João Vítor quer seguir os passos do pai
Foto: Carlos Macedo / Agencia RBS
A ideia dos pais era incentivar o menino a praticar esporte. Podia ser futebol, vôlei, basquete, uma atividade lúdica que lhe desse noção de coleguismo, responsabilidade, coletividade. Mas o pai em questão é Danrlei de Deus Hinterholtz, o eterno goleiro da história do Grêmio, campeão da Libertadores, Brasileirão, duas Copas do Brasil, uma Recopa e cinco Campeonatos Gaúchos. Óbvio que o filho João Vítor tomou o caminho das escolinhas de futebol do Grêmio.
Desde os oito anos aventurou-se como lateral e meia-direita mas, agora, mais crescido, mais consciente do alto dos seus 12 anos, assumiu o sonho represado: quer ser goleiro, como foi o pai.
Não era esse o plano de Danrlei e da mãe, Marília. Se escolhesse futebol, que ao menos fosse "jogador de linha", como o pai veladamente recomendava, na tentativa de evitar a comparação que só traria transtornos ao garoto. Afinal, na idade do filho, Danrlei ainda jogava vôlei, antes de ser trazido em 1987 de Crissiumal para o Olímpico pelas mãos do tio Beto, então um dos goleiros do Grêmio.
De início, João Vítor nem pensava em seguir o caminho do pai. Passou três anos nas escolinhas do bairro Cristal com a ilusão infantil de ser um atacante, um goleador, e até fazia seus gols entre os colegas do colégio Província de São Pedro, onde cursa a 7ª Série.
Pai e filho combinaram treinar na praia a partir das 7h
Não foi a mesma moleza no Grêmio. Com concorrência acirrada, enfrentou garotos de maior idade e foi atropelado por cobranças e altercações típicas de guris. Sem confiança, ele abandonou a escolinha no ano passado.
João Vítor é o segundo filho de Danrlei
Foto: Arquivo pessoal
Retornou do período sabático este ano, agora com a disposição de adolescente:
– Pai, quer que eu volte para o Grêmio? Só se for no gol – disse, em tom incondicional. – Sempre sonhei em ser goleiro.
Danrlei caiu surpreso. Não desconfiava da paixão secreta do filho por jogar no gol.
– Não contrariei. Liguei para o pessoal da Poker e consegui luvas e material esportivo – contou entre comovido e orgulhoso.
João Vítor ganhou as primeiras luvas no último veraneio. O primeiro CT foi o campo do condomínio da casa na praia de Atlântida, e o treinador era o pai.
– Ele ensinou macetes, como sair na bola, o jeito de agarrar, a maneira de cair – contou o garoto.
Montaram um programa extenso. O trabalho começava às 7h. João Vítor cumpriu a rigor.
Às vezes, Danrlei treina o filho no Parque Germânia
De início, o garoto se assustou com a diferença de realidade. O que parecia uma defesa fácil, não se mostrou tão barbada.
Deputado federal (PSD), Danrlei vive a maior parte da semana em Brasília. No pouco tempo em Porto Alegre mantém compromissos políticos, visitas ao Interior e encontros com a base. Ainda assim, aos finais de semana ele reserva um turno de treinos com João Vítor. Vão os dois para o Parque Germânia, na Zona Norte: João Vítor no gol, o pai nas cobranças.
Pai e filho aproveitam os dias juntos para se divertir – e treinar
Foto: Arquivo pessoal
O começo da carreira de João Vítor na escolinha foi um pouco tímido. Cumprimentavam-lhe como filho de Danrlei, e ele apenas sorria com os aparelhos nos dentes. Nos torneios de sábado, os outros pais viam privilégios.
– Eles diziam "juiz, você só marca falta a favor do time do filho do Danrlei", e o João estava ali, ouvindo tudo – contou Marília.
Menos mal que o menino é centrado e obstinado e acabou superando constrangimentos. Mas o tratamento, a carga de trabalho e as exigências são iguais para os oito goleiros de 12, 13, 14 anos que convivem na escolinha.
– Aqui a cobrança é a mesma. Os pais agora já entenderam e pararam de ver privilégios aqui e ali – garantiu o professor Vinícius Silveira, um dos dois treinadores de goleiros da escolinha.
Garoto deve alcançar 1m94cm, mais do que o 1m85cm do pai
A outra surpresa de garoto em começo de carreira foi com o tamanho da goleira. Aos 12 anos, as dimensões são oficiais. Com o seu 1m67cm é mesmo difícil se ambientar embaixo das traves e travessão na imensidão de 2m44cm por 7m32cm.
A dificuldade só não provoca a desistência de candidatos a goleiros porque neste estágio a convicção e o sonho são mais fortes.
Em pouco tempo, porém, João Vítor deverá alcançar 1m94cm de altura, bem mais do que o 1m85cm do pai e um pouco acima do 1m93cm de Alisson, do Inter.
A estatura não está longe da dos colegas. Hoje a maioria é de grandalhões, um pouco mais, um pouco menos. O que faz a diferença é a evolução técnica. Segundo Vinícius, com alguns meses de trabalho, João Vítor, em qualidade, já mudou de turma.
– A evolução é notável, com tendência de crescer mais. Inteligência, comprometimento e dedicação ajudam. Ele jamais faltou um treino e o crescimento é notável – falou Vinícius.
João tinha um ano e meio quando Danrlei se transferiu para o Atlético-MG – ele é fruto do segundo casamento de Danrlei, com Marília. Com a primeira mulher, Michele, tem Raíssa, de 19 anos, e com a atual, Juliana, é pai de Isabela, de um ano e meio, e aguarda o nascimento de Rafaela.
Para recuperar o passado, o garoto se tornou o maior pesquisador dos vídeos do pai. Ao mesmo tempo estuda, faz anotações e curte idolatria explícita.
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Foto: Carlos Macedo / Agencia RBS
A ideia dos pais era incentivar o menino a praticar esporte. Podia ser futebol, vôlei, basquete, uma atividade lúdica que lhe desse noção de coleguismo, responsabilidade, coletividade. Mas o pai em questão é Danrlei de Deus Hinterholtz, o eterno goleiro da história do Grêmio, campeão da Libertadores, Brasileirão, duas Copas do Brasil, uma Recopa e cinco Campeonatos Gaúchos. Óbvio que o filho João Vítor tomou o caminho das escolinhas de futebol do Grêmio.
Desde os oito anos aventurou-se como lateral e meia-direita mas, agora, mais crescido, mais consciente do alto dos seus 12 anos, assumiu o sonho represado: quer ser goleiro, como foi o pai.
Não era esse o plano de Danrlei e da mãe, Marília. Se escolhesse futebol, que ao menos fosse "jogador de linha", como o pai veladamente recomendava, na tentativa de evitar a comparação que só traria transtornos ao garoto. Afinal, na idade do filho, Danrlei ainda jogava vôlei, antes de ser trazido em 1987 de Crissiumal para o Olímpico pelas mãos do tio Beto, então um dos goleiros do Grêmio.
De início, João Vítor nem pensava em seguir o caminho do pai. Passou três anos nas escolinhas do bairro Cristal com a ilusão infantil de ser um atacante, um goleador, e até fazia seus gols entre os colegas do colégio Província de São Pedro, onde cursa a 7ª Série.
Pai e filho combinaram treinar na praia a partir das 7h
Não foi a mesma moleza no Grêmio. Com concorrência acirrada, enfrentou garotos de maior idade e foi atropelado por cobranças e altercações típicas de guris. Sem confiança, ele abandonou a escolinha no ano passado.
João Vítor é o segundo filho de Danrlei
Foto: Arquivo pessoal
Retornou do período sabático este ano, agora com a disposição de adolescente:
– Pai, quer que eu volte para o Grêmio? Só se for no gol – disse, em tom incondicional. – Sempre sonhei em ser goleiro.
Danrlei caiu surpreso. Não desconfiava da paixão secreta do filho por jogar no gol.
– Não contrariei. Liguei para o pessoal da Poker e consegui luvas e material esportivo – contou entre comovido e orgulhoso.
João Vítor ganhou as primeiras luvas no último veraneio. O primeiro CT foi o campo do condomínio da casa na praia de Atlântida, e o treinador era o pai.
– Ele ensinou macetes, como sair na bola, o jeito de agarrar, a maneira de cair – contou o garoto.
Montaram um programa extenso. O trabalho começava às 7h. João Vítor cumpriu a rigor.
Às vezes, Danrlei treina o filho no Parque Germânia
De início, o garoto se assustou com a diferença de realidade. O que parecia uma defesa fácil, não se mostrou tão barbada.
Deputado federal (PSD), Danrlei vive a maior parte da semana em Brasília. No pouco tempo em Porto Alegre mantém compromissos políticos, visitas ao Interior e encontros com a base. Ainda assim, aos finais de semana ele reserva um turno de treinos com João Vítor. Vão os dois para o Parque Germânia, na Zona Norte: João Vítor no gol, o pai nas cobranças.
Pai e filho aproveitam os dias juntos para se divertir – e treinar
Foto: Arquivo pessoal
O começo da carreira de João Vítor na escolinha foi um pouco tímido. Cumprimentavam-lhe como filho de Danrlei, e ele apenas sorria com os aparelhos nos dentes. Nos torneios de sábado, os outros pais viam privilégios.
– Eles diziam "juiz, você só marca falta a favor do time do filho do Danrlei", e o João estava ali, ouvindo tudo – contou Marília.
Menos mal que o menino é centrado e obstinado e acabou superando constrangimentos. Mas o tratamento, a carga de trabalho e as exigências são iguais para os oito goleiros de 12, 13, 14 anos que convivem na escolinha.
– Aqui a cobrança é a mesma. Os pais agora já entenderam e pararam de ver privilégios aqui e ali – garantiu o professor Vinícius Silveira, um dos dois treinadores de goleiros da escolinha.
Garoto deve alcançar 1m94cm, mais do que o 1m85cm do pai
A outra surpresa de garoto em começo de carreira foi com o tamanho da goleira. Aos 12 anos, as dimensões são oficiais. Com o seu 1m67cm é mesmo difícil se ambientar embaixo das traves e travessão na imensidão de 2m44cm por 7m32cm.
A dificuldade só não provoca a desistência de candidatos a goleiros porque neste estágio a convicção e o sonho são mais fortes.
Em pouco tempo, porém, João Vítor deverá alcançar 1m94cm de altura, bem mais do que o 1m85cm do pai e um pouco acima do 1m93cm de Alisson, do Inter.
A estatura não está longe da dos colegas. Hoje a maioria é de grandalhões, um pouco mais, um pouco menos. O que faz a diferença é a evolução técnica. Segundo Vinícius, com alguns meses de trabalho, João Vítor, em qualidade, já mudou de turma.
– A evolução é notável, com tendência de crescer mais. Inteligência, comprometimento e dedicação ajudam. Ele jamais faltou um treino e o crescimento é notável – falou Vinícius.
João tinha um ano e meio quando Danrlei se transferiu para o Atlético-MG – ele é fruto do segundo casamento de Danrlei, com Marília. Com a primeira mulher, Michele, tem Raíssa, de 19 anos, e com a atual, Juliana, é pai de Isabela, de um ano e meio, e aguarda o nascimento de Rafaela.
Para recuperar o passado, o garoto se tornou o maior pesquisador dos vídeos do pai. Ao mesmo tempo estuda, faz anotações e curte idolatria explícita.
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