Ramiro, em ação pelo Grêmio (Foto: Lucas Uebel/Light Press)
Se Roger Machado tem um problema no meio-campo, Ramiro é o primeiro nome lembrado. Se a lateral direita é que tem a baixa, novamente é ele que entra em campo. Indiscutivelmente, o volante surge como um dos atletas mais úteis do elenco do Grêmio. Versátil, atua aberto ou centralizado no meio-campo e pelo lado na defesa. Abraça a oportunidade que vier pela frente. E assim dá passos para escrever uma nova história no Tricolor, após a série de lesões.
Depois de substituir Edilson, suspenso, na vitória sobre o Cruzeiro, Ramiro é a opção mais provável para substituir Maicon, que com lesão muscular para por 10 dias. Volta a sua posição origem. Apesar de estar à disposição, é ali que briga e procura ser titular. Após passar seis meses parado no ano passado, por cirurgia no joelho, e passar por pequenos problemas em 2016, com lesão no tornozelo e caxumba, o volante já pode se dizer adaptado ao que quer Roger.
- O Walace e Maicon vêm de uma grande temporada ano passado. É uma dupla muito firmada com excelentes atuações. Temos que respeitar o momento do colega sempre. Mas não se acomodar. Meu objetivo é jogar, daqui a pouco ser titular novamente como volante. Mas sempre respeitando o colega, respeitando o trabalho. Essa briga sadia faz com que todos cresçam, vou continuar fazendo meu trabalho da melhor maneira. E quando tiver oportunidade no jogo, vou aproveitar da melhor maneira - disse o volante, em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com.
Ramiro também aborda o primeiro semestre do Grêmio, com as eliminações na Libertadores, no Gauchão e na Primeira Liga, além do trabalho de Roger, da arbitragem no Brasil – foi recentemente expulso por reclamação e da vontade de permanecer no clube – seu pai já negocia a renovação por mais três anos. Também respondeu sobre a corneta de Eduardo Sasha feita na final do Gauchão, quando o jogador dançou uma “valsa” com a bandeira de escanteio, em alusão aos 15 anos sem títulos de expressão do Tricolor. Ambos tem o mesmo círculo de amizades e frequentemente postam fotos nas quais estão juntos.
- É como teu melhor amigo, ele vai tirar uma onda de ti. É mais ou menos isso. Mas tem uma dimensão maior porque nós que somos atletas e estamos diretamente ligados a isso. Faz parte do espetáculo. Um dia é da caça e outro do caçador. Aquele momento ele achou correto e quis comemorar daquela maneira. Na hora que a gente vencer, vamos ver que de forma vamos comemorar - comentou.
GloboEsporte.com: Você é uma espécie de 12º jogador do Roger. Está sempre jogando, seja na lateral ou no meio-campo. Como é essa função para você?
Ramiro: Independente de posição, todos nós queremos estar entre os 11, mostrando trabalho e ajudando a equipe. Tive uma sequência de lesões que acabaram me afastando um pouco e tirando a sequência anterior. Quando se tem uma lesão longa como a que eu tive do ligamento cruzado, você volta atrás. Os outros recebem oportunidades e aproveitam. Tem que começar uma nova história, reconstruir o que foi construído. Estou procurando fazer isso novamente. Readquirir confiança, o estilo de jogo, as atuações que tive antes da lesão. Mas não gosto de criar o rótulo de ser um 12º jogador. Faço parte do grupo e quando precisar de mim estou disposto a ajudar.
Você já está chegando perto ao nível que tinha antes da lesão?
A evolução se dá com o decorrer de jogos e a sequência. Vou readquirindo confiança. O apoio dos colegas é sempre muito importante. O apoio do torcedor, também. Essa energia que é passada da arquibancada, quando é positiva, não só para o Ramiro, para todos os jogadores, essa interação arquibancada-campo é importantíssima. E campo-arquibancada, também. Porque sabemos que tudo que é feito na arquibancada é conforme fazemos em campo. A gente vai procurar construir essa união, e que ela se fortaleça cada vez mais.
Você teve a lesão séria no joelho, voltou, teve mais um problema e, quando parecia engrenar, teve o episódio da caxumba. Como você fez para não se abalar?
A gente fica chateado. Teve a situação do jogo de ontem, de três atletas saírem por lesão. Sempre ficamos chateados de perder algum companheiro e mais ainda quando é com a gente. Vim de uma lesão longa, uma outra lesão mais curta, depois a caxumba, foi uma sucessão de fatalidades que faz parte. Não posso ficar me lamentando, tudo acontece por conta de uma força maior. Estou bem. Sempre mantive a cabeça boa. Procurei, quando estive bem e depois da caxumba, trabalhar forte para afastar esta energia negativa.
Você falou em começar uma nova história. Sua versatilidade é um trunfo para isso?
A gente veio de um grande ano em 2015. Conquistamos o que pouca gente imaginou que iríamos conquistar. Formou-se uma equipe, um grupo. Eu, Como fiquei fora e voltei esse ano, eu peguei o bonde em andamento. Tem que entrar em um sistema de jogo que é diferente do que tinha quando machuquei. A equipe jogando de forma redonda, é difícil adquirir espaço, você não volta de uma lesão como titular. Quem jogou deu conta e merece ter sequência. Onde surge a oportunidade de voltar a jogar e mostrar teu trabalho, eu procuro aproveitar da melhor maneira.
Você jogou na lateral contra o Cruzeiro. Na quinta, com a baixa do Maicon, deve jogar no meio-campo. Como você assimila para entrar nos jogos preparado?
Na verdade, quem joga no Brasileirão tem pouco tempo de treinamento. É muito mais recuperação do que treinamento. Procuramos na conversa e observando os colegas em campo ajustar. Saber o que cada colega faz, o que tem que fazer quando substituir, quais as funções em campo. Quando estou fora, assistindo ao VT ou aos melhores momentos, procuro observar o que os jogadores fazem para tentar, quando substituir, ser da melhor maneira.
Walace e Maicon são incontestáveis. Isso faz você tentar pegar os cacoetes do lateral, do extrema, no treino?
Procuro acrescentar um pouco de cada. O Walace e o Maicon vêm de uma grande temporada no ano passado. É uma dupla muito firmada com excelentes atuações. Temos que respeitar o momento do colega sempre. Mas não se acomodar. Meu objetivo é jogar, daqui a pouco ser titular novamente como volante. Mas sempre respeitando o colega, respeitando o trabalho. Essa briga sadia faz com que todos cresçam.
O Jaílson está surgindo nessa briga, jogou há pouco, e os torcedores elogiam. É cedo, mas o que dá para falar dele, como parceiro e jovem subindo agora?
Todos eles estão preparados, tanto o Jaílson quanto o Kaio, como tantos outros que subiram da base. São guris que trabalham muito e merecem receber a oportunidade. São colegas de profissão e de posição. E digamos que a gente seja… Não é inimigo, mas brigamos por uma posição. Todos querem jogar. Faz com que a gente cresça, a gente dá muito apoio para esses guris fazerem o que faziam na base no profissional. Sabemos como é importante receber o apoio dos mais velhos. A gente tem uma relação muito forte. A responsabilidade de um garoto de 20 anos é a mesma do de 35. Se está no grupo profissional do Grêmio, tem que saber o peso da camisa que está vestindo, o que tem que fazer em campo.
O Grêmio figura na ponta do Brasileirão desde o ano passado. Qual o segredo desse trabalho que coloca o time lá em cima e o que pode dar o "clique" para brigar pelo título?
Na verdade, se for olhar para trás, desde que cheguei em 2013, o Grêmio briga no Brasileirão, está sempre entre os 5. Mostra a força que o Grêmio tem, do clube, da gestão, da equipe, dos jogadores, do comando téncico. É um trabalho que não é de hoje. Tem uma reformulação desde que o Fábio Koff assumiu no clube. E com o Roger, casou muito bem os objetivos dele pessoais com os jogadores e com o clube. Isso fechou uito bem e está fazendo com que todo mundo cresça.
Na semana, o Corinthians, por indicação do Tite, o melhor técnico do Brasil, buscou o Roger. O que faz ele ser tão valorizado?
Ele se enquadra no futebol moderno. Eu concordo contigo, o Tite é o cara mais preparado do Brasil e quem deveria assumir a Seleção. É o principal, e acho que o Roger se encaixa no estilo de trabalho dele, um trabalho moderno, que escuta opinião, procura sempre crescer. Tem como estilo de jogo propor. Isso é muito importante. Acho que são treinadores da mesma escola, obviamente, o Tite com mais experiência, mas o Roger se espelhou nele e em outros para construir seu estilo próprio de jogo.
A briga por uma taça talvez seja o que mais falta ao Grêmio. Como vocês lidam com isso para o Brasileirão, em especial após as eliminações no primeiro semestre?
Tivemos um primeiro semestre frustrante em busca de títulos. Ficamos muito chateados por todas as desclassificações. Nós jogadores sabemos como é importante vencer e ser lembrado como campeão. E não conseguimos no primeiro semestre, por diversos fatores que já passaram e já tentamos mudar. A gente já vem atuando de forma diferente para ir em busca disso. No segundo semestre, vamos buscar um ano forte, já estamos com jogos e atuações muito boas, consistentes. E vamos buscar cada jogo encarar como decisão, em pontos corridos, os três pontos do primeiro jogo são os mesmos do último. É importante vencer sempre, somar pontos fora porque no fim da competição isso vai
eve a corneta do Sasha na final, com a valsa, e também pelos 15 anos sem títulos nacionais. Isso incomoda vocês?
Eu não encaro como 15 anos. Em 2010, o Grêmio teve um título. Isso é algo que o torcedor cria, em função de hoje ter a internet, com acesso fácil, ter a gozação com o adversário. Quando o Grêmio ganhava diversos títulos, não tinha esse acesso, essa zoação, era só olho no olho. Tem que levar de uma maneira esportiva, levar na brincadeira sadia. A gente sabe que é um peso que infelizmente é carregado para o campo. É passado, mas temos que executar o trabalho da mesma maneira. Mesmo que tivesse ganhado um título ano passado, teria que provar esse ano. Futebol é assim.
O Sasha, inclusive, é do seu círculo de amigos. Como é isso, com um cara próximo fazer essa brincadeira? Imagino que alguém do Grêmio faria o mesmo se tivesse a chance...
É como seu melhor amigo vai tirar uma onda de você. É mais ou menos isso. Mas tem uma dimensão maior porque nós que somos atletas e estamos diretamente ligados a isso.
Faz parte do espetáculo. Um dia é da caça, e outro do caçador. Aquele momento ele achou correto e quis comemorar daquela maneira. Na hora que a gente vencer, vamos ver de que forma comemorar.
Nesta quinta, vocês jogarão sem a dupla de zaga titular, provavelmente contigo como titular. Como vão se preparar para manter o nível alto?
Temos um estilo de jogo bem definido. Não são só os 11 jogadoes que sabem desempenhar. Todos os jogos são trabalhados da mesma forma, se tem a mesma atenção no treinamento e sabem o que tem que executar dentro do campo, tanto em posicionamento de saída de jgoo, pressão, bola parada, de qualquer outra função. Vamos mostrar a força do elenco, do grupo. Nesses momentos que vamos demonstrar o que a gente vem falando.
Se fala muito das falhas na bola parada. O clube até fez um estudo desse tipo de lance em outras equipes. Como isso foi passado para vocês?
Isso é sempre feito. O Roger gosta muito de extrair coisas positivas e negativas de outras equipes para implantar no nosso jogo, no nosso estilo. Se for ver, temos tomado poucos gols no Brasileirão. Alguns foram de bola parada. Da mesma maneira que minimizamos os gols com bola andando, temos que minimizar na bola parada. Foi estudado, ele olhou diversas equipes, a forma como marcava e tentou implantar na última partida. Já mudamos algumas coisas que acredito que vão nos ajudar a evoluir. Muda um pouco de posicionamento, de postura. Estamos trazendo todos os jogadores para a falta defensiva, antes ficavam jogadores na frente. Conforme a gente vai sentindo a necessidade, vamos mudando e nos adaptando até encontrar a melhor maneira.
Você se viu envolvido naquela polêmica com a arbitragem contra o Flu. Teve muita reclamação do Grêmio. No domingo, foi a vez do Inter reclamar, contra o Figueirense. Como você analisa essa revolta dos dois clubes do Sul contra a arbitragem?
É complicado de falar da arbitragem. Eles são seres humanos. Como o jogador erra, a arbitragem também erra. A gente vê que não é contra A ou B. Eles erram em diversas partidas, em diversos jogos. Ficamos tristes porque acaba deixando o jogo com resultado que não seria o correto se a arbitragem acertasse. Não sei se daqui a pouco não teria que ter ajuda externa, como os outros esportes têm. As equipes se preparam a semana toda, um trabalho do ano, investindo, direcionando ao jogo, e, às vezes, é decidido por um erro. Não criticamos por esse sentido, mas seria um fator a ser estudado pela CBF, de tentar implantar a maneira de minimizar o erro. E aí, dá ênfase ao espetáculo e não a discussões paralelas, a erros.
Falamos com seu pai, e ele disse que já conversavam sobre a renovação. Como está isso, sua vontade é permanecer?
Procuro não me meter, deixo para o meu pai. Obviamente, ele me pede opinião e pergunta meu desejo, mas deixo para ele negociar. Sei que estão conversando, sim, para que haja a renovação. Meu desejo é ficar no Grêmio, sou muito feliz aqui. Da mesma forma que o torcedor sente bastante necessidade de títulos, eu também sinto. Estou desde 2013, sinto de fora e também quero, no início da carreira, ter um título de importância. Isso faz com que o jogador cresça e é importante para o currículo no resto da carreira.
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Depois de substituir Edilson, suspenso, na vitória sobre o Cruzeiro, Ramiro é a opção mais provável para substituir Maicon, que com lesão muscular para por 10 dias. Volta a sua posição origem. Apesar de estar à disposição, é ali que briga e procura ser titular. Após passar seis meses parado no ano passado, por cirurgia no joelho, e passar por pequenos problemas em 2016, com lesão no tornozelo e caxumba, o volante já pode se dizer adaptado ao que quer Roger.
- O Walace e Maicon vêm de uma grande temporada ano passado. É uma dupla muito firmada com excelentes atuações. Temos que respeitar o momento do colega sempre. Mas não se acomodar. Meu objetivo é jogar, daqui a pouco ser titular novamente como volante. Mas sempre respeitando o colega, respeitando o trabalho. Essa briga sadia faz com que todos cresçam, vou continuar fazendo meu trabalho da melhor maneira. E quando tiver oportunidade no jogo, vou aproveitar da melhor maneira - disse o volante, em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com.
Ramiro também aborda o primeiro semestre do Grêmio, com as eliminações na Libertadores, no Gauchão e na Primeira Liga, além do trabalho de Roger, da arbitragem no Brasil – foi recentemente expulso por reclamação e da vontade de permanecer no clube – seu pai já negocia a renovação por mais três anos. Também respondeu sobre a corneta de Eduardo Sasha feita na final do Gauchão, quando o jogador dançou uma “valsa” com a bandeira de escanteio, em alusão aos 15 anos sem títulos de expressão do Tricolor. Ambos tem o mesmo círculo de amizades e frequentemente postam fotos nas quais estão juntos.
- É como teu melhor amigo, ele vai tirar uma onda de ti. É mais ou menos isso. Mas tem uma dimensão maior porque nós que somos atletas e estamos diretamente ligados a isso. Faz parte do espetáculo. Um dia é da caça e outro do caçador. Aquele momento ele achou correto e quis comemorar daquela maneira. Na hora que a gente vencer, vamos ver que de forma vamos comemorar - comentou.
GloboEsporte.com: Você é uma espécie de 12º jogador do Roger. Está sempre jogando, seja na lateral ou no meio-campo. Como é essa função para você?
Ramiro: Independente de posição, todos nós queremos estar entre os 11, mostrando trabalho e ajudando a equipe. Tive uma sequência de lesões que acabaram me afastando um pouco e tirando a sequência anterior. Quando se tem uma lesão longa como a que eu tive do ligamento cruzado, você volta atrás. Os outros recebem oportunidades e aproveitam. Tem que começar uma nova história, reconstruir o que foi construído. Estou procurando fazer isso novamente. Readquirir confiança, o estilo de jogo, as atuações que tive antes da lesão. Mas não gosto de criar o rótulo de ser um 12º jogador. Faço parte do grupo e quando precisar de mim estou disposto a ajudar.
Você já está chegando perto ao nível que tinha antes da lesão?
A evolução se dá com o decorrer de jogos e a sequência. Vou readquirindo confiança. O apoio dos colegas é sempre muito importante. O apoio do torcedor, também. Essa energia que é passada da arquibancada, quando é positiva, não só para o Ramiro, para todos os jogadores, essa interação arquibancada-campo é importantíssima. E campo-arquibancada, também. Porque sabemos que tudo que é feito na arquibancada é conforme fazemos em campo. A gente vai procurar construir essa união, e que ela se fortaleça cada vez mais.
Você teve a lesão séria no joelho, voltou, teve mais um problema e, quando parecia engrenar, teve o episódio da caxumba. Como você fez para não se abalar?
A gente fica chateado. Teve a situação do jogo de ontem, de três atletas saírem por lesão. Sempre ficamos chateados de perder algum companheiro e mais ainda quando é com a gente. Vim de uma lesão longa, uma outra lesão mais curta, depois a caxumba, foi uma sucessão de fatalidades que faz parte. Não posso ficar me lamentando, tudo acontece por conta de uma força maior. Estou bem. Sempre mantive a cabeça boa. Procurei, quando estive bem e depois da caxumba, trabalhar forte para afastar esta energia negativa.
Você falou em começar uma nova história. Sua versatilidade é um trunfo para isso?
A gente veio de um grande ano em 2015. Conquistamos o que pouca gente imaginou que iríamos conquistar. Formou-se uma equipe, um grupo. Eu, Como fiquei fora e voltei esse ano, eu peguei o bonde em andamento. Tem que entrar em um sistema de jogo que é diferente do que tinha quando machuquei. A equipe jogando de forma redonda, é difícil adquirir espaço, você não volta de uma lesão como titular. Quem jogou deu conta e merece ter sequência. Onde surge a oportunidade de voltar a jogar e mostrar teu trabalho, eu procuro aproveitar da melhor maneira.
Você jogou na lateral contra o Cruzeiro. Na quinta, com a baixa do Maicon, deve jogar no meio-campo. Como você assimila para entrar nos jogos preparado?
Na verdade, quem joga no Brasileirão tem pouco tempo de treinamento. É muito mais recuperação do que treinamento. Procuramos na conversa e observando os colegas em campo ajustar. Saber o que cada colega faz, o que tem que fazer quando substituir, quais as funções em campo. Quando estou fora, assistindo ao VT ou aos melhores momentos, procuro observar o que os jogadores fazem para tentar, quando substituir, ser da melhor maneira.
Walace e Maicon são incontestáveis. Isso faz você tentar pegar os cacoetes do lateral, do extrema, no treino?
Procuro acrescentar um pouco de cada. O Walace e o Maicon vêm de uma grande temporada no ano passado. É uma dupla muito firmada com excelentes atuações. Temos que respeitar o momento do colega sempre. Mas não se acomodar. Meu objetivo é jogar, daqui a pouco ser titular novamente como volante. Mas sempre respeitando o colega, respeitando o trabalho. Essa briga sadia faz com que todos cresçam.
O Jaílson está surgindo nessa briga, jogou há pouco, e os torcedores elogiam. É cedo, mas o que dá para falar dele, como parceiro e jovem subindo agora?
Todos eles estão preparados, tanto o Jaílson quanto o Kaio, como tantos outros que subiram da base. São guris que trabalham muito e merecem receber a oportunidade. São colegas de profissão e de posição. E digamos que a gente seja… Não é inimigo, mas brigamos por uma posição. Todos querem jogar. Faz com que a gente cresça, a gente dá muito apoio para esses guris fazerem o que faziam na base no profissional. Sabemos como é importante receber o apoio dos mais velhos. A gente tem uma relação muito forte. A responsabilidade de um garoto de 20 anos é a mesma do de 35. Se está no grupo profissional do Grêmio, tem que saber o peso da camisa que está vestindo, o que tem que fazer em campo.
O Grêmio figura na ponta do Brasileirão desde o ano passado. Qual o segredo desse trabalho que coloca o time lá em cima e o que pode dar o "clique" para brigar pelo título?
Na verdade, se for olhar para trás, desde que cheguei em 2013, o Grêmio briga no Brasileirão, está sempre entre os 5. Mostra a força que o Grêmio tem, do clube, da gestão, da equipe, dos jogadores, do comando téncico. É um trabalho que não é de hoje. Tem uma reformulação desde que o Fábio Koff assumiu no clube. E com o Roger, casou muito bem os objetivos dele pessoais com os jogadores e com o clube. Isso fechou uito bem e está fazendo com que todo mundo cresça.
Na semana, o Corinthians, por indicação do Tite, o melhor técnico do Brasil, buscou o Roger. O que faz ele ser tão valorizado?
Ele se enquadra no futebol moderno. Eu concordo contigo, o Tite é o cara mais preparado do Brasil e quem deveria assumir a Seleção. É o principal, e acho que o Roger se encaixa no estilo de trabalho dele, um trabalho moderno, que escuta opinião, procura sempre crescer. Tem como estilo de jogo propor. Isso é muito importante. Acho que são treinadores da mesma escola, obviamente, o Tite com mais experiência, mas o Roger se espelhou nele e em outros para construir seu estilo próprio de jogo.
A briga por uma taça talvez seja o que mais falta ao Grêmio. Como vocês lidam com isso para o Brasileirão, em especial após as eliminações no primeiro semestre?
Tivemos um primeiro semestre frustrante em busca de títulos. Ficamos muito chateados por todas as desclassificações. Nós jogadores sabemos como é importante vencer e ser lembrado como campeão. E não conseguimos no primeiro semestre, por diversos fatores que já passaram e já tentamos mudar. A gente já vem atuando de forma diferente para ir em busca disso. No segundo semestre, vamos buscar um ano forte, já estamos com jogos e atuações muito boas, consistentes. E vamos buscar cada jogo encarar como decisão, em pontos corridos, os três pontos do primeiro jogo são os mesmos do último. É importante vencer sempre, somar pontos fora porque no fim da competição isso vai
eve a corneta do Sasha na final, com a valsa, e também pelos 15 anos sem títulos nacionais. Isso incomoda vocês?
Eu não encaro como 15 anos. Em 2010, o Grêmio teve um título. Isso é algo que o torcedor cria, em função de hoje ter a internet, com acesso fácil, ter a gozação com o adversário. Quando o Grêmio ganhava diversos títulos, não tinha esse acesso, essa zoação, era só olho no olho. Tem que levar de uma maneira esportiva, levar na brincadeira sadia. A gente sabe que é um peso que infelizmente é carregado para o campo. É passado, mas temos que executar o trabalho da mesma maneira. Mesmo que tivesse ganhado um título ano passado, teria que provar esse ano. Futebol é assim.
O Sasha, inclusive, é do seu círculo de amigos. Como é isso, com um cara próximo fazer essa brincadeira? Imagino que alguém do Grêmio faria o mesmo se tivesse a chance...
É como seu melhor amigo vai tirar uma onda de você. É mais ou menos isso. Mas tem uma dimensão maior porque nós que somos atletas e estamos diretamente ligados a isso.
Faz parte do espetáculo. Um dia é da caça, e outro do caçador. Aquele momento ele achou correto e quis comemorar daquela maneira. Na hora que a gente vencer, vamos ver de que forma comemorar.
Nesta quinta, vocês jogarão sem a dupla de zaga titular, provavelmente contigo como titular. Como vão se preparar para manter o nível alto?
Temos um estilo de jogo bem definido. Não são só os 11 jogadoes que sabem desempenhar. Todos os jogos são trabalhados da mesma forma, se tem a mesma atenção no treinamento e sabem o que tem que executar dentro do campo, tanto em posicionamento de saída de jgoo, pressão, bola parada, de qualquer outra função. Vamos mostrar a força do elenco, do grupo. Nesses momentos que vamos demonstrar o que a gente vem falando.
Se fala muito das falhas na bola parada. O clube até fez um estudo desse tipo de lance em outras equipes. Como isso foi passado para vocês?
Isso é sempre feito. O Roger gosta muito de extrair coisas positivas e negativas de outras equipes para implantar no nosso jogo, no nosso estilo. Se for ver, temos tomado poucos gols no Brasileirão. Alguns foram de bola parada. Da mesma maneira que minimizamos os gols com bola andando, temos que minimizar na bola parada. Foi estudado, ele olhou diversas equipes, a forma como marcava e tentou implantar na última partida. Já mudamos algumas coisas que acredito que vão nos ajudar a evoluir. Muda um pouco de posicionamento, de postura. Estamos trazendo todos os jogadores para a falta defensiva, antes ficavam jogadores na frente. Conforme a gente vai sentindo a necessidade, vamos mudando e nos adaptando até encontrar a melhor maneira.
Você se viu envolvido naquela polêmica com a arbitragem contra o Flu. Teve muita reclamação do Grêmio. No domingo, foi a vez do Inter reclamar, contra o Figueirense. Como você analisa essa revolta dos dois clubes do Sul contra a arbitragem?
É complicado de falar da arbitragem. Eles são seres humanos. Como o jogador erra, a arbitragem também erra. A gente vê que não é contra A ou B. Eles erram em diversas partidas, em diversos jogos. Ficamos tristes porque acaba deixando o jogo com resultado que não seria o correto se a arbitragem acertasse. Não sei se daqui a pouco não teria que ter ajuda externa, como os outros esportes têm. As equipes se preparam a semana toda, um trabalho do ano, investindo, direcionando ao jogo, e, às vezes, é decidido por um erro. Não criticamos por esse sentido, mas seria um fator a ser estudado pela CBF, de tentar implantar a maneira de minimizar o erro. E aí, dá ênfase ao espetáculo e não a discussões paralelas, a erros.
Falamos com seu pai, e ele disse que já conversavam sobre a renovação. Como está isso, sua vontade é permanecer?
Procuro não me meter, deixo para o meu pai. Obviamente, ele me pede opinião e pergunta meu desejo, mas deixo para ele negociar. Sei que estão conversando, sim, para que haja a renovação. Meu desejo é ficar no Grêmio, sou muito feliz aqui. Da mesma forma que o torcedor sente bastante necessidade de títulos, eu também sinto. Estou desde 2013, sinto de fora e também quero, no início da carreira, ter um título de importância. Isso faz com que o jogador cresça e é importante para o currículo no resto da carreira.
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