Divulgação Corinthians
“Vivemos no país do futebol”. É isso que ouço desde sempre. Minhas primeiras lembranças do futebol se misturam entre os grandes feitos do nosso Grêmio na década de 90 com o sucesso da Seleção Brasileira naquela época. Lembro-me de muita festa em relação à equipe que representava nossa nação em 1994. É comovente recordar o envolvimento de praticamente todas as pessoas em prol de um grupo, um desafio, uma conquista. Como era criança, não sabia ao certo o que aquele tetracampeonato mundial, de fato, representava. Mas com o passar dos anos, conhecendo melhor a história política, social e econômica do país naquele período, fiquei ainda mais encantada com a capacidade que um esporte tem de fazer algo de bom para uma população tão calejada em outros sentidos.
Os anos foram passando, e de uma decepção em território francês em 1998 fomos para o pentacampeonato do outro lado do mundo em 2002. Muitos têm a seleção que jogou no Japão e na Coréia como um verdadeiro tesouro. Sob o comando do nosso conterrâneo e tão conhecido Felipão, aquele grupo chegou ao inédito penta com um misto de revelações e superações, que resultaram em uma equipe, no mínimo, entusiasmada e empolgante. Após o feito extremamente festejado em todos os cantos do país, o treinador da conquista optou por seguir sua carreira em solo europeu, com o pleno sentimento de dever cumprido.
A história da nossa seleção após o penta é complexa. Ao longo destes quase quatorze anos vimos diversos rostos diferentes no comando da equipe, mas quase nada no que diz respeito à evolução. Enquanto em outros países o futebol foi cada vez mais sendo tratado com profissionalismo, planejamento e organização, em solo tupiniquim a cultura do “revelar para exportar” continuava em ascendência significativa. Não vou nem tentar entrar no mérito da estrutura política da confederação que comanda o esporte no Brasil porque, mesmo que o conhecimento não seja tão profundo, o pouco que sei me faz ter certeza de que esta não se difere muito de outras instituições que governam nossa Pátria. E, infelizmente, a semelhança está nas piores partes...
Enfim, com esse espírito de “somos o país do futebol e assim sempre será”, tivemos a oportunidade de ver uma Copa do Mundo na nossa terra. A euforia por ver a seleção tentar o hexacampeonato em casa talvez tenha feito com que muitos, de certa forma, negligenciassem que já havíamos fracassado nas duas copas após o penta. A ideia era de que era possível. O sentimento era de que tudo conspiraria a nosso favor, a festa foi armada porque seria aqui mesmo que iríamos comemorar. Principais lições da Copa de 2014: que o futebol evolui através do profissionalismo e aprimoramento, e que grandes empreiteiras são boas fontes para grandes falcatruas.
Após o emblemático e justo 7 a 1, era possível distinguir dois tipos de brasileiros. De um lado, os desolados que sucumbiram à decepção de ver um dos maiores (se não o maior) vexames da história do futebol. Em contrapartida, os mais racionais apenas confirmaram a suposição de que muito dificilmente aquela Seleção Brasileira teria êxito sobre uma Alemanha que veio evoluída o bastante para conquistar o seu tetra. Diga-se de passagem, que essa preparação teve início após a derrota que deu o quinto título mundial ao Brasil. Um verdadeiro exemplo do que é organizar para conquistar.
O fato é que tanto o fiasco da Copa no Brasil quanto a revelação dos escândalos envolvendo a alta cúpula da CBF desgastaram o sentimento de grande parte da torcida pela Seleção. A volta de Dunga como técnico foi um verdadeiro balde de água fria em um momento no qual se esperava por um recomeço, uma mudança! Ao longo desses dois últimos anos, a desconfiança diante da entidade maior do futebol brasileiro passou a ser motivo para que desconfiássemos até mesmo dos critérios para convocações. Dunga nem de longe passou a ideia de recomeço positivo e após duas eliminações em Copa América (a última digna de decepção nível 7 a 1) e uma campanha questionável nas eliminatórias para o mundial de 2018, foi convidado a se retirar pela segunda vez do comando da nossa seleção.
Eis que diante da queda de Dunga, surge o nome que, na opinião de muitos (inclusive a minha), já deveria estar no comando da equipe há muito tempo. O caxiense Adenor Leonardo Bacchi, o Tite, largou seu posto no comando corintiano e rumou para aquele que pode ser considerado o maior sonho e desafio que um profissional do futebol pode ter. Não sabemos exatamente os critérios que direcionam os escolhidos pela CBF, mas, independente de quais sejam, Tite possui diversos pontos positivos.
Quando tratamos de futebol moderno, ele é no cenário brasileiro atual o que mais se aproxima das características de quem estuda e, principalmente, acompanha a evolução complexa da modalidade. Porém, antes mesmo de ter seu nome relacionado a esse estilo competente de gerenciar seus jogadores, Tite já se destacava pelas conquistas.
Para os gremistas, Adenor é emblemático tanto negativa quanto positivamente. Não hesito em dizer que ele foi o grande responsável pela histórica conquista do Caxias sobre nosso time no Campeonato Gaúcho do ano 2000. Ali conhecemos de perto esse Tite. Mas seria no ano seguinte que conheceríamos ainda mais. Foi conosco que o treinador teve seu primeiro triunfo em nível nacional. Naquela temporada, além da Copa do Brasil, não deixamos o campeonato estadual escapar como havia ocorrido no ano anterior. A conquista nacional veio sobre o tão temido Corinthians, que futuramente teria páginas de sua história também dedicadas a Tite, preenchidas com títulos de Brasileirão, Libertadores e Mundial.
A questão é que Tite, com seu estilo próprio de discutir, explicar e compreender o futebol, é a figura que pode reaproximar muitos torcedores da Seleção Nacional. Quem sabe seja esse o treinador que vai recuperar um pouco daquela consideração que muitos já perderam. Sabemos que a instituição que estará acima do técnico ainda é muito questionada e, certamente, com motivos de sobra para isso. Mas mesmo diante desse cenário, me dou o direito de esperar algo a mais de Tite. Uma coisa é certa: pela primeira vez em muitos anos nossa Seleção tem a chance de evoluir. Ter no comando alguém com o perfil do treinador já é uma evolução.
Para finalizar, 3 pontos que me agradam ainda mais ao ver Tite na Seleção:
- Como bairrista que sou, fico feliz em ver mais um gaúcho ter a chance de fazer história no futebol brasileiro;
- Tite merece essa página no seu currículo, trabalhou e de certa forma esperou por isso;
- E, por fim, tenho certeza que no comando do Corinthians, o técnico seria capaz de fazer com que aquele time se destacasse novamente esse ano. Como gremistas, temos que torcer para nosso time fazer sua parte e aproveitar esse significativo desfalque de um forte adversário.
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A história da nossa seleção após o penta é complexa. Ao longo destes quase quatorze anos vimos diversos rostos diferentes no comando da equipe, mas quase nada no que diz respeito à evolução. Enquanto em outros países o futebol foi cada vez mais sendo tratado com profissionalismo, planejamento e organização, em solo tupiniquim a cultura do “revelar para exportar” continuava em ascendência significativa. Não vou nem tentar entrar no mérito da estrutura política da confederação que comanda o esporte no Brasil porque, mesmo que o conhecimento não seja tão profundo, o pouco que sei me faz ter certeza de que esta não se difere muito de outras instituições que governam nossa Pátria. E, infelizmente, a semelhança está nas piores partes...
Enfim, com esse espírito de “somos o país do futebol e assim sempre será”, tivemos a oportunidade de ver uma Copa do Mundo na nossa terra. A euforia por ver a seleção tentar o hexacampeonato em casa talvez tenha feito com que muitos, de certa forma, negligenciassem que já havíamos fracassado nas duas copas após o penta. A ideia era de que era possível. O sentimento era de que tudo conspiraria a nosso favor, a festa foi armada porque seria aqui mesmo que iríamos comemorar. Principais lições da Copa de 2014: que o futebol evolui através do profissionalismo e aprimoramento, e que grandes empreiteiras são boas fontes para grandes falcatruas.
Após o emblemático e justo 7 a 1, era possível distinguir dois tipos de brasileiros. De um lado, os desolados que sucumbiram à decepção de ver um dos maiores (se não o maior) vexames da história do futebol. Em contrapartida, os mais racionais apenas confirmaram a suposição de que muito dificilmente aquela Seleção Brasileira teria êxito sobre uma Alemanha que veio evoluída o bastante para conquistar o seu tetra. Diga-se de passagem, que essa preparação teve início após a derrota que deu o quinto título mundial ao Brasil. Um verdadeiro exemplo do que é organizar para conquistar.
O fato é que tanto o fiasco da Copa no Brasil quanto a revelação dos escândalos envolvendo a alta cúpula da CBF desgastaram o sentimento de grande parte da torcida pela Seleção. A volta de Dunga como técnico foi um verdadeiro balde de água fria em um momento no qual se esperava por um recomeço, uma mudança! Ao longo desses dois últimos anos, a desconfiança diante da entidade maior do futebol brasileiro passou a ser motivo para que desconfiássemos até mesmo dos critérios para convocações. Dunga nem de longe passou a ideia de recomeço positivo e após duas eliminações em Copa América (a última digna de decepção nível 7 a 1) e uma campanha questionável nas eliminatórias para o mundial de 2018, foi convidado a se retirar pela segunda vez do comando da nossa seleção.
Eis que diante da queda de Dunga, surge o nome que, na opinião de muitos (inclusive a minha), já deveria estar no comando da equipe há muito tempo. O caxiense Adenor Leonardo Bacchi, o Tite, largou seu posto no comando corintiano e rumou para aquele que pode ser considerado o maior sonho e desafio que um profissional do futebol pode ter. Não sabemos exatamente os critérios que direcionam os escolhidos pela CBF, mas, independente de quais sejam, Tite possui diversos pontos positivos.
Quando tratamos de futebol moderno, ele é no cenário brasileiro atual o que mais se aproxima das características de quem estuda e, principalmente, acompanha a evolução complexa da modalidade. Porém, antes mesmo de ter seu nome relacionado a esse estilo competente de gerenciar seus jogadores, Tite já se destacava pelas conquistas.
Para os gremistas, Adenor é emblemático tanto negativa quanto positivamente. Não hesito em dizer que ele foi o grande responsável pela histórica conquista do Caxias sobre nosso time no Campeonato Gaúcho do ano 2000. Ali conhecemos de perto esse Tite. Mas seria no ano seguinte que conheceríamos ainda mais. Foi conosco que o treinador teve seu primeiro triunfo em nível nacional. Naquela temporada, além da Copa do Brasil, não deixamos o campeonato estadual escapar como havia ocorrido no ano anterior. A conquista nacional veio sobre o tão temido Corinthians, que futuramente teria páginas de sua história também dedicadas a Tite, preenchidas com títulos de Brasileirão, Libertadores e Mundial.
A questão é que Tite, com seu estilo próprio de discutir, explicar e compreender o futebol, é a figura que pode reaproximar muitos torcedores da Seleção Nacional. Quem sabe seja esse o treinador que vai recuperar um pouco daquela consideração que muitos já perderam. Sabemos que a instituição que estará acima do técnico ainda é muito questionada e, certamente, com motivos de sobra para isso. Mas mesmo diante desse cenário, me dou o direito de esperar algo a mais de Tite. Uma coisa é certa: pela primeira vez em muitos anos nossa Seleção tem a chance de evoluir. Ter no comando alguém com o perfil do treinador já é uma evolução.
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Comentários (1)
Verdade . ótimo testo e um grande pensamento . . . .
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