"Contratado" por Pelé, artilheiro nº 1 e Homem Gre-Nal: quem foi Alcindo

O maior artilheiro da história do Grêmio teve o privilégio de ser contratado a pedido do Rei do Futebol. Alcindo Martha de Freitas, o Bugre Xucro, trocou o Tricolor gaúcho pelo Santos de Pelé, em 1972, segundo ele, a pedido do maior jogador de todos os tempos. Na noite de sábado, Alcindo morreu no Hospital São Lucas da PUCRS devido a complicações de um quadro de diabetes, aos 71 anos.

Ninguém na história do Grêmio marcou mais gols que Alcindo. Foram 264 com a camisa azul, preta e branca em duas passagens: de 1964 a 1971 e em 1977, já no fim da carreira. Em entrevista ao programa Azul, Preto e Branco, do Premiere, em 2015, o ex-jogador relatou a satisfação em chegar ao Peixe após indicação de Pelé.

– É uma recordação muito bonita, porque se trata do Rei do Futebol. Fui para o Santos a pedido do Pelé. Inclusive, depois, a gente esteve comentando. Ele falou que não se metia na diretoria do Santos, mas comigo… Até porque a gente jogou junto em 1966 (na Copa do Mundo). Então, em 1971, ele pediu que me contratassem. Disse que foi a primeira vez na vida que fez isto. Nunca deixou a influência dele extrapolar. Então, é uma satisfação muito grande – disse Alcindo, ao programa.

Foi uma atuação no início do ano da Copa da Inglaterra, inclusive, que o Bugre chamou a atenção do então técnico da seleção brasileira Vicente Feola. No dia 16 de fevereiro de 1966, o Grêmio recebeu a seleção da União Soviética para um amistoso no Olímpico. Os europeus tinham na bagagem a medalha de ouro na Olimpíada de 1956 e o título da Eurocopa de 1960.

Com dois gols de Alcindo, o Grêmio bateu os soviéticos por 2 a 0. Nas dependências do Olímpico, Feola viu ali uma de suas peças para a Copa do Mundo que se avizinhava. Alcindo não somente foi para a Inglaterra como tornou-se titular da equipe, que acabou eliminada ainda na primeira fase. Mas seu desempenho faria Pelé lembrar dele para ser seu parceiro de ataque no Santos de 72.

A passagem pela Seleção, contudo, foi curta: apenas sete jogos, com quatro vitórias, dois empates, uma derrota e um gol marcado. Por outro lado, teve o privilégio de poucos, ao atuar ao lado de lendas do futebol como Pelé, Garrincha, Carlos Alberto Torres e Tostão.

HOMEM GRE-NAL




"Além de um excelente jogador, o Alcindo deixou essa estampa representativa no futebol brasileiro. Tivemos muito tempo de convívio. Depois, amizade de família. Foi muito bom ter ele como amigo, uma pessoa maravilhosa, tranquila, sempre dando apoio, carinho. Isso vai ser a falta que vamos sentir."

Ancheta, ex-zagueiro e companheiro
de Alcindo no Grêmio

O início da carreira de Alcindo foi, no mínimo, curioso. Depois de passar pelo Aimoré, teve um breve período no rival Inter. Mas acabou acolhido pelo Grêmio após ter rejeitado um aumento salarial. A estreia em clássicos não poderia ter sido melhor para o centroavante. No dia 23 de abril de 1964, então com 19 anos, fez todos os gols da vitória por 3 a 0 sobre os colorados.

Entre os gremistas, é o segundo maior artilheiro em Gre-Nais. Ao todo, foram 13. Fica atrás apenas de Luiz Carvalho, que marcou 17.

– No Gre-Nal, a gente se consagrava, que foi o meu caso. Ficávamos o ano todo sem fazer contrato com outras equipes só esperando o desempenho nos dois Gre-Nais, um no Olímpico, outro nos Eucaliptos. Pode jogar bem contra qualquer equipe, mas, no Gre-Nal, principalmente. Tive sorte, fiz gol, foi muito bom pra mim – relatou Alcindo ao Azul, Preto e Branco.

Além de Grêmio e Santos, o Bugre atuou por Rio Grande, Jalisco (México), América (México) e Francana. Faturou seis campeonatos gaúchos, um paulista, um mexicano e uma Copa dos Campeões Brasileiros. Em 2010, recebeu o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre.

O corpo de Alcindo foi cremado na tarde deste domingo no Crematório Metropolitano, em Porto Alegre. Antes do jogo entre Grêmio e Atlético-MG, pelo Brasileirão, foi prestado um minuto de silêncio em sua homenagem.


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