Foto: Divulgação / Divulgação
O Gre-Nal sempre começa antes dos 90 minutos desde o século passado.
Com 106 anos de vida, o clássico 407, o 51º da história do Campeonato Brasileiro, lançado em 1971, ouviu o apito inicial nos largos corredores da sede da CBF na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, semanas atrás. Indignado com a arbitragem gaúcha, o que gera até hoje um desconforto entre os presidentes Romildo Bolzan Júnior e Francisco Novelletto, o Grêmio pediu um árbitro de fora do Estado na Arena.
Num gesto de boa-vontade, a frágil CBF, que faz tudo o que os grandes clubes brasileiros pedem depois do escândalo Fifagate, ofereceu o paraense Dewson de Freitas, 34 anos, que, por sua vez, venceu o sorteio com o paranaense Heber Roberto Lopes. Com a pressão gremista, a CBF mudou os critérios rapidamente e escalou árbitros de Estados diferentes nos três clássicos regionais da 17ª rodada do Brasileirão no Rio Grande do Sul, em São Paulo e em Santa Catarina.
– Ele é um árbitro jovem, tem qualidades e futuro. É também uma das novas apostas da CBF. O Gre-Nal será um dos jogos mais importantes neste começo de carreira do paraense. Mas, precavida, a comissão de arbitragem mandou o carioca Marcelo de Lima Henrique, que é experiente em clássicos, como quarto árbitro. O Marcelo conhece todos os caminhos do Gre-Nal e vai ajudá-lo – avalia o ex-árbitro Carlos Simon, Copas do Mundo e Gre-Nais no currículo.
Dewson, que é de pouco diálogo e muito cartão, que não gosta de dar entrevistas e prefere distância de festas e eventos, nasceu no Pará, terra que gerou três árbitros Fifa nos últimos 85 anos – os outros foram Gilberto de Almeida Rego, que apitou na Copa do Mundo do Uruguai de 1930, e Alberto da Gama Malcher, que trabalhou no Mundial do Brasil em 1950. Dewson nem gostava de jogar futebol na infância na periferia de Belém.
– Ganhei uma chuteira quando criança. Nunca usei. Criou teia – comentou entre risos certa vez numa rara entrevista. O que ele desejava mesmo era cuidar dos jogos, organizar as partidas, comandar os jogadores. Aos 13 anos, começou a apitar peladas nos retângulos de terra batida ou no asfalto marcado com tinta na periferia de Belém. Gostou.
Adolescente, começou a controlar encontros amadores, mas com clima de final de campeonato, durante dois anos nos bairros de Tapanã, Bengui, Marambaia, Tenoné e Icoaraci. Entrou ainda muito jovem no curso de arbitragem da Federação Paraense de Futebol e fez sua estreia profissional em 2005. Desde então, cresceu na carreira. Acumulou todos os prêmios possíveis envolvendo um juiz de futebol no Pará. Ganhou o Brasil. Sonha com a América antes de uma Copa.
Entre 2005 e 2012, quando foi promovido a aspirante Fifa, apitou clássicos entre Paysandu e Remo – dirigentes e torcedores não gostam dele, o acham enérgico demais e pouco tolerante com os jogadores – penou na Série B, passou bem pela Copa do Brasil e chegou a Série A. Ganhou a maioridade na arbitragem nacional na tarde de 21 de setembro do ano passado quando dirigiu um vistoso Fla-Flu (1 a 1) no Maracanã. Não escapou das críticas de Vanderlei Luxemburgo, então comandante rubro-negro.
– Entra ano, sai ano, e estamos falando de problema de arbitragem. Aí vem um árbitro de outros centros, com menos clássicos, que não está acostumado, e acontece isso daí – queixou-se Luxa.
Simon não acha certo chamar árbitros de fora do Estado em tardes de decisão no Rio Grande do Sul.
– Quer dizer que o árbitro gaúchos da Fifa que apita jogos das Eliminatórias de Copa do Mundo, da Libertadores e da Sul-Americana não podem apitar um clássico regional? Não entendi. O Anderson Daronco e o Leandro Vuaden são melhores do que o Dewson.
O diretor do Departamento de Árbitros da Federação Gaúcha de Futebol, Luiz Fernando Gomes Moreira, também não gostou:
– Sou contra, mas respeito os critérios da CBF. São eles que escalam. O árbitro que vem é bom, não o questiono.
O Gre-Nal será o 10º trabalho de Dewson na Série A nesta temporada. Sua média de faltas marcadas por partida é de 20,67, a menor entre todos os 22 árbitros do Brasileirão. Bom para o clássico gaúcho, famoso pelo número de faltas e pelo jogo truncado que apresenta desde sempre. Nos últimos cinco jogos com o exigente professor de educação física Dewson de Freitas no apito, os times que jogaram em casa nunca perderam. Venceram duas vezes. Empataram três. Numa delas, o Inter superou o Santos, 1 a 0.
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O Gre-Nal sempre começa antes dos 90 minutos desde o século passado.
Com 106 anos de vida, o clássico 407, o 51º da história do Campeonato Brasileiro, lançado em 1971, ouviu o apito inicial nos largos corredores da sede da CBF na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, semanas atrás. Indignado com a arbitragem gaúcha, o que gera até hoje um desconforto entre os presidentes Romildo Bolzan Júnior e Francisco Novelletto, o Grêmio pediu um árbitro de fora do Estado na Arena.
Num gesto de boa-vontade, a frágil CBF, que faz tudo o que os grandes clubes brasileiros pedem depois do escândalo Fifagate, ofereceu o paraense Dewson de Freitas, 34 anos, que, por sua vez, venceu o sorteio com o paranaense Heber Roberto Lopes. Com a pressão gremista, a CBF mudou os critérios rapidamente e escalou árbitros de Estados diferentes nos três clássicos regionais da 17ª rodada do Brasileirão no Rio Grande do Sul, em São Paulo e em Santa Catarina.
– Ele é um árbitro jovem, tem qualidades e futuro. É também uma das novas apostas da CBF. O Gre-Nal será um dos jogos mais importantes neste começo de carreira do paraense. Mas, precavida, a comissão de arbitragem mandou o carioca Marcelo de Lima Henrique, que é experiente em clássicos, como quarto árbitro. O Marcelo conhece todos os caminhos do Gre-Nal e vai ajudá-lo – avalia o ex-árbitro Carlos Simon, Copas do Mundo e Gre-Nais no currículo.
Dewson, que é de pouco diálogo e muito cartão, que não gosta de dar entrevistas e prefere distância de festas e eventos, nasceu no Pará, terra que gerou três árbitros Fifa nos últimos 85 anos – os outros foram Gilberto de Almeida Rego, que apitou na Copa do Mundo do Uruguai de 1930, e Alberto da Gama Malcher, que trabalhou no Mundial do Brasil em 1950. Dewson nem gostava de jogar futebol na infância na periferia de Belém.
– Ganhei uma chuteira quando criança. Nunca usei. Criou teia – comentou entre risos certa vez numa rara entrevista. O que ele desejava mesmo era cuidar dos jogos, organizar as partidas, comandar os jogadores. Aos 13 anos, começou a apitar peladas nos retângulos de terra batida ou no asfalto marcado com tinta na periferia de Belém. Gostou.
Adolescente, começou a controlar encontros amadores, mas com clima de final de campeonato, durante dois anos nos bairros de Tapanã, Bengui, Marambaia, Tenoné e Icoaraci. Entrou ainda muito jovem no curso de arbitragem da Federação Paraense de Futebol e fez sua estreia profissional em 2005. Desde então, cresceu na carreira. Acumulou todos os prêmios possíveis envolvendo um juiz de futebol no Pará. Ganhou o Brasil. Sonha com a América antes de uma Copa.
Entre 2005 e 2012, quando foi promovido a aspirante Fifa, apitou clássicos entre Paysandu e Remo – dirigentes e torcedores não gostam dele, o acham enérgico demais e pouco tolerante com os jogadores – penou na Série B, passou bem pela Copa do Brasil e chegou a Série A. Ganhou a maioridade na arbitragem nacional na tarde de 21 de setembro do ano passado quando dirigiu um vistoso Fla-Flu (1 a 1) no Maracanã. Não escapou das críticas de Vanderlei Luxemburgo, então comandante rubro-negro.
– Entra ano, sai ano, e estamos falando de problema de arbitragem. Aí vem um árbitro de outros centros, com menos clássicos, que não está acostumado, e acontece isso daí – queixou-se Luxa.
Simon não acha certo chamar árbitros de fora do Estado em tardes de decisão no Rio Grande do Sul.
– Quer dizer que o árbitro gaúchos da Fifa que apita jogos das Eliminatórias de Copa do Mundo, da Libertadores e da Sul-Americana não podem apitar um clássico regional? Não entendi. O Anderson Daronco e o Leandro Vuaden são melhores do que o Dewson.
O diretor do Departamento de Árbitros da Federação Gaúcha de Futebol, Luiz Fernando Gomes Moreira, também não gostou:
– Sou contra, mas respeito os critérios da CBF. São eles que escalam. O árbitro que vem é bom, não o questiono.
O Gre-Nal será o 10º trabalho de Dewson na Série A nesta temporada. Sua média de faltas marcadas por partida é de 20,67, a menor entre todos os 22 árbitros do Brasileirão. Bom para o clássico gaúcho, famoso pelo número de faltas e pelo jogo truncado que apresenta desde sempre. Nos últimos cinco jogos com o exigente professor de educação física Dewson de Freitas no apito, os times que jogaram em casa nunca perderam. Venceram duas vezes. Empataram três. Numa delas, o Inter superou o Santos, 1 a 0.
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