Rogério Dias fala de trabalho que virá pela frente (Foto: Eduardo Moura/Globoesporte.com)
Em 2015, o Grêmio chamou a atenção do Brasil por uma característica marcante do treinador Roger Machado, principalmente em suas primeiras partidas: a intensidade. Coincidentemente, em um período no qual os compromissos eram apenas aos finais de semana. O jogo com o Figueirense, às 11h deste domingo, na Arena, marca a primeira partida de uma sequência na qual o Grêmio terá descanso e preparação considerados ideais para os jogos. E com a promessa de uma equipe justamente mais intensa por parte do preparador físico Rogério Dias.
Rogerinho, como é conhecido, traçou um planejamento claro: primeiro descansar o grupo e depois aumentar a carga de trabalho. Por isso os dois dias de folga e treino leve para os titulares na quarta-feira. A intenção, agora, é que todos estejam de tanque cheio a partir de domingo. Com um nível de atuação mais alto.
Após o treino de quinta-feira, o preparador conversou com o GloboEsporte.com ainda no campo do CT Luiz Carvalho após observar o rendimento de Maicon e Henrique Almeida, a dupla que volta de lesão. Por sinal, as contusões que causaram inúmeros desfalques recentemente ao Grêmio incomodaram Rogerinho. Por outro lado, ele cita um estudo feito pela comissão técnica e afirma que o time tem menos lesões que a média no Brasil.
Chegamos em um momento com um mês de semanas cheias. Deve ser o que todo preparador deseja nesse calendário. Como chega o grupo fisicamente?
São semanas que vamos aproveitar bastante. Primeiramente recuperar os atletas desgastados, que vêm em uma sequência de jogos muito forte. Em seis semanas, foram 11 jogos, sendo que um da quinta para o domingo, bem curta a recuperação. A primeira semana é recuperativa para os mais desgastados. E dar um volume um pouco maior para os atletas que vinham ficando no banco de reservas e não relacionados. A partir da segunda semana, vamos melhorar o nível de performance atlética, procurando desenvolver os componentes físicos estimulando os princípios do nosso modelo de jogo. Desenvolver a parte física, técnica e tática de forma integrada.
Apesar de ter um levantamento com o número de lesões não ser acima da média do futebol, até estamos um pouco abaixo da média do ano em relação a alguns clubes. Ficamos chateados de ter aquele evento no mesmo jogo.
Rogério Dias, preparador físico do Grêmio
O jogador precisa também destreinar para treinar?
Perfeito. Há horas que o menos é mais. Estamos seguindo esta regra para que fisiologicamente se recuperem, a questão psicológica também. Nesta semana que não tem jogo, que eles consigam recarregar as baterias e que cheguem em melhores condições nos jogos só do final de semana. Vamos conseguir nestas quatro semanas ver jogos mais intensos de todas as equipes. Vão chegar com recuperação bem mais adequada.
A partir de semana que vem, o que está planejado para aumentar esta carga?
Vamos trabalhar de forma integrada sempre que possível, com uma distribuição de trabalho, dando oportunidade para a parte de prevenção muscular no início dos treinamentos. E depois a gente dilui a evolução física no trabalho integrado com o Roger, em trabalhos de alta intensidade, mais curtos, mas com uma intensidade que reproduz mais o jogo mesmo do final de semana.
Que impacto tem o calendário na qualidade do jogo no Brasil?
Enquanto tivermos essa sequência grande de jogos na semana, veremos espetáculos menos atrativos para o público. O jogador acaba chegando em condições não ideais para esses jogos. É inviável jogar na quarta, quinta, sábado e domingo, de uma forma sequencial de quatro ou cinco semanas cheias, como enfrentamos na última perna do campeonato. A tendência é que, tendo jogos aos finais de semana somente, vamos conseguir ver jogos mais atrativos, com intensidade maior e com mais vigor físico do início ao fim. E correndo menos riscos de lesão. Não que não vão acontecer, mas o risco é minimizado com o jogador em uma condição mais próxima da ideal.
O Grêmio teve o episódio do jogo com o Cruzeiro, em que três jogadores saíram lesionados. Aquilo incomodou?
Ficamos muito chateados, apesar de saber que vão acontecer. Da forma que aconteceu, acredito que os preparadores físicos ficam chateados em uma ocorrência assim, de três lesões no jogo. Apesar de ter um levantamento em que o número de lesões não é acima da média do futebol, até estamos um pouco abaixo em relação a alguns clubes, ficamos chateados de ter aquele evento no mesmo jogo. Sabemos que o frio pode ter potencializado, principalmente as duas da volta do intervalo, após a parada, mas é normal, é do futebol. Trabalhamos e conseguimos rever algumas orientações. Está tudo dentro do planejamento de normalidade.
Qual a previsão de retorno para Wallace e Geromel?
Neste fim de semana, finalizam as três semanas previstas para a cura clínica da lesão. A partir de segunda, serão reavaliados e a projeção, se a evolução continuar, é que na terça sejam inseridos no grupo para iniciar o trabalho de transição com o grupo de trabalho.
A CBF divulgou situações do calendário, com pausas para as Eliminatórias. É um sinal de evolução?
Acredito que sim. Queremos acreditar que sim. Estamos fechados com a CBF, os clubes precisam ajudar nesta reorganização, para que a gente tenha jogos mais atrativos, com maior intensidade, como vemos nos clubes europeus, que tem a grande maioria de semanas abertas para treinamento e recuperação, para que os atletas possam desempenhar na sua plenitude atlética.
Dá para prometer um Grêmio voltando aos parâmetros mais altos de intensidade que vimos no ano passado e ficou marcado? É até um período semelhante ao do início do trabalho em 2015.
Foi um período de calendário parecido. Acho que tivemos três semanas abertas na chegada do Roger. Conseguimos naquele período fazer uma semana de reorganização de cargas, adaptação à forma de trabalho do Roger, onde tive que inserir nosso trabalho dentro do trabalho dele para ele desenvolver os componentes técnicos e táticos. E eu consegui desenvolver o trabalho físico que a gente precisava naquele momento. Vai ser importante resgatar isso nas próximas semanas.
O futebol brasileiro hoje está mais físico?
A grande mudança foi a intensidade do jogo. Só que vejo que, com a sequência de jogos, não é a preparação física que é preponderante. E sim o tempo de recuperação. Hoje o preparador é um reabilitador, que tem uma visão de preservar os jogadores entre os jogos. Treinamentos físicos não ocorrem nesses períodos. Precisamos tentar recuperá-los de um jogo para outro. Estão trabalhando cada vez mais integrados em linha de prevenção e recuperação para tentar minimizar os eventos das lesões musculares e articulares.
Foram jogos intensos, de embates físicos. Claro que foi importante para a gente. Vínhamos de oscilações, o jogo com o Vitória, principalmente. As duas vitórias resgataram a confiança do grupo. Em função do Gre-Nal ter sido na data do meu aniversário, brinquei que foi o melhor presente do mundo a vitória no clássico, na casa do adversário, e receber a homenagem. Foi emocionante para mim. Um domingo perfeito.
Douglas recentemente falou que o Grêmio tem o melhor preparador do Brasil. Como recebe esse carinho?
É importante e gratificante. Não é só o Rogerinho, são três preparadores físicos, formados na casa. É recompensador receber a valorização dos atletas, ter a confiança, até mesmo para a condução do trabalho. É fundamental a troca de informações, que estão se sentindo bem, ter a confiança no trabalho da gente, até mesmo na hora de relatar algum desconforto ou não.
Falando do Douglas: como é a preparação especial dele que o Roger citou?
Sempre que possível, damos um tempo a mais para ele neste período de recuperação entre um jogo e outro. Principalmente quando a sequência vem muito forte. Procuramos dar um turno a mais, mais atenção nos trabalhos de prevenção, conjuntamente com o trabalho de reabilitação com o setor de fisioterapia. Para a gente tentar entregá-lo ao Roger na véspera do jogo ou no dia do jogo, e ele chegar mais próximo de uma condição ideal e ter a partida inteira em alta intensidade de trabalho.
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Após o treino de quinta-feira, o preparador conversou com o GloboEsporte.com ainda no campo do CT Luiz Carvalho após observar o rendimento de Maicon e Henrique Almeida, a dupla que volta de lesão. Por sinal, as contusões que causaram inúmeros desfalques recentemente ao Grêmio incomodaram Rogerinho. Por outro lado, ele cita um estudo feito pela comissão técnica e afirma que o time tem menos lesões que a média no Brasil.
Chegamos em um momento com um mês de semanas cheias. Deve ser o que todo preparador deseja nesse calendário. Como chega o grupo fisicamente?
São semanas que vamos aproveitar bastante. Primeiramente recuperar os atletas desgastados, que vêm em uma sequência de jogos muito forte. Em seis semanas, foram 11 jogos, sendo que um da quinta para o domingo, bem curta a recuperação. A primeira semana é recuperativa para os mais desgastados. E dar um volume um pouco maior para os atletas que vinham ficando no banco de reservas e não relacionados. A partir da segunda semana, vamos melhorar o nível de performance atlética, procurando desenvolver os componentes físicos estimulando os princípios do nosso modelo de jogo. Desenvolver a parte física, técnica e tática de forma integrada.
Apesar de ter um levantamento com o número de lesões não ser acima da média do futebol, até estamos um pouco abaixo da média do ano em relação a alguns clubes. Ficamos chateados de ter aquele evento no mesmo jogo.
Rogério Dias, preparador físico do Grêmio
O jogador precisa também destreinar para treinar?
Perfeito. Há horas que o menos é mais. Estamos seguindo esta regra para que fisiologicamente se recuperem, a questão psicológica também. Nesta semana que não tem jogo, que eles consigam recarregar as baterias e que cheguem em melhores condições nos jogos só do final de semana. Vamos conseguir nestas quatro semanas ver jogos mais intensos de todas as equipes. Vão chegar com recuperação bem mais adequada.
A partir de semana que vem, o que está planejado para aumentar esta carga?
Vamos trabalhar de forma integrada sempre que possível, com uma distribuição de trabalho, dando oportunidade para a parte de prevenção muscular no início dos treinamentos. E depois a gente dilui a evolução física no trabalho integrado com o Roger, em trabalhos de alta intensidade, mais curtos, mas com uma intensidade que reproduz mais o jogo mesmo do final de semana.
Que impacto tem o calendário na qualidade do jogo no Brasil?
Enquanto tivermos essa sequência grande de jogos na semana, veremos espetáculos menos atrativos para o público. O jogador acaba chegando em condições não ideais para esses jogos. É inviável jogar na quarta, quinta, sábado e domingo, de uma forma sequencial de quatro ou cinco semanas cheias, como enfrentamos na última perna do campeonato. A tendência é que, tendo jogos aos finais de semana somente, vamos conseguir ver jogos mais atrativos, com intensidade maior e com mais vigor físico do início ao fim. E correndo menos riscos de lesão. Não que não vão acontecer, mas o risco é minimizado com o jogador em uma condição mais próxima da ideal.
O Grêmio teve o episódio do jogo com o Cruzeiro, em que três jogadores saíram lesionados. Aquilo incomodou?
Ficamos muito chateados, apesar de saber que vão acontecer. Da forma que aconteceu, acredito que os preparadores físicos ficam chateados em uma ocorrência assim, de três lesões no jogo. Apesar de ter um levantamento em que o número de lesões não é acima da média do futebol, até estamos um pouco abaixo em relação a alguns clubes, ficamos chateados de ter aquele evento no mesmo jogo. Sabemos que o frio pode ter potencializado, principalmente as duas da volta do intervalo, após a parada, mas é normal, é do futebol. Trabalhamos e conseguimos rever algumas orientações. Está tudo dentro do planejamento de normalidade.
Qual a previsão de retorno para Wallace e Geromel?
Neste fim de semana, finalizam as três semanas previstas para a cura clínica da lesão. A partir de segunda, serão reavaliados e a projeção, se a evolução continuar, é que na terça sejam inseridos no grupo para iniciar o trabalho de transição com o grupo de trabalho.
A CBF divulgou situações do calendário, com pausas para as Eliminatórias. É um sinal de evolução?
Acredito que sim. Queremos acreditar que sim. Estamos fechados com a CBF, os clubes precisam ajudar nesta reorganização, para que a gente tenha jogos mais atrativos, com maior intensidade, como vemos nos clubes europeus, que tem a grande maioria de semanas abertas para treinamento e recuperação, para que os atletas possam desempenhar na sua plenitude atlética.
Dá para prometer um Grêmio voltando aos parâmetros mais altos de intensidade que vimos no ano passado e ficou marcado? É até um período semelhante ao do início do trabalho em 2015.
Foi um período de calendário parecido. Acho que tivemos três semanas abertas na chegada do Roger. Conseguimos naquele período fazer uma semana de reorganização de cargas, adaptação à forma de trabalho do Roger, onde tive que inserir nosso trabalho dentro do trabalho dele para ele desenvolver os componentes técnicos e táticos. E eu consegui desenvolver o trabalho físico que a gente precisava naquele momento. Vai ser importante resgatar isso nas próximas semanas.
O futebol brasileiro hoje está mais físico?
A grande mudança foi a intensidade do jogo. Só que vejo que, com a sequência de jogos, não é a preparação física que é preponderante. E sim o tempo de recuperação. Hoje o preparador é um reabilitador, que tem uma visão de preservar os jogadores entre os jogos. Treinamentos físicos não ocorrem nesses períodos. Precisamos tentar recuperá-los de um jogo para outro. Estão trabalhando cada vez mais integrados em linha de prevenção e recuperação para tentar minimizar os eventos das lesões musculares e articulares.
Foram jogos intensos, de embates físicos. Claro que foi importante para a gente. Vínhamos de oscilações, o jogo com o Vitória, principalmente. As duas vitórias resgataram a confiança do grupo. Em função do Gre-Nal ter sido na data do meu aniversário, brinquei que foi o melhor presente do mundo a vitória no clássico, na casa do adversário, e receber a homenagem. Foi emocionante para mim. Um domingo perfeito.
Douglas recentemente falou que o Grêmio tem o melhor preparador do Brasil. Como recebe esse carinho?
É importante e gratificante. Não é só o Rogerinho, são três preparadores físicos, formados na casa. É recompensador receber a valorização dos atletas, ter a confiança, até mesmo para a condução do trabalho. É fundamental a troca de informações, que estão se sentindo bem, ter a confiança no trabalho da gente, até mesmo na hora de relatar algum desconforto ou não.
Falando do Douglas: como é a preparação especial dele que o Roger citou?
Sempre que possível, damos um tempo a mais para ele neste período de recuperação entre um jogo e outro. Principalmente quando a sequência vem muito forte. Procuramos dar um turno a mais, mais atenção nos trabalhos de prevenção, conjuntamente com o trabalho de reabilitação com o setor de fisioterapia. Para a gente tentar entregá-lo ao Roger na véspera do jogo ou no dia do jogo, e ele chegar mais próximo de uma condição ideal e ter a partida inteira em alta intensidade de trabalho.
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