Michel de Freitas: o terror que vem pelo ar

Foto: Lucas Uebel/Flickr Grêmio

Mais uma derrota, mais uma oportunidade para justificar erros, mais uma oportunidade para discutir o que há de errado com o Grêmio de 2016. E nas últimas quatro partidas, três delas foram dessa forma. Aliás, mesmo quando ganhamos, houveram mais perguntas do que respostas.

Muito bem, comentei ontem que os garotos que puderam jogar graças a decisão de poupar titulares tiveram uma grande chance de mostrar seu potencial. E, de certa forma, foram bem.

Kaio, uma das últimas opções como volante no elenco do Grêmio, que só jogou por que outros quatro jogadores da mesma função estão no departamento médico, surpreendeu. Não foi uma atuação exuberante, mas o garoto conseguiu mostrar qualidade em alguns lances, com noção de marcação, passes, saída de bola e até finalização, visto que não teve medo de arriscar, mesmo que infelizmente em alguns momentos tenha apresentado falhas junto com seus companheiros.

No setor dos volantes em específico, insisto na falha de posicionamento e falta de proteção em frente a defesa. O time adversário segue encontrando uma grande liberdade para construir jogadas dentro do campo do Grêmio. Foi assim com Walace e Maicon, Edinho e Maicon, Edinho e Kaio. É um problema tático coletivo, não individual. Já estou ficando repetitivo ao dizer tantas vezes que essa ideia do Roger de liberar os volantes não deu certo e precisa ser corrigida, recuperando a forma utilizada em 2015, quando eles só saiam quando eram acompanhados por laterais e até mesmos zagueiros, subindo de forma compacta, sem deixar um grande espaço entre as linhas de marcação.

Ainda sobre os garotos, Lincoln parece cada vez mais seguro dentro de campo, se "soltando" e ficando confortável em fazer as jogadas dentro de suas características. Além de Everton, que continua mostrando objetividade em seu futebol, com algum "bônus" de jogadas de efeito. Ambos ainda podem e devem evoluir muito para apresentar a regularidade necessária a um titular, mas foram eles que construíram as principais jogadas ofensivas, em parceria com Luan, que é o jovem mais badalado desta trupe. Já Henrique Almeida, não sei se ainda pela falta de ritmo ou adaptação, não conseguiu acompanhar o nível de seus jovens companheiros de ataque.

Porém, grave mesmo é o problema defensivo. Teríamos vencido a partida de ontem, não fossem tantas falhas incríveis na defesa.

Cada bola aérea na área no Grêmio é um "cagaço", como dizem aqui pelo sul. No primeiro gol sofrido, Marcelo Grohe falhou de forma que é inadmissível para um goleiro de nível de seleção. A sequência do lance foi uma grande confusão, mas subir sozinho e deixar a bola escapar de suas mãos, caindo em suas costas e ficando a mercê de qualquer jogador que por ali estivesse, é demais. Ele precisa, pra ontem, corrigir esse defeito.

Apesar dos pesares, ficamos em vantagem novamente, e diga-se de passagem com muita sorte, pois Luan errou o chute, que acabou virando um drible seguido por uma finalização finalmente correta.

Contudo, na sequência, mais uma falha. Completa desatenção em um escanteio que é batido fechado e entra, direto, sem tocar em ninguém, após passar por vários jogadores de azul, preto e branco. Incluindo o próprio Marcelo Grohe, que não esboçou reação.

Não contentes com tudo isso, permitiram a virada, dessa vez sem culpa do goleiro que salvou um chute desviado, mas ninguém, absolutamente ninguém acompanhou o rebote, permitindo ao São Paulo finalmente ficar em vantagem na partida.

Pra aumentar o dilema, o capitão Edinho, além das falhas cometidas durante a partida, toma o vermelho após revidar uma falta sofrida. Um a menos, placar a favor do adversário e time perdido em campo: derrota na certa.

Eu continuo esperando uma evolução que insiste em não vir. São os mesmos erros, os mesmos problemas, jogo após jogo. Alterações na escalação e oportunidade para que mais de um jogador desempenhe determinada função em campo, e nenhum sinal evidente de evolução.

Dizer que Roger terá muito trabalho também não é mais novidade por aqui, mas não deixou de ser verdade. Pegamos o Glória no fim de semana, mas depois enfrentamos uma "humilde sequência" com LDU, Inter e San Lorenzo. Atuações desse nível contra adversários tão importantes causarão que efeito sobre o elenco gremista? Sinceramente, espero não ter de pensar nisso. Espero que até lá as coisas se ajeitem, mas estamos perto e a situação é preocupante.

Talvez melhore se deixarem de acreditar que farão um gol a qualquer momento, ou que resolverão a partida quando quiserem, e voltem a jogar com a mesma atenção e dedicação do ano passado.

Continuamos esperando, e cobrando, se for preciso.

Não te mixa, Grêmio!

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