Palmeiras contratou os argentinos Tobio e Mouche. É o time mais "estrangeiro" (Foto: Marcos Ribolli)
O Campeonato Brasileiro nunca teve tantos jogadores estrangeiros como nesta temporada. Uma verdadeira legião invadiu os gramados do país. São 52 distribuídos por 19 equipes (apenas o Goiás não tem nenhum gringo em seu elenco). Mas o fato traz preocupação para o comentarista Wagner Vilaron. Na sua opinião, essa invasão pode ser benéfica no curto prazo, mas fazer estrago na formação de jovens jogadores brasileiros no médio e no longo prazo.
– Acho válida a discussão, uma reflexão que a gente tem que ter. Acho inevitável a presença de jogadores estrangeiros. O Brasil, queira ou não, é o principal mercado sul-americano. A minha única preocupação é o impacto disso no espaço da base. Em muitos momentos parece mais fácil para alguns clubes buscar um atleta pronto em um país vizinho do que gastar alguns anos para formar um jogador. Isso me preocupa um pouquinho – analisou Vilaron.
A qualidade das contratações não foi posta à prova, mas sim o planejamento dos clubes. O Palmeiras, por exemplo, montou um elenco recheado de estrangeiros. É o líder no quesito, com seis jogadores que vieram de fora: três argentinos, dois uruguaios e um paraguaio.
– Acho legal quando você traz de fora para completar. Vamos supor, você montou o time e está faltando um lateral-direito, um atacante de lado. Você vai buscar esse tipo de jogador. Mas você dá prioridade para a sua formação e completa (as suas necessidades) com essas contratações. Mas buscar todo mundo fora, porque o salário é menor, acho um pouco perigoso. Porque, de um lado temos jogadores saindo muito cedo, invariavelmente eles são preparados para atender os interesses do mercado comprador. Seja ele europeu, asiático, árabe, então descaracteriza muito. E você acrescenta a terceira parte, que é a facilidade de comprar dos nossos vizinhos. Como é que fica a nossa base? Então, essa reflexão tem que ter. São três vertentes que criam um impacto direto na criação do jogador brasileiro – acrescentou Vilaron.
O aumento dos estrangeiros nos gramados brasileiros foi motivado pela mudança no Regulamento Geral de Competições da CBF, que ampliou, em janeiro passado, o limite permitido de gringos por partida, saltando de três para cinco por equipe a cada jogo.
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