O discurso padrão de jogador não tem vez para Maicon. Jogar a qualquer custo, mesmo sem suas melhores condições, também não. Agora no banco, o capitão do Grêmio busca ajudar como pode e mantém intacta sua hierarquia dentro do elenco mesmo fora do time titular. Exemplo disso: Luan, ao passar pelo volante em meio ao bate-papo com o GloboEsporte.com e com a RBS TV, soltou naturalmente um "capitão" durante o cumprimento.
A reunião com Renato, na qual foi franco e pediu para não atuar, foi o principal assunto na entrevista. Maicon mostrou personalidade ao apontar para o técnico que talvez não pudesse entregar o que era esperado e que havia companheiros em melhores condições no momento. Foi elogiado e chamado de "sujeito homem" pelo treinador. Agora, mostra maturidade ímpar ao lidar com a situação, com a confiança de retomar seu espaço em um futuro próximo. Em meio a tudo isso, completou 100 jogos com a camisa do Grêmio no empate com o Cruzeiro e ganhou homenagem da diretoria antes da vitória sobre o Coritiba.
MARCA DE 100 JOGOS
"Para mim representa muito. Porque sempre quando vem para um clube, gera sempre desconfiança. Ainda mais no momento que eu vinha do São Paulo para cá. Eu atingir essa marca de 100 jogos, ter conquistado um título importante depois de muitos anos, se torna muito especial. A gente sabe que o calendário também nos favorece a alcançar essa marca muito rápido, devido à quantidade de jogos que a gente tem. Mas é muito difícil, ainda mais em uma equipe grande como o Grêmio. A concorrência é muito grande, tem grandes jogadores. Foi muito especial. Espero ultrapassar. Chegar a 200, 300 jogos. É um clube que me recebeu muito bem, em tão pouco tempo conquistei meu espaço aqui, o respeito e admiração não só das pessoas do clube, mas dos torcedores também".
ELOGIOS A ARTHUR
"Quando vou na rua, ainda mais agora neste momento que tive bastante lesões, mesmo a equipe em um nível muito alto, os torcedores sempre falando 'tomara que volte logo, o grupo fica mais fortalecido'. E eu vejo desta maneira também. Devido a algumas lesões, o professor Renato ter dado chance a outros jogadores, tipo o Arthur, que está muito bem. O Arthur é um cara que desde quando cheguei, já via treinando. Sempre que falava com ele, dizia 'quando tu jogar, tu vai deslanchar'. Brinco com o pai dele, que estou sempre encontrando em dias de jogos: "Te falei que ia deslanchar'. Deu espaço para outros jogadores e o nível está lá em cima".
MELHOR E PIOR MOMENTO
"Sem dúvida o pior momento é esse primeiro semestre, encarei algumas lesões, me dificultaram bastante para fazer o que eu gosto, que é estar dentro de campo, brigando por vitórias, por conquistas, junto com meus companheiros. O momento de felicidade sem dúvida foi a conquista da Copa do Brasil, fica marcado para o resto da vida. "
CODINOME CAPITÃO
"No início foi bem estranho. Eu joguei em outras equipes e nunca tinha reparado isso, chamando o capitão de capitão. Sempre chamava pelo nome. Aqui, no momento que chego no CT, ninguém me chama mais de Maicon. É capitão para lá, capitão para cá. É legal. Como eu falei, o tamanho do Grêmio, você poder ter o respeito das pessoas, muito mais pelo que produz em campo, mas o seu fora de campo é muito importante. A maneira de lidar com as pessoas. Não é só os jogadores. O mais importante do clube é o suporte que as pessoas te dão de fora. Roupeiros, massagistas, fisioterapeutas, seguranças, tudo o que envolve o fora do campo. O grupo todo aqui vive esse momento porque todo mundo se respeita e não tem diferenças do Maicon para o Lincoln, que é o mais novo. Ou do Maicon para o que subiu agora. Tratamos todo mundo igual. Isso que é o importante e o que tem que ser feito".
LIDERANÇA DE FORA
"É importante. É diferente porque estou acostumado a jogar. Mas como eu falei, devido a algumas coisas, lesões que tive, tenho que ir voltando aos poucos. Nunca vou perder meu espaço aqui dentro. Sempre vou estar com o time, torço para caramba do lado de fora, chuto bola, cabeceio, tiro bola do banco. É assim que formamos um grupo forte. No momento não estou jogando mas daqui a pouco o professor Renato pode precisar de mim um, dois, três, 10 minutos, e tenho que entrar com a mesma gana como se estivesse jogando. As pessoas esperam isso de mim. É o mínimo que posso fazer. É assim que vou me comportar até que eu volte a reconquistar meu espaço, até que eu esteja no nível que todos sabem que eu posso estar e ajudar desde o início da partida".
RECONQUISTA DE ESPAÇO
"Sempre fui tranquilo. No São Paulo eu não era titular absoluto. Sempre jogava, daqui a pouco o treinador optava por uma escalação diferente. 'Maicon, vou jogar com fulano, porque acho que para esse jogo assim'. E eu: 'Claro professor, a hora que precisar estou à disposição”. Sempre fui desta maneira. Nunca mudei. Hoje sou titular e vou ficar dando risada, hoje sou reserva e não vou falar com ninguém. Isso não adianta porque você acabava sendo minado pelos companheiros. O grupo que temos aqui não permite que nenhum jogador seja assim. Principalmente eu que sou um cara que cobro bastante seriedade e compromisso dos jogadores. Temos um grupo muito ciente do que queremos. Vou dar um exemplo: Fernandinho. Para muitos foi surpresa ser titular. Porque quem estava jogando era o Everton, o Lucas voltou, teoricamente ia jogar o Everton e o Lucas. E o Fernandinho entrou, está treinando para caramba, foi lá, jogou para caramba, fez gol. É assim que o professor Renato frisa para a gente. Eu sei lidar bem com isso, sei que quando estiver no meu nível que alcancei aqui vou voltar a ter meu espaço na equipe. Vai ter um jogo atrás do outro e teoricamente todos vão jogar".
PAPEL CONTRA O CORINTHIANS
"Acho que tem que ser da mesma maneira, é um jogo que se a gente ganhar, a gente vai para primeiro lugar, mas não é campeão. E se a gente perder também não quer dizer que não possa ser campeão. É um jogo especial, o estádio vai estar lotado, clima a nosso favor. Mas temos que saber que do outro lado tem um adversário muito qualificado, com uma campanha muito boa. É um jogo de três pontos, igual da primeira rodada, da segunda, e dentro de casa temos que fazer nosso dever, que é vencer. Respeitar a equipe, mas não fugir do nosso estilo. A gente procura incentivar. O companheiro rouba uma bola e a gente bate palma, errou e a gente incentiva para na próxima acertar. Meu comportamento vai ser esse. E na hora que eu entrar em campo, poder ajudar também dentro de campo".
PEDIDO PARA FICAR FORA
"Acho que o jogador tem que ser inteligente. Eu tenho que ser
correto. Como sempre fui onde passei. Falar olhando no olho. Se eu não gostar da pessoa, eu vou falar. Não gosto, mas o respeito com aquela pessoa vai existir. Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, frequentar a casa de ninguém. Mas aqui o nosso objetivo é um só. Temos que estar com o mesmo pensamento, todo mundo na mesma linha. Infelizmente não estou nas minhas melhores condições. O time está em uma crescente muito boa com outros companheiros em um nível acima do meu. Achei que o correto, em prol do grupo e do Grêmio, que é maior que todos nós, era expor para o treinador que de repente ia estar esperando uma coisa de mim que no momento eu não poderia chegar naquele topo que ele espera. E com outro companheiro… De repente se fosse uma decisão. Ano passado, nas finais da Copa do Brasil, todo mundo jogou arrebentado.
Mas vale o sacrifício, é uma decisão. Toma injeção, remédio, não treina, é decisão. Joga aquele jogo e descansa. Agora, não.
Tenho 30 e poucos jogos pela frente. Não adianta jogar um jogo e me prejudicar de novo, prejudicar a equipe. Por o Renato ser um cara aberto e correto com todo mundo, fala olhando no olho, não tem trairagem, por ele desde quando chegou acreditar em mim e saber que posso ser um líder em campo e fora, não poderia meio que falhar com ele nesta questão. Entrar, não apresentar um bom futebol, a equipe cair comigo ,e aí eu falar que não estou nas melhores condições. Achei que a melhor maneira era chegar e expor, falar que ia treinar um pouco mais".
PAPO DEIXOU MAIS LEVE?
"Desde quando lesionei ele vinha conversando comigo para ficar tranquilo e que me recuperasse bem. Ele sabia da minha ansiedade de querer ajudar, estar em campo. Mas não estava dando. Faz parte de qualquer jogador. Muitos jogadores passam por isso também. Falei que ia me recuperar bem e a hora que estiver bem, volto para ajudar no que precisar. Foi uma conversa tranquila. A verdade tem que ser dita, olho no olho, e pode trabalhar tranquilo, sabendo que fez a coisa certa, não prejudicou ninguém e nem se prejudicou. Foi uma conversa boa, ele entendeu o que eu passei, me passou algumas coisas também. Ficou tudo resolvido. Vou treinando, quando eu estiver em um nível bom, ele vai saber, vou entrando nos jogos. A hora que começar mata-mata da Copa do Brasil, Libertadores, Brasileiro, naturalmente volto à minha forma ideal".
QUANDO?
"Eu vou saber, na medida que começar a jogar quatro ou cinco jogos direto. Até conversei com a preparação física no início do ano. Nunca cheguei tão bem para uma pré-temporada como neste ano. Voando, nos treinos físicos dando volta nos caras, fiz todos os treinos, não fiquei um treino de fora. Falei que na temporada ia voar. E, infelizmente, tive três lesões que me atrapalharam. Fiz uma pré-temporada boa, o normal é se lesionar quando não faz uma boa, e calhou de acontecer. Tem que ter cabeça tranquila. Saber que vivemos um momento bom, que estou no grupo e aos poucos vou voltando ao normal".
"SUJEITO HOMEM"
"Sempre, vou ser sempre correto. Prefiro falar a verdade, a pessoa ficar p... comigo, a eu mentir para agradar e ficar bem com um ou outro. Assim como eu erro, as pessoas erram também. Se eu errar, quero que a pessoa fale: 'Pô, tu não foi correto com isso'. Às vezes a gente faz e não percebe. Se não nos corrigir, fica aquilo 'será que fiz certo, errado'. Procuro ser aberto a conversas e também a escutar. Se estou errado sou o primeiro a chegar e pedir desculpas. Maior virtude é reconhecer o erro e se desculpar. Sempre vou ser assim, assim vou seguir na minha vida".
ENREDO DO BRASILEIRÃO DE 96*
"Aílton foi meu treinador, Dinho vira e mexe encontro ele por aí. Às vezes levam para outro lado, se fosse uma final e falo isso (para o Renato), iam dizer que estava com medo de jogar. Só quem está aqui dentro vai saber o que pode acontecer. Se fosse final, ia jogar com uma perna só. Ou até na final, se não está nas melhores condições, em vez de ajudar, vai acabar atrapalhando. Ser honesto vai prevalecer. (Contra o Cruzeiro), fizemos um grande jogo, abrimos 2 a 0 e poderíamos ter ganho o jogo.
Paciência. Vou ser sempre correto, falar sempre a verdade, paciência. Se é para o Renato, para o menino mais novo, para o presidente. E assim quero que seja comigo também".
*Na final do Brasileirão daquele ano, Dinho foi até Felipão, no banco, e pediu para ser substituído. Apontou Aílton como jogador a entrar em campo. O meia fez o gol do título sobre a Portuguesa, no Olímpico, na vitória por 2 a 0 em Porto Alegre.
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A reunião com Renato, na qual foi franco e pediu para não atuar, foi o principal assunto na entrevista. Maicon mostrou personalidade ao apontar para o técnico que talvez não pudesse entregar o que era esperado e que havia companheiros em melhores condições no momento. Foi elogiado e chamado de "sujeito homem" pelo treinador. Agora, mostra maturidade ímpar ao lidar com a situação, com a confiança de retomar seu espaço em um futuro próximo. Em meio a tudo isso, completou 100 jogos com a camisa do Grêmio no empate com o Cruzeiro e ganhou homenagem da diretoria antes da vitória sobre o Coritiba.
MARCA DE 100 JOGOS
"Para mim representa muito. Porque sempre quando vem para um clube, gera sempre desconfiança. Ainda mais no momento que eu vinha do São Paulo para cá. Eu atingir essa marca de 100 jogos, ter conquistado um título importante depois de muitos anos, se torna muito especial. A gente sabe que o calendário também nos favorece a alcançar essa marca muito rápido, devido à quantidade de jogos que a gente tem. Mas é muito difícil, ainda mais em uma equipe grande como o Grêmio. A concorrência é muito grande, tem grandes jogadores. Foi muito especial. Espero ultrapassar. Chegar a 200, 300 jogos. É um clube que me recebeu muito bem, em tão pouco tempo conquistei meu espaço aqui, o respeito e admiração não só das pessoas do clube, mas dos torcedores também".
ELOGIOS A ARTHUR
"Quando vou na rua, ainda mais agora neste momento que tive bastante lesões, mesmo a equipe em um nível muito alto, os torcedores sempre falando 'tomara que volte logo, o grupo fica mais fortalecido'. E eu vejo desta maneira também. Devido a algumas lesões, o professor Renato ter dado chance a outros jogadores, tipo o Arthur, que está muito bem. O Arthur é um cara que desde quando cheguei, já via treinando. Sempre que falava com ele, dizia 'quando tu jogar, tu vai deslanchar'. Brinco com o pai dele, que estou sempre encontrando em dias de jogos: "Te falei que ia deslanchar'. Deu espaço para outros jogadores e o nível está lá em cima".
MELHOR E PIOR MOMENTO
"Sem dúvida o pior momento é esse primeiro semestre, encarei algumas lesões, me dificultaram bastante para fazer o que eu gosto, que é estar dentro de campo, brigando por vitórias, por conquistas, junto com meus companheiros. O momento de felicidade sem dúvida foi a conquista da Copa do Brasil, fica marcado para o resto da vida. "
CODINOME CAPITÃO
"No início foi bem estranho. Eu joguei em outras equipes e nunca tinha reparado isso, chamando o capitão de capitão. Sempre chamava pelo nome. Aqui, no momento que chego no CT, ninguém me chama mais de Maicon. É capitão para lá, capitão para cá. É legal. Como eu falei, o tamanho do Grêmio, você poder ter o respeito das pessoas, muito mais pelo que produz em campo, mas o seu fora de campo é muito importante. A maneira de lidar com as pessoas. Não é só os jogadores. O mais importante do clube é o suporte que as pessoas te dão de fora. Roupeiros, massagistas, fisioterapeutas, seguranças, tudo o que envolve o fora do campo. O grupo todo aqui vive esse momento porque todo mundo se respeita e não tem diferenças do Maicon para o Lincoln, que é o mais novo. Ou do Maicon para o que subiu agora. Tratamos todo mundo igual. Isso que é o importante e o que tem que ser feito".
LIDERANÇA DE FORA
"É importante. É diferente porque estou acostumado a jogar. Mas como eu falei, devido a algumas coisas, lesões que tive, tenho que ir voltando aos poucos. Nunca vou perder meu espaço aqui dentro. Sempre vou estar com o time, torço para caramba do lado de fora, chuto bola, cabeceio, tiro bola do banco. É assim que formamos um grupo forte. No momento não estou jogando mas daqui a pouco o professor Renato pode precisar de mim um, dois, três, 10 minutos, e tenho que entrar com a mesma gana como se estivesse jogando. As pessoas esperam isso de mim. É o mínimo que posso fazer. É assim que vou me comportar até que eu volte a reconquistar meu espaço, até que eu esteja no nível que todos sabem que eu posso estar e ajudar desde o início da partida".
RECONQUISTA DE ESPAÇO
"Sempre fui tranquilo. No São Paulo eu não era titular absoluto. Sempre jogava, daqui a pouco o treinador optava por uma escalação diferente. 'Maicon, vou jogar com fulano, porque acho que para esse jogo assim'. E eu: 'Claro professor, a hora que precisar estou à disposição”. Sempre fui desta maneira. Nunca mudei. Hoje sou titular e vou ficar dando risada, hoje sou reserva e não vou falar com ninguém. Isso não adianta porque você acabava sendo minado pelos companheiros. O grupo que temos aqui não permite que nenhum jogador seja assim. Principalmente eu que sou um cara que cobro bastante seriedade e compromisso dos jogadores. Temos um grupo muito ciente do que queremos. Vou dar um exemplo: Fernandinho. Para muitos foi surpresa ser titular. Porque quem estava jogando era o Everton, o Lucas voltou, teoricamente ia jogar o Everton e o Lucas. E o Fernandinho entrou, está treinando para caramba, foi lá, jogou para caramba, fez gol. É assim que o professor Renato frisa para a gente. Eu sei lidar bem com isso, sei que quando estiver no meu nível que alcancei aqui vou voltar a ter meu espaço na equipe. Vai ter um jogo atrás do outro e teoricamente todos vão jogar".
PAPEL CONTRA O CORINTHIANS
"Acho que tem que ser da mesma maneira, é um jogo que se a gente ganhar, a gente vai para primeiro lugar, mas não é campeão. E se a gente perder também não quer dizer que não possa ser campeão. É um jogo especial, o estádio vai estar lotado, clima a nosso favor. Mas temos que saber que do outro lado tem um adversário muito qualificado, com uma campanha muito boa. É um jogo de três pontos, igual da primeira rodada, da segunda, e dentro de casa temos que fazer nosso dever, que é vencer. Respeitar a equipe, mas não fugir do nosso estilo. A gente procura incentivar. O companheiro rouba uma bola e a gente bate palma, errou e a gente incentiva para na próxima acertar. Meu comportamento vai ser esse. E na hora que eu entrar em campo, poder ajudar também dentro de campo".
PEDIDO PARA FICAR FORA
"Acho que o jogador tem que ser inteligente. Eu tenho que ser
correto. Como sempre fui onde passei. Falar olhando no olho. Se eu não gostar da pessoa, eu vou falar. Não gosto, mas o respeito com aquela pessoa vai existir. Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, frequentar a casa de ninguém. Mas aqui o nosso objetivo é um só. Temos que estar com o mesmo pensamento, todo mundo na mesma linha. Infelizmente não estou nas minhas melhores condições. O time está em uma crescente muito boa com outros companheiros em um nível acima do meu. Achei que o correto, em prol do grupo e do Grêmio, que é maior que todos nós, era expor para o treinador que de repente ia estar esperando uma coisa de mim que no momento eu não poderia chegar naquele topo que ele espera. E com outro companheiro… De repente se fosse uma decisão. Ano passado, nas finais da Copa do Brasil, todo mundo jogou arrebentado.
Mas vale o sacrifício, é uma decisão. Toma injeção, remédio, não treina, é decisão. Joga aquele jogo e descansa. Agora, não.
Tenho 30 e poucos jogos pela frente. Não adianta jogar um jogo e me prejudicar de novo, prejudicar a equipe. Por o Renato ser um cara aberto e correto com todo mundo, fala olhando no olho, não tem trairagem, por ele desde quando chegou acreditar em mim e saber que posso ser um líder em campo e fora, não poderia meio que falhar com ele nesta questão. Entrar, não apresentar um bom futebol, a equipe cair comigo ,e aí eu falar que não estou nas melhores condições. Achei que a melhor maneira era chegar e expor, falar que ia treinar um pouco mais".
PAPO DEIXOU MAIS LEVE?
"Desde quando lesionei ele vinha conversando comigo para ficar tranquilo e que me recuperasse bem. Ele sabia da minha ansiedade de querer ajudar, estar em campo. Mas não estava dando. Faz parte de qualquer jogador. Muitos jogadores passam por isso também. Falei que ia me recuperar bem e a hora que estiver bem, volto para ajudar no que precisar. Foi uma conversa tranquila. A verdade tem que ser dita, olho no olho, e pode trabalhar tranquilo, sabendo que fez a coisa certa, não prejudicou ninguém e nem se prejudicou. Foi uma conversa boa, ele entendeu o que eu passei, me passou algumas coisas também. Ficou tudo resolvido. Vou treinando, quando eu estiver em um nível bom, ele vai saber, vou entrando nos jogos. A hora que começar mata-mata da Copa do Brasil, Libertadores, Brasileiro, naturalmente volto à minha forma ideal".
QUANDO?
"Eu vou saber, na medida que começar a jogar quatro ou cinco jogos direto. Até conversei com a preparação física no início do ano. Nunca cheguei tão bem para uma pré-temporada como neste ano. Voando, nos treinos físicos dando volta nos caras, fiz todos os treinos, não fiquei um treino de fora. Falei que na temporada ia voar. E, infelizmente, tive três lesões que me atrapalharam. Fiz uma pré-temporada boa, o normal é se lesionar quando não faz uma boa, e calhou de acontecer. Tem que ter cabeça tranquila. Saber que vivemos um momento bom, que estou no grupo e aos poucos vou voltando ao normal".
"SUJEITO HOMEM"
"Sempre, vou ser sempre correto. Prefiro falar a verdade, a pessoa ficar p... comigo, a eu mentir para agradar e ficar bem com um ou outro. Assim como eu erro, as pessoas erram também. Se eu errar, quero que a pessoa fale: 'Pô, tu não foi correto com isso'. Às vezes a gente faz e não percebe. Se não nos corrigir, fica aquilo 'será que fiz certo, errado'. Procuro ser aberto a conversas e também a escutar. Se estou errado sou o primeiro a chegar e pedir desculpas. Maior virtude é reconhecer o erro e se desculpar. Sempre vou ser assim, assim vou seguir na minha vida".
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"Aílton foi meu treinador, Dinho vira e mexe encontro ele por aí. Às vezes levam para outro lado, se fosse uma final e falo isso (para o Renato), iam dizer que estava com medo de jogar. Só quem está aqui dentro vai saber o que pode acontecer. Se fosse final, ia jogar com uma perna só. Ou até na final, se não está nas melhores condições, em vez de ajudar, vai acabar atrapalhando. Ser honesto vai prevalecer. (Contra o Cruzeiro), fizemos um grande jogo, abrimos 2 a 0 e poderíamos ter ganho o jogo.
Paciência. Vou ser sempre correto, falar sempre a verdade, paciência. Se é para o Renato, para o menino mais novo, para o presidente. E assim quero que seja comigo também".
*Na final do Brasileirão daquele ano, Dinho foi até Felipão, no banco, e pediu para ser substituído. Apontou Aílton como jogador a entrar em campo. O meia fez o gol do título sobre a Portuguesa, no Olímpico, na vitória por 2 a 0 em Porto Alegre.
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parabéns contínua assim grande caráter.
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