CBF vai adotar, sempre que possível, trios fixos nas Séries A e B do Brasileirão (Foto: Anderson Stevens / Ag. Estado)
Se as equipes aproveitaram a pausa para a Copa do Mundo para ganharem mais entrosamento, os árbitros tentarão fazer o mesmo a partir de agora - e inspirados na principal competição do planeta. A Comissão de Arbitragem da CBF anunciou em junho que adotará trios-base em seus campeonatos, a exemplo do que faz a Fifa no Mundial. O objetivo é aumentar a sintonia entre árbitros e assistentes e diminuir os erros. A medida, que será colocada em prática sempre que possível nas Séries A e B e, dependendo da logística, na Série C do Brasileirão, começou a ser implantada nos jogos da última terça-feira (15), pela 11ª rodada da Série B.
Já vale também para as partidas da décima rodada da Série A, marcadas para este meio de semana.
- Vamos implantar equipes especiais de arbitragem, de modo que árbitros e assistentes possam atuar juntos o maior número possível de partidas. Um dos objetivos é fazer com que um esteja acostumado com o modo de trabalhar do outro. Quando o trio trabalha junto há algum tempo, a margem de erro tende a ser menor. Não podemos dizer que serão trios fixos, pois o Brasil é um país de dimensões continentais, e as longas distâncias muitas vezes dificultam a sua implantação. Além disso, a quantidade de árbitros e assistentes em cada estado é diferente. Nos últimos dois anos tenho observado uma mistura muito grande de estados na formação dos trios, com árbitros e assistentes muitas vezes se conhecendo no vestiário, prejudicando o rendimento do trabalho como um todo - afirmou Sergio Correa, presidente da Comissão.
A Série D terá instrutores com a missão de qualificar árbitros jovens. A competição será uma espécie de garimpo para descobrir novos valores, sendo que os melhores serão rapidamente promovidos para a Série C e até mesmo B ou A, dependendo do seu rendimento.
Na Copa do Brasil, atuarão os árbitros mais experientes, mas neste caso as formações dos trios podem apresentar mais variações. Além disso, a partir das quartas de final as partidas terão os dois árbitros assistentes adicionais, que ficam na linha de fundo. Sérgio Correa afirma que a qualidade será o principal critério adotado na formação dos trios.
Sérgio Corrêa diz que qualidade será principal critério para formação de trios (Foto: André Durão)
- Temos um banco de dados com informações desde 2008, através do qual estamos selecionando os melhores árbitros do país. A qualidade será o principal critério na formação destes trios. A base será sempre um árbitro bom com dois assistentes bons. Os três com grande índice de acertos e de preferência do mesmo estado. Se isso não for possível, poderemos ter árbitro de um estado e assistentes de outro ou outros.
Por mais que a adoção destas equipes especiais tenda a diminuir os erros, o presidente da Comissão de Arbitragem considera que é fundamental haver harmonia no trio. Daí, segundo ele, vem a importância da sociometria, que verifica como são as relações entre indivíduos de um mesmo ambiente de trabalho. O estudo foi desenvolvido pela psicóloga da CBF, Marta Magalhães Sousa, para evitar que profissionais que não tenham afinidade técnica ou pessoal atuem juntos no decorrer das competições.
- Estamos tentando eliminar todo e qualquer tipo de problema que possa interferir no desempenho do trio de arbitragem. A CBF está investindo pesado na arbitragem no segundo semestre para que os árbitros possam ter um índice de acertos muito grande. Aquele que não conseguir o desempenho esperado, com elevado nível de acertos, será naturalmente substituído.
A Comissão de Arbitragem da CBF tem 106 assessores para analisar o desempenho nas Séries A, B, C e D do Brasileiro, sendo que 35 são treinados pela Fifa. Destes, 12 ainda são formados em cursos internacionais. Todos eles vão atuar de acordo com a importância de cada partida. Quem não estiver trabalhando em um jogo poderá ser escalado para acompanhar o trabalho dos árbitros através de transmissões da TV. No fim, tudo será levado em conta para analisar os desempenhos.
Restrição com o uso da tecnologia
Apenas estádios da Copa têm a tecnologia que esclarece se foi gol ou não (Foto: Edgar Maciel)
Sérgio Correa diz que o uso da tecnologia do gol evita que a culpa por decisões polêmicas em lances duvidosos recaia sobre os árbitros, que muitas vezes não têm condições de observar tudo.
Mas cita que o Brasileiro é disputado em vários estados e que a maioria dos estádios não tem esta tecnologia. Ele argumenta que o gasto com os árbitros assistentes adicionais - presentes em todos os jogos da Série A - é bem menor.
- Somente as 12 arenas da Copa têm esta tecnologia. A quantidade de estádios sem tecnologia é muito maior, o que cria uma distorção e até mesmo uma desigualdade. Na Série A, estamos utilizando os dois árbitros assistentes adicionais, cujo custo é bem menor do que esta tecnologia, estimada entre R$ 8 mil e R$ 9 mil por jogo. Quem vai bancar este gasto muito acima dos árbitros adicionais? Quantas vezes utilizaremos esta tecnologia? A minha preocupação é com a relação custo-benefício, pois vai haver uma distorção muito grande - afirmou Sérgio Correa, acrescentando que a CBF ainda não decidiu se vai adotar o uso da tecnologia nos estádios que foram utilizados na Copa.
Gaciba apoia uso da tecnologia, mas sem afetar princípio de igualdade (Foto: Reprodução/SporTV)
Na opinião do comentarista de arbitragem da TV Globo, Leonardo Gaciba, o custo com a tecnologia do gol é até baixo perto do que muitos clubes costumam gastar. Assim como Sérgio Correa, ele também apoia o uso do mecanismo, desde que não prejudique o princípio de igualdade. Neste caso, o ex-árbitro afirma que o dinheiro pode ser aproveitado no aperfeiçoamento dos juízes, no pagamento de passagens para manter os trios-base nos trajetos mais longos, ou então, para incluir os árbitros assistentes adicionais nestes trios, formando quintetos base para as partidas da Série A do Brasileiro.
- Sou totalmente a favor da tecnologia para diminuir o índice de erros nas partidas. No entanto, a minha preocupação é que, se fizermos uso deste mecanismo apenas em alguns estádios da mesma competição, poderemos ferir o princípio de igualdade para todo mundo pregado pelo futebol e pelo esporte em geral. Neste caso, o dinheiro gasto com a utilização e manutenção desta tecnologia pode ser melhor empregado, por exemplo, no treinamento de árbitros, ou então, para manter os trios base que estão sendo formados em viagens de maior distância, quando os preço das passagens costumam ser maiores. Outra opção seria incluir os árbitros assistentes adicionais nestes trios, formando assim quintetos-base para os jogos da Série A do Brasileiro. Até porque este recurso pode ser usado pouquíssimas vezes ao longo do campeonato. É uma questão de custo-benefício. Não adianta eu pintar o meu carro se o motor e o chassi não estiverem bons.
A espuma usada nas competições nacionais desde 2000, para ajudar os árbitros a demarcar o local da barreira e impedir o avanço dos jogadores, foi adotada pela Fifa na Copa deste ano. No Brasil, o árbitro indica o local da barreira com o spray para os jogadores se posicionarem. Na Copa, os juízes primeiro formam a barreira e só depois marcam a linha com a espuma. Com o objetivo de unificar os procedimentos, Sérgio Correa afirma que já orientou os árbitros brasileiros a adotarem o padrão usado pela Fifa.
Brasil x Croácia foi o primeiro jogo da Copa 2014 e marcou estreia do spray em um Mundial (Foto: Reprodução SporTV)
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Já vale também para as partidas da décima rodada da Série A, marcadas para este meio de semana.
- Vamos implantar equipes especiais de arbitragem, de modo que árbitros e assistentes possam atuar juntos o maior número possível de partidas. Um dos objetivos é fazer com que um esteja acostumado com o modo de trabalhar do outro. Quando o trio trabalha junto há algum tempo, a margem de erro tende a ser menor. Não podemos dizer que serão trios fixos, pois o Brasil é um país de dimensões continentais, e as longas distâncias muitas vezes dificultam a sua implantação. Além disso, a quantidade de árbitros e assistentes em cada estado é diferente. Nos últimos dois anos tenho observado uma mistura muito grande de estados na formação dos trios, com árbitros e assistentes muitas vezes se conhecendo no vestiário, prejudicando o rendimento do trabalho como um todo - afirmou Sergio Correa, presidente da Comissão.
A Série D terá instrutores com a missão de qualificar árbitros jovens. A competição será uma espécie de garimpo para descobrir novos valores, sendo que os melhores serão rapidamente promovidos para a Série C e até mesmo B ou A, dependendo do seu rendimento.
Na Copa do Brasil, atuarão os árbitros mais experientes, mas neste caso as formações dos trios podem apresentar mais variações. Além disso, a partir das quartas de final as partidas terão os dois árbitros assistentes adicionais, que ficam na linha de fundo. Sérgio Correa afirma que a qualidade será o principal critério adotado na formação dos trios.
Sérgio Corrêa diz que qualidade será principal critério para formação de trios (Foto: André Durão)
- Temos um banco de dados com informações desde 2008, através do qual estamos selecionando os melhores árbitros do país. A qualidade será o principal critério na formação destes trios. A base será sempre um árbitro bom com dois assistentes bons. Os três com grande índice de acertos e de preferência do mesmo estado. Se isso não for possível, poderemos ter árbitro de um estado e assistentes de outro ou outros.
Por mais que a adoção destas equipes especiais tenda a diminuir os erros, o presidente da Comissão de Arbitragem considera que é fundamental haver harmonia no trio. Daí, segundo ele, vem a importância da sociometria, que verifica como são as relações entre indivíduos de um mesmo ambiente de trabalho. O estudo foi desenvolvido pela psicóloga da CBF, Marta Magalhães Sousa, para evitar que profissionais que não tenham afinidade técnica ou pessoal atuem juntos no decorrer das competições.
- Estamos tentando eliminar todo e qualquer tipo de problema que possa interferir no desempenho do trio de arbitragem. A CBF está investindo pesado na arbitragem no segundo semestre para que os árbitros possam ter um índice de acertos muito grande. Aquele que não conseguir o desempenho esperado, com elevado nível de acertos, será naturalmente substituído.
A Comissão de Arbitragem da CBF tem 106 assessores para analisar o desempenho nas Séries A, B, C e D do Brasileiro, sendo que 35 são treinados pela Fifa. Destes, 12 ainda são formados em cursos internacionais. Todos eles vão atuar de acordo com a importância de cada partida. Quem não estiver trabalhando em um jogo poderá ser escalado para acompanhar o trabalho dos árbitros através de transmissões da TV. No fim, tudo será levado em conta para analisar os desempenhos.
Restrição com o uso da tecnologia
Apenas estádios da Copa têm a tecnologia que esclarece se foi gol ou não (Foto: Edgar Maciel)
Sérgio Correa diz que o uso da tecnologia do gol evita que a culpa por decisões polêmicas em lances duvidosos recaia sobre os árbitros, que muitas vezes não têm condições de observar tudo.
Mas cita que o Brasileiro é disputado em vários estados e que a maioria dos estádios não tem esta tecnologia. Ele argumenta que o gasto com os árbitros assistentes adicionais - presentes em todos os jogos da Série A - é bem menor.
- Somente as 12 arenas da Copa têm esta tecnologia. A quantidade de estádios sem tecnologia é muito maior, o que cria uma distorção e até mesmo uma desigualdade. Na Série A, estamos utilizando os dois árbitros assistentes adicionais, cujo custo é bem menor do que esta tecnologia, estimada entre R$ 8 mil e R$ 9 mil por jogo. Quem vai bancar este gasto muito acima dos árbitros adicionais? Quantas vezes utilizaremos esta tecnologia? A minha preocupação é com a relação custo-benefício, pois vai haver uma distorção muito grande - afirmou Sérgio Correa, acrescentando que a CBF ainda não decidiu se vai adotar o uso da tecnologia nos estádios que foram utilizados na Copa.
Gaciba apoia uso da tecnologia, mas sem afetar princípio de igualdade (Foto: Reprodução/SporTV)
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- Sou totalmente a favor da tecnologia para diminuir o índice de erros nas partidas. No entanto, a minha preocupação é que, se fizermos uso deste mecanismo apenas em alguns estádios da mesma competição, poderemos ferir o princípio de igualdade para todo mundo pregado pelo futebol e pelo esporte em geral. Neste caso, o dinheiro gasto com a utilização e manutenção desta tecnologia pode ser melhor empregado, por exemplo, no treinamento de árbitros, ou então, para manter os trios base que estão sendo formados em viagens de maior distância, quando os preço das passagens costumam ser maiores. Outra opção seria incluir os árbitros assistentes adicionais nestes trios, formando assim quintetos-base para os jogos da Série A do Brasileiro. Até porque este recurso pode ser usado pouquíssimas vezes ao longo do campeonato. É uma questão de custo-benefício. Não adianta eu pintar o meu carro se o motor e o chassi não estiverem bons.
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