Ruy Cabeção quer a democratização da CBF (Foto: Divulgação/ Bom Senso FC)
Na última segunda-feira, a presidente da República, Dilma Rousseff, abriu pela segunda vez as portas do Palácio do Planalto, em Brasília, para receber o Bom Senso FC. O goleiro Dida e o lateral-direito Ruy Cabeção representaram o grupo de jogadores e voltaram a debater mudanças significativas no futebol brasileiro.
Três assuntos foram discutidos: fortalecimento da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte (normas para a renegociação da dívida fiscal dos clubes e compromissos que deverão ser assumidos por eles), democratização da CBF e a elaboração de um plano nacional de desenvolvimento do futebol.
Em entrevista exclusiva ao LANCE!Net, Ruy Cabeção, hoje no Operário (MT), revela detalhes do encontro com Dilma, que também vai receber representantes de clubes na sexta-feira em Brasília, e ataca a cartolagem do país.
Como foi a reunião com a presidente Dilma Rousseff?
Fiquei surpreendido com a forma que ela nos recebeu. No nosso primeiro encontro (em junho), ela ficou estarrecida com os problemas do futebol e tomou um susto absurdo. Esse segundo encontro foi ainda mais positivo, foi uma reunião muito proveitosa. A Dilma deixou a gente animado para fazer uma faxina geral no futebol. Ela disse que o Brasil é a sétima economia do mundo e perguntou como pode o futebol viver uma situação tão precária.
A Dilma bateu bastante na tecla do fortalecimento da Lei de Responsabilidade Fiscal...
Hoje, o futebol quase que não tem que prestar conta de nada. Se o clube deve 10 milhões, outro presidente assume o cargo e sobe a dívida para 50 milhões, aumenta os salários atrasados. Aí esse dirigente vai embora do clube e segue a vida dele como se nada tivesse acontecido. A Dilma mostrou muita preocupação com isso. O futebol brasileiro é um verdadeiro paraíso fiscal. Os clubes dizem que prestam contas, mas não vemos ninguém ser punido.
Queremos uma lei para moralizar o futebol brasileiro.
Vocês levam em conta que a aproximação da Dilma possa ter interesse político? Ela está brigando pela reeleição...
O problema do Brasil é esse, a cabeça do povo brasileiro é pequena. Somos bitolados com coisas pequenas. Se a Dilma tivesse sido eleita agora, a gente ia dizer que ela está querendo cativar a população. Se fosse no fim do mandato, ela estaria interessada na reeleição. Ela foi a primeira presidente a abrir as portas para debater o futebol.
Os estádios vazios também têm impressionado a Dilma, certo?
Os estádios não têm segurança e os ingressos são caros.
Infelizmente, temos de falar sobre a Globo na hora de analisar esse assunto. Mas a Globo não é culpada. A Globo está fechada com os clubes endividados. A Globo é o banco do futebol brasileiro, os clubes antecipam cotas de televisão. A Globo está no direito dela, ela comprou o produto e faz o que quiser com ele. Os clubes não podem fazer nada. Quem poderia fazer alguma coisa é a CBF, mas ela só quer saber da Seleção, que rende milhões e milhões por ano. A Seleção usa a marca do nosso país. Logo, ela deveria dar satisfações ao povo.
Depois de duas reuniões em Brasília, qual o próximo passo do Bom Senso FC?
Aí é com a presidente. Ela tem as armas certas para pressionar os clubes e a CBF. O nosso melhor caminho é a porta que foi aberta com a Dilma. A mudança no futebol está nas mãos dela. Ela pode forçar a CBF a democratizar o futebol.
A greve ainda é discutida?
A gente discute até hoje se a greve é o melhor caminho. A gente só não fez greve ainda porque existem pessoas dentro do Bom Senso FC que não sabem se fazem ou não, com medo de retaliação. Os mais jovens sofrem com ameaças, já que têm empresários por trás que têm ligações com dirigentes. Muitos dirigentes ameaçam os jovens jogadores. Mas estamos protegidos na lei. Fora isso, no nosso meio ainda tem jogadores que estão preocupados apenas com os salários, com carros importados, com relógios bonitos, com namoradas artistas...
O fim da violência é outra bandeira levantada pelo Bom Senso FC. Como você viu a agressão ao André Santos?
As torcidas organizadas são formadas por uma cambada de palhaços, uma cambada de marionetes, que têm privilégios de ingressos e até recebem salários. Tem clube que paga salário para torcedor. Esses dirigentes e esses torcedores são bundões.
Vocês têm conhecimento da presença de “dirigentes duas caras”?
Querem ajudar o Bom Senso FC, mas têm ligação direta com os esquemas...
A gente sabe disso, estamos de olhos. Temos a famosa “conversa de vestiário” dentro do grupo. Não somos bobos, sabemos quais são os dirigentes que têm esquemas com empresários e com outras pessoas de dentro do futebol. Cara, o futebol está pior do que a política. F...!
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Na última segunda-feira, a presidente da República, Dilma Rousseff, abriu pela segunda vez as portas do Palácio do Planalto, em Brasília, para receber o Bom Senso FC. O goleiro Dida e o lateral-direito Ruy Cabeção representaram o grupo de jogadores e voltaram a debater mudanças significativas no futebol brasileiro.
Três assuntos foram discutidos: fortalecimento da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte (normas para a renegociação da dívida fiscal dos clubes e compromissos que deverão ser assumidos por eles), democratização da CBF e a elaboração de um plano nacional de desenvolvimento do futebol.
Em entrevista exclusiva ao LANCE!Net, Ruy Cabeção, hoje no Operário (MT), revela detalhes do encontro com Dilma, que também vai receber representantes de clubes na sexta-feira em Brasília, e ataca a cartolagem do país.
Como foi a reunião com a presidente Dilma Rousseff?
Fiquei surpreendido com a forma que ela nos recebeu. No nosso primeiro encontro (em junho), ela ficou estarrecida com os problemas do futebol e tomou um susto absurdo. Esse segundo encontro foi ainda mais positivo, foi uma reunião muito proveitosa. A Dilma deixou a gente animado para fazer uma faxina geral no futebol. Ela disse que o Brasil é a sétima economia do mundo e perguntou como pode o futebol viver uma situação tão precária.
A Dilma bateu bastante na tecla do fortalecimento da Lei de Responsabilidade Fiscal...
Hoje, o futebol quase que não tem que prestar conta de nada. Se o clube deve 10 milhões, outro presidente assume o cargo e sobe a dívida para 50 milhões, aumenta os salários atrasados. Aí esse dirigente vai embora do clube e segue a vida dele como se nada tivesse acontecido. A Dilma mostrou muita preocupação com isso. O futebol brasileiro é um verdadeiro paraíso fiscal. Os clubes dizem que prestam contas, mas não vemos ninguém ser punido.
Queremos uma lei para moralizar o futebol brasileiro.
Vocês levam em conta que a aproximação da Dilma possa ter interesse político? Ela está brigando pela reeleição...
O problema do Brasil é esse, a cabeça do povo brasileiro é pequena. Somos bitolados com coisas pequenas. Se a Dilma tivesse sido eleita agora, a gente ia dizer que ela está querendo cativar a população. Se fosse no fim do mandato, ela estaria interessada na reeleição. Ela foi a primeira presidente a abrir as portas para debater o futebol.
Os estádios vazios também têm impressionado a Dilma, certo?
Os estádios não têm segurança e os ingressos são caros.
Infelizmente, temos de falar sobre a Globo na hora de analisar esse assunto. Mas a Globo não é culpada. A Globo está fechada com os clubes endividados. A Globo é o banco do futebol brasileiro, os clubes antecipam cotas de televisão. A Globo está no direito dela, ela comprou o produto e faz o que quiser com ele. Os clubes não podem fazer nada. Quem poderia fazer alguma coisa é a CBF, mas ela só quer saber da Seleção, que rende milhões e milhões por ano. A Seleção usa a marca do nosso país. Logo, ela deveria dar satisfações ao povo.
Depois de duas reuniões em Brasília, qual o próximo passo do Bom Senso FC?
Aí é com a presidente. Ela tem as armas certas para pressionar os clubes e a CBF. O nosso melhor caminho é a porta que foi aberta com a Dilma. A mudança no futebol está nas mãos dela. Ela pode forçar a CBF a democratizar o futebol.
A greve ainda é discutida?
A gente discute até hoje se a greve é o melhor caminho. A gente só não fez greve ainda porque existem pessoas dentro do Bom Senso FC que não sabem se fazem ou não, com medo de retaliação. Os mais jovens sofrem com ameaças, já que têm empresários por trás que têm ligações com dirigentes. Muitos dirigentes ameaçam os jovens jogadores. Mas estamos protegidos na lei. Fora isso, no nosso meio ainda tem jogadores que estão preocupados apenas com os salários, com carros importados, com relógios bonitos, com namoradas artistas...
O fim da violência é outra bandeira levantada pelo Bom Senso FC. Como você viu a agressão ao André Santos?
As torcidas organizadas são formadas por uma cambada de palhaços, uma cambada de marionetes, que têm privilégios de ingressos e até recebem salários. Tem clube que paga salário para torcedor. Esses dirigentes e esses torcedores são bundões.
Vocês têm conhecimento da presença de “dirigentes duas caras”?
Querem ajudar o Bom Senso FC, mas têm ligação direta com os esquemas...
A gente sabe disso, estamos de olhos. Temos a famosa “conversa de vestiário” dentro do grupo. Não somos bobos, sabemos quais são os dirigentes que têm esquemas com empresários e com outras pessoas de dentro do futebol. Cara, o futebol está pior do que a política. F...!
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