Craque, mito e campeão: "paizão" Geromel curte o melhor ano da vida

Em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, zagueiro do Grêmio brinca, fala de bastidores do título da Copa do Brasil e revela até uma quase ida para o São Paulo


Fonte: Globo Esporte

Craque, mito e campeão: paizão Geromel curte o melhor ano da vida
Pedro Geromel, zagueiro do Grêmio (Foto: Diego Guichard)
Ídolo da torcida do Grêmio, melhor zagueiro do Brasil, campeão da Copa do Brasil e ainda pai, pela terceira vez. Nem nos desejos mais profundos, Pedro Geromel imaginaria que o ano de 2016 seria tão marcante e especial para ele. Quem diria que um paulista quase desconhecido para o futebol brasileiro despontaria no país aos 31 anos como um "mito", postulante à Seleção de Tite e ainda assediado por gigantes?

Com sorriso solto e humor aflorado, Pedro Geromel ainda curte os momentos da conquista da Copa do Brasil, o seu primeiro título na carreira. Foi nesse clima de alto astral, aliás, que o zagueiro conversou com o GloboEsporte.com na terça-feira. Na conversa, exaltou a chegada de Renato Portaluppi, quem orquestrou a melhora de rendimento da equipe. Também falou com carinho do companheiro de zaga, Kannemann, com quem ergueu a taça em frente a uma delirante e carente torcida após o fim de um ciclo sem títulos.

Escrever sobre o renascimento de Geromel tem sinergia direta com a retomada do Grêmio. Chegou em 2014, em um claro projeto de remodelação. Sofreu com críticas, soube esperar a oportunidade para, então, deslanchar. No ano passado, foi eleito um dos melhores do Brasileirão e manteve o nível em 2016. Além das premiações individuais, foi convocado por Tite, em sua primeira lista para a Seleção.

Hoje é tratado como um "Chuck Norris" da zaga gremista, devido a suas apresentações de gala. Geromel, aliás, se diverte com o misticismo envolvendo os seus feitos. Esse lado brincalhão também é mostrado em casa. O "paizão" serve como entretenimento para as filhas Lya, de quatro anos, Lauren, de um e meio, e do recém-nascido Lucca.

Por muito pouco, Geromel não se transferiu para o São Paulo. Durante a entrevista, revelou que os paulistas chegaram antes na Europa e quase o contrataram. Já consagrado pelos gaúchos, o zagueiro ainda terá reuniões com o empresário nesta semana. Afinal, as boas atuações deixaram outros clubes ensandecidos para sorver da qualidade do gremista.

Confira abaixo como foi o papo com Pedro Geromel

GloboEsporte.com – Como foi a sensação de conquistar esse título, entrar para a história do clube e ainda encerrar um hiato de 15 anos de jejum?
Pedro Geromel – Nós não temos noção ainda da importância que foi, estávamos tão focados em ganhar. É muito legal dar essa alegria para a torcida, para 8 milhões de pessoas. Isso não tem preço. Tivemos uma sensação única, incrível, de chegar no vestiário, nos olharmos e pensar: "conseguimos".

Como está sendo o assédio na rua? Consegue andar no shopping, jantar com a família?
Sou bem tranquilo, tiro foto com todo mundo. Eu aproveito. É melhor assim do que de outro jeito, sair na rua e ser xingado. Eu tiro de letra.

O pessoal brinca muito, te chama de Geromito, Geromonstro?
Me chamam de tudo que você imagina. Saio na rua e é uma gritaria. O pessoal passa do outro lado da rua e mexe comigo, é um barato. Só me limito a me divertir, dar risada, acho o pessoal muito criativo, sempre tem novidade, uma coisa nova. Meus amigos de São Paulo ligam e comentam: "entro na internet, pesquiso seu nome e dou risada com o que o pessoal diz". É terapia de graça (risos).

Gosta de ser chamado de Geromito?
É um privilégio ser reconhecido pelo trabalho. Acho que todo mundo se sente bem com isso. E eu não sou diferente. Isso me motiva mais para fazer uma boa pré-temporada, já que o nível de cobrança será muito alto. Tenho que sempre estar em alto nível para continuar sendo chamado assim. Sou muito feliz de ter retribuído o favor para a torcida. Estavam carentes.

Neste ano, você fez jogadas incríveis, até um cruzamento com estilo de Renato (contra o Atlético-MG) e salvou várias bolas em cima da linha...
Foi fenomenal em termos esportivos. Passei por um período de adaptação, tive que esperar minha vez. Quando cheguei, a zaga estava encaixada com Rhodolfo e Werley. Esperei, esperei. Se não me engano, um deles se machucou. Quando o Felipão chegou, me colocou de titular. No momento em que entrei, ficamos oito jogos seguidos sem sofrer gols. Depois, tivemos a melhor zaga do campeonato. E esse ano foi com chave de ouro. Ganhei três prêmios importantes da mídia nacional. Teve ainda a Seleção, que era um sonho. Ainda fiz um filho (risos).

(Sobre a assistência para Everton) Fui encurtar, não podia deixar o Robinho sozinho. Acabei roubando a bola e fui indo, tabelei com o Jailson. Passa um monte de coisa na cabeça. Fiquei olhando para ver se alguém ia me ajudar. O Everton fez o movimento que tinha que ser feito, ele é muito rápido. Aquele gol deu uma tranquilidade enorme para o segundo jogo.

Você mandaria um recado para o Tite, para te convocar?
Não, estou bem tranquilo. Sei que tenho que fazer meu trabalho no Grêmio, foi assim que eu fui convocado. Tento dar meu melhor com a camisa do Grêmio. É assim que eu espero ser chamado de novo.

Quais as metas para o futuro? Pensa na Copa da Rússia?
Acho que é muito recente para falar sobre isso, estou bem tranquilo, descansando, curtindo minha família. O jogo mais importante é sempre o próximo. Vamos nos preparar bem para o Gaúcho, tentar ganhar.

O que significou a chegada do Kannemann para formar essa dupla de zaga?
Além do jogador que é, o Kannemann é um pessoa incrível. É muito gente boa, agregou muito ao grupo em termos pessoais. Tenta falar português, é um cara alegre, traz felicidade ao nosso grupo, é acolhedor. Ele podia ser aquele argentino marrento que não fala com ninguém. A gente não tem um craque. Se pegar nome por nome, perderíamos de longe para todo mundo que enfrentamos na Copa do Brasil. Só que quando estamos focados fica difícil nos vencer. O Kannemann não quis ser uma estrela, ele quer ajudar para o time ser campeão. É esse tipo de jogador que nós precisamos.

Geromel e Kannemann com a taça da Copa do Brasil (Foto: Diego Guichard)

E a importância do Renato para o time?
Todo mundo fala que ele fecha com o grupo, tem a parte da motivação. Só que eu fiquei impressionado com o conhecimento técnico e tático dele. Está muito preparado. É um treinador que agregou muito. Dificilmente nós teríamos sido campeões sem ele. Sem tirar o mérito do trabalho do Roger, que desenvolveu uma forma de jogo muito legal e desejo toda sorte no Atlético-MG. Mas o Renato chegou e trouxe coisas novas que estávamos precisando. Saímos da rotina. Acho que o Roger tomou a decisão certa.

Como estão as férias?
Estou descansando, bem tranquilo, comemorando para caramba esse título, curtindo minha família. A gente viaja muito como jogador, vai para cima e para baixo, tem concentração. Estou em Porto Alegre, vou ficar aqui. Tenho um bebê de um mês. Se não der para andar de avião, se o médico não liberar, vou ficar por aqui.

Pedro Geromel com a esposa e filhas (Foto: Reprodução / Instagram)


O que gosta de fazer em casa?
Gosto de ficar com as filhas. Tempo para ver filme é difícil, porque as meninas não param. Minha esposa fica mais com o bebê. Tenho medo de pegar, senão quebra (risos).

É dono de casa também?
Não, meu negócio é a parte recreativa. Deixo para ela essas outras partes. A gente pega a bola, pinta, desenha, vira a casa de ponta cabeça. É papai, papai, pra cima e pra baixo.

Como está o lado empresário?
Estou bem focado no futebol agora, só no futebol. Claro que é importante ter um plano B para o futuro. O jogador tem que optar: ser atleta ou estudar. Conciliar os dois no Brasil é praticamente impossível.

O que te trouxe para o Grêmio?
Antes de vir, eu estava no Colônia e me ligou um empresário com proposta do São Paulo. Eu nunca tinha pensado em atuar no Brasil. Mas aí, pensei: "nossa, é legal pra caramba". Tudo aconteceu, nós negociamos e tudo, mas o Colônia não aceitou. Fiquei com aquele gosto, estava há oito anos na Europa. Acabei indo então para o Mallorca. O Rui Costa foi lá em Mallorca, disse que queria me levar para o Grêmio para jogar a Libertadores em 2013, quando o Vanderlei Luxemburgo era o treinador. O presidente do clube respondeu: "impossível, esquece". Estava lá há seis meses. Agradeci o convite. Um ano depois, o Grêmio veio de novo, era meio do ano. O Mallorca estava em situação complicada e acabaram me liberando. Era mais ou menos novembro ou dezembro. Desde aquela vez, fiquei com a vontade e pensei: "com o Grêmio, não tem nem o que pensar".

Pedro Geromel foi um dos melhores do Brasileirão (Foto: Twitter CBF)

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