No ritmo de Rogerinho, Grêmio tenta equilibrar nova fase do calendário

Neste domingo, o Grêmio troca o frio gaúcho pelo calor do cerrado e tenta confirmar a boa fase no Brasileirão. A baixa umidade do ar de Brasília preocupa jogadores e comissão técnica antes da partida contra o Flamengo, concorrente direto na luta pelo G-4. O prejuízo seria menor se a partida não estivesse marcada para 11h, com previsão de temperatura superior a 30°C.

O jogo também marca o início de uma fase de calendário mais apertado. A partir de quarta-feira, o Grêmio também se envolve na Copa do Brasil, abrindo a caminhada contra o Atlético-PR, em Curitiba. Ainda será preciso recuperar a partida atrasada contra o Botafogo, em 4 de setembro. Ao mesmo tempo em que fica menor o tempo de preparação para cada jogo, aumenta o risco de lesões musculares.

São questões como essas que ocupam a mente do preparador físico Rogério Dias, fiel escudeiro de Roger Machado desde o início do trabalho do treinador, em maio de 2015. Nesta entrevista a Zero Hora, Rogerinho, como é chamado, fala sobre calendário, explica porque jogador de futebol precisa de maior tempo de recuperação do que outros esportistas e revela particularidades sobre o tipo físico de Douglas.

Jogar em Brasília às 11h
"A sensação de abafamento é maior do que o normal. O jogador tem a sensação da boca mais seca, narina ressecada, é parecido com os jogos em Goiás. Durante a semana, orientamos os jogadores a que tomem mais água do que os dois litros normais. Eles não podem esperar a sede para consumir água, isso já seria sinal de desidratação. O mais difícil em jogos às 11h é o café da manhã. Não está na rotina dos jogadores se alimentarem às 8h. Eles precisam de um estoque alto de glicogênio (reserva energética) porque ficam em jejum entre 11h e 13h, período de duração do jogo".

Maratona de jogos
"Já estamos entrando na fase da manutenção física. Contra o Flamengo, vamos para o 48º jogo oficial do ano. Contando os amistosos, serão 52 ou 53. Se formos à final da Copa do Brasil, serão 75 partidas oficiais. Na Europa, quem joga todas as competições faz uns 50 jogos. O impacto de tantos jogos é muito grande na questão fisiológica, na recuperação muscular. Há jogadores que precisam de 72 horas para se restabelecerem totalmente depois de uma partida".

Por que jogador de futebol precisa de mais recuperação que um tenista?
"No futebol, se gasta muito mais energia do que no tênis. Hoje, os jogadores percorrem 12, 13 quilômetros de forma intensa. Pelo tipo de movimentação que fazem, o percurso e a forma de percorrer as distâncias, mudanças bruscas de direção, frenagens e aceleração muito fortes, grama com piso irregular, às vezes seco, às vezes úmido, embates, divididas em bolas aéreas onde o jogador perde totalmente o equilíbrio".

Como é a condição de Douglas?
"Em relação a ele mesmo, Douglas está muito bem. Seus números são totalmente satisfatórios. O percentual de gordura é 12%, o que toleramos para jogadores acima dos 30 anos. Falam da barriga dele, mas ele não perdeu a potência, nem o processo de aceleração. Não é um grande roubador de bolas, mas, quando acelera, causa um grande desequilíbrio na defesa, atrapalha o goleiro. Ele inicia todo o processo de marcação, não deixa que o lateral ou o volante façam o passe preciso".

Kannemann está pronto?
"É um jogador com as valências físicas ideais para um zagueiro. Tem muita força, potência de membros inferiores, é muito rápido. São virtudes essenciais para um zagueiro na atual intensidade do futebol. Fez uma pré-temporada completa conosco, desenvolveu toda a prescrição que elaborarmos. Agora, tentamos dar a ele ritmo de jogo, para pegar embocadura, tempo de bola, não perder a noção da largura e da profundidade do campo".

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