Advogados travam Gre-Nal no plenário e prometem recorrer em caso William

Julgamento desta sexta-feira teve troca de farpas, provocações, gafes e culminou com suspensão por seis jogos do lateral colorado; Grêmio e Inter irão recorrer da decisão


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Advogados travam Gre-Nal no plenário e prometem recorrer em caso William
Advogados de Grêmio e Inter no plenário do TJD-RS (Foto: Eduardo Deconto / GloboEsporte.com)
Trocas de farpas, provocações e ânimos acirrados. Todos elementos corriqueiros aos campos de futebol, em especial em duelos decisivos, mas que também ditaram a tônica das mais de seis horas de julgamento dos episódios do Gre-Nal 409, nesta sexta-feira, no Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul (TJD-RS). Talvez inspirados pelos assentos dispostos em forma de arquibancada, advogados de Grêmio e Inter transferiram ao plenário o ambiente de tensão do clássico e apimentaram as decisões da 1ª Comissão Disciplinar.

A pauta envolvia tema delicado, capaz de gerar clima bélico entre as duas diretorias no mês de março. Após a cotovelada que fraturou a mandíbula de Miller Bolaños, logo a três minutos de Gre-Nal, William foi julgado e pegou gancho de seis jogos de suspensão. Após o parecer, gremistas e colorados, cada um com suas razões, prometeram recorrer da decisão.

O advogado do Grêmio Nestor Hein cita as declarações do presidente Vitorio Piffero logo após o Gre-Nal e cobra punição maior a William, como medida educativa. O entendimento do departamento jurídico é de ao menos 12 jogos de suspensão.
– Ficou aquém do que imaginávamos, mas agora temos recursos para o Pleno para pedir a ampliação da pena. Os auditores reconheceram que houve o dolo eventual. Ou seja, não queria produzir, mas produziu a lesão gravíssima no Bolaños. De forma alguma queremos satanizar o jogador, mas algumas penalidades têm de ser impostas de forma pedagógica, para que isso não se repita – ressaltou Hein.

Do lado do Inter, Rogério Pastl garante que o clube irá recorrer e cogita até entrar com efeito suspensivo. O parecer colorado reforça que a Procuradoria e o Grêmio, como terceiro interessado, não conseguiram comprovar a intenção de William.

– Não está maduro ainda para digerir o que foi dito. Achamos uma punição muito pesada. Ficou muito clara a falta de intenção do atleta. A partir do acórdão, temos um prazo de três dias para apresentar recurso que vai ser avaliado junto ao diretor jurídico Giovani Gazen. Em tese, poderíamos pedir o efeito suspensivo até hoje mesmo (sexta-feira) – rebateu Pastl.

William ainda escapou de punição por entrada em Marcelo Oliveira, devido à inconsistência de provas. Pedro Geromel foi absolvido por lance com Aylon, enquanto o Grêmio recebeu advertência por apresentar área técnica rival fora dos padrões, e Paulão se livrou de gancho maior por expulsão.

Decisões à parte, a longa sessão do plenário do TJD-RS, iniciada às 16h20 e encerrada por volta das 22h20 envolveu uma série de interrupções, provocações e até gafes por parte das defesas e dos auditores.

Com William calado, defesa do Inter cita até Mazembe para tentar postergar julgamento

Alvo principal do julgamento, William virou mero coadjuvante em meio ao debate ácido das duas defesas. Permaneceu calado durante todo o tempo. Manteve semblante sério. Sorriu apenas durante o primeiro intervalo, em que tomou café ao lado de Paulão. Interpelado pela reportagem do GloboEsporte.com, se disse tranquilo. Reclamou apenas do frio que fazia devido aos condicionadores de ar do plenário.

Após os pareceres sobre dois casos envolvendo a Divisão de Acesso, pedidos de ordem postergaram o julgamento do Processo 32, envolvendo Paulão, Grêmio e William, de acordo com denúncia do procurador Luis Francisco Lopes. Os advogados do Inter Daniel Cravo e Rogério Pastl fizeram dois requerimentos. No primeiro, tentaram impedir Lopes de realizar as denúncias, devido a entrevistas que concedeu após o Gre-Nal. Tiveram o pedido indeferido por unanimidade.

Depois, dirigiram-se a dois auditores, pedindo que fossem impedidos de votar: o presidente da 1ª Comissão Disciplinar, Vinicius Ilha, por ter feito parte do departamento jurídico do Grêmio, e Marcelo Maineri. De acordo com os advogados do Inter, Maineri faz parte do mesmo movimento político e é "amigo íntimo" de Nestor Hein. Além disso, conforme a defesa colorada, participa de grupos do Mazembe, algoz do Inter no Mundial de 2010, no Facebook. Ambos pedidos foram indeferidos, em meio a negativas de parte dos gremistas e bate-bocas.

A indignação colorada não parou por aí. Antes do julgamento iniciar, outro impasse postergou a apresentação das provas. O Grêmio ingressou com pedido – deferido – para ser terceiro interessado e ter direito de se manifestar junto à Procuradoria. A partir daí, os advogados do Colorado pediram para ter 20 minutos de defesa, em vez de 10, uma vez que a acusação teria 10 minutos a mais. Tiveram o pedido deferido.

Troca de farpas, gafes, provocações e risadas
Com as preliminares resolvidas, o julgamento iniciou com uma gafe na apresentação das provas. O vídeo da Procuradoria, com o lance de William e Bolaños, não funcionou. Assim, a defesa do Grêmio foi responsável por exibir as imagens. Logo de cara foram reproduzidos lances dos outros processos, envolvendo Geromel e Marcelo Oliveira. Ou seja, as provas de processos posteriores foram apresentadas junto aos vídeos do primeiro processo.

Inter e Grêmio apresentaram pareceres técnicos do lance entre William e Bolaños, e o julgamento teve um intervalo. Com a sessão interrompida, as trocas de farpas deram lugar aos risos entre os advogados do Tricolor Gabriel Vieira, Hein e Jorge Petersen, e os do Colorado, Pastl e Daniel Cravo. Depois, vieram os depoimentos de testemunhas. E com brincadeiras. Anderson Daronco sentou-se para responder às perguntas. De costas para Pastl, ouviu uma piada:

– Fica tranquilo. Não vou fazer sinal por trás de ti. É coisa de colégio – disse, informalmente, o advogado.

Paulão e William também deram seus depoimentos, respondendo a perguntas dos auditores e dos advogados de Grêmio e de Inter, sem maiores interrupções. A apresentação das defesas gerou novo impasse.

O Inter se defendeu no caso de Paulão com nova brincadeira. Ao se referir ao fato de Henrique Almeida ter conseguido ver Paulão expulso, Pastl citou o "chapéu" aplicado pelo Grêmio em sua contratação, que envolveu, inclusive, pareceres jurídicos.

– Outro chapéu, galera? – disse, dirigindo-se aos advogados do Grêmio.

– Tu que estás dizendo – rebateu Vieira.

Em seguida, o Grêmio se defendeu da punição pela área técnica. Pastl se dirigiu aos microfones e pediu mais 20 minutos para defender, de acordo com parecer deferido pelos auditores nas preliminares. Os advogados do Tricolor reclamaram, afirmando que o tempo dizia respeito ao processo inteiro, e não a cada caso. Entre interrupções a cada argumentação, Pastl sentenciou ao se dirigir aos gremistas:

– Vou interromper também.

Com sorriso irônico, Hein respondeu:
–Deve.

Após a troca de farpas, a sessão prosseguiu com a votação dos auditores e a absolvição de Geromel. William voltaria a ser julgado, e Cravo, na defesa, tentou novamente impedir que Maineri participasse da votação. Já fora da pauta, Hein pediu para se manifestar, em nova interrupção, para ira do advogado colorado.

Com o clima apaziguado, o lateral-direito acabou absolvido. Por volta das 22h30 deste 1º de abril, o Gre-Nal 409 estava encerrado – até o julgamento dos recursos

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