Novos conceitos, preparo e didática: como Roger fez 'mágica' no Grêmio

GloboEsporte.com detalha trabalho do técnico, considerado


Fonte: GloboEsporte

Novos conceitos, preparo e didática: como Roger fez mágica no Grêmio
Roger com o grupo do Grêmio (Foto: Lucas Uebel / Grêmio, DVG)

Ao final da vitória por 1 a 0 sobre o Cruzeiro, o vice de futebol do Grêmio, Cesar Pacheco, não se conteve diante dos quatro triunfos consecutivos da equipe de Roger Machado, inéditos no Brasileirão. Tratou o treinador como a "poção mágica" para os problemas apresentados pelo no início do Brasileiro. O aproveitamento de 76,19% com o técnico em sete jogos - superior ao do líder do Brasileirão, Sport - não é fruto de um passe de mágica. Mas sim, de uma rotina de treinos modernos, traçada de forma meticulosa pelo técnico para recolocar nos trilhos uma equipe desacreditada.

Imbuído de sua inseparável "intensidade", nova marca registrada do Tricolor dentro de campo, Roger atuou como um "vendedor de ideias" para contagiar os gremistas a abraçar sua filosofia de trabalhos. Também assumiu várias facetas. Ora estudioso e didático, ora prático e motivador, transformou o ambiente do Grêmio em um mês e meio de clube, para conduzi-lo ao G-4.

- Eu prezo muito pela questão coletiva aplicada no dia a dia. Eu não acredito que quem treine andando jogue correndo. É muito importante conseguir fomentar isso diariamente. Numa equipe que iniciou o Brasileirão com pouco crédito, resgatar a confiança é muito importante. Outro dia, o clube divulgou bastidores dos vestiários e apareceu eu falando de questões de motivação. O treinador tem muitas facetas. Uma delas é motivar e dar confiança para organizá-los dentro de campo. Consegui fazer uma leitura rápida e entender o que era necessário. Sou um vendedor de ideias. Se os atletas comprarem o que estou passando para eles, as coisas ficam mais fáceis - avalia o treinador.

Treinos modernos com atenção aos mínimos detalhes, cuidados dobrados com a preparação física, e um discurso motivacional com efeito imediato sobre os jogadores. Roger Machado encontra em seu dia a dia de trabalhos a explicação para o crescimento do Grêmio desde sua chegada. O GloboEsporte.com lista abaixo as mudanças implantadas na rotina gremista pelo atual comandante.

Moderno


Barreiras foram vestidas para orientar os atletas (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)

Logo em sua primeira entrevista como técnico do Grêmio, Roger Machado foi indagado sobre qual seria o segredo para as vitórias. A resposta foi direta: "Trabalho, trabalho, trabalho". Pois para o treinador trabalho é sinônimo de métodos modernos de treinamento. Além das tradicionais bola e traves, equipamentos como fitas, "bonecos" e cones têm a mesma importância na rotina de treinos dos gremistas, com atividades curiosas.

O primeiro sintoma das mudanças é a menor duração dos trabalhos, que costumam ocupar cerca de 45 minutos. À exceção de um jogo treino contra a equipe sub-20, os gremistas não realizaram treinos coletivos. O usual são atividades de movimentação e toques rápidos em campo reduzido, pelo menos nos períodos abertos aos olhos da imprensa.


Roger já usou três traves em treinamento (Foto: Eduardo Deconto/GloboEsporte.com)

Não para por aí. Para aprimorar a precisão nos arremates e passes, o treinador já utilizou minitraves. Em outro treinamento, vestiu placas de barreiras com coletes e casacos para delimitar os alvos a serem atingidos por seus comandados. Em outro, além das minitraves, posicionadas nos cantos do campo, Machado instalou no centro do gramado três metas, guardadas por três goleiros, enquanto os atletas de linha as circundavam.

A movimentação é parte importante das atenções do treinador. Em uma atividade, delimitou um quadrado com fitas no gramado como área proibida para os jogadores, que deveriam evitar o espaço para sair jogando. Também já utilizou as barreiras para atrapalhar a saída de jogo defensiva.

Detalhista

Roger carrega as traves para posicioná-las no gramado (Foto: Eduardo Deconto/GloboEsporte.com)

Se cobra intensidade na mecânica de jogo de sua equipe dentro de campo, Roger Machado faz questão de transmitir o nível elevado de exigência em suas atitudes nos treinamentos. O treinador faz questão de orquestrar as atividades com atenção aos mínimos detalhes e participação constante nas orientações. Não raro, por exemplo, é ele quem carrega as traves e as ajusta para os trabalhos em campo reduzido, ou delimita as linhas do gramado com fitas ou cones.

Ex-jogador, ídolo e multicampeão pelo clube nos anos 90, Roger também põe a mão na massa ao orientar seus jogadores. Em meio aos gritos, costuma participar dos trabalhos com passes e lançamentos a seus comandados, para demonstrar com precisão o que espera que repitam na hora do jogo. Por exemplo, era ele quem iniciava um treinamento para ajustar a movimentação do setor defensivo, com lançamentos longos para os zagueiros.

Algo diferente em relação aos tempos de Felipão, que participava de algumas atividades ativamente. Mas era muito comum ver o auxiliar Ivo Wortmann comandando o trabalho enquanto Felipão apenas observava, de fora, antes de fazer alguma intervenção pontual.

Atencioso com jovens



Cria da base gremista nos anos 90, Roger Machado demonstra atenção especial com os garotos do Grêmio nos treinamentos. Ex-lateral, pela esquerda, o comandante já teve papos ao pé do ouvido com Júnior, também lateral-esquerdo. Em um dos treinamentos, o treinador trocou embaixadas com Lincoln. Ao final da atividade, "repreendeu" os erros do garoto de 16 anos com petelecos em sua orelha. A "agressão", claro, não passou de uma brincadeira.

Já observou de perto também atletas que não fazem parte do elenco profissional, com um jogo-treino contra o time sub-20. E nesta semana viu mais de perto o zagueiro Denílson, que esteve presente em um treino antes da vitória sobre o Cruzeiro, na Arena, nesta quarta-feira.

Didático


Roger dá dicas ao lateral-esquerdo Júnior (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)

Além dos métodos inovadores de trabalho, Roger também apresentou ao Grêmio um novo vocabulário. Uma espécie de dicionário próprio para se referir a orientações de posturas, posicionamentos e jogadas que almeja de seus atletas dentro de campo. O treinador usa, por vezes, termos técnicos, como "ocupar o quadrante", "pisar na linha" e fazer o "gesto técnico", todos explicados pelo comandante para que os gremistas possam compreender seus pedidos. As explicações são recorrentes.

Em um dos treinamentos, o comandante orientou de perto os cruzamentos de Júnior pela esquerda. Até porque Roger tem conhecimento de causa, como ex-lateral. Nesta semana, por exemplo, orientou um dos goleiros das categorias de base, Gritti, como deveria bater na bola para conseguir o lançamento desejado.

O vocabulário específico também é marca registrada de suas entrevistas coletivas. Com frequência, Roger concede explanações aos jornalistas sobre o que pretendia com as substituições ou com o posicionamento de determinados atletas. Explica taticamente as suas escolhas e as funções dadas para cada atleta.

Foco no preparo


Rogério Dias (D) é elogiado pelos jogadores (Foto: Lucas Uebel/Grêmio)

Antes de executar a tão pedida intensidade de movimentos dentro de campo, os gremistas tiveram de passar por uma "carga pesada" de treinamentos físicos sob a orientação do preparador Rogério Dias, o Rogerinho. Como revelou o lateral-direito Galhardo, em entrevista coletiva nesta quinta-feira, o grupo se adaptou a uma rotina de treinos de maior velocidade e que o motivou mais do que os trabalhos anteriores, orientados por Darlan Schneider. Esta é a área que aparentemente foge do controle de Roger. Mas, na verdade, o treinador também participa. Há uma sintonia entre o técnico e o preparador de outros anos, já que trabalharam juntos na passagem anterior do ex-lateral no clube, como auxiliar da comissão técnica principal.

No dia a dia, é possível observar Rogerinho comandando sempre os alongamentos e aquecimentos no gramado. Em dias de trabalhos em dois turnos ou de semana cheia, também é constante uma separação do grupo em um circuito físico no campo do CT. Divididos em pequenas parcerias, os atletas fazem trabalho de musculação, saltos, tiros curtos, abdominais, entre outros. Fora também atividades em áreas reduzidas, mas lúdicas, sem a seriedade de um trabalho tático. Apenas para estimular fisicamente o elenco. O famoso "bobinho", com algumas características específicas. Os jogadores que trocam a bola tem um número mínimo de passes a dar até que possam acionar outros companheiros na roda.

Motivador



O trabalho de Roger no vestiário também é valorizado. Principalmente nas primeiras vitórias em seu começo na Arena, o discurso antes de entrar no jogo foi marcante. Em uma das situações, colocou duas folhas de papel no chão do vestiário, com as palavras "confiança" e "eficiência" escritas. Os jogadores, após as vitórias contra Corinthians e Atlético-PR, afirmaram que se sentiam mais motivados com as palavras do treinador.

No dia a dia, também demonstra esta faceta. Em cada atividade, incentiva os jogadores a "competirem" no treinamento. Pede também que se acostumem a trabalhar no espaço curto, para que nos jogos não tenham problemas quando estiverem pressionados pelos adversários.

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