Arena dobra eventos em 1 ano e sonha com 'bairro do Grêmio' para decolar

Presidente da Arena Porto Alegrense, Eduardo Peña, recebeu o GloboEsporte.com em seu escritório no estádio gremista para falar sobre a evolução do equipamento


Fonte: GloboEsporte

Arena dobra eventos em 1 ano e sonha com bairro do Grêmio para decolar
O Atlético-MG tem a Cidade do Galo. O rival planeja a Cidade do Inter. O Grêmio caminha para criar o “seu” bairro e fomentar o uso da Arena como uma fonte de serviços para cerca de 9 mil pessoas que irão morar nos prédios construídos pela OAS ao lado do estádio. Essa é a saída para que a casa tricolor, enfim, ganhe efetivamente vida e se torne um espaço multiuso. Algo que, aos poucos, vai ocorrendo. Ainda em 2015, o local irá sediar o show do Pearl Jam, espera confirmação do Cold Play e quer ainda sediar a defesa do cinturão de Fabrício Werdum, lutador gremista do UFC.

Em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com em seu escritório, na área da empreiteira na Arena, o presidente da Arena Porto Alegrense, Eduardo Peña, falou sobre os próximos negócios a ser abertos na esplanada do estádio, a média de público para 2015 e próximos eventos que serão realizados na Arena. A ideia é que o estádio passe a ser mais procurado para a abertura de novas lojas com as seis torres de prédios que serão inauguradas entre setembro e outubro.

- O Grêmio tem que, de certa forma, se apropriar do bairro todo. Se vai ser um bairro que vai se identificar com o Grêmio - disse Peña.

Eduardo Peña é advogado e, aos 38 anos, assumiu o desafio de gerir a empresa que administra a Arena em março deste ano. Antes, era o diretor jurídico, cargo que ocupava desde 2013. Agora, tem a missão de liderar a Arena na metade do caminho restante rumo ao estádio efetivamente multiuso.


Presidente da Arena Porto Alegrense, Eduardo Peña falou sobre evolução do estádio (Foto: Diego Guichard)

> Confira trechos da conversa:

GloboEsporte.com: A Arena já tem vida?
Eduardo Peña: A ideia do projeto era ter uma sinergia entre o equipamento e todos os empreendimentos que estão sendo feitos. O prédio residencial alimenta a Arena, assim como a Arena alimenta o prédio comercial que está previsto, o shopping center e centro de eventos. O projeto foi para que existisse uma sinergia entre todos os empreendimentos e o equipamento. A tendência é que, os prédios estão sendo entregues, esse ano possivelmente haja pessoas vivendo aqui, estima-se, mais de 9 mil pessoas, tem mais uma série de torres previstas.

E gera o quê?
Os números exatos não sei, mas a previsão é de mais de 9 mil pessoas morando na região.

Vai transformar a área por aqui, certo?
Vão utilizar a Arena no seu dia a dia. É desejável que tenham os serviços aqui oferecidos pela Arena. Vou dar exemplos, supermercados, farmácias, restaurante. Um pool de lojas de serviços que é desejável que exista para atender toda essa demanda

Imagino que essa perspectiva também facilite na hora de negociar com os empresários.
O que interessa ao empresário é que haja realmente uma circulação de pessoas ali. À medida que ele verificar que existe, se torna mais atraente e sustentável. A tendência é que estas áreas, que já estão sendo comercializadas, a tendência é que potencialize.

O Grêmio divulgou que vai abrir a Hamburgueria aqui. O que mais está previsto para a esplanada?
A Hamburgueria, como o Grêmio bem noticiou, uma cafeteria, já existe a Grêmio Mania, haverá também uma casa de festas, especialmente festas infantis, que já está em obras. Não sei a data da inauguração. Imagino que o nome deve ser Arena Kids. O projeto não é nosso, mas, salvo engano, é Arena Kids. Acho que é nesta linha. Então, estes já estão na verdade definidos. Fora projetos novos, que a gente não pode falar porque não estão definidos. A tendência é de que estes negócios que já estão aqui ajudem a alavancar próximos, para tudo fazer sentido. Quanto mais gente eu tenho circulando na Arena, mas interessante é alguém colocar um restaurante. Hoje já tenho o escritório do Grêmio, o escritório nosso da Arena, tem todo o pessoal que trabalha no Arena Tour, que agora vai trabalhar no estacionamento, nas outras áreas de lojas. Isso vai tornando cada vez mais atraente para que novos empreendimentos venham.


Complexo residencial localizado ao lado da Arena do Grêmio (Foto: Diego Guichard)

No sentido de vida que falamos, é preciso criar um bairro do Grêmio, ou algo parecido com isso...
Acho que a tendência é essa. O Grêmio tem que, de certa forma, se apropriar do bairro todo. Se vai ser um bairro que vai se identificar com o Grêmio.

Há alguma ideia de vocês para fidelizar a região com a Arena? Algum projeto, algo do gênero?
Isso é especialmente uma missão do próprio clube, eu acho. Estamos abertos para receber a comunidade toda aqui. E recebemos. No Gre-Nal, identificamos dois senhores do bairro que infelizmente não podiam entrar no jogo, convidamos e eles vieram aqui no Gre-Nal. A gente foi muito bem recebido aqui na comunidade e recebemos eles muito bem aqui. Mas a ideia do bairro do Grêmio é algo que o clube irá capitanear, é uma ideia muito boa.

Quando os prédios podem ser entregues?
O que eu sei, a notícia que eu tenho, que a entrega seria para setembro ou outubro. Não sei se todos, mas as primeiras torres.

Sabemos que o objetivo é tornar a Arena realmente multiuso. Tem uma grande estrutura, mas tem potencial grande a acrescer. Em que ponto está a Arena?
Avançamos muito, estamos ultrapassando a metade do caminho. Já somos multiuso com relação a eventos, jogos de futebol, shows, festas. Já utilizamos amplamente, recebemos um curso de uma universidade, utilizamos o camarote vip para festa, campo para futebol, estacionamentos. Já avançamos muito. O que tem que ampliar é o pool de lojas que é a área que temos que desenvolver. Estamos ultrapassando a metade do caminho, tem muito a ser realizado, o que é natural. A Arena tem três anos, é natural, as coisas têm um período de maturação. Acredito que o mais importante é que o gráfico está ascendente. E não está regredindo.

Há uma previsão de salto no gráfico dos eventos. Falta ainda este salto para este setor comercial?
O que deu em relação aos eventos: dobraram o número de eventos. Tivemos ano passado 25 eventos, esse ano vamos para 50 eventos. Não só eventos pequenos, são de médio e grande porte. O show do Luan Santana trouxe para cá 20 mil pessoas, teremos o Pearl Jam agora que possivelmente vai trazer, não sei, 40 ou 50 mil pessoas. E tivemos eventos menores, de 5 mil, de 2 mil pessoas, e até o aniversário que trouxe 300 pessoas. Falo no número que duplicou também em relação a grandes eventos, que trazem grandes públicos. Nesta área tivemos um salto, no futebol, no público do futebol, tivemos mantido a média e até melhorado. Este ano vai ser melhor que ano passado. O desejado e esperado é que a gente dê este salto nesta área de lojas.

Trabalha-se com algum número ideal de eventos para que haja lucro?
Os eventos entregam resultado. Cada evento é pensado para dar um resultado que deve dar. Qualquer evento é desejável. A área já existe, temos uma área estruturada para isso. Se faço um evento para 4 mil pessoas, terei um resultado. Para 100 pessoas, muito menor, mas terá que entregar algum resultado, senão deixa de ser atraente.

Falamos da questão do UFC para receber a luta do Werdum. Como anda esse negócio?
As conversas iniciaram já, há algum tempo. Fomos procurados por empresários ligados ao Werdum demonstrando este interesse. Começou por lá, nos procuraram para sediar a luta. Apresentamos nossa estrutura, eles gostaram. A importância maior é que o Werdum tem esse desejo, é o campeão, e um gremista fanático que adora o Grêmio. Tem o desejo de lutar em casa. Na cidade dele e no estádio do clube dele. Começamos há algum tempo, tínhamos obstáculos a ser vencidos, que se era ou não possível cobrir a Arena e conciliar com o calendário do futebol. Ultrapassamos estes primeiros obstáculos e agora eles estão conversando com o UFC para viabilizar, demonstrar a estrutura que existe aqui e viabilizar a questão das datas.


Werdum entrou em contato para defender cinturão na Arena (Foto: Evelyn Rodrigues)

Tem alguma previsão de resposta?
Imagino que não deva tardar muito a resposta, estão nos Estados Unidos conversando. Quando voltarem da viagem, imagino que em duas semanas, podemos dar andamento a isso. Se for negativo, vamos saber logo. Se for positiva, vamos ter que trabalhar ainda em cima disso.

E aconteceria ainda neste ano?
A ideia é ser em 2015, até o final do ano. Eventualmente, a resposta pode ser que este ano não tem mais calendário e só será possível fazer no ano que vem.

Tem o lado positivo que já ocorreu o evento em Porto Alegre, no Gigantinho, todo mundo conhece. Ajuda?
Ajuda. E ainda mais ser um desejo do atleta, que está em um momento especial da carreira. E nossa estrutura. Quando olharem os vestiários que temos a oferecer, áreas de aquecimento, os camarotes, as diversas possibilidades de categorias de ingresso, que eles gostam de dividir, temos as cadeiras gold, camarotes, cadeiras gramado, a possibilidade de colocar cadeiras no próprio gramado. A iluminação. Tudo ajuda a convencê-los que é um lugar excelente para fazer. Tem a estrutura da imprensa, que vocês conhecem, que é bem organizado. Um auditório para fazer as entrevistas coletivas, a apresentação dos atletas, a pesagem. tudo está pronto. A casa está pronta. Não tem muito o que fazer.

A maior obra seria a cobertura?
A maior dificuldade que teria, que de certa forma já superamos, seria a cobertura. Já foi visto que é viável, isso não dito por mim, mas por especialistas.

Quem pagaria por isso?
A gente cede a casa, neste caso a proposta é que a gente ofereça a locação e os organizadores do evento se responsabilizam, se querem ou não cobrir e qual vai ser a cobertura.

E a venda dos naming rights, há previsão de negociação?
Hoje em dia não temos nada concreto. Acho que é algo que deve acontecer, é desejável que aconteça, a Arena está muito bem posicionada. Todo mundo que chega na cidade, seja pela rodovia ou de avião, enxerga a Arena. Seria uma exposição muito boa para uma marca colocar o nome no teto da Arena. Deve acontecer. Tem um período de estudo, é um investimento que não é baixo. Mas hoje não é concreto.

Tem o exemplo de sucesso do Palmeiras.
O exemplo do Palmeiras foi um caso de sucesso, apesar dos meios de comunicação. Quem chega a São Paulo e pede para ir ao Allianz Parque, o taxista não pergunta mais nada, sabe onde é. As pessoas já incorporaram e aceitaram o nome. Vai ser mais fácil ainda se o nome do clube for mantido, como a Fonte Nova. Acho que, apesar do problema com a mídia, que tem que ser resolvido, e vai ser, natural que seja, ainda é atraente. Acredito que seja uma boa exposição de imagem para o anunciante.

Negociar com a CBF, também. Recentemente eles cobriram a marca no Allianz Parque. É uma barreira?
Essas coisas, como são coisas novas, é natural. Serão superadas, porque certamente isso é para o bem de todos, para o bem do futebol. Vai acontecer. Esses primeiros ruídos são naturais.

E show do Cold Play, tem a chance? Como está a negociação?
Estamos com conversas com os empresários do Cold Play, é uma boa chance de eles virem. Vem andando bem. E há outras que não posso falar, que já pediram reserva de datas, que já vem conversando com a gente estudando a possibilidade de vir. Depende mais do calendário e se vão ou não fazer a turnê ou América do Sul do que por nós. É muito tranquila. Já sabem como funciona aqui, a conversa já é aberta. É mais questão de calendário deles para fechar e a gente poder divulgar para vocês.


Escritório da Arena conta com 60 pessoas no estádio (Foto: Diego Guichard/GloboEsporte.com)

Qual a importância destes grandes eventos? É um local consolidado, mas um show como esse mostra para o mundo a Arena como opção.
Dentro do que a gente vem falando, faz parte desta vida que a gente tem que dar para a Arena. É um espaço da cidade, espaço do qual a cidade tem que apropriar. Havendo shows aqui, é uma consagração do multiuso, deste projeto que no passado foi criado. É importantíssimo para o Grêmio, porque é divulgação do Grêmio mundo afora. O Grêmio é conhecido no mundo inteiro, mas reforça esta marca do Grêmio. É um presente para a cidade sempre que acontece estes eventos, é entretenimento. E para os torcedores do Grêmio, que poderão assistir ao show na sua casa.

Os gremistas são engajados, costumam vir mesmo em jogos pequenos. Como está a média dos números deste ano?
É uma grande verdade. Gauchão foi uma grande demonstração disso. Os torcedores vieram, gostaram e se divertiram. O torcedor é maravilhoso, em todos os aspectos, mas especialmente neste de presença. Gosta de assistir ao jogo no estádio. Temos uma média histórica de 24 mil, e a gente tende a chegar em 25 ou 26 mil de média. Já estamos com 20 mil, e o início do ano todo foi marcado por Gauchão, que tem uma média inferior historicamente. O Grêmio se posicionando muito bem no Brasileiro, a tendência é que a gente aumente e bate a média histórica.

Como é o trabalho para aumentar a ocupação de área mais caras?
Temos trabalhado muito para ocupar estas áreas de camarotes, convidando empresas para participarem, pessoas físicas que querem esse diferencial. Temos trabalhado mais estas áreas, também as cadeiras gold que oferecemos para pessoas jurídicas. E fora isso, o Grêmio tem chamado o público para vir ao estádio. Para assistir ao clube. A tendência é que melhore a medida que o torcedor vai se acostumando com o estádio, tendo o seu lugar, se acostumando a vir para esta região. Vendo que é fácil, que não é difícil, a tendência é que melhore. O pessoal do interior tem vindo muito também. Com a facilidade das estradas, boas aqui para a Arena.


Ao lado da Arena, tapumes mantêm imagem do projeto (Foto: Eduardo Moura)

Há muito o que evoluir nas atrações do dia da partida?
Acho que sempre tem espaço para melhora, mas temos buscado preencher as necessidades, tem feito coisas na esplanada, a ente traz eventualmente algum show, trazemos food trucks, estes outros espaços abertos no dia do jogo, hamburgueria, cafeteria, que vão auxiliar nesta atmosfera do entorno. Temos um grande avanço ao telão, que estamos com um conteúdo bom, com jogos históricos, ídolos do Grêmio, algo importante também para o matchday.

A região também ainda precisa de muitas obras de acesso, como a duplicação da AJ Renner…
Existem as obras previstas, algumas já concluídas aqui no entorno próximo da Arena, e outras que devem iniciar neste ano ainda, como a duplicação da AJ Renner, que vai ser maravilhoso para o equipamento. Vai facilitar o acesso das pessoas e pode ajudar também a média de público, que já é boa considerando a média nacional.

Qual tua origem e tua relação com o clube?
Tenho 38 anos, sou advogado, tive um tempo fora de Porto Alegre, retornei há pouco tempo. E me vi convidado a assumir este desafio, tem sido muito gratificante esta relação com o futebol e com o clube. Meu desejo é que a Arena contribua muito para o clube, que fundamentalmente é um estádio do Grêmio, então é a minha missão. Que funcione da melhor forma possível, que traga alegria ao torcedor, entretenimento, e, porque não, para a cidade e para o estado do RS.

Uma possível compra da gestão da Arena pelo Grêmio muda algo para vocês?
Eu realmente não me envolvo neste assunto, meu objetivo é fazer que o equipamento funcione, independente do que acontece com as partes em relação à compra da gestão. Independente do que aconteça, a gente vai fazer o equipamento funcionar da melhor forma possível para o nosso público. Que é o torcedor do Grêmio e a população de Porto Alegre.

Mas a equipe continua?
Não tenho informação de que se vai ou não continuar. Não tenho essa informação. Acho que seria bom que o Grêmio, se tiver a possibilidade de aproveitar o know-how da equipe já criada, seria melhor. Mas não tenho ideia do que vai acontecer. Acho que temos uma equipe qualificada, que conhece muito bem o equipamento. São 60 funcionários, muitos desde o início do projeto e conhecem cada detalhe. Aprenderam muito. E acho que o Grêmio ganharia em aproveitando esta equipe.

Houve chance de a Arena não sediar jogos do Grêmio?
Houve os ruídos, nos mantivemos tranquilos e continuamos trabalhando. Estas notícias aconteceram, mas nunca chegou a mim nenhuma determinação de fechar. Funcionamos normalmente. Circulou na imprensa ou em outros âmbitos. A minha missão sempre foi continuar e manter aberto para atender ao clube.





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