Árbitros discutem greve, mas mantêm rodada do Brasileiro no fim de semana

Assembleias serão realizadas em todo o Brasil nesta quinta-feira. Anaf não descarta paralisação por conta do veto ao direito de arena, mas antes quer esgotar o diálogo


Fonte: GloboEsporte

Árbitros discutem greve, mas mantêm rodada do Brasileiro no fim de semana
Marco Antônio Martins, presidente da Anaf, elogiou postura dos árbitros na rodada (Foto: Daniel Mundim)

Após o protesto simbólico desta quarta-feira antes das sete partidas válidas pela Série A do Brasileiro, os sindicatos de arbitragem nos 26 estados mais o Distrito Federal realizam assembleias gerais nesta quinta-feira para debater a possibilidade de greve que interromperia as quatro principais divisões do futebol no país. As duas iniciativas são uma resposta ao veto do pagamento do direito de arena pela presidente Dilma Rousseff ao sancionar a Medida Provisória 671 (MP do Futebol), que refinancia as dívidas dos clubes, estimadas em R$ 4 bilhões, em troca de uma gestão mais profissional e maior rigor na punição dos dirigentes corruptos.

Tal item garante aos árbitros o repasse de 0,5% dos valores de transmissão da TV. Todas as assembleias estão marcadas para começar às 19h30 (horário de Brasília). A previsão é que o resultado seja divulgado por volta das 21h. Mesmo que uma paralisação seja aprovada, o presidente da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (Anaf), Marco Antônio Martins, afirmou que a rodada do próximo fim de semana nas Séries A, B, C e D não sofrerá nenhuma alteração.
- A rodada do fim de semana nas Séries A, B, C e D do Campeonato Brasileiro está garantida, pois a escala de arbitragem já sai na tarde desta quinta-feira e a gente não quer atrapalhar ninguém. Para o fim de semana está tudo mantido. Se tiver que ocorrer alguma paralisação, vamos comunicar com a devida antecedência para que ninguém seja prejudicado.

O presidente da Anaf acredita num grande comparecimento dos árbitros e assistentes. Segundo ele, a manifestação da última quarta-feira foi muito importante para o movimento. Na ocasião, os quartetos de arbitragem das sete partidas válidas pela 18ª rodada fizeram um minuto de silêncio no centro do campo e levantaram a placa que indica substituições com os números zero e cinco, em referência ao item da MP do Futebol vetado pelo poder executivo sobre o direito de arena. A única exceção foi na partida entre Internacional e Fluminense, no Beira-Rio, onde apareceu o número da Medida Provisória (671) para não parecer provocação ao clube gaúcho, que vinha de derrota por 5 a 0 para o arquirrival Grêmio.

- A mobilização de ontem à noite (quarta-feira) foi histórica e mostrou que a arbitragem brasileira está unida. Tivemos a preocupação de não prejudicar os espetáculos. O protesto foi realizado antes de a bola rolar, e os jogos não atrasaram. A iniciativa teve uma repercussão muito positiva na mídia. Todo mundo apoiou. Acho que conseguimos chamar a atenção para as condições de trabalho dos árbitros. Houve muita repercussão em virtude de como anda a atividade de árbitro no Brasil. Só tenho que agradecer aos árbitros e assistentes, que tiveram coragem e entenderam a importância de participar do movimento. Não posso afirmar com exatidão como será o nível de comparecimento dos árbitros e assistentes nas assembleias, mas no meu estado, Santa Catarina, a participação vai ser em massa. Nos demais, não deverá ser diferente.

Na última segunda-feira, o presidente da Anaf, acompanhado de membros de sua diretoria e dos árbitros Péricles Bassols (RJ) e Marcelo de Lima Henrique (PE), esteve reunido com o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, para expor a posição da classe. Apesar de se posicionar contrária à uma paralisação, a entidade máxima do futebol brasileiro é favorável à uma negociação para debater a reivindicação. Segundo Marco Antônio é difícil fazer uma previsão sobre o que será decidido nas assembleias, pois quem vai decidir são os próprios árbitros, mas ele acredita que independente do resultado a classe não vai desistir dos seus objetivos.

- Enquanto não sentarmos para conversar sobre o assunto, o movimento não vai parar. Muita gente achava que não haveria este protesto, que não teríamos força para fazer isso, mas aconteceu. Nossa intenção é esgotar todas as formas de diálogo antes de partir para uma greve. Vamos esperar o resultado das assembleias para retomar a negociação

Num primeiro momento, a reivindicação vai ficar centrada na questão do direito de arena para a mobilização não perder o seu foco. No entanto, os árbitros pretendem discutir outros temas como patrocínio nos uniformes e melhores condições de trabalho.

- Nossa luta não é apenas pelo aspecto financeiro. Desejamos, entre outras coisas, que ninguém exerça a profissão sem diploma e sem as condições mínimas de trabalho para que a gente possa gerir a nossa própria carreira.

O Brasil tem cerca de 85 mil árbitros, incluindo o das ligadas amadoras, que também têm direito a voto de acordo com o estatuto de cada sindicato. Deste total, aproximadamente 600 são filiados à CBF, enquanto outros cinco mil são ligados às federações estaduais.

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