Torcedor solitário faz protesto contra racismo na Arena (Foto: Diego Guichard)
Pela segunda vez no ano, o Grêmio se vê envolvido em polêmica sobre racismo, gerada por torcedores na Arena. Desta vez, xingamentos oriundos das arquibancadas para o goleiro Aranha, na noite desta quinta-feira, tornaram-se o novo problema do clube e podem acarretar punição no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Além dos temores com o tribunal, a diretoria do Grêmio mostra-se preocupada com a imagem do clube. Quer evitar que a instituição fique rotulada como "racista", já que há reincidência.
- O Grêmio não é uma instituição racista, os torcedores não são racistas, foi um ato isolado. A Arena tem todas as condições de buscar a identificação e, assim que for encontrado, tomar as medidas necessárias - enfatiza o assessor de futebol Marcos Chitolina.
Em 30 de março, o zagueiro Paulão, do Inter, denunciou ter sido vítima de insultos dessa espécie após o Gre-Nal vencido pelo Inter por 2 a 1, pelo Gauchão. De repercussão nacional, o caso redundou em multa de R$ 80 mil ao clube. O torcedor, que xingou o jogador quando este se dirigia à boca do túnel, acabou não sendo identificado pelas câmeras de segurança da Arena.
A preocupação em desvincular o nome do clube de atos racistas teve seu momento de maior exposição há um ano. Na ocasião, o departamento de marketing produziu uma campanha, intitulada "Azul, Preto e Branco: Grêmio é contra o racismo", em que jogadores e dirigentes divulgavam a seu repúdio a qualquer manifestação de cunho racial.
A polêmica emana das arquibancadas. A torcida Geral do Grêmio tem uma música em que chama o torcedor do Inter de "macaco imundo". Embora os representantes do grupo defendam que a expressão não faça referência ao racismo, ela incomoda parte dos gremistas. Em março, ainda antes do episódio com Paulão, torcedores se organizaram e criaram um movimento para banir esse termo. A iniciativa fracassou.
Apesar de exemplos de atletas negros em sua era amadora, o Grêmio acabou conhecido como um clube de elite e contrário à presença de negros até a década de 1950, quando Tesourinha, ex-ídolo do Inter, fora contratado para ser o símbolo oficial dessa quebra de paradigma, dada a sua expressão no cenário nacional. Mesmo assim, o craque passou por algumas provações antes de firmar contrato, como ameaças e depredações em sua residência em Porto Alegre.
Identificação dos envolvidos é esperança do Grêmio
Grêmio adere campanha contra racismo
(Foto: Lucas Uebel/Grêmio, DVG)
Ao final da partida desta quinta, um torcedor fez um protesto isolado, mas que engrossa o coro de uma preocupada direção. Ainda triste com a derrota de 2 a 0 para o Santos, o fã ergueu um letreiro digital pedindo “educação” e mostrando as palavras “fora racismo”.
No início da madrugada de sexta-feira, o clube emitiu nota em apoio a Aranha e em repúdio a atos racistas.
- Reiteramos que o Grêmio tem sido um incentivador de iniciativas que visam coibir esse tipo de crime e que continuará alerta e atuante na luta contra a discriminação racial - disse o texto.
O ato de racismo partiu da arquibancada posicionada atrás da meta defendida pelo goleiro, e levou o camisa 1 do Peixe a paralisar a partida, aos 42 do segundo tempo, para reclamar ao árbitro Wilton Pereira Sampaio (veja no vídeo acima). Apesar da denúncia, o juiz não relatou o episódio na súmula do jogo. O canal ESPN flagrou uma torcedora gritando "macaco" em direção ao goleiro, atitude que gerou grande revolta nas redes sociais.
A identificação dos torcedores com imagens da TV é o ponto atenuante ao clube para tentar se livrar de punição.
- No momento que o clube identifica quem fez o delito, tira a responsabilidade de si - explica a juíza Viviane de Faria Miranda, que estava de plantão no Juizado Especial Criminal do próprio estádio.
O fator complicador é a reincidência de caso semelhante no mesmo palco, como ocorrera com Paulão em março. Embora a súmula do árbitro Wilton Pereira Sampaio não tenha feito menção a qualquer ato de racismo na partida, o procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmitt, afirmou que solicitará provas e imagens da partida para investigar o episódio.
Aranha reclama para arbitragem e alega ter sido vítima de ato racista (Foto: Diego Guichard)
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- O Grêmio não é uma instituição racista, os torcedores não são racistas, foi um ato isolado. A Arena tem todas as condições de buscar a identificação e, assim que for encontrado, tomar as medidas necessárias - enfatiza o assessor de futebol Marcos Chitolina.
Em 30 de março, o zagueiro Paulão, do Inter, denunciou ter sido vítima de insultos dessa espécie após o Gre-Nal vencido pelo Inter por 2 a 1, pelo Gauchão. De repercussão nacional, o caso redundou em multa de R$ 80 mil ao clube. O torcedor, que xingou o jogador quando este se dirigia à boca do túnel, acabou não sendo identificado pelas câmeras de segurança da Arena.
A preocupação em desvincular o nome do clube de atos racistas teve seu momento de maior exposição há um ano. Na ocasião, o departamento de marketing produziu uma campanha, intitulada "Azul, Preto e Branco: Grêmio é contra o racismo", em que jogadores e dirigentes divulgavam a seu repúdio a qualquer manifestação de cunho racial.
A polêmica emana das arquibancadas. A torcida Geral do Grêmio tem uma música em que chama o torcedor do Inter de "macaco imundo". Embora os representantes do grupo defendam que a expressão não faça referência ao racismo, ela incomoda parte dos gremistas. Em março, ainda antes do episódio com Paulão, torcedores se organizaram e criaram um movimento para banir esse termo. A iniciativa fracassou.
Apesar de exemplos de atletas negros em sua era amadora, o Grêmio acabou conhecido como um clube de elite e contrário à presença de negros até a década de 1950, quando Tesourinha, ex-ídolo do Inter, fora contratado para ser o símbolo oficial dessa quebra de paradigma, dada a sua expressão no cenário nacional. Mesmo assim, o craque passou por algumas provações antes de firmar contrato, como ameaças e depredações em sua residência em Porto Alegre.
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No início da madrugada de sexta-feira, o clube emitiu nota em apoio a Aranha e em repúdio a atos racistas.
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O ato de racismo partiu da arquibancada posicionada atrás da meta defendida pelo goleiro, e levou o camisa 1 do Peixe a paralisar a partida, aos 42 do segundo tempo, para reclamar ao árbitro Wilton Pereira Sampaio (veja no vídeo acima). Apesar da denúncia, o juiz não relatou o episódio na súmula do jogo. O canal ESPN flagrou uma torcedora gritando "macaco" em direção ao goleiro, atitude que gerou grande revolta nas redes sociais.
A identificação dos torcedores com imagens da TV é o ponto atenuante ao clube para tentar se livrar de punição.
- No momento que o clube identifica quem fez o delito, tira a responsabilidade de si - explica a juíza Viviane de Faria Miranda, que estava de plantão no Juizado Especial Criminal do próprio estádio.
O fator complicador é a reincidência de caso semelhante no mesmo palco, como ocorrera com Paulão em março. Embora a súmula do árbitro Wilton Pereira Sampaio não tenha feito menção a qualquer ato de racismo na partida, o procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmitt, afirmou que solicitará provas e imagens da partida para investigar o episódio.
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