Árbitros marcam assembleias gerais nesta quinta-feira para discutir greve

Sindicatos de arbitragem se reunirão em todo o país para debater o assunto. Classe está insatisfeita com veto no texto da MP do Futebol que dava bônus aos juízes


Fonte: GloboEsporte

Árbitros marcam assembleias gerais nesta quinta-feira para discutir greve
Marco Antônio Martins, presidente da Anaf, é favorável à greve dos árbitros (Foto: Daniel Mundim)

Os 27 sindicatos de arbitragem do país farão assembleias gerais em seus respectivos estados para discutir uma possível greve que pode paralisar todas as Séries do Campeonato Brasileiro. O debate foi originado após a presidente Dilma Rousseff vetar um dos itens da Medida Provisória 671 (MP do Futebol). O item fala do direito de arena dos árbitros, que teriam repasse de 0,5% dos valores de transmissão da TV. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (Anaf), Marco Antônio Martins, os encontros estão marcados para quinta-feira e escolherão as medidas tomadas pela entidade. Cabe à categoria marcar o início da greve, que atingiria as quatro divisões nacionais.

- Já tivemos um encontro com 40 árbitros no Rio, na última sexta. Vamos impetrar uma liminar na Justiça solicitando que não exibam mais nossas imagens nas transmissões. Na quinta, teremos uma assembleia geral em todos os estados para definir que tipo de reivindicação faremos à CBF. Apresentamos nossa pauta na CBF numa reunião na segunda-feira, pedindo apoio à MP (à inclusão do item vetado). Pedimos que a CBF interfira junto aos clubes para que a gente possa receber nossos direitos - explicou Marco, que não soube dizer como seria a restrição à veiculação das imagens dos árbitros.

Marco Antônio disse ainda que quem vai decidir se haverá ou não a greve são os sindicatos. A resposta de todos os estados deve sair até o fim de quinta-feira.

- Isso está como ponto de pauta na assembleia. A categoria que vai decidir, mas a Associação Nacional é favorável à greve. O movimento não é contra ninguém e sim favorável à arbitragem.

Na última segunda-feira, o presidente da Anaf, acompanhado de membros de sua diretoria e dos árbitros Péricles Bassols (RJ) e Marcelo de Lima Henrique (PE), esteve reunido com o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, para debater a questão do veto e outros assuntos. Segundo o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF não é pensamento dos próprios árbitros fazer uma greve neste momento, pois não querem ser considerados aproveitadores.

- Com relação às assembleias, eu posso dizer que os árbitros são por natureza cumpridores de regra, não costumam sair por aí burlando as normas. Vivemos num país democrático, onde os árbitros puderam exercer o seu direito de expor as suas opiniões sobre o direito de arena, mas isso não pode ser um ato político. Antes de pensar em fazer qualquer greve, eles devem esgotar todas as tentativas de diálogo e deixar as coisas serem resolvidas com calma. Se eles conseguiram convencer tanta gente sobre a importância dessa reivindicação é direito deles continuar pleiteando para tentar derrubar o veto, mas sem atitudes radicais. A questão do veto presidencial não tem a ver com a CBF. A própria entidade e os clubes tiveram pontos do seu interesse que também foram vetados na versão final da MP do Futebol.

Na opinião de Sérgio Corrêa, os árbitros têm uma pautas positivas na CBF não apenas no aspecto financeiro, e a entidade tenta atender as reivindicações na medida do possível.

- A CBF procura satisfazer todos os pedidos dos árbitros, mas dentro da possibilidade da entidade, das federações e dos clubes. Neste ano, por exemplo, eles tiveram a reposição de 6,28% referentes a ônus anteriores. Cada vez mais investimos na qualificação dos árbitros. Atualmente estamos implementando cinco cursos ao mesmo tempo. São 160 pessoas passando por avaliação técnica e teórica.

O repasse de 0,5% dos direitos de transmissão da TV significaria, segundo o presidente da Anaf, R$ 9 milhões, que seriam distribuídos à classe por campeonato. Ainda de acordo com Martins, isso renderia algo em torno de R$ 10 mil por partida ao quarteto de arbitragem. Atualmente, os árbitros que possuem escudo Fifa ganham cerca de R$ 4 mil por jogo. Um aspirante à Fifa recebe por volta de R$ 3,2 mil e os demais ficam com R$ 3 mil, todos em valores brutos.

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