Chelsea levanta a taça da Premier League, cuja divisão de cotas é a mais equilibrada (Foto: Divulgação / Premier League)
Não é exclusividade brasileira a necessidade dos clubes de receber cotas de televisão. Nas principais ligas europeias, essa origem de receita também tem papel fundamental. Mas a política de distribuição interna (e negociação) não é a mesma.
A arrecadação dos gigantes do Velho Continente se dá em duas frentes: via Uefa, para quem disputa as competições continentais, e via ligas nacionais.
Na arrecadação doméstica, o modelo que é mais equilibrado é o inglês (que está em transição para um contrato muito mais a partir da próxima temporada), no qual 48% da cota é repartida igualmente entre os clubes, 23,5% são rateados de acordo com o número de jogos televisionados, 23,5% de acordo com a colocação final e 5% que vai para a base, projetos comunitários e causas sociais.
E MAIS COTAS DE TV:
- Flamengo e Corinthians ficam com 18,3% da verba total
No Brasil, como o LANCE! publicou na terça-feira, há uma equação entre os percentuais de TV aberta, medido por audiência, (rateio de R$ 650 milhões) e pay-per-view (mais R$ 450 milhões), medido por percentual de assinantes encontrado em pesquisas de Ibope e Datafolha.
Entre as ligas mais potentes, a divisão de Alemanha e Itália é mais parecida com a dos ingleses, ainda que no Calcio haja alguns critérios mais detalhados, como número de torcedores e performance recente.
A Espanha é que está tentando dar fim a um ciclo de desigualdade entre os clubes. La Liga é a última remanescente no sistema de negociação individual de cotas – o mesmo que vigora no Brasil –, mas a venda coletiva de direitos já vai valer a partir da temporada 2016/2017. Nela, como é sabido, Barcelona e Real Madrid nadam de braçada.
Ainda assim, existirá uma brecha para que a maior parte das receitas continue com a dupla de gigantes. Se 42% vão ser divididos igualmente, 21% de acordo com a colocação nas últimas três temporadas, outros 21% será rachado de acordo com a capacidade de gerar receitas. Ou seja, Real e Barça no topo.
O futebol brasileiro ficou sem rédeas na negociação de TV quando o Clube dos 13 ruiu. Se tivesse uma entidade para negociar em bloco, até a Globo reconhece que os valores seriam mais equilibrados, já que o poder dos clubes seria outro.
– Com uma liga, o comprador tem uma tranquilidade muito grande. Quando é negociação individual, cada uma é de risco alto. Você pode não ter a transmissão da competição na integralidade. Essa mutação transferiu um poder muito grande para o clube – avaliou o diretor da Globo Esportes, Marcelo Campos Pinto, em palestra realizada no Rio.
DEPENDÊNCIA, EM MÉDIA, É SIMILAR
Apesar da disparidade da forma de divisão, as cotas de televisão têm tanta importância para os principais clubes mais ricos do planeta quanto para os da Série A do Brasileirão. Analisando os balanços europeus da temporada 2013/2014 e os brasileiros em 2014, o percentual de representatividade é quase igual: 39,6% no Brasil e 41,2% na Europa.
Mas há casos isolados lá fora que as cotas têm menor impacto nas finanças, como é o caso de Bayern de Munique, PSG e até mesmo os ingleses, como Manchester United, quando a comparação é feita com os italianos.
– Na Premier League, eles arrecadam muito no match day e também nos direitos comerciais. Por isso existe essa disparidade em relação à Itália – disse o diretor organizacional do Milan, Umberto Gandini, que também é vice presidente da Associação Europeia de Clubes (ECA, sigla em inglês).
Com a palavra
"Sem as cotas, futebol seria muito pobre"
Umberto Gandini - Diretor organizacional do Milan e vice-presidente da ECA
O futebol seria muito diferente se não tivesse a cota de tv. Seria muito pobre. Acredito que o cenário atual é fruto da valorização do produto, algo mais atraente. Existe um círculo contínuo: com mais cota, times mais fortes e mais audiência.
Em relação ao valor da Uefa, está todo mundo satisfeito. Existe um acordo do qual fazemos parte. Mas nas ligas há diferenças, com a Espanha sendo o sistema menos equilibrado. Quando se negocia individualmente com os clubes, é muito grande a tendência de acontecer o que é a Espanha hoje.
Todos os clubes querem receber mais. Na Itália, as cotas de TV são a parte mais importante das receitas. Os clubes grandes têm, em média 60% das receitas de lá. Nos menores, esse percentual é maior. Mas é natural que haja diferença de valores se há diferença de investimento. A Juventus tem mais astros, gasta mais, e por isso recebe mais que o Palermo.
VEJA TAMBÉM
- Desfalques de Dodi e Diego Costa no Grêmio para duelo com Atlético-GO.
- Danrlei deve apoiar Caleffi em eleições do Grêmio, afirma repórter
- Grêmio dispensou 2º melhor driblador mundial em negociação controversa.
Não é exclusividade brasileira a necessidade dos clubes de receber cotas de televisão. Nas principais ligas europeias, essa origem de receita também tem papel fundamental. Mas a política de distribuição interna (e negociação) não é a mesma.
A arrecadação dos gigantes do Velho Continente se dá em duas frentes: via Uefa, para quem disputa as competições continentais, e via ligas nacionais.
Na arrecadação doméstica, o modelo que é mais equilibrado é o inglês (que está em transição para um contrato muito mais a partir da próxima temporada), no qual 48% da cota é repartida igualmente entre os clubes, 23,5% são rateados de acordo com o número de jogos televisionados, 23,5% de acordo com a colocação final e 5% que vai para a base, projetos comunitários e causas sociais.
E MAIS COTAS DE TV:
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No Brasil, como o LANCE! publicou na terça-feira, há uma equação entre os percentuais de TV aberta, medido por audiência, (rateio de R$ 650 milhões) e pay-per-view (mais R$ 450 milhões), medido por percentual de assinantes encontrado em pesquisas de Ibope e Datafolha.
Entre as ligas mais potentes, a divisão de Alemanha e Itália é mais parecida com a dos ingleses, ainda que no Calcio haja alguns critérios mais detalhados, como número de torcedores e performance recente.
A Espanha é que está tentando dar fim a um ciclo de desigualdade entre os clubes. La Liga é a última remanescente no sistema de negociação individual de cotas – o mesmo que vigora no Brasil –, mas a venda coletiva de direitos já vai valer a partir da temporada 2016/2017. Nela, como é sabido, Barcelona e Real Madrid nadam de braçada.
Ainda assim, existirá uma brecha para que a maior parte das receitas continue com a dupla de gigantes. Se 42% vão ser divididos igualmente, 21% de acordo com a colocação nas últimas três temporadas, outros 21% será rachado de acordo com a capacidade de gerar receitas. Ou seja, Real e Barça no topo.
O futebol brasileiro ficou sem rédeas na negociação de TV quando o Clube dos 13 ruiu. Se tivesse uma entidade para negociar em bloco, até a Globo reconhece que os valores seriam mais equilibrados, já que o poder dos clubes seria outro.
– Com uma liga, o comprador tem uma tranquilidade muito grande. Quando é negociação individual, cada uma é de risco alto. Você pode não ter a transmissão da competição na integralidade. Essa mutação transferiu um poder muito grande para o clube – avaliou o diretor da Globo Esportes, Marcelo Campos Pinto, em palestra realizada no Rio.
DEPENDÊNCIA, EM MÉDIA, É SIMILAR
Apesar da disparidade da forma de divisão, as cotas de televisão têm tanta importância para os principais clubes mais ricos do planeta quanto para os da Série A do Brasileirão. Analisando os balanços europeus da temporada 2013/2014 e os brasileiros em 2014, o percentual de representatividade é quase igual: 39,6% no Brasil e 41,2% na Europa.
Mas há casos isolados lá fora que as cotas têm menor impacto nas finanças, como é o caso de Bayern de Munique, PSG e até mesmo os ingleses, como Manchester United, quando a comparação é feita com os italianos.
– Na Premier League, eles arrecadam muito no match day e também nos direitos comerciais. Por isso existe essa disparidade em relação à Itália – disse o diretor organizacional do Milan, Umberto Gandini, que também é vice presidente da Associação Europeia de Clubes (ECA, sigla em inglês).
Com a palavra
"Sem as cotas, futebol seria muito pobre"
Umberto Gandini - Diretor organizacional do Milan e vice-presidente da ECA
O futebol seria muito diferente se não tivesse a cota de tv. Seria muito pobre. Acredito que o cenário atual é fruto da valorização do produto, algo mais atraente. Existe um círculo contínuo: com mais cota, times mais fortes e mais audiência.
Em relação ao valor da Uefa, está todo mundo satisfeito. Existe um acordo do qual fazemos parte. Mas nas ligas há diferenças, com a Espanha sendo o sistema menos equilibrado. Quando se negocia individualmente com os clubes, é muito grande a tendência de acontecer o que é a Espanha hoje.
Todos os clubes querem receber mais. Na Itália, as cotas de TV são a parte mais importante das receitas. Os clubes grandes têm, em média 60% das receitas de lá. Nos menores, esse percentual é maior. Mas é natural que haja diferença de valores se há diferença de investimento. A Juventus tem mais astros, gasta mais, e por isso recebe mais que o Palermo.
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