Ele passou a semana indo a programas de TV, entrando ao vivo em emissoras de rádio ou contando suas histórias acerca daqueles 71 segundos para repórteres do país inteiro. Na quinta-feira, 26 de novembro, mal conseguiu ficar perto da filha Lívia, que não tem os 10 anos da Batalha dos Aflitos, mas 10 meses de vida. Não reclamou. Galatto, 32 anos, está encravado na história do Grêmio para toda a eternidade desde que sua canela direita e a bola se encontraram naquele pênalti chutado por Ademar.
A bola foi para escanteio, mas logo na sequência da cobrança Anderson engatou aquela fila pela esquerda e fez o gol inacreditável contra o Náutico. Um enredo fartamente repetido e conhecido. É incrível como um único momento pode beatificar um jogador enquanto outros passaram anos a fio, também operando milagres, mas nunca sequer se aproximarão. Victor chegou à Seleção Brasileira com a camisa tricolor e pegou uma dezena de pênaltis, mas jamais será lembrado daqui a 50 anos. Galatto, não. Daqui a 100 anos, todo gremista militante saberá quem ele foi.
O evento em si é tão expressivo que ninguém se preocupa ou mesmo quer saber o que aconteceu depois dos Aflitos. É como se o tempo tivesse parado para Galatto ali. Mas não. Depois daquele jogo incrível a sorte nunca mais foi a mesma para ele. Não que tenha virado um azarado. Mas duas pancadas na cabeça no ano seguinte não são exatamente sorte ou roteiro normal na vida de um camisa 1. Quase 10 anos depois, resta a mágoa com o que o destino lhe reservou.
Aqui, um parêntese. O gremismo de Galatto é monumental. Ia aos jogos com o pai, que era sócio. Galatto lembra da sensação de entrar no portão 1 do Olímpico e ter a certeza de que, alguns passos depois, veria o gramado. Os olhos brilham. Foi contra o Ceará, na Copa do Brasil de 1994. Tinha 11 anos e muito menos do que o seu 1m93cm de adulto. Nada mais natural, portanto, ainda mais depois de se tornar um santo milagroso nos Aflitos, em sonhar com longa carreira no seu clube do coração.
– Aquelas lesões me prejudicaram muito. Houve uma contra o Fluminense, também em 2006, mas a pior foi antes, contra o Veranópolis, um jogo antes do Gre-Nal decisivo do Gauchão. Ali eu apaguei. Não lembro de nada. Acordei no hospital de ambulância. Tive traumatismo craniano. Tentei voltar a treinar, mas a cabeça doía muito. Tive de ficar muito tempo fora de combate justamente no meu melhor momento. Depois veio o receio psicológico de nova batida na cabeça a cada intervenção, pelo alto ou no chão, numa dividida. Tudo isso de uma hora para outra, quando eu vinha em um ritmo bom depois da Batalha dos Aflitos – suspira Galatto.
Ele entende que, não fossem os traumas, teria ficado muitos anos no Grêmio. Chegou a planejar encerrar a carreira no clube do coração, vestindo uma só camiseta, quem sabe se tornando um Rogério Ceni tricolor. Mas o seu reserva era ninguém menos do que Marcelo Grohe. E o reserva de Marcelo Grohe era Cássio, agora corintiano. Dois goleiros de Seleção. Claro que, se aparecesse a brecha, um deles a ocuparia. Grohe, seu amigo, ocupou.
Galatto retomou a carreira na Arena da Baixada, em 2009, onde sagrou-se campeão estadual, último título conquistado pelo Atlético-PR. Aí começou o calvário. Foi emprestado para o Litex Lovech, da Bulgária. Não se adaptou ao frio penetrante, ao idioma impossível de entender e ao cardápio estranho. Por sorte, o Atlético-PR o vendeu para o Málaga.
Passou um ano na Espanha, até rescindir contrato e entrar naquela que se revelaria a grande roubada da carreira: um certo Neuchâtel Xamax, da Suíça. Fez uma só partida, viu que não era nada daquilo que lhe prometeram e voltou de mala e cuia para o Brasil por cima no mapa. Veio descendo. Rio Grande do Norte, em 2012, no América-RN. Alagoas, no ano seguinte, com o CRB. Dois anos no Criciúma e, por fim, uma tentativa frustrada no Juventude este ano.
– Tive uma possibilidade para o futebol mexicano para 2016, mas não evoluiu – revela Galatto, que treina por conta própria em uma academia enquanto espera proposta.
Seu receio é ficar muito tempo fora do mercado. Galatto é, ao mesmo tempo, mito e prisioneiro do próprio heroísmo. Virou sinônimo de Batalha dos Aflitos, mas isso foi há 10 anos. Só o procuram para falar daqueles 71 segundos. Sua vida no futebol seguiu e tem de seguir ainda. Drama? Lamúria? Não para Galatto.
O gremismo dele supera tudo, e o lugar cativo no panteão tricolor lhe basta para ser feliz.
VEJA TAMBÉM
- Reforço de lateral da Ferroviária pode chegar ao Grêmio no mercado.
- Faxina no Grêmio para 2025: Renovação começa pelo treinador, diz Guerrinha.
- Pressão da Direção do Grêmio para Decidir Futuro de Renato
A bola foi para escanteio, mas logo na sequência da cobrança Anderson engatou aquela fila pela esquerda e fez o gol inacreditável contra o Náutico. Um enredo fartamente repetido e conhecido. É incrível como um único momento pode beatificar um jogador enquanto outros passaram anos a fio, também operando milagres, mas nunca sequer se aproximarão. Victor chegou à Seleção Brasileira com a camisa tricolor e pegou uma dezena de pênaltis, mas jamais será lembrado daqui a 50 anos. Galatto, não. Daqui a 100 anos, todo gremista militante saberá quem ele foi.
O evento em si é tão expressivo que ninguém se preocupa ou mesmo quer saber o que aconteceu depois dos Aflitos. É como se o tempo tivesse parado para Galatto ali. Mas não. Depois daquele jogo incrível a sorte nunca mais foi a mesma para ele. Não que tenha virado um azarado. Mas duas pancadas na cabeça no ano seguinte não são exatamente sorte ou roteiro normal na vida de um camisa 1. Quase 10 anos depois, resta a mágoa com o que o destino lhe reservou.
Aqui, um parêntese. O gremismo de Galatto é monumental. Ia aos jogos com o pai, que era sócio. Galatto lembra da sensação de entrar no portão 1 do Olímpico e ter a certeza de que, alguns passos depois, veria o gramado. Os olhos brilham. Foi contra o Ceará, na Copa do Brasil de 1994. Tinha 11 anos e muito menos do que o seu 1m93cm de adulto. Nada mais natural, portanto, ainda mais depois de se tornar um santo milagroso nos Aflitos, em sonhar com longa carreira no seu clube do coração.
– Aquelas lesões me prejudicaram muito. Houve uma contra o Fluminense, também em 2006, mas a pior foi antes, contra o Veranópolis, um jogo antes do Gre-Nal decisivo do Gauchão. Ali eu apaguei. Não lembro de nada. Acordei no hospital de ambulância. Tive traumatismo craniano. Tentei voltar a treinar, mas a cabeça doía muito. Tive de ficar muito tempo fora de combate justamente no meu melhor momento. Depois veio o receio psicológico de nova batida na cabeça a cada intervenção, pelo alto ou no chão, numa dividida. Tudo isso de uma hora para outra, quando eu vinha em um ritmo bom depois da Batalha dos Aflitos – suspira Galatto.
Ele entende que, não fossem os traumas, teria ficado muitos anos no Grêmio. Chegou a planejar encerrar a carreira no clube do coração, vestindo uma só camiseta, quem sabe se tornando um Rogério Ceni tricolor. Mas o seu reserva era ninguém menos do que Marcelo Grohe. E o reserva de Marcelo Grohe era Cássio, agora corintiano. Dois goleiros de Seleção. Claro que, se aparecesse a brecha, um deles a ocuparia. Grohe, seu amigo, ocupou.
Galatto retomou a carreira na Arena da Baixada, em 2009, onde sagrou-se campeão estadual, último título conquistado pelo Atlético-PR. Aí começou o calvário. Foi emprestado para o Litex Lovech, da Bulgária. Não se adaptou ao frio penetrante, ao idioma impossível de entender e ao cardápio estranho. Por sorte, o Atlético-PR o vendeu para o Málaga.
Passou um ano na Espanha, até rescindir contrato e entrar naquela que se revelaria a grande roubada da carreira: um certo Neuchâtel Xamax, da Suíça. Fez uma só partida, viu que não era nada daquilo que lhe prometeram e voltou de mala e cuia para o Brasil por cima no mapa. Veio descendo. Rio Grande do Norte, em 2012, no América-RN. Alagoas, no ano seguinte, com o CRB. Dois anos no Criciúma e, por fim, uma tentativa frustrada no Juventude este ano.
– Tive uma possibilidade para o futebol mexicano para 2016, mas não evoluiu – revela Galatto, que treina por conta própria em uma academia enquanto espera proposta.
Seu receio é ficar muito tempo fora do mercado. Galatto é, ao mesmo tempo, mito e prisioneiro do próprio heroísmo. Virou sinônimo de Batalha dos Aflitos, mas isso foi há 10 anos. Só o procuram para falar daqueles 71 segundos. Sua vida no futebol seguiu e tem de seguir ainda. Drama? Lamúria? Não para Galatto.
O gremismo dele supera tudo, e o lugar cativo no panteão tricolor lhe basta para ser feliz.
VEJA TAMBÉM
- Reforço de lateral da Ferroviária pode chegar ao Grêmio no mercado.
- Faxina no Grêmio para 2025: Renovação começa pelo treinador, diz Guerrinha.
- Pressão da Direção do Grêmio para Decidir Futuro de Renato
Comentários
Enviar Comentário
Aplicativo Gremio Avalanche
Leia também
Ex-zagueiro do Grêmio discorda de desculpas de Renato: é possível vencer.
Grêmio adquire parte da dívida da Arena em movimento estratégico para clube.
Grêmio aposta na limpeza no vestiário como chave para 2025.
Barcelona pode auxiliar Grêmio a receber montante significativo ao final do ano
Grêmio libera goleiro da base por motivo relacionado à idade.
Melhores médias de gols do Grêmio em 2024: destaque no ataque!
Perigos do Grêmio contra Atlético-GO: arbitragem "manchada", reforços deles, malas-brancas, Renato, desfalques
Presidente do Grêmio Anuncia Novo Nome Para 2025
Renato precisa reformular setor ofensivo do Grêmio diante do Atlético-GO; confira opções.
Atlético-GO usa "Lei do Ex" contra o Grêmio em confronto decisivo.
Grêmio se Prepara para Enfrentar o Atlético-GO
Grêmio formaliza acordo com Gabriel Mec para reforçar elenco no futebol.
Treino do Grêmio destaca jovens talentos, com destaque para "novo Gustavo Nunes
Disputa pela titularidade: dois atletas concorrem à posição no Grêmio.
Novidades do Grêmio: Braithwaite, goleiro e treinador assinam contrato com Tricolor
Grêmio fecha primeiro contrato de patrocínio direto com empresas de materiais esportivos.
Braithwaite elogia futebol brasileiro ao chegar no Grêmio.
Grêmio contrata técnico ex-Juventude para comandar equipe na próxima temporada.
Braithwaite destaca talento do Grêmio e foco na disputa com Diego Costa
Ex-atacante do Grêmio encerra carreira devido a problemas cardíacos
Grêmio libera goleiro em busca de novo clube no futebol brasileiro.
Nova atualização: Soteldo, Grêmio e Santos não negociam devido a desentendimentos.
Grêmio intensifica treinos visando duelo contra o Atlético-GO
Estudo aponta Fluminense como "lanterna" entre clubes brasileiros na contratação de jovens
Grêmio: Romildo solicita saída de Renato e revela novidade sobre Kannemann
Bastidores mostram posicionamento do Grêmio sobre Nathan Fernandes.
Braithwaite fala sobre Grêmio, violência e Série A: entrevista reveladora.
grêmio vira credor da arena: impactos econômicos para o clube
Cinco Metas do Grêmio para a Temporada de 2025
Grêmio consolida 4-4-2 e tática se torna crucial para temporada.
Biografia do Zagueiro Histórico do Grêmio
Participação do Grêmio no Flórida Cup: Resumo dos Jogos e Resultados.
Reforço de lateral da Ferroviária pode chegar ao Grêmio no mercado.
Presidente adversário do Grêmio desiste e planeja 2025: estratégia precoce ou precaução?
Faxina no Grêmio para 2025: Renovação começa pelo treinador, diz Guerrinha.
estratégia do Grêmio para assumir gestão da Arena: rumo à liderança.
Programação dos Próximos Jogos do Grêmio: Confira Data e Horário.
Vitória no GreNal coloca Grêmio em boa posição no Gauchão feminino.
Grêmio enfrenta lanterna e se vê em situação de risco no campeonato.