Torcedor negro flagrado em vídeo na Arena depõe sobre caso de ofensas

Eder Braga foi à delegacia de polícia em Porto Alegre, mas não falou com a imprensa na tarde desta quarta-feira


Fonte: Globo Esporte

Torcedor negro flagrado em vídeo na Arena depõe sobre caso de ofensas
Gremista foi à delegacia esclarecer fatos sobre injúrias raciais (Foto: Tatiana Lopes)

Segundo torcedor a depor à polícia nesta quarta-feira, Eder Braga, 31 anos, chegou à delegacia cerca de duas horas antes da data marcada, por volta das 13h. Esquivou-se de fotógrafos, cobrindo a cabeça com um capuz e o rosto com uma das mãos e subiu para a sala do delegado, que fica no segundo andar do prédio. Flagrado em um vídeo gritando em direção ao goleiro do Santos, o torcedor, que também é negro, negou insultos raciais ao atleta.

Ao sair, por volta das 14h20, não quis falar à imprensa.

- Podem tirar foto, mas não tenho nada para dizer - disparou, dirigindo-se à porta de saída da delegacia.

Em entrevista recente por telefone ao GloboEsporte.com, Éder admitiu que xingou Aranha, mas negou ofensas raciais ao goleiro do clube paulista.

Éder também já havia confirmado que, no momento dos xingamentos a Aranha, avistou torcedores imitando sons em alusão a macacos. Segundo ele, assim que viu, tentou se afastar. Diz que xingou o goleiro com palavrões, mas não com palavras racistas.

Eder foi flagrado gritando em direção ao goleiro Aranha (Foto: Reprodução/ESPN Brasil)

A repercussão fez Eder excluir sua conta no Facebook, diante de alguns comentários ofensivos. Mas pretende seguir a rotina de acompanhar o clube.

Polícia da capital investiga o caso

Ao todo a Polícia Civil já identificou seis pessoas e ouve depoimentos desde a segunda-feira. Na manhã desta quarta, o líder da Geral do Grêmio Rodrigo Rysdyk, o Alemão, compareceu à 4ª DP acompanhado de um advogado. Ele não quis falar à imprensa.

De acordo com o comissário de polícia Lindomar Souza, Alemão não foi identificado nas imagens praticando injúrias raciais no jogo contra o Santos.

Alemão da Geral do Grêmio presta depoimento à polícia (Foto: Tatiana Lopes/GloboEsporte.com)

- Não posso revelar o que ele falou para não atrapalhar as investigações. Mas ele colaborou. Nos ajuda no sentido de convocar mais pessoas para esclarecimento - disse.

De acordo com o comissário, Alemão não apontou nenhum nome. Disse apenas que conhecia algumas pessoas, mas não saberia identificá-las. Souza ainda afirmou que o líder da torcida não viu as injúrias raciais na Arena na última quinta-feira. Segundo ele, os cantos com a palavra "macaco" existem há 20 anos e não têm cunho racista.

Além de Alemão, que também é conselheiro do Grêmio, outros dois torcedores serão ouvidos ainda na tarde desta quarta na delegacia, e mais dois prestaram depoimento na terça, negando xingamentos ao goleiro Aranha. Na quinta, Patrícia Moreira, flagrada por câmeras gritando "macaco" em direção ao goleiro do Santos, deve comparecer à delegacia. No total, seis torcedores foram intimados.

Na terça, dois dos seis investigados prestaram depoimento. O gremista Tiago de Oliveira, primeiro a ser ouvido, alegou ter sido confundido com outro torcedor e chegou a mostrar uma foto para provar que estava em outro setor do estádio no dia da partida diante do Santos.

Já Rodrigo Rychter relatou que estava no espaço de onde as ofensas tiveram origem mas negou que tenha dirigido palavras ou gestos ofensivos ao goleiro Aranha. "O depoimento já foi dado e ficou esclarecido que eu não tenho participação", declarou, ao se dirigir à porta de saída da delegacia.

'Não sei onde está', diz mãe de Patrícia

A bordo de um carro para ir ao médico na manhã desta quarta-feira, a mãe de Patrícia Moreira, de 23 anos, flagrada por câmeras de TV chamando o goleiro Aranha do Santos, de "macaco", afirmou que não sabe onde a filha está. A jovem vai se apresentar na 4ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre nesta quinta-feira para prestar esclarecimentos sobre o caso. Enquanto isso, “dona Rosinha”, que pediu para não ser identificada pelo nome completo, cuida da saúde.

Patrícia atende criança negra em post no Facebook (Foto: Reprodução/Facebook)

Na sexta-feira, a mulher chegou a ser atendida em um hospital após passar mal. Segundo ela, ficou muito nervosa quando viu o rosto da filha estampado na imprensa nacional. Ela mora em Alvorada, na Região Metropolitana, e costumava passar pelo menos dois dias da semana com Patrícia na Zona Norte da capital gaúcha.

Agora, o futuro é incerto. Desde a última semana a casa está fechada, e a jovem dorme cada dia em um amigo ou parente, zelando pela própria segurança.

- Eu nem sei como está a guria, nem sei onde a minha guria está - contou aos prantos em entrevista ao GloboEsporte.com.
Ela descreve Patrícia como uma menina “trabalhadora”.

- Ela é uma guria boa - garantiu ao contestar os holofotes negativos que caíram sobre a menina após as acusações de injúria racial. Muito nervosa, disse que tinha que “se cuidar”.

- Estou atacada dos nervos desde que tudo aconteceu. Estou indo ao médico me cuidar - salientou.

Segundo ela, a menina irá à delegacia acompanhada do advogado e do irmão na quinta. Só o que dona Rosinha espera é poder retornar à rotina e ver a liberdade da filha devolvida.

Em um post na página Grêmio de Porto Alegre, torcedores gremistas publicaram uma foto onde Patrícia aparece atendendo uma menina negra. O perfil defende a jovem, que é assistente odontológica e foi afastada do trabalho no Centro Médico da Brigada Militar.




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