Diego Souza encerra carreira brilhante nos gramados e vira espectador dedicado.

Diego Souza encerra carreira de 20 anos e assume o papel de torcedor apaixonado pelos seus clubes do coração.


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Diego Souza encerra carreira brilhante nos gramados e vira espectador dedicado.

Um adeus à distância para diminuir a saudade e relembrar os tantos momentos bons. Diego Souza decidiu se aposentar. Ponto final a uma carreira de 20 anos, muitos namoros e três casamentos apaixonados: Vasco, Sport e Grêmio. Recordista entre os que vestiram a camisa dos clubes mais tradicionais do Brasil, o agora ex-volante, ex-meia e ex-centroavante assume o papel de torcedor entre Rio, Recife e Porto Alegre. Foi no Leão, inclusive, que viveu seus últimos momentos como profissional. Diego Souza defendeu o Sport em 11 jogos na última Série B, marcou um gol e pendurou as chuteiras. A decisão foi amadurecida nas férias e anunciada em entrevista ao ge: - A partir de agora, eu só vejo futebol pela televisão, no estádio. Vou torcer pelos meus amigos, mas eu estou decidindo parar de jogar. Vou curtir um pouco mais os meus filhos, a minha família. Foi bom, gosto bastante da minha profissão, mas decidi que dentro de campo, agora só na brincadeira. Revelado pelo Fluminense, Diego defendeu ainda Benfica, Flamengo, Grêmio, Palmeiras, Atlético-MG, Vasco, Al Ittihad, Cruzeiro, Metalist, Sport, São Paulo e Botafogo. Desde a estreia aos 18 anos vestindo tricolor até o adeus, foram 943 jogos e 275 gols. Trajetória que o levou a defender a Seleção em sete partidas com dois gols marcados. - Teve momentos bons para caramba, teve momentos ruins, mas eu sempre estava lá. Eu nunca corri da minha responsabilidade, nunca deixei de estar dentro de campo, até porque era uma coisa que eu sempre gostava muito de fazer. Ainda mais quando era jogo grande. Quando era jogo grande, aí que eu gostava de estar dentro de campo, porque era ali que eu gostava de jogar bem. Agora aposentado, Diego Souza ainda não tem planos do que vai fazer profissionalmente. O futevôlei e as viagens com a família são prioridade, assim como a torcida pelos três clubes que mais tocaram seu coração. No último domingo, por exemplo, ele já foi ao Maracanã na companhia do filho Davi, vascaíno fanático, no clássico com o Flamengo. - Eu, com certeza, até o resto da minha vida vou assistir jogo do Vasco, do Grêmio e do Sport. - Esses três times, não vai ter como. Jogos importantes, finais, alguma coisa eu vou sempre ver. Aqui no Rio com mais frequência, mas com certeza em Porto Alegre e Recife torcendo por essas equipes e podendo festejar muitas e muitas vezes. Até porque, meu filho é vascaíno doente, está agora com a camisa do Vasco, e sabe tudo de futebol. Com certeza vai ser o meu companheiro para curtir como torcedor.

Diego Souza anuncia aposentadoria — Foto: André Durão / ge
Crédito: André Durão / ge

Na minha carreira inteira, eu nunca tive lesões, nunca fiquei mais de um mês parado. E, ano passado, eu sofri demais com lesões, com o meu joelho que eu tinha operado e com uma hérnia que eu já vinha carregando há algum tempo. Isso tudo fez com que eu parasse para pensar. Ainda bem que foi no final, mas está tudo bem e decidi parar de jogar com a cabeça bem tranquila. Você volta ao Sport e foi um ano muito difícil. Você é um grande ídolo lá. Eu queria saber como foi viver esse ano de Série B sem conseguir o acesso. Isso de alguma forma te fez acelerar também esse processo de amadurecimento da decisão pela aposentadoria?

Diego Souza anuncia aposentadoria — Foto: André Durão / ge
Crédito: André Durão / ge

Olha, não. Eu não conversei com ninguém ainda. Só quem sabe dessa situação, é até a primeira vez que eu falo sobre isso, é meu pai, minha família, meu empresário. Não tem muito na minha cabeça dessa situação de fazer uma despedida. Se acontecer vai ser legal, mas se não acontecer também vai continuar bem tranquilo. Até porque foi muito legal o que eu vivi dentro de campo e isso ninguém vai apagar, isso vai ficar na minha cabeça pra sempre.

Estavam há não sei quantos meses de salários atrasados, imagem nem se fala, deixamos de concentrar véspera de jogo, mas nunca deixamos de honrar a camisa do Vasco ou perder a essência do nosso futebol. Fizemos os protestos que tínhamos que fazer. Até porque, falaram que iam acertar em janeiro, chegou janeiro, fevereiro, março, abril e nada acontecia. E seguimos fortes! Os líderes do grupo foram fundamentais para aquilo não desandar, seguimos com o foco e fomos fortes até onde deu. Não que perdemos por isso, mas lá no fundo os Deuses do futebol falaram. A sorte acaba puxando um pouquinho, bateu na luva dele e a bola foi para fora. Queria muito ter conquistado muito mais pelo Vasco, sem dúvidas, mas foi um ano difícil. Tudo o que desmoronou depois daquilo ali não foi à toa. Infelizmente, as coisas eram maquiadas e os jogadores que estavam naquele momento foram muito fora da curva para deixar tudo de lado, entrar em campo e ganhar. Desde 2011, quando, jogando dentro ou fora de casa, ganhávamos de todo mundo. Fomos até a última rodada brigando com o Corinthians. E com todo o respeito, sendo muito prejudicados. Só eu fiz uns três gols legais e que fomos prejudicados sem o resultado da partida. Merecíamos, sim, ser campeões do Brasileiro e chegar mais longe na Libertadores. Não foi dessa maneira, mas sempre fomos de verdade e foi muito legal.

Diego Souza São Paulo — Foto: Eduardo Moura/ge.globo
Crédito: Eduardo Moura/ge.globo

Nada tira meu sono. Muitos me perguntam do lance que o Cássio pega minha bola o que poderia ter sido. Mas isso nunca tirou meu sono. Já fiz não sei quantos gols daquela maneira e perdi outros gols daquela maneira. Na minha profissão, com a minha equipe e minha qualidade, acontecia de estar naquela situação muitas vezes. Fui muito mais feliz do que triste, mas fui triste algumas vezes. Naquele momento, ele foi muito mais feliz. Era uma rivalidade boa, já vínhamos desde o ano anterior batalhando com o Corinthians no Brasileirão. Era uma equipe muito parecida com a nossa em termos de competitividade, de qualidade, e calhou de encontrar em uma quartas de final da Libertadores. É um lance onde eu ganho a jogada, eu corro, e pensei em tirar a bola do Cássio. Tirei e ele pegou. A gente acabou caindo nas quartas de final, tínhamos potencial para sermos campeões... Muitas pessoas não sabem o que envolve um time de futebol e pensam que é dar desculpa de um lance onde errei. Não, não vou dar desculpa nunca. O Cássio foi mais feliz. Eu poderia ter feito outra coisa? Não sei. Eu optei por tirar e fazer o gol. Se a gente ganha uma Libertadores daquele tamanho, a estátua do Dinamite e do Romário deveria ter mais umas 30 por tudo o que envolveu aquele ano e aquela equipe se abraçou para poder chegar aonde chegou desde 2011. Isso vale muito mais do que qualquer gol ou situação.

Doctor Talking to Football Player — Foto: Agência Reuters
Crédito: Agência Reuters

Na brincadeira, ele concordava. Mas tirando isso, acertei em seguir no Sport. O time brigou para não cair, mas o meu ano foi muito bom, voltei para a Seleção, joguei eliminatórias. Então, foi muito bom. Foram coisas que de repente mudariam uma trajetória porque o Grêmio realmente era muito bom e eu jogando de centroavante naquele time sem dúvidas conseguiria reagir com muito mais facilidade. E faltou alguma coisa na sua carreira? Olha, disputei uma final de Libertadores e fiquei no meio do caminho em algumas. Ganhar a Libertadores seria importante, mas fora isso não faltou empenho, dedicação, carinho, não faltou nada. Foi tudo na intensidade boa e da maneira que Papai do Céu quis. Só em eu não ter me machucado muito, poder ter trabalhado com saúde em todas as equipes que joguei, sou um cara privilegiado. A gente sabe como é difícil encarar as pedras no caminho, mas esse tipo de pedra graças a Deus o meu caminho tinha menos pedras de lesão. Isso foi maravilhoso por não ter que me recuperar. Vejo meus companheiros sofrendo demais com isso, tive poucas agora no final e já foi muito ruim. Imagina se eu tivesse tido no decorrer da carreira. Sou muito grato por isso. Momentos dentro de jogos que tenham te marcado ou feito você remoer quando deitava a cabeça no travesseiro.

Diego Souza anuncia aposentadoria — Foto: André Durão / ge
Crédito: André Durão / ge

Nada tira meu sono. Muitos me perguntam do lance que o Cássio pega minha bola o que poderia ter sido. Mas isso nunca tirou meu sono. Já fiz não sei quantos gols daquela maneira e perdi outros gols daquela maneira. Na minha profissão, com a minha equipe e minha qualidade, acontecia de estar naquela situação muitas vezes. Fui muito mais feliz do que triste, mas fui triste algumas vezes. Naquele momento, ele foi muito mais feliz. Era uma rivalidade boa, já vínhamos desde o ano anterior batalhando com o Corinthians no Brasileirão. Era uma equipe muito parecida com a nossa em termos de competitividade, de qualidade, e calhou de encontrar em uma quartas de final da Libertadores. É um lance onde eu ganho a jogada, eu corro, e pensei em tirar a bola do Cássio. Tirei e ele pegou. A gente acabou caindo nas quartas de final, tínhamos potencial para sermos campeões... Muitas pessoas não sabem o que envolve um time de futebol e pensam que é dar desculpa de um lance onde errei. Não, não vou dar desculpa nunca. O Cássio foi mais feliz. Eu poderia ter feito outra coisa? Não sei. Eu optei por tirar e fazer o gol. Se a gente ganha uma Libertadores daquele tamanho, a estátua do Dinamite e do Romário deveria ter mais umas 30 por tudo o que envolveu aquele ano e aquela equipe se abraçou para poder chegar aonde chegou desde 2011. Isso vale muito mais do que qualquer gol ou situação.

Doctor Talking to Football Player — Foto: Agência Reuters
Crédito: Agência Reuters

O melhor técnico com quem trabalhou? Trabalhei com bastante, muitos, mas Papai Renato é fora (de série). Esse fica aqui e os outros disputam entre eles. Treinador igual ao Renato não tem. É difícil encontrar um cara que dá toda liberdade, tranquilidade, confiança para você só jogar futebol. É fora da curva. Sabe muito de bola, conhece, jogou muito, e sabe lidar no dia a dia. É uma coisa que alguns chegam próximo, mas não têm a personalidade que ele tem para lidar com tudo quanto é tipo de situação. De A a Z, ele sabe lidar com todo tipo de situação da mesma maneira sempre. Isso não tem preço. É um cara que todo jogador merecia ter uma oportunidade de trabalhar para saber o que eu estou dizendo. É um cara fantástico, virou meu amigo, e torço muito por ele. Você jogou em nove dos chamados 12 clubes grandes do Brasil, jogou no Sport que também é muito grande, e teve uma longevidade em clubes de massa. Isso te dá orgulho? Sem dúvidas! Fui um cara bem-quisto pelas melhores equipes do Brasil. Me dá orgulho, meus amigos falam que eu só joguei em time grande e fico feliz. Sempre em equipes de massa, de torcida, e eram sempre jogos com equipes de rivalidade, que era o que me motivava a jogar e entrar em campo com muito mais raiva. Eu acho que todo esporte se a gente não entrar com raiva para ganhar, não consegue dar o melhor.

Diego Souza São Paulo — Foto: Eduardo Moura/ge.globo
Crédito: Eduardo Moura/ge.globo


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