Ao contrário das vozes majoritárias do futebol nacional, o técnico da seleção Pan-Americana, Rogério Micale entende que, sim, o país enfrenta uma crise grave no esporte: “Temos um problemão.'' Seu diagnóstico é de um Brasil estagnado em termos táticos, e incapaz de enxergar que está agarrado a conceitos ultrapassados. É contra essa corrente que ele quer seu time sub-22 que estreia neste domingo, no Pan-2015, diante do Canadá.
“Não estamos tentando aprender com o nosso passado. Estamos fincados no nosso passado porque ganhamos no nosso passado. E não olhamos para o frente. É como um carro. Se olhar para o retrovisor o tempo inteiro vai bater o carro. E já estamos com o carro todo batido'', analisou ele, em uma metáfora.
Para ele, é imprescindível agregar conceitos táticos e tipos de treinos praticados na Europa, embora adaptados às características nacionais. Na sua opinião, não há um problema técnico dos atletas nacionais, que ainda são de bom nível apesar de algumas carências. “Estamos estagnados taticamente. Precisamos enxergar que o mundo melhorou. Nós, como profissionais, precisamos melhorar.''
Nesta análise, ele entende que o Brasil não conseguiu ainda traçar um norte do que precisa ser feito. “Temos um problemão na mão. E não vai ter fácil de resolver. A não ser que exista uma mudança drástica de rumo'', contou. Questionado se a CBF entendeu essa necessidade de alterar tudo, repondeu: “Me contratou. E estou sempre questionando tudo.'' Ainda não teve tempo de conversar muito tempo com o treinador da seleção principal Dunga ou com o corrdenador Gilmar Rinaldi, por conta do calendário.
Os principais questionamentos de Micale são contra os conceitos arraigados no futebol. Há uma lista deles: goleiro não pode jogar com o pé, linha de zagueiros não pode atuar avançada, lateral tem que ir à linha de fundo e não cruzar por dentro, a bola não deve sair como o volante para evitar lances de perigo.
Para ilustrar seu ponto, relatou uma história do recente Mundial sub-20. Micale instruiu o seu goleiro Jean para jogar avançado no estilo Neuer para interceptar bolas de ataques adversários. Só que enfrentou uma barreira: o medo que há no futebol brasileiro dos goleiros de serem encobertos.
Adiantou o goleiro até a linha da área e mandou jogadores tentarem chutes do meio. Após várias tentativas, ninguém acertou. Assim convenceu seus comandados de era improvável acertar o chute de longe e valia a pena ter o um “líbero'' no gol. Jean interceptou mais de 30 bolas durante o Mundial.
Seu time armado para o Pan, assim como o Mundial, tem o goleiro adiantado, a linha de quatro zagueiros deve atuar bem avançada próxima do meio, os quatro jogadores da frente tem que pressionar a saída adversária o tempo inteiro. A ideia é que o time tenha uma distância de 35 metros entre o homem mais avançado e o mais atrás.
“Estou sentido muita diferença. Todo jogo é mais difícil para o zagueiro'', contou o zagueiro Gustavo Henrique, que atua no Santos. “Talvez o Brasil esteja atrasado na parte tática, no tipo de treinamento.''
Mais embasado está Lucas Piazon, que atua no Frankfurt, para ter opinião similar. No Brasil, só atuou na base do São Paulo, que diz ter uma boa estrutura. Ainda assim, viu bastante diferença quando chegou no Chelsea.
“No Brasil, tem três horas de treino, mas tem bate-papo, toma aguinha. Na Europa, é uma hora e meia, mas o treino é intenso durante esse período'', contou. Uma opinião que corrobora o que disse Daniel Alves à ESPN ao comparar treinos de Dunga aos da Europa, apesar dos elogios ao treinador brasileiro. Piazon vê em Micale a intenção de jogar de forma mais próxima a da europeia com linha de zagueiros avançada e os quatro da frente.
Os treinos mais intensos tentam fazer o jogador entender o que está realizando taticamente e exercitar sua capacidade cognitiva, explicou Micale. Mas um problema é que, no Brasil, a pressão sobre os treinadores os impede de desenvolver trabalhos a longo prazo, na sua opinião. Mas ele não exime a si mesmo a aos colegas de culpa. Falta mais estudo a todos que só se aplicam quando são demitidos.
Professor do curso da CBF de técnicos há cinco anos, em parceria com a Universidade de Minas Gerais, e técnico da base do Atlético-MG por seis anos, ele admitiu, no entanto, que não é qualquer seminário ou palestra que vai acrescentar a um profissional. “70% são horríveis''. Ressaltou que a discussão no futebol brasileiro, em geral, é rasa, seja entre técnicos, seja na mídia.
“Pessoas jogam conversa no ar, discussão vazia. Muitas vezes me pego pensando em desistir de tentar acrescentar alguma coisa porque me sinto frágil. Hoje, talvez as pessoas me ouçam porque fui vice campeão mundial e isso não serve para nada. Vai servir para me manter no emprego'', disse, sincero.
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Para ele, é imprescindível agregar conceitos táticos e tipos de treinos praticados na Europa, embora adaptados às características nacionais. Na sua opinião, não há um problema técnico dos atletas nacionais, que ainda são de bom nível apesar de algumas carências. “Estamos estagnados taticamente. Precisamos enxergar que o mundo melhorou. Nós, como profissionais, precisamos melhorar.''
Nesta análise, ele entende que o Brasil não conseguiu ainda traçar um norte do que precisa ser feito. “Temos um problemão na mão. E não vai ter fácil de resolver. A não ser que exista uma mudança drástica de rumo'', contou. Questionado se a CBF entendeu essa necessidade de alterar tudo, repondeu: “Me contratou. E estou sempre questionando tudo.'' Ainda não teve tempo de conversar muito tempo com o treinador da seleção principal Dunga ou com o corrdenador Gilmar Rinaldi, por conta do calendário.
Os principais questionamentos de Micale são contra os conceitos arraigados no futebol. Há uma lista deles: goleiro não pode jogar com o pé, linha de zagueiros não pode atuar avançada, lateral tem que ir à linha de fundo e não cruzar por dentro, a bola não deve sair como o volante para evitar lances de perigo.
Para ilustrar seu ponto, relatou uma história do recente Mundial sub-20. Micale instruiu o seu goleiro Jean para jogar avançado no estilo Neuer para interceptar bolas de ataques adversários. Só que enfrentou uma barreira: o medo que há no futebol brasileiro dos goleiros de serem encobertos.
Adiantou o goleiro até a linha da área e mandou jogadores tentarem chutes do meio. Após várias tentativas, ninguém acertou. Assim convenceu seus comandados de era improvável acertar o chute de longe e valia a pena ter o um “líbero'' no gol. Jean interceptou mais de 30 bolas durante o Mundial.
Seu time armado para o Pan, assim como o Mundial, tem o goleiro adiantado, a linha de quatro zagueiros deve atuar bem avançada próxima do meio, os quatro jogadores da frente tem que pressionar a saída adversária o tempo inteiro. A ideia é que o time tenha uma distância de 35 metros entre o homem mais avançado e o mais atrás.
“Estou sentido muita diferença. Todo jogo é mais difícil para o zagueiro'', contou o zagueiro Gustavo Henrique, que atua no Santos. “Talvez o Brasil esteja atrasado na parte tática, no tipo de treinamento.''
Mais embasado está Lucas Piazon, que atua no Frankfurt, para ter opinião similar. No Brasil, só atuou na base do São Paulo, que diz ter uma boa estrutura. Ainda assim, viu bastante diferença quando chegou no Chelsea.
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Os treinos mais intensos tentam fazer o jogador entender o que está realizando taticamente e exercitar sua capacidade cognitiva, explicou Micale. Mas um problema é que, no Brasil, a pressão sobre os treinadores os impede de desenvolver trabalhos a longo prazo, na sua opinião. Mas ele não exime a si mesmo a aos colegas de culpa. Falta mais estudo a todos que só se aplicam quando são demitidos.
Professor do curso da CBF de técnicos há cinco anos, em parceria com a Universidade de Minas Gerais, e técnico da base do Atlético-MG por seis anos, ele admitiu, no entanto, que não é qualquer seminário ou palestra que vai acrescentar a um profissional. “70% são horríveis''. Ressaltou que a discussão no futebol brasileiro, em geral, é rasa, seja entre técnicos, seja na mídia.
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