Do Olímpico à Arena: as memórias do ex-presidente do Grêmio Fábio Koff

Dirigente mais vitorioso da história do clube visita antigo estádio após mais de um ano, relembra histórias e antecipa revelações de biografia que será lançada em março


Fonte: GloboEsporte

Do Olímpico à Arena: as memórias do ex-presidente do Grêmio Fábio Koff
Fábio Koff, ex-presidente do Grêmio Estádio Olímpico (Foto: Eduardo Moura/Globoesporte.com)

Dirigente mais vitorioso da história do Grêmio, Fábio Koff eternizou seu nome na história do clube. Agora suas memórias seguem o mesmo caminho com a chegada às livrarias de sua biografia, com o sugestivo título “Fábio André Koff: Memórias e Confidências – O que Faltou Esclarecer". O livro, com 247 páginas, refaz a trajetória do ex-presidente e traz revelações e histórias de bastidores sobre personagens que fizeram parte da vida tricolor nas últimas décadas.


Antes do lançamento oficial, Koff aceitou reviver algumas dessas histórias em uma manhã no Estádio Olímpico, casa que tanto habitou e viu inúmeros títulos e que será palco da apresentação de sua obra, dia 14 de março. No papo exclusivo com GloboEsporte.com e RBS TV no Velho Casarão, falou sobre as lembranças, de ídolos e das taças conquistadas no período de glórias gremista. De sua terceira passagem, mais recente, fez revelações sobre o imbróglio envolvendo o contrato com a Arena, a demissão de Luxemburgo e a contratação de Felipão. Todas registradas no livro pelo jornalista Paulo Ledur e seu pai, o professor Paulo Silvestre Ledur.
– Nos anos 90, acontecia um fato, não é folclore, não estou dourando a pílula. A torcida do Grêmio interagia tanto com a equipe que dava a impressão que festejava o gol antes dele realmente ocorrer – recordou.
Koff completará 85 anos em maio. Foi presidente do Grêmio em 1982 e 1983, período em que o time foi campeão da Libertadores e do Mundial, e entre 1993 e 1996, após recuperar-se de um câncer, para voltar a ser campeão da América, do Brasileiro e da Copa do Brasil. A última passagem, entre 2013 e 2014, teve alto investimento, mas o tri da competição continental não veio. Não se arrepende. Na verdade, o ex-presidente se arrepende de pouco. Talvez de não ter levado adiante a criação de uma liga dos clubes a partir do Clube dos 13, que presidiu de 1987 até sua dissolução, em 2011.
Recentemente, o ex-dirigente enfrentou problemas de saúde. Foram cerca de quatro meses internado. Mais uma dificuldade que viu superada em sua vida. Depois de deixar o hospital, visitou todos os locais ligados ao Grêmio, entre eles o Olímpico e o CT Luiz Carvalho. Não foi à Arena. Espera o fim das negociações com a OAS para a compra da gestão do estádio, iniciadas por ele.

– Acho que nós salvamos o clube. Acho que nós, o Conselho de Administração, que me acompanhou, e o Conselho Deliberativo do Grêmio, que aprovou nossa posição, nos deu força, porque ninguém faz nada sozinho. O Grêmio é muito grande para ser resolvido pela cabeça de uma pessoa – comentou o ex-presidente.

Confira os principais trechos da entrevista:

GloboEsporte.com - O senhor está de volta ao Olímpico. Qual o sentimento?
Fábio Koff - Compramos essa área, pagamos por ela. Eu fiquei quase seis meses insistindo para comprar este prédio da esquina. Se na oportunidade nos tivéssemos comprado, o Grêmio ficaria com uma área com talvez 500, 600 hectares. Passaria com um aproveitamento comercial. O projeto era ter um shopping na esquina. Então o Grêmio já teria área suficiente para pensar em não sair daqui. Foi quando, também, a minha gestão conseguiu pagar a área de Eldorado [do Sul], onde o Grêmio tem o seu futuro. O futuro do Grêmio é lá. É muito bonito, mesmo.

E seria possível reformar aqui e permanecer no Olímpico?
Poderia, se tivéssemos uma área um pouco maior. Para tanto, o Grêmio ficaria com campos de treino em Eldorado, que era a ideia original, para seus treinamentos, onde à época as categorias de base eram transportadas por coletivo. Teria espaço suficiente. E construir alguma obra viária, alguma elevada, que seria com a prefeitura. Mas está muito bem lá na Arena, vamos ver se resolvemos esse problema, que está sendo tratado pelo presidente Romildo [Bolzan Júnior] com a mesma dedicação e carinho que tive no fim do meu mandato.

Desde quando o senhor não vinha ao Olímpico?
Acho que desde novembro de 2014. Vocês me submetem a umas provas aí... É uma prova difícil para mim. Me vejo como torcedor, dirigente, vivi grandes emoções, experimentei algumas decepções, o que é natural. Mantenho ligações históricas com isso aqui. Embora esse vazio, ouço o grito da torcida. É muito difícil para mim (...) Dá saudade. A pessoa que chega na idade que eu cheguei, já tem uma vida mudada por fatos relevantes que aconteceram no mundo todo. O que diz respeito a momentos de alegria e emoções, vivenciei intensamente isso.
E agora estamos novamente aqui na arquibancada do estádio.
Essa é a goleira da primeira Libertadores. Era uma noite chuvosa, fria (suspiro). Vivi isso em três estágios. Vivi como torcedor na arquibancada, de onde sou oriundo. Depois, vim para próximo de Porto Alegre, já era sócio desde os anos 50, e entrei no Conselho do Grêmio pela mão do Dr. Hélio Dourado. Vinha seguido às reuniões, vivi também o túnel, quando vice de futebol, com grandes treinadores que passaram por aí. E vivi a presidência, por três vezes. Quem sabe, a gente não sabe o que a vida reserva. Quem sabe no meu centenário serei novamente presidente (risos).

A campanha "Fica Koff" foi seu momento mais emocionante?
Talvez tenha sido o momento de maior intensidade emocional, mais emotivo. Porque tinha durante a semana feito uma campanha para que eu concorresse de novo e continuasse presidente. Mas não passou pela minha cabeça que eu teria, que eu iria vivenciar aquele momento no domingo, quando o Grêmio conseguiu o segundo Campeonato Brasileiro. Uma tarde épica, histórica. Resolvi me despedir da torcida, porque ela permaneceu no estádio, formou um coro "fica Koff". Para mim, talvez tenha sido a mais forte das emoções. Até uma espécie de compensação, porque em 82, primeiro ano que fui presidente, o Grêmio vinha de um Brasileiro. E em 82 perdemos a final do Brasileiro e ficamos como vice-campeões, aqui no Olímpico, para o Flamengo, no terceiro jogo – tinham mudado as regras no campeonato. Se tivesse a vantagem de gol, o Grêmio teria sido campeão. Interessante que foi o único ano que mudou.

Todos os títulos do Grêmio pintados na mureta aqui do estádio tiveram participação do senhor. O que pensa ao olhá-los?
O Grêmio ganhou três títulos importantíssimos, fora os estaduais que o Grêmio sempre disputou até o final. Aqui foi pela primeira vez campeão da Libertadores, em um jogo histórico. Depois, aqui, o Grêmio foi campeão brasileiro em 96. E o título da Copa do Brasil. Mas vejo o estádio cheio, havia uma certa, como vou dizer, uma coisa até certo ponto sem explicação. Nos anos 90, acontecia um fato, não é folclore, não estou dourando a pílula. A torcida do Grêmio interagia tanto com a equipe que dava a impressão que festejava o gol antes dele realmente ocorrer. Até o fim perseguia o resultado. Foram anos gloriosos do Grêmio, a década de 90.

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O senhor tem algum canto especial no estádio?
Olha, a minha sala diz muito de mim. Eu era um presidente de porta aberta, despachava com as pessoas na mesa, no final de tarde, quando os conselheiros vinham. O túnel, que vivenciei, a experiência de vice de futebol neste túnel. Tem dois episódios que me lembro agora, referente ao túnel. Em 1983, desci da tribuna, o Grêmio jogava com o América de Cali, uma partida transferida, e tinha quase 30 mil pessoas no estádio, um dia útil à tarde. Estava conformado com o resultado, mas desci, houve um pênalti contra o Grêmio, desci para receber os jogadores, e não vi a defesa do Mazaropi. Foi o meu percurso da tribuna até o vestiário. O outro fato relevante que me liga a este túnel foi na decisão do Brasileiro de 96. Desci para acompanhar os últimos minutos de Grêmio e Portuguesa. Em um estado de tensão grande, porque faltava um gol. E ouvi e presenciei uma cena incrível. O Dinho, que era um jogador símbolo e extraordinário, veio até a boca do túnel. O Grêmio precisava de um gol, e ele disse para o Felipão: "Cansei, não dá mais. Bota o Ailton no meu lugar". Podia ter dito qualquer um. E disse o Ailton. E ele entrou e fez o gol da vitória do Grêmio nos últimos minutos do jogo. São episódios que a gente não esquece. Vivi muitas emoções muito fortes aqui.
O senhor trabalhou com grandes treinadores aqui no clube.
Tive grandes treinadores, muitos deles se tornam grandes amigos meus. Tive o Foguinho, último time que ele treinou foi o Grêmio. Tive Ênio Andrade, Telê Santana, Oswaldo Rolla...

Qual o maior deles?
Difícil dedicar. As emoções mais fortes, os títulos que conseguimos, foram proporcionadas pelo Luiz Felipe [Scolari] e pelo [Valdir] Espinosa. Mas o Ênio Andrade era um treinador sensacional. Relacionamento muito bom com os atletas, jamais subiu do vestiário qualquer problema de disciplina. No período do Telê também. Foram grandes treinadores e grandes figuras humanas. Tive o Cassiá, Paulo Lumba, mas a construção daquela equipe de 83, evidentemente passou pelo Ênio Andrade, que entregou a equipe no inicio de 83 para o Espinosa, que construiu uma equipe com a garra, com força, com a cara do Grêmio.

E sua relação com o Renato, como se dava?
O Renato é interessante, é uma figura. Acho que é dos atletas que melhor história tem dentro do Grêmio. É oriundo das categorias de base, ele fez sua história aqui no Grêmio. Era um atleta que conseguia ter força e técnica bastante aprimorada. E fundamentalmente, um coração gremista enorme. E ele como atleta jovem, com sucesso que fez, ele tinha os seus deslizes, mas nada que não fizesse qualquer rapaz com 19 ou 20 anos. Tinha-o como um filho meu, porque ele ficou no Grêmio por uma insistência minha junto ao Ênio, em 82. Porque havia uma insistência do departamento de futebol e do Ênio para a contratação de um jogador de velocidade pelo lado direito. Um jogador que estava no Maringá. Lembro que fui no final da tarde e disse não. E mandei o seu Verardi [Antônio Carlos Verardi, superintendente] a Bento Gonçalves. Ficou praticamente o ano todo na reserva e veio explodir no ano de 83. Era extraordinário. Uma força física, uma técnica aprimorada. Era um jogador de exceção.

No clube, quem é seu ídolo?
Difícil dizer. Tenho um reconhecimento muito grande pela equipe do Grêmio de 83, não podia ser diferente, campeã do mundo, com o uruguaio De León de zagueiro, com China, com Osvaldo, que era excepcional jogador, Paulo Roberto, com o Renato, que era a estrela do time. Nos anos 90, no ano que conquistamos de novo a Libertadores e o Brasileiro, tinha uma equipe extraordinária. Tinha um craque em cada posição. Com o Cacalo (Luiz Carlos Silveira Martins) no futebol e o Felipão, conseguimos uma equipe muito forte. Tínhamos um jogador acima da media em todas posições. Luiz Carlos Goiano, Dinho, que era extraordinário, Carlos Miguel, o próprio Roger, uma equipe muito boa. Início da carreira do Emerson, equipe forte aquela. Hoje, difícil de fazer. Formar e reter, manter jogadores deste nível no quadro atual financeiro, que é muito difícil. Eram todos craques.

Mas de infância, quando torcedor, algum jogador em especial?
Tenho. Tem um jogador que tive o privilégio de ver jogar, era o Gessy, um meia direita. Esse jogaria na seleção do mundo, era habilidoso, inteligente, tinha força. Era um jogador excepcional. Tenho ainda algumas lembranças, que retenho até hoje, do Grêmio na Baixada. A minha proximidade com o Grêmio começou muito antes, nos idos de 1940, 42, 44.
Além do Grêmio, o senhor também comandou o Clube dos 13.

Como foi esse período?
O Clubes dos 13 eu, como presidente do Grêmio, participava das reuniões da então União dos Grandes Clubes Brasileiros. Fui eleito por eles presidente. Quando tínhamos uma série de reivindicações, pautas, nos clubes (...) Quando vejo o movimento de formação da liga dos clubes, lembro o episódio vivido no Clube dos 13, vivido com essas pretensões dos clubes de hoje. Ninguém sabe, tenho um estatuto de formação da primeira liga do futebol brasileiro, uma ata assinada pelos clubes. Depois deu desavenças e não prevaleceu a liga. Mas é uma velha reivindicação dos clubes, acho importante que os clubes tenham assento dentro das entidades para discutir os seus próprios problemas, que interessam a eles. Assim conseguimos na Lei Pelé, fazer com que os clubes fossem os únicos detentores dos direitos de imagem, que então eram feitos pela CBF e repassados aos clubes (...) Os direitos de transmissão eram negociados pela CBF, que pagava um percentual pelo intermediário, e repartia o que quisesse. Hoje os clubes vendem as imagens por mais de 1 bilhão. Na época, era por R$ 12 milhões e 500 mil. O Clube dos 13 conseguiu também essas divisões do futebol brasileiro, tudo obra do Clube dos 13.

Como surgiu a intenção de fazer um livro sobre sua vida?
Olha, primeiro eu tinha uma ideia antiga e fui incitado por diversos jornalistas e escritores para escrever uma biografia, porque tenho orgulho de dizer, minha vida é vencer e superar dificuldades. Tem episódios que eu superei tremendas dificuldades. Não fui "mauricinho", vim lá de baixo. Vim da arquibancada para a sala da presidência, não vim de gabinete de ninguém. Minha vida como magistrado foi difícil, não tenho por que esconder que para fazer o concurso de juiz, vendi os móveis da minha casa, para entregá-los depois, apostando que seria aprovado. Fiquei 2 meses me preparando. Não tenho vergonha, não tinha dinheiro para comprar um pão, já com mulher e filhos. Fui para uma comarca que não tinha água, com mulher e dois filhos pequenos. Tive uma extraordinária companheira, que passou por tudo isso comigo, na nossa unidade, na nossa união, na nossa paixão, e foi uma incentivadora muito grande minha.
Também passou por momentos difíceis recentemente.
Superei um problema de saúde muito forte. Quando tudo indicava que eu teria as dificuldades que tive para superar, eu superei, na força de vontade, dedicação, no acreditar em si próprio. Nunca coloquei em dúvida que chegaria aonde cheguei. Minha vida é bonita. Tive experiências até na área política, no governo do Pedro Simon, quando ele esteve no ministério. Tenho uma vida rica.

Algum arrependimento?
Não, as dificuldades que passei, muitas delas superei, e elas foram a porta dos caminhos que se abriram para a etapa seguinte. Nunca me acovardei em enfrentar as dificuldades. Se alguma frustração eu guardei, foi de não transformar o Clube dos 13 em uma liga. Tivemos muito próximos, tinha estatutos registrados, assembleia pronta.
No livro, o senhor fala sobre os bastidores da negociação com a Arena...
Dois capítulos importantíssimos. Nas questões da Arena, eu preferi colher depoimento das pessoas que nomeei como negociadores do processo, sob minha orientação. Deleguei poderes limitados – a limitação era a outra instância, superior, que era o Conselho de Administração do Grêmio –, que muito me ajudou. Foi difícil. A dificuldade enfrentei porque assumi o Grêmio no último período com o sonho de ser tri da Libertadores e mais o Mundial. E no curso dos primeiros meses que assumi, vi que as minhas forças maiores precisavam ser dedicadas ao problema da Arena. Tinha compromissos a cumprir. Acabou como problema que perdura até hoje, mas que avançou muito e está em fase de ser concluída. Espero que seja com a sabedoria do Romildo, que tive o prazer de apoiar e indicar. É um bom presidente e vai concluir essa negociação.

Ficou um alívio por o Olímpico não ter sido implodido na sua gestão?
Além de ter a satisfação, foi a consagração de uma posição que o Conselho de Administração do Grêmio, sensível às minhas ponderações, me reforçou. E o próprio Conselho Deliberativo. De não sairmos daqui, de não entregarmos antes de concluída as obrigações do contrato de construção da Arena, que até hoje estão pendentes. Depois, sobreveio o problema do petróleo, da Petrobras, e aí a empresa construtora, parceira, está envolvida no problema. Abriu-se mais uma etapa de negociação (...) Não podia concluir o negócio sem negociar. Se entregasse, perderia o estádio, até porque sobreveio uma situação da OAS que não existia. Entrou em liquidação. Seria uma desgraça. Me considero neste aspecto muito importante. Eu e meus companheiros de diretoria, integrantes do Conselho de Administração, tivemos papel relevante nesta renegociação, as condições lá negociadas foram aceitas, inclusive pelos credores.
Muitos dizem que o senhor salvou o clube com esta postura.
Acho que nós salvamos o clube. Acho que nós, o Conselho de Administração, que me acompanhou, e o Conselho Deliberativo do Grêmio, que aprovou nossa posição, nos deu força, porque ninguém faz nada sozinho. O Grêmio é muito grande para ser resolvido pela cabeça de uma pessoa.O próprio presidente Romildo vivenciou de perto, porque é advogado e conhece. Jamais deixou de apoiar a diretoria, foi muito importante. O vice-presidente Adalberto Preis, o Nestor Hein foram figuras decisivas na negociação. E os negociadores contratados, o Ricardo Lupion, o Berg, a Quantitas [empresa contratada]. Acho que a virtude que tive foi escolher as pessoas para me ajudar.

O livro reserva espaço para o Luxemburgo? Como foi aquele tempo?
O Luxemburgo não foi por mim escolhido. Tinha restrições ao Luxemburgo. Mas eu, quando lembro o episódio que aconteceu aqui, no Gre-Nal que o Grêmio perdeu o campeonato, aqui no Olímpico, contra 10 do Inter, nos pênaltis, e o estádio ficou gritando o nome dele, depois do jogo, eu disse não é possível. Ninguém resiste a uma derrota dessas. Criou-se um clima no Rio Grande do Sul, na imprensa e no próprio Grêmio, insuperável. Era uma questão vital para quem viesse.

E a demissão dele, como ocorreu?
Não digo que tenha sido a que eu escolhi. Foi em um momento que houve um treino, estava assistindo a um treino, fui ao meu gabinete, havia algumas tensões decorrentes de contratações equivocadas, indicações. Pedi que viesse depois do treino, queria conversar com ele. Pedi pelo interfone ao diretor Rui Costa. E ele, ao invés de vir, pegou e foi embora, mandou recado que falaria no dia seguinte. E eu disse que falaria com o tesoureiro, porque não entraria mais aqui. Tive uma relação respeitosa. É um profissional com suas manias e virtudes, seus defeitos. Um profissional inteligente, se não fosse não estaria até agora na ativa. Mas não tem a cara do Grêmio. Não tem.

Na sua última passagem também houve a contratação do Felipão. Não deu certo?
Em termos. O Felipão, estabeleci com ele uma relação que perdura até hoje, de amizade, de visitas a casa comum. A esposa é nossa amiga. Vivemos grandes momentos no Grêmio. Quando ocorreu o problema da substituição do treinador, do Enderson, tínhamos esgotado em termos de marketing, de apelo ao torcedor, a imagem do Renato. Sobrava a do Felipão como última cartada. Eu, com enorme dificuldade, viajei para São Paulo para falar com ele. Estava em uma fase sofrendo severas críticas em razão do jogo da Seleção. Atendeu mais ao meu pedido do que procurou se recuperar aqui. Foi mais por amizade pessoal comigo. Veio, pegou praticamente o barco andando, fez um trabalho que hoje se reflete no time com Marcelo Grohe, o Geromel, o Bressan, Walace, que ele lançou, o Lincoln, que lançou, o Luan, que ele lançou [já jogava com Enderson], Pedro Rocha. que ele lançou. E tem que ter justiça, deixou uma equipe formada, ao menos projetada.
Falava-se que estava desmotivado...
Era uma questão de tempo, tanto é que treinou lá fora e teve êxito. Não desaprendeu, não estava desmotivado. Olha a equipe que está jogando. Os guris que estão aí, o próprio Lincoln. Ninguém sabe de fora porque o Lincoln não ficou, foi por política do departamento de futebol. Eu estava assistindo a um treino, ele estava ali, desci para ver quem era. Me comuniquei com o Rui, para ver situação do contrato. Ele disse que não tinha contrato. E falei para tirar do time, não ia servir para especuladores. Walace acabou com o Gre-Nal e não pode ficar, até assinar um contrato profissional. São coisas de ordem administrativa que não vêm a público.

Houve frustração com a última passagem dele?
Houve por parte do torcedor uma certa frustração, que eu não vivi e experimentei porque acompanhava de perto o trabalho dele. A comparação do Felipão com ele próprio vai ser sempre desvantajosa. Dizemos que fulano é um baita treinador. Para dizermos isso, temos referências de outros. A referência dele é ele próprio, que ganhou tudo aqui. Difícil superar ou igualar.

E o trabalho do Roger?
O Roger, que foi meu atleta, é de outra concepção de futebol. Mais moderno, o Roger tem ensaios de campo reduzido, que eu sei. Que o Felipão não era defensor desta tese. Felipão fazia treinos que pareciam jogos.

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- Transmissão, horário e escalações: Grêmio x Juventude, dados SofaScore.






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