China, Argel, Antônio Carlos e Roger: os comandantes dos semifinalistas Foto: Montagem sobre fotos / Agência RBS / Agência RBS
Semifinalistas do Gauchão, Argel Fucks, China Balbino, Roger Machado e Antônio Carlos Zago representam a nova linhagem de treinadores do país. Jovens, fazem parte de uma geração cujo olhar se volta cada vez mais para a escola europeia, em que a qualidade técnica só vinga se forem respeitados aspectos como velocidade e ocupação de espaços.
Obsessivos, transformam a própria casa numa extensão do vestiário. Varam as madrugadas com um laptop apoiado sobre os joelhos, na cama, atrás do detalhe que poderá ser decisivo no próximo jogo. A partir do início da noite de domingo, somente dois deles terão sobrevida no Gauchão.
China Balbino
Foto: Lauro Alves / Agencia RBS
Carioca de Itaboraí, China Balbino chegou ao Estado aos sete anos. Junto com os pais, Adão, que trabalhava no ramo de construção de asfalto, e Ireni, passou por cidades como Santa Maria, Bagé, Pinheiro Machado e Panambi. Até a família fixar moradia em Cachoeirinha, onde o treinador reside até hoje.
– Sou cariúcho – apresenta-se.
Em setembro de 2015, quando Thiago Gomes, hoje no Sport Recife, deixou o São José, China Balbino foi convocado para uma reunião por Milton Machado, dono do Grupo Aspecir, empresa que terceiriza o departamento de futebol do São José. O técnico tinha em mente que o dirigente queria ouvir sua opinião sobre o nome a ser contratado. Ainda hoje lembra das palavras do chefe:
– Ele me disse: China, não quero um novo treinador. Eu já tenho. Você é um cara do bem. Queremos você do nosso lado.
Como a responsabilidade não era pequena, Machado o tranquilizou dizendo que retomaria a função de auxiliar caso não fosse bem como treinador. Foi muito bem, ganhando a Supercopa Gaúcha e a Taça Walmir Louruz. Também montou o grupo do Gauchão e deu ao time um modelo de jogo. A prova de que o sucesso do São José não é obra do acaso.
China orgulha-se de ter dado ao São José uma identidade de jogo. Mas sabe que nada funcionaria se os jogadores não fossem cúmplices de suas propostas.
– Se eles não comprassem a ideia, não adiantaria nada. Em todos os setores, sabem que é preciso pressionar o cara que está com a bola. Sabem o que é recomposição, uma ultrapassagem, agredir as costas do adversário – elogia.
Como exemplo da eficiência da mecânica do time, descreve o gol contra o Novo Hamburgo, nas quartas de final:
– A bola foi roubada, houve circulação nos pés do Rafinha, que infiltrou para o Heliardo. Aí, sai o cruzamento e o Jô vem e finaliza.
Conectado com o futebol europeu, gosta de analisar o estilo dos treinadores que influenciam sua geração.
– Guardiola quer posse de bola. Zidane tem característica ofensiva. Simeone prioriza o trabalho defensivo e tem um reativo muito bom – descreve China Balbino.
Argel Fucks
Foto: Lauro Alves / Agencia RBS
Em 1998, numa tarde de folga, Argel observava o mar de Santos quando decidiu ser treinador. Zagueiro do Santos, tinha 24 anos de idade e outros tantos de carreira pela frente, mas já se preocupava com o que viria depois da bola. Primeiro, concluiu que morreria de fome se tentasse virar comerciante. Como passara a maior parte da vida envolvido com o futebol, entendeu que o melhor seria permanecer nesse ramo. Como técnico. As primeiras lições do ofício foram aprendidas com Émerson Leão. Os mestres seguintes foram Felipão, José Mourinho, José Antonio Camacho e Giovanni Trapattoni, os três últimos no futebol português.
A primeira experiência foi em 2008, quando assumiu a casamata do Mogi Mirim. A partir daí, foram outros 14 clubes. É com orgulho que ele destaca estar há três anos na Série A.
– Treinador tem que ter convicção e coragem. No intervalo dos jogos, vejo o vídeo com os lances positivos e negativos, converso com meus três auxiliares e tomo as providências. Não há mais treinador centralizador, mas a decisão de trocar ou não é sempre minha – avisa.
Argel diz conversar "toda hora" com China Balbino, o rival deste final de semana. Aponta semelhanças entre as duas trajetórias, como o fato de "terem vindo de baixo". E faz uma revelação sobre o oponente:
– Indiquei o nome do China para um time da Série C. É um time de São Paulo, que disputa a primeira divisão estadual.
Também sobram elogios do treinador colorado a Roger Machado. Argel lembra de um amistoso disputado em 2002, no Estádio da Luz, em Lisboa, entre Benfica e Grêmio. Argel era zagueiro do clube português, Roger, o lateral esquerdo do Grêmio treinado por Tite. Criou-se ali uma amizade, que os leva a frequentar a mesma academia de musculação. No lançamento do projeto ByTINGA, em que o ex-volante orienta meninos que pretendem seguir a carreira de jogadores, conversaram durante uma hora, longe dos jornalistas.
– Sempre nos tratamos bem. Ele me respeita, eu o respeito – diz Argel.
Se Inter e Grêmio avançarem no Gauchão, os próximos encontros serão na condição de adversários.
Antônio Carlos
Foto: Porthus Junior / Agencia RBS
Antônio Carlos iniciou a carreira de técnico em 2009, no São Caetano. Aperfeiçoou-se na Europa em cursos com Luciano Spalletti, atual treinador da Roma, e Fábio Capello, ex-comandante de Milan e Real Madrid, além da seleção inglesa. Antes de acertar-se com o Juventude, havia sido auxiliar de Mircea Lucescu, no Shakhtar Donetsk, da Ucrânia.
A passagem pela Roma como zagueiro, entre 1998 e 2002, deu-lhe a cultura tática para iniciar sem temor a carreira de técnico. Antônio Carlos não abre mão da disciplina no posicionamento, mas considera um equívoco prescindir da qualidade.
– Na Europa, tudo é direcionado para o futebol competitivo. Mas não se pode esquecer de jogar para a frente – preocupa-se.
Na prática, seu pensamento funcionou no primeiro jogo contra o Grêmio, quinta-feira, no Alfredo Jaconi. Bem armado na defesa, o Juventude foi eficiente nas jogadas em velocidade e, sobretudo, nos lances aéreos, dos quais se originaram os gols que fazem a equipe entrar com uma considerável vantagem neste domingo, na Arena.
Ainda que respeite o Grêmio e a Arena, o treinador assegura a repetição da postura ousada.
– Não tem como mudar o estilo de jogo de uma partida para outra. Esse é o novo jeito de jogar, com marcação, recomposição e saída rápida para o ataque – explica.
Antônio Carlos também é admirador de Guardiola e Mourinho. No primeiro, enxerga alguma semelhança com Telê Santana, treinador que o lançou no São Paulo no início da década de 1990. Quanto a Mourinho, o situa mais na linha de Vanderlei Luxemburgo, "pelo temperamento explosivo e motivador". Mas é o theco Zdenek Zeman, de quem foi auxiliar na Roma, em 2013, a maior referência para Antônio Carlos.
– Ele tem uma visão diferente do futebol. Guardiola sempre fala dele nas entrevistas – destaca.
Seja qual for o desfecho da campanha do Juventude, Antônio Carlos tem seu trabalho aprovado pela direção. Desde sua chegada, em agosto, já promoveu 12 jogadores da base, todos eles, conforme sua avaliação, de futuro brilhante, capazes de serem negociados e colocarem as finanças em dia. Cita, entre outros, os zagueiros William e Klaus, este o autor do segundo gol contra o Grêmio, o volante Sananduva e o atacante Dionas Bruno. O quadro financeiro, aliás, começa a melhorar.
– No ano passado, o salário, às vezes, atrasava três, quatro meses. Hoje, o atraso não chega a 10 dias – elogia o técnico.
Roger Machado
Foto: André Ávila / Agencia RBS
Foi numa situação de emergência que Roger Machado assumiu o Grêmio, em maio de 2015. O time, que havia perdido o Gauchão e afundava com Felipão no Campeonato Brasileiro, reergueu-se sob seu comando. Também é de emergência a atual situação. Às vésperas de ingressar nas oitavas de final da Libertadores, a equipe tem, neste domingo, a pesada tarefa de vencer o Juventude por três gols de diferença para chegar à decisão do Gauchão.
Uma ocasião propícia para que Roger relembre os ensinamentos de Tite, o primeiro treinador a enxergar no ex-lateral esquerdo as virtudes para ser um bom comandante. O disquete com programas de análises táticas, presente dado em 2001 pelo atual técnico do Corinthians, ano do tetra da Copa do Brasil, é guardado ainda hoje com uma relíquia.
– Eu aprendi com o Tite a intensidade e o perfeccionismo. Procurar sempre explorar o máximo nos treinamentos intensos, para que os jogadores se condicionem para o jogo. Tentar e fazer com que cada um se sinta parte do processo – detalha Roger.
Em 2014, quando Enderson Moreira desembarcou no Grêmio trazendo consigo dois auxiliares, Roger entendeu que era o momento de cortar as raízes, ainda que momentaneamente. Já havia se formado em Educação Física, feito curso de Gestão Esportiva e se especializara em psicologia do esporte. Tudo isso durante o período de três anos em que atuara como auxiliar técnico do Grêmio.
Ao chamá-lo, Romildo Bolzan buscava alguém que conhecesse a cultura do clube. O dirigente quebrava paradigmas por apostar numa comissão técnica criada dentro do próprio Grêmio. Até agora, está dando certo.
Como ocorre com Antônio Carlos, Argel e China Balbino, não se avança num diálogo com o técnico do Grêmio sem que se faça referência a treinadores europeus. No ano passado, quando o desempenho do Grêmio encantava o país, Roger chegou a ser chamado de Guardiola Black. Fã do espanhol, tem na cabeceira o livro Guardiola Confidencial.
– Em certas ocasiões, rótulos podem não ser saudáveis. Mas ser comparado a um grande treinador e um dos melhores do mundo é uma grande satisfação – disse, na ocasião.
Roger mal dormiu de quinta para sexta-feira. Gastou parte da madrugada discutindo com a comissão técnica a fórmula da virada. Os próximos cinco dias poderão ser os mais decisivos de sua passagem pela casamata do clube. É preciso seguir vivo no Gauchão e chegar inteiro à Argentina, para o segundo jogo contra o Rosario Central. Mais do que nunca, quer ver aplicados os seus conceitos.
– Não é novidade para ninguém que prezo construir uma equipe organizada e com intensidade. Só se consegue isso no trabalho do dia a dia – diz.
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Obsessivos, transformam a própria casa numa extensão do vestiário. Varam as madrugadas com um laptop apoiado sobre os joelhos, na cama, atrás do detalhe que poderá ser decisivo no próximo jogo. A partir do início da noite de domingo, somente dois deles terão sobrevida no Gauchão.
China Balbino
Foto: Lauro Alves / Agencia RBS
Carioca de Itaboraí, China Balbino chegou ao Estado aos sete anos. Junto com os pais, Adão, que trabalhava no ramo de construção de asfalto, e Ireni, passou por cidades como Santa Maria, Bagé, Pinheiro Machado e Panambi. Até a família fixar moradia em Cachoeirinha, onde o treinador reside até hoje.
– Sou cariúcho – apresenta-se.
Em setembro de 2015, quando Thiago Gomes, hoje no Sport Recife, deixou o São José, China Balbino foi convocado para uma reunião por Milton Machado, dono do Grupo Aspecir, empresa que terceiriza o departamento de futebol do São José. O técnico tinha em mente que o dirigente queria ouvir sua opinião sobre o nome a ser contratado. Ainda hoje lembra das palavras do chefe:
– Ele me disse: China, não quero um novo treinador. Eu já tenho. Você é um cara do bem. Queremos você do nosso lado.
Como a responsabilidade não era pequena, Machado o tranquilizou dizendo que retomaria a função de auxiliar caso não fosse bem como treinador. Foi muito bem, ganhando a Supercopa Gaúcha e a Taça Walmir Louruz. Também montou o grupo do Gauchão e deu ao time um modelo de jogo. A prova de que o sucesso do São José não é obra do acaso.
China orgulha-se de ter dado ao São José uma identidade de jogo. Mas sabe que nada funcionaria se os jogadores não fossem cúmplices de suas propostas.
– Se eles não comprassem a ideia, não adiantaria nada. Em todos os setores, sabem que é preciso pressionar o cara que está com a bola. Sabem o que é recomposição, uma ultrapassagem, agredir as costas do adversário – elogia.
Como exemplo da eficiência da mecânica do time, descreve o gol contra o Novo Hamburgo, nas quartas de final:
– A bola foi roubada, houve circulação nos pés do Rafinha, que infiltrou para o Heliardo. Aí, sai o cruzamento e o Jô vem e finaliza.
Conectado com o futebol europeu, gosta de analisar o estilo dos treinadores que influenciam sua geração.
– Guardiola quer posse de bola. Zidane tem característica ofensiva. Simeone prioriza o trabalho defensivo e tem um reativo muito bom – descreve China Balbino.
Argel Fucks
Foto: Lauro Alves / Agencia RBS
Em 1998, numa tarde de folga, Argel observava o mar de Santos quando decidiu ser treinador. Zagueiro do Santos, tinha 24 anos de idade e outros tantos de carreira pela frente, mas já se preocupava com o que viria depois da bola. Primeiro, concluiu que morreria de fome se tentasse virar comerciante. Como passara a maior parte da vida envolvido com o futebol, entendeu que o melhor seria permanecer nesse ramo. Como técnico. As primeiras lições do ofício foram aprendidas com Émerson Leão. Os mestres seguintes foram Felipão, José Mourinho, José Antonio Camacho e Giovanni Trapattoni, os três últimos no futebol português.
A primeira experiência foi em 2008, quando assumiu a casamata do Mogi Mirim. A partir daí, foram outros 14 clubes. É com orgulho que ele destaca estar há três anos na Série A.
– Treinador tem que ter convicção e coragem. No intervalo dos jogos, vejo o vídeo com os lances positivos e negativos, converso com meus três auxiliares e tomo as providências. Não há mais treinador centralizador, mas a decisão de trocar ou não é sempre minha – avisa.
Argel diz conversar "toda hora" com China Balbino, o rival deste final de semana. Aponta semelhanças entre as duas trajetórias, como o fato de "terem vindo de baixo". E faz uma revelação sobre o oponente:
– Indiquei o nome do China para um time da Série C. É um time de São Paulo, que disputa a primeira divisão estadual.
Também sobram elogios do treinador colorado a Roger Machado. Argel lembra de um amistoso disputado em 2002, no Estádio da Luz, em Lisboa, entre Benfica e Grêmio. Argel era zagueiro do clube português, Roger, o lateral esquerdo do Grêmio treinado por Tite. Criou-se ali uma amizade, que os leva a frequentar a mesma academia de musculação. No lançamento do projeto ByTINGA, em que o ex-volante orienta meninos que pretendem seguir a carreira de jogadores, conversaram durante uma hora, longe dos jornalistas.
– Sempre nos tratamos bem. Ele me respeita, eu o respeito – diz Argel.
Se Inter e Grêmio avançarem no Gauchão, os próximos encontros serão na condição de adversários.
Antônio Carlos
Foto: Porthus Junior / Agencia RBS
Antônio Carlos iniciou a carreira de técnico em 2009, no São Caetano. Aperfeiçoou-se na Europa em cursos com Luciano Spalletti, atual treinador da Roma, e Fábio Capello, ex-comandante de Milan e Real Madrid, além da seleção inglesa. Antes de acertar-se com o Juventude, havia sido auxiliar de Mircea Lucescu, no Shakhtar Donetsk, da Ucrânia.
A passagem pela Roma como zagueiro, entre 1998 e 2002, deu-lhe a cultura tática para iniciar sem temor a carreira de técnico. Antônio Carlos não abre mão da disciplina no posicionamento, mas considera um equívoco prescindir da qualidade.
– Na Europa, tudo é direcionado para o futebol competitivo. Mas não se pode esquecer de jogar para a frente – preocupa-se.
Na prática, seu pensamento funcionou no primeiro jogo contra o Grêmio, quinta-feira, no Alfredo Jaconi. Bem armado na defesa, o Juventude foi eficiente nas jogadas em velocidade e, sobretudo, nos lances aéreos, dos quais se originaram os gols que fazem a equipe entrar com uma considerável vantagem neste domingo, na Arena.
Ainda que respeite o Grêmio e a Arena, o treinador assegura a repetição da postura ousada.
– Não tem como mudar o estilo de jogo de uma partida para outra. Esse é o novo jeito de jogar, com marcação, recomposição e saída rápida para o ataque – explica.
Antônio Carlos também é admirador de Guardiola e Mourinho. No primeiro, enxerga alguma semelhança com Telê Santana, treinador que o lançou no São Paulo no início da década de 1990. Quanto a Mourinho, o situa mais na linha de Vanderlei Luxemburgo, "pelo temperamento explosivo e motivador". Mas é o theco Zdenek Zeman, de quem foi auxiliar na Roma, em 2013, a maior referência para Antônio Carlos.
– Ele tem uma visão diferente do futebol. Guardiola sempre fala dele nas entrevistas – destaca.
Seja qual for o desfecho da campanha do Juventude, Antônio Carlos tem seu trabalho aprovado pela direção. Desde sua chegada, em agosto, já promoveu 12 jogadores da base, todos eles, conforme sua avaliação, de futuro brilhante, capazes de serem negociados e colocarem as finanças em dia. Cita, entre outros, os zagueiros William e Klaus, este o autor do segundo gol contra o Grêmio, o volante Sananduva e o atacante Dionas Bruno. O quadro financeiro, aliás, começa a melhorar.
– No ano passado, o salário, às vezes, atrasava três, quatro meses. Hoje, o atraso não chega a 10 dias – elogia o técnico.
Roger Machado
Foto: André Ávila / Agencia RBS
Foi numa situação de emergência que Roger Machado assumiu o Grêmio, em maio de 2015. O time, que havia perdido o Gauchão e afundava com Felipão no Campeonato Brasileiro, reergueu-se sob seu comando. Também é de emergência a atual situação. Às vésperas de ingressar nas oitavas de final da Libertadores, a equipe tem, neste domingo, a pesada tarefa de vencer o Juventude por três gols de diferença para chegar à decisão do Gauchão.
Uma ocasião propícia para que Roger relembre os ensinamentos de Tite, o primeiro treinador a enxergar no ex-lateral esquerdo as virtudes para ser um bom comandante. O disquete com programas de análises táticas, presente dado em 2001 pelo atual técnico do Corinthians, ano do tetra da Copa do Brasil, é guardado ainda hoje com uma relíquia.
– Eu aprendi com o Tite a intensidade e o perfeccionismo. Procurar sempre explorar o máximo nos treinamentos intensos, para que os jogadores se condicionem para o jogo. Tentar e fazer com que cada um se sinta parte do processo – detalha Roger.
Em 2014, quando Enderson Moreira desembarcou no Grêmio trazendo consigo dois auxiliares, Roger entendeu que era o momento de cortar as raízes, ainda que momentaneamente. Já havia se formado em Educação Física, feito curso de Gestão Esportiva e se especializara em psicologia do esporte. Tudo isso durante o período de três anos em que atuara como auxiliar técnico do Grêmio.
Ao chamá-lo, Romildo Bolzan buscava alguém que conhecesse a cultura do clube. O dirigente quebrava paradigmas por apostar numa comissão técnica criada dentro do próprio Grêmio. Até agora, está dando certo.
Como ocorre com Antônio Carlos, Argel e China Balbino, não se avança num diálogo com o técnico do Grêmio sem que se faça referência a treinadores europeus. No ano passado, quando o desempenho do Grêmio encantava o país, Roger chegou a ser chamado de Guardiola Black. Fã do espanhol, tem na cabeceira o livro Guardiola Confidencial.
– Em certas ocasiões, rótulos podem não ser saudáveis. Mas ser comparado a um grande treinador e um dos melhores do mundo é uma grande satisfação – disse, na ocasião.
Roger mal dormiu de quinta para sexta-feira. Gastou parte da madrugada discutindo com a comissão técnica a fórmula da virada. Os próximos cinco dias poderão ser os mais decisivos de sua passagem pela casamata do clube. É preciso seguir vivo no Gauchão e chegar inteiro à Argentina, para o segundo jogo contra o Rosario Central. Mais do que nunca, quer ver aplicados os seus conceitos.
– Não é novidade para ninguém que prezo construir uma equipe organizada e com intensidade. Só se consegue isso no trabalho do dia a dia – diz.
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