Tempo de posse de bola aumentou no Brasileirão 2015 (Fotos: Geraldo Bubniak/Light Press)
A média de gols do Campeonato Brasileiro vem caindo ano após ano. De 2012 para cá, as edições vão batendo recordes negativos em sequência - 2,47 (2012), 2,46 (2013), 2,26 (2014) e 2,22 (2015 até a nona rodada). Essa estatística ajuda a explicar a sensação de que o nível técnico da competição é baixo. Mas há outro número que gera a esperança de uma mudança possa estar a caminho. O tempo de posse de bola, que é medido enquanto a bola está nos pés dos jogadores durante as partidas, vem subindo.
Segundo o Footstats, desde 2012 tem havido um aumento considerável nesse tempo. Em 2015, após nove rodadas, temos em média quase quatro minutos a mais de posse por jogo do que há três edições do campeonato, ou seja, quatro minutos a mais de bola no pé.
O ex-jogador e atualmente treinador Ricardo Gomes enxerga esse dado com otimismo. Ele diz que apesar de os melhores jogadores brasileiros não atuarem no país esses números revelam uma técnica que sempre caracterizou o jogador nacional.
Antes eram os melhores jogadores que saíam, hoje as melhores promessas já estão na Europa, por isso o nível caiu, mas esses números mostram um desenvolvimento na qualidade do jogo, um resgate do que nós tínhamos de melhor e que por bons anos deixamos de lado - comentou Gomes.
O presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, Sérgio Corrêa, defende que a arbitragem tem seu papel nessa estatística. Segundo ele, a mudança na gestão e no treinamentos dos árbitros nos últimos anos propícia que a bola role mais.
- Estamos em uma cruzada pelo respeito, por menos pressão, menos faltas e mais bola rolando. Para elevar o nível das atuações, padronizamos o treinamento dos árbitros, criamos um plano de carreira para eles, aumentamos a nossa rede de observação no Brasil com dados e estatísticas, além de medidas que evitam as pausas durante a partida, como os cartões por reclamação - explicou Corrêa.
A orientação para extremo rigor nas punições por reclamação gerou um festival de cartões na atual edição. A medida gerou polêmica, já que os árbitros estão coibindo muitas vezes queixas simples. Para Ricardo Gomes, essas mudanças no comportamento da arbitragem trouxeram melhorias.
- É um esforço de todos os participantes do espetáculo. Está sendo benéfico, precisamos continuar com essa visão - analisou.
Para Sérgio Corrêa, a polêmica medida foi crucial para o aumento da posse de bola. Ele argumenta que, com as advertências, o jogo passou a ter menos interrupções por reclamação.
- O jogador parou de ser ostensivo em suas reclamações. É como o uso de cinto de segurança ou a lei seca. Uma vez punido, pensam duas vezes antes de fazer. É um pedido de respeito ao atleta, não queremos acabar com a alegria do futebol, os quatro minutos a mais de posse de bola estão aí para comprovar - completou.
O número de cartões amarelos aumentou em 2015 se comparado com os anos anteriores. Como é possível observar na tabela ao fim do texto, até a nona rodada da edição do ano passado foram dados 429 amarelos, contra 519 no campeonato atual: 90 a mais. Coincidência ou não, neste ano 112 cartões foram mostrados por conta de reclamações de jogadores contra as decisões do árbitro.
Apesar dessa explosão no número de advertências, nota-se também que a média de faltas tem diminuído. Em comparação com 2012 temos quase dez faltas a menos por jogo, já em relação a 2014, são cinco infrações a menos.
Outra estatística que corrobora com a tese de que há uma melhora técnica acontecendo é a de passes certos. Nos primeiros 90 jogos do Brasileirão-2015, a média está na casa dos 633,6 por jogo, 66 a mais do que tivemos nos mesmos 90 jogos no ano de 2012, quando a média atingiu 568 toques com destino certo. Evidente, quanto mais passes certos, mais a bola fica no pé e temos mais tempo de posse, um fator é consequência do outro.
No entanto, o colunista e blogueiro do LANCE! Mauro Beting é pouco otimista em relação a esses números. Embora veja evolução neles, não consegue enxergar o resultado prático disso:
- O tempo de posse de bola e a troca de passes pode significar menos finalizações, ou seja, seria uma posse de bola estéril, improdutiva. Então, mesmo que esses números aumentem, eles não significam, ainda, que o jogo esteja melhor - avaliou.
Para André Kfouri, colunista do LANCE!, uma possível causa da elevação dessa estatística é o desejo de reproduzir um ótimo exemplo que vem de fora do país:
- Creio que é a vontade de jogar bem, estimulada pelo Barcelona de Pep Guardiola, um time que provocou mudanças na maneira de jogar em clubes e seleções - refletiu Kfouri.
Na visão de Ricardo Gomes, não é surpresa que estejamos nos espelhando no futebol do Velho Continente. Porém, ele atenta para as defasagens que ainda temos:
- O futebol europeu tem maior poder econômico e melhor organização. O calendário é melhor, eles gastam muito mais em pesquisa, o que não é segredo para ninguém e, consequentemente, quem pesquisa e estuda mais tem uma melhor formação - afirmou o ex-zagueiro.
O Barcelona, agora dirigido por Luis Enrique, teve uma média de 599 passes certos por jogo na edição 2014/2015 do campeonato espanhol, ou seja, praticamente o mesmo número, em média, de uma partida do Brasileirão. A diferença é enorme, mas na opinião de André Kfouri, os números mostram boas perspectivas, apesar da disparidade financeira:
- O futebol de posse e passe é um ideal platônico para muita gente, que acha que isso só é possível a times milionários. Mas é muito mais uma questão de conceitos, convicções e trabalho - completou.
E por que mais posse de bola e menos gols? Mauro Beting dá a sua opinião:
- A média de gols tem diminuído, pois o gol tem diminuído de tamanho, resultado da qualidade dos jogadores que temos aqui - criticou o jornalista.
DADOS ATÉ A 9ª RODADA DE CADA EDIÇÃO
Média de tempo de posse de bola por jogo
2012 - 27'27
2013 - 26'41
2014 - 29'21
2015 - 30'54
Número de cartões amarelos
2012 - 455
2013 - 384
2014 - 429
2015 - 519
Média de faltas por jogo
2012 - 37,5
2013 - 34,0
2014 - 34,2
2015 - 29,1
Média de passes certos por jogo
2012 - 567,9 passes certos por jogo
2013 - 597,8 passes certos por jogo
2014 - 618,5 passes certos por jogo
2015 - 633,6 passes certos por jogo
VEJA TAMBÉM
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A média de gols do Campeonato Brasileiro vem caindo ano após ano. De 2012 para cá, as edições vão batendo recordes negativos em sequência - 2,47 (2012), 2,46 (2013), 2,26 (2014) e 2,22 (2015 até a nona rodada). Essa estatística ajuda a explicar a sensação de que o nível técnico da competição é baixo. Mas há outro número que gera a esperança de uma mudança possa estar a caminho. O tempo de posse de bola, que é medido enquanto a bola está nos pés dos jogadores durante as partidas, vem subindo.
Segundo o Footstats, desde 2012 tem havido um aumento considerável nesse tempo. Em 2015, após nove rodadas, temos em média quase quatro minutos a mais de posse por jogo do que há três edições do campeonato, ou seja, quatro minutos a mais de bola no pé.
O ex-jogador e atualmente treinador Ricardo Gomes enxerga esse dado com otimismo. Ele diz que apesar de os melhores jogadores brasileiros não atuarem no país esses números revelam uma técnica que sempre caracterizou o jogador nacional.
Antes eram os melhores jogadores que saíam, hoje as melhores promessas já estão na Europa, por isso o nível caiu, mas esses números mostram um desenvolvimento na qualidade do jogo, um resgate do que nós tínhamos de melhor e que por bons anos deixamos de lado - comentou Gomes.
O presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, Sérgio Corrêa, defende que a arbitragem tem seu papel nessa estatística. Segundo ele, a mudança na gestão e no treinamentos dos árbitros nos últimos anos propícia que a bola role mais.
- Estamos em uma cruzada pelo respeito, por menos pressão, menos faltas e mais bola rolando. Para elevar o nível das atuações, padronizamos o treinamento dos árbitros, criamos um plano de carreira para eles, aumentamos a nossa rede de observação no Brasil com dados e estatísticas, além de medidas que evitam as pausas durante a partida, como os cartões por reclamação - explicou Corrêa.
A orientação para extremo rigor nas punições por reclamação gerou um festival de cartões na atual edição. A medida gerou polêmica, já que os árbitros estão coibindo muitas vezes queixas simples. Para Ricardo Gomes, essas mudanças no comportamento da arbitragem trouxeram melhorias.
- É um esforço de todos os participantes do espetáculo. Está sendo benéfico, precisamos continuar com essa visão - analisou.
Para Sérgio Corrêa, a polêmica medida foi crucial para o aumento da posse de bola. Ele argumenta que, com as advertências, o jogo passou a ter menos interrupções por reclamação.
- O jogador parou de ser ostensivo em suas reclamações. É como o uso de cinto de segurança ou a lei seca. Uma vez punido, pensam duas vezes antes de fazer. É um pedido de respeito ao atleta, não queremos acabar com a alegria do futebol, os quatro minutos a mais de posse de bola estão aí para comprovar - completou.
O número de cartões amarelos aumentou em 2015 se comparado com os anos anteriores. Como é possível observar na tabela ao fim do texto, até a nona rodada da edição do ano passado foram dados 429 amarelos, contra 519 no campeonato atual: 90 a mais. Coincidência ou não, neste ano 112 cartões foram mostrados por conta de reclamações de jogadores contra as decisões do árbitro.
Apesar dessa explosão no número de advertências, nota-se também que a média de faltas tem diminuído. Em comparação com 2012 temos quase dez faltas a menos por jogo, já em relação a 2014, são cinco infrações a menos.
Outra estatística que corrobora com a tese de que há uma melhora técnica acontecendo é a de passes certos. Nos primeiros 90 jogos do Brasileirão-2015, a média está na casa dos 633,6 por jogo, 66 a mais do que tivemos nos mesmos 90 jogos no ano de 2012, quando a média atingiu 568 toques com destino certo. Evidente, quanto mais passes certos, mais a bola fica no pé e temos mais tempo de posse, um fator é consequência do outro.
No entanto, o colunista e blogueiro do LANCE! Mauro Beting é pouco otimista em relação a esses números. Embora veja evolução neles, não consegue enxergar o resultado prático disso:
- O tempo de posse de bola e a troca de passes pode significar menos finalizações, ou seja, seria uma posse de bola estéril, improdutiva. Então, mesmo que esses números aumentem, eles não significam, ainda, que o jogo esteja melhor - avaliou.
Para André Kfouri, colunista do LANCE!, uma possível causa da elevação dessa estatística é o desejo de reproduzir um ótimo exemplo que vem de fora do país:
- Creio que é a vontade de jogar bem, estimulada pelo Barcelona de Pep Guardiola, um time que provocou mudanças na maneira de jogar em clubes e seleções - refletiu Kfouri.
Na visão de Ricardo Gomes, não é surpresa que estejamos nos espelhando no futebol do Velho Continente. Porém, ele atenta para as defasagens que ainda temos:
- O futebol europeu tem maior poder econômico e melhor organização. O calendário é melhor, eles gastam muito mais em pesquisa, o que não é segredo para ninguém e, consequentemente, quem pesquisa e estuda mais tem uma melhor formação - afirmou o ex-zagueiro.
O Barcelona, agora dirigido por Luis Enrique, teve uma média de 599 passes certos por jogo na edição 2014/2015 do campeonato espanhol, ou seja, praticamente o mesmo número, em média, de uma partida do Brasileirão. A diferença é enorme, mas na opinião de André Kfouri, os números mostram boas perspectivas, apesar da disparidade financeira:
- O futebol de posse e passe é um ideal platônico para muita gente, que acha que isso só é possível a times milionários. Mas é muito mais uma questão de conceitos, convicções e trabalho - completou.
E por que mais posse de bola e menos gols? Mauro Beting dá a sua opinião:
- A média de gols tem diminuído, pois o gol tem diminuído de tamanho, resultado da qualidade dos jogadores que temos aqui - criticou o jornalista.
DADOS ATÉ A 9ª RODADA DE CADA EDIÇÃO
Média de tempo de posse de bola por jogo
2012 - 27'27
2013 - 26'41
2014 - 29'21
2015 - 30'54
Número de cartões amarelos
2012 - 455
2013 - 384
2014 - 429
2015 - 519
Média de faltas por jogo
2012 - 37,5
2013 - 34,0
2014 - 34,2
2015 - 29,1
Média de passes certos por jogo
2012 - 567,9 passes certos por jogo
2013 - 597,8 passes certos por jogo
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