para ajudar na conquista de um título ainda esse ano, dar protagonismo para a instituição. Vou trabalhar dessa forma. Ninguém sabe do futuro e eu não tenho conexão com grupos políticos. Vou seguir trabalhando como se meu contrato fosse eterno.
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Desde o anúncio do dia 21 de outubro de 2012, a convite de Fábio Koff, essa é a rotina que marca a vida Rui Costa, diretor-executivo do Grêmio para o biênio 2013/2014, período que se esperava que a mudança para a Arena começaria magicamente uma nova série de vitórias e conquistas.
— Foram apenas dois anos, mas pareceram 20 — diz Rui Costa.
A pressão por resultados, contratações e o peso de trabalhar na gestão do departamento de futebol com o presidente mais importante da história de 111 de anos de clube, mudaram não só a profissão do advogado, casado com Cristina e pai dos gêmeos Antônio e Cecília, de 5 anos, que resolveu trocar a tranquilidade dos escritórios pela efervescência dos vestiários.
Entre as badaladas contrações de jogadores como Vargas, Barcos, André Santos, Rhodolfo e Giuliano, Rui Costa também teve de se acostumar com as cobranças pelos fracassos na Libertadores e a supremacia recente do arquirrival.
Em mais de uma hora de entrevista, Rui Costa fala sobre os 23 meses de trabalho no cargo e de como o clube está se preparando para a reta final do Brasileirão e o futuro.
Nos dois anos da atual gestão, o Grêmio teve um técnico com um perfil no primeiro semestre e outro no segundo. Por quê?
O Vanderlei (Luxemburgo) tinha um perfil. Houve um momento que a forma de trabalho não se compatibilizava com o que o presidente queria. O Renato (Portaluppi) veio pela relação que tem com o clube, e fez um trabalho exatamente como se pensava. Claro, queríamos conquistar um título, mas se formos analisar friamente, ele atendeu nossas expectativas. Ali também fizemos um diagnóstico que teríamos que mudar. O Enderson (Moreira) veio por convicção e saiu porque havia a necessidade de uma mudança. E aí veio o Felipão, o treinador que o presidente sempre quis. Não é um resgate do passado, é um resgate do presente. O ideal é não mudar. Os grupos campeões venceram porque tiveram continuidade. Agora, temos um treinador que defenderá um trabalho de longo prazo.
O que mudou de 2013 para 2014 em termos de contratações?
Quando chegamos, havia uma expectativa de que o Grêmio teria uma disponibilidade de caixa que permitiria grandes investimentos. Tínhamos a Libertadores, e por decisão do departamento de futebol e do Vanderlei, buscamos fazer uma equipe com mais solidez, nome e experiência. Vieram Cris, André Santos, Welliton, mas também chegaram Ramiro, Bressan e Wendell. Não conquistamos a Libertadores e tivemos que fazer um projeto de adequação. Dos quase 20 contratados, mantivemos 12. Existe alguma dúvida de que o Barcos é um dos melhores centroavantes do Brasil hoje? Erramos, mas também acertamos bastante. O Grêmio tem uma estrutura de equipe pronta para o futuro.
Um título teria mudado a avaliação do trabalho?
Sem dúvida. O resultado no futebol é preponderante. Como gestor, preciso analisar o que nem sempre é bem digerido. O torcedor é um apaixonado, e essa sinergia só acontece com vitórias. Há mais de 10 anos o Grêmio vem próximo de conquistar um título. Estamos trabalhando para mudar isso, com dificuldades financeiras, sem receitas dos jogos. Ao mesmo tempo, desenvolvemos receitas ordinárias. Captamos jogadores, mostramos para o mercado que aqui eles irão jogar, e nos sustentamos nesses dois anos com a venda de jogadores. Falta um título. Nós carregamos esse peso, e isso torna o trabalho mais difícil.
Esses dois anos sem vitória em Gre-Nal também prejudica?
Uma das principais paixões do torcedor é ganhar o Gre-Nal. Se não conquistamos títulos, sobra o Gre-Nal. Infelizmente, se jogamos bem ou mal, não tivemos sucesso. Temos que mudar isso. Quero que a torcida ganhe. Assim, no dia 9 de novembro, quando entrarmos em campo, vamos buscar com muita veemência uma vitória.
Como foi apostar em um ataque que passou boa parte de 2013 criticado por não marcar gols?
O dirigente precisa ter uma capacidade de observação e, acima de tudo, humildade para poder identificar os acertos e não achar que os erros foram conspiração do destino. Sempre trouxemos jogador para dar opções ao técnico. Hoje, temos o Barcos, que dispensa comentário. Temos o Dudu, que todos os clubes grandes do Brasil querem, e já tentam o contato. Temos o Lucas Coelho, que cresce muito. O Grêmio é dono do artilheiro do Brasileirão, Marcelo Moreno. Foi para o Flamengo e não atuou bem, a escolha da ida dele para o Cruzeiro foi processo de gestão. Sabíamos que iria bem, foi lá que teve o ápice da carreira. Hoje, está valorizadíssimo e tem em contrato opção de compra quase um terço maior do que o Grêmio pagou. Projetávamos a valorização dele e garantiu-se isso em contrato. Ou pagam ou volta.
O Marcelo Moreno voltará ao Grêmio?
Se quiser voltar, o Marcelo Moreno será recebido de braços abertos. Nunca houve uma ruptura. Identificamos que um jogador do nível dele não poderia ficar sem jogar. Cabe ao gestor encontrar um ambiente favorável para ele crescer. Quando saiu, não tinha o status de artilheiro do campeonato. Era melhor que estivesse aqui, mas pergunto: o Barcos não faz gols? Ele está próximo da artilharia. Essas coisas demoram um tempo a aparecer.
O Barcos é um símbolo do elenco?
O Grêmio tem um grupo de vários símbolos. O Marcelo (Grohe) é um grande símbolo. Passou por cima de críticas e até destruição de imagem e virou goleiro da Seleção. Alguém pode dizer: "Mas por que veio o Dida?". O Dida era importante para aquela situação. Ele cresceu com a presença do Dida. Quem decidiu que o Grohe seria o goleiro à disposição do treinador para ser titular fomos nós. E fomos muito criticados por isso...
.. mas houve a tentativa de contratação do Júlio Cesar?
Não. O goleiro do Grêmio sempre foi o Marcelo. Havia uma convicção. Disse a ele isso no final de 2013. Falei para ele nos dar um voto de confiança e continuar o trabalho que em 2014 viria a oportunidade dele.
Qual foi o legado do Luxemburgo no Grêmio?
Eu era quem mais discutia com o Vanderlei, tínhamos uma relação de respeito, com divergências. Não existe essa lenda de que se entregou a chave do vestiário para ele. O Vanderlei sugeriu jogadores à diretoria e não trouxemos. Outros, pelo olhar técnico dele, vieram. Vanderlei nunca indicou Barcos, Vargas, Rivero e Wendell. Mas indicou o Dida, por exemplo, que correspondeu. A responsabilidade é de todos. E acontecem incompatibilidades de conceitos e ideias e alguém tem que sair do espaço. O clube e o presidente não vão sair para ficar o treinador. Alguém tem que mudar. Todos os treinadores que passaram pelo Grêmio tiveram erros e acertos.
As contratações mais impactantes da janela foram feitas pelo Grêmio. Eles serão solução para 2014 ou para o futuro?
Todos os jogadores do Grêmio tem a mesma importância. Desde do Erik, que chegou agora, ao Barcos. O Giuliano é um dos principais jogadores do futebol brasileiro. Está passando por um período de adaptação. O Grêmio contratou um grande atleta e um grande homem. Ele está com um problema difícil de lidar no futebol, que causa dor e desconforto. Respeitando os cuidados do departamento médico, Giuliano tem dado uma cota de sacrifício, uma característica desse grupo. Ele sabe que não está em condições de ser o tudo que pode ser, mas tem consciência de que pode ajudar no coletivo. Tão logo tenha plena recuperação física, ele vai ser aquele jogador que contratamos, se não até melhor. E tem todas as condições de voltar a ser da Seleção Brasileira. O Fernandinho também está em processo de adaptação. É uma opção. O Grêmio hoje tem 14,15,16 titulares. A qualquer momento eles podem fazer a diferença.
O Giuliano será o meia-armador do Grêmio?
Não faço análise técnica assim. Ele é um jogador que aprendeu algo na Europa, que para nós aqui ainda é algo nebuloso, da versatilidade. Quem viu os jogos do Giuliano no Dnipro, vai ver um jogador que fazia funções de um meia-atacante, mas que por vezes se posicionava como um verdadeiro armador. Por quê? Versatilidade. Mas essa é uma questão técnica, que cabe ao Felipe decidir como irá utilizá-lo. O que cabe a mim observar, é que cada vez mais nos grandes centros de futebol, os jogadores que têm versatilidade para fazer mais de uma função no campo.
E o Maxi Rodríguez?
O Maxi é um jogador que veio por uma observação de sua qualidade técnica. Veio em uma condição favorável, do ponto de vista financeiro. Ficou praticamente seis meses sendo preparado. Ele é pura técnica, fez dois gols espetaculares contra o Flamengo. Mas como todo jogador estrangeiro, além de ser tímido, ainda não compreendeu o que aconteceu na vida dele ao sair do Wanderers, um time de bairro, e vir para o Grêmio. O Maxi é um jogador que vai voltar a jogar no Grêmio? Tomara que sim, mas desde que faça o que o treinador quer e compreenda que um jogador na função dele não pode só jogar com a bola no pé. Monitoramos todos os jogadores emprestados. Ele já é o jogador que nós queremos? Na minha avaliação, não. Ele tem que compreender melhor o sistema de marcação e como é o futebol no Brasil. Aqui não estaria jogando, o Felipão exige um outro perfil.
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Terá que perguntar para o Felipe. Não posso falar de uma situação que não fiz parte. Só as partes envolvidas que podem falar, e mesmo que tivesse feito parte também não responderia por se tratar de uma situação pessoal. O Kleber é jogador do Grêmio, tem uma possibilidade de permanência no Vasco por um período mais longo. Opinar sobre como será a relação, precisa questionar eles.
Como é a rotina com o Felipão?
Muito boa, ele é uma pessoa generosa. É um dos melhores treinadores do mundo e é muito simples. Ele se informou sobre com quem trabalharia e isso favoreceu. A relação com o presidente Fábio Koff e o fato de eu ser homem de confiança dele também favoreceu. Desde a primeira vez na qual conversamos já se criou uma conexão que se consolida a cada momento. Nossa relação tem sido muito boa, quase incompatível ao pouco tempo de convívio.
Quais os planos para 2015?
Quando recebi a proposta do presidente Koff para ser o executivo de futebol, ele me deu uma oportunidade de uma nova carreira. Eu estou trabalhando no Grêmio como se tivesse um contrato de 10 anos. Tive uma reunião muito agradável com o Duda Kroeff como se estivesse começando hoje. Quero contribuir com o meu trabalho para ajudar na conquista de um título ainda esse ano, dar protagonismo para a instituição. Vou trabalhar dessa forma. Ninguém sabe do futuro e eu não tenho conexão com grupos políticos. Vou seguir trabalhando como se meu contrato fosse eterno.
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