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Ticiano Osório: 'O gol de Douglas e o duplo deleite do delay'

O Pippo's Bar, a vitória do Grêmio sobre o Atlético-MG e o futuro da nação tricolor


Fonte: ZH

Ticiano Osório: O gol de Douglas e o duplo deleite do delay
Foto: Thomas Santos / AGIF/Lancepress!

Eu gosto de delay. Ou, pelo menos, aprendi a gostar daquela eternidade entre o que o rádio descreve e o que a TV mostra. Depende de alguns fatores extracampo. Você precisa estar no lugar certo, precisa saber a hora certa de usá-lo (não recomendo em decisões por pênaltis), precisa – fundamentalmente – não ouvir a transmissão radiofônica da partida. Deixe as ruas narrarem o jogo.

onde, a cada jogo de Grêmio ou Inter, uma ruidosa turma de amigos se reúne. É o Pippo's, na Protásio Alves. Eu nem precisaria estar com a televisão ligada – efusivamente, eles me "avisam" quando sai um gol, quando o juiz deixa de assinalar um pênalti, quando o Pedro Rocha perde um gol feito. Estou no lugar certo e do lado certo: na noite de 22 de julho, tentando colocar minhas filhas para dormir, estranhei a algazarra que entrava pelas janelas. Achei catártica demais a comemoração. Resolvi ligar a TV: era o gol de Gignac.

Nunca fui ao Pippo's para acompanhar um jogo, mas é como se o Pippo's sempre viesse a minha casa. Compartilhamos das mesmas paixões: torcer pelo Grêmio e secar o Inter. Há quem diga que não necessariamente nessa ordem, mas, ultimamente, estamos embriagados menos de schadenfreude e mais de esperança. Desde que Roger Machado assumiu, o time se transformou – de Imortal Tricolor a Tricolor Mortal. De um time que investia demais na alma para um time que investe naquilo que, de fato, ganha jogo: trabalho.

O ápice dessa metamorfose não foi a goleada de 5 a 0 no Gre-Nal de domingo, mas, sim, o gol de Douglas na vitória sobre o Atlético-MG, quinta-feira, no Mineirão. Uma obra de arte lapidada pelos intensos treinamentos e pela confiança que Roger dá a seus comandados. Só em sonho um gremista imaginaria aquela exuberante troca de passes, da lateral direita do campo de defesa à ponta esquerda do ataque, 23 toques, sete jogadores e 23 segundos sem que um atleta do Atlético conseguisse interromper o lance.

E aqui entra o tal do duplo deleite do delay. Esses seis segundos mágicos, que transfiguram a percepção de um lance. Enquanto, pela TV, eu via Galhardo, Walace e Pedro Rocha tentando tirar o Grêmio do sufoco, da rua já escutava a excitação por conta da tabelinha engendrada pelos dois últimos com Maicon e Luan. Quando essas imagens atrasadas chegaram a mim, o pessoal do Pippo's já fazia barulho com a liberdade de Douglas na meia-cancha. No momento em que vi Giuliano avançar, o final feliz já havia transbordado o bar para a calçada da Protásio. Quando, enfim, vi o gol, foi como se – sei lá – eu gozasse duas vezes.

Tomara que o Pippo's me antecipe o fim de um delay de 14 anos...

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