Análise: Grêmio "ataca" itens pedidos por Roger e vence LDU nos treinos

Quem esteve perto da preparação do Grêmio em Quito ficava com a sensação de que estava tudo correndo muito bem na aclimatação à altitude. Aliado ao momento ruim da LDU, dava a impressão que uma vitória tricolor não seria surpresa, mesmo nos 2,8 mil metros de altitude. No Estádio Casa Blanca, a classificação dos gaúchos às oitavas de final da Libertadores foi preparada por Roger Machado minuciosamente no dia a dia.

Muitos dos movimentos decisivos em campo foram concebidos e trabalhados pelo treinador nos cinco trabalhos com bola feitos em Quito. Os espaços que Bobô e Douglas tiveram para marcar os dois primeiros gols, ainda na etapa inicial, foram arquitetados por Roger. O extrema entrava para o meio, deixando o lateral avançar, e conseguiria receber a bola com mais liberdade e encontrar o companheiro desmarcado às costas da zaga.

Foi o que aconteceu.

No gol de Douglas, Luan, que jogou aberto pelo lado esquerdo, estava na entrada da área. Ali, encontrou o camisa 10, que cortou a marcação e deslocou Domínguez. No segundo, Giuliano foi quem ocupou a faixa central e empurrou a bola para Bobô. O centroavante eficiente balançou a redes.

- A estratégia que nós idealizamos e treinamos nos sete dias foi justamente por entender que a forma como a LDU jogava por vezes permitindo que ficasse à frente da linha da bola, teríamos que ter a bola no pé e bater nos corredores. Dessa forma, teríamos superioridade pelo lado. Mas para gerar desequilíbrio - explicou Roger.
Outro ponto trabalhado incessantemente: os gols saíram de toques curtos, bola de pé em pé.

Não foram lançamentos longos, passes que os jogadores tivessem que se esforçar para buscá-los. Foram toques precisos. Como pedia Roger no dia a dia: no pé. Se não fossem, a altitude entraria em ação e impediria que a posse da bola fosse gremista.

O terceiro gol, marcado por Walace, também foi treinado. Claro que ninguém tem como objetivo que o seu volante acerte o ângulo em um chutaço de fora da área. Mas Roger exige muito isso dos volantes. Fez atividade de finalização em três treinos. Quando posta a equipe para construir jogadas e finalizar, sempre pede para que os volantes dominem pelo meio, acionem um companheiro no pivô e finalizem próximo da linha da área. Foi ali que Walace estava para acertar as redes.

Outro ponto interessante do gol: o Centro de Dados Digital do Grêmio analisou as características de Domínguez. E detectou uma falha do arqueiro no seu lado direito, principalmente em chutes rasteiros. Não foi o caso do arremate de Walace, mas a situação foi citada pelo meio-campista.

- Eu dominei a bola ali, tinha dominado uma e peguei mal antes. Nessa peguei bem a bola, o Roger tinha passado as dicas que o goleiro tem dificuldade no lado direito. Fui feliz, acertei um belo chute e fiz o gol - comentou Walace.

O Grêmio também foi pressionado. E precisou marcar. Não foi perfeito na partida, claro. Levou dois gols e Bressan salvou quase em cima da linha no final. Mas a dedicação em marcar - Roger citou que seria necessário jogar sem a bola nesta terça - esteve muito viva em Luan e Giuliano, principalmente. O atacante foi visto dentro de sua própria área em diversos momentos, chutando bola para o alto como zagueiro. O meia, da mesma forma, esteve em situações mais recuado que Walace e Edinho.

Taticamente, o Grêmio não mudou. Aliás, pouco muda.

Roger posta a equipe de maneira semelhante sempre, com dois jogadores abertos e mais Douglas e Bobô por dentro. O grande diferencial foram os detalhes que modificaram as movimentações. Trocas de posições que confudiram a defesa, principalmente em cima de Ayoví. No gol de Douglas, por exemplo, o zagueiro sai a seguir Giuliano e deixa o 10 livre em seu setor.

A vitória deu a classificação antecipada ao Tricolor. O retorno para Porto Alegre inicia no final da tarde desta quinta-feira, no horário de Quito. A chegada gremista está prevista para a manhã de sexta-feira em Porto Alegre. O próximo compromisso é na terça, contra o Toluca, na Arena.


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