"Embaixador" do Grêmio nos EUA, paraquedista morreu em acidente (Foto: Reprodução/Instagram)
É difícil de encontrar quem não fosse cativado pela personalidade carismática de Andrei Penz. Seja na Porto Alegre natal, seja em San Diego, cidade adotada como casa desde 2008, nos Estados Unidos, o paraquedista encantava a qualquer um com as histórias sobre suas paixões. Não eram poucas: da música aos esportes radicais, como o snowboard, o skate, o surfe e o paraquedismo. Todas faces de quem levava com muita intensidade a vida, abreviada há uma semana, na última sexta-feira, aos 30 anos, em uma trágica queda após um salto, na Califórnia. Uma morte dolorosa, de quem fazia questão de bradar aos quatro cantos dois de seus maiores amores, irradiados a quem passasse. Em solo americano, Andrei era um embaixador de dois de seus orgulhos: o Rio Grande do Sul e o Grêmio, time do coração.
A paixão pelo Tricolor gaúcho é um "sintoma" de família, herdado do avô materno, Zeno Ruschel, que pôs no mundo sete filhos, todos gremistas fanáticos. O sentimento, transmitido de geração a geração, levará o paraquedista a realizar uma última aventura. Uma despedida para honrar o amor pelo clube: a intenção da família é depositar parte das cinzas de Andrei no gramado da Arena do Grêmio.
- Nós somos muito gremistas. Uma paixão que herdamos do meu avô. Ele chegava a viajar com os filhos para o interior, para assistir aos jogos do Grêmio. Então, temos essa ideia. Não sabemos se o Grêmio irá nos autorizar, nem quando será feita a cremação e a transferência das cinzas para o Brasil. Mas queremos depositar as cinzas, ou parte delas, no gramado da Arena - afirma uma das irmãs de Andrei, Zara, ao GloboEsporte.com.
A paixão fervorosa pelo Tricolor já rendeu as primeiras homenagens.
No último sábado, gremistas e palmeirenses respeitaram um minuto de silêncio em alusão a Andrei antes da partida na Arena, que encerrou com triunfo do Grêmio por 1 a 0. Nas arquibancadas, a torcida Geral do Grêmio, frequentada pelo paraquedista antes da mudança para a Califórnia, tratou de prestar sua solidariedade ao entoar a música: "Por isso, Grêmio, um campeonato somente te peço. Para os gremista que, lá do céu, cantam comigo. Tu não os vê, tu não os toca, mas estão presentes. Vários momentos inesquecíveis me vêm à mente".
- Nós achamos que o último jogo ia ser meio para baixo, devido à morte do Andrei. Mas, no final, foi o contrário. Todo mundo só tem lembrança boa dele. Começava a contar as histórias e ficou um clima legal. Foi uma homenagem justíssima - destaca o amigo e ex-companheiro de jogos do Grêmio Bruno Pogoerlsky.
Andrei costumava saltar trajado com a camisa do Grêmio nos Estados Unidos (Foto: Reprodução/Facebook)
Paraquedista e embaixador do Grêmio em San Diego
Logo após o acidente, a página de Andrei no Facebook foi tomada por mensagens de amigos e familiares. Os recados lembravam a personalidade carismática e afetuosa do paraquedista e o que ele representava para seus conhecidos. Entre o turbilhão de publicações, muitas remetiam ao clube do coração. Também pudera.
Não raro, o gaúcho fazia questão de saltar de paraquedas trajando as camisetas do Grêmio, compradas de "atacado" nos retornos à terra natal, todos planejados para englobar o maior número possível de jogos do Tricolor. Assim, Andrei conseguiu se despedir do Olímpico, no último Gre-Nal do estádio, e estar presente na Arena, para a inauguração, em 2012.
- Antes de vir, ele olhava o calendário e calculava quantos jogos o Grêmio ia fazer em Porto Alegre no período. Tentava ver se conseguia assistir ainda a algum Gre-Nal no Beira-Rio. Era engraçado. Ele vinha e enchia a mala de camisetas do Grêmio. Comprava todas de todas as temporadas - recorda o amigo.
Grêmio homenageou o paraquedista antes do jogo contra o Palmeiras (Foto: Reprodução/Twitter)
Pogoerlsky é dono de uma agência de turismo em Porto Alegre e costuma arquitetar a ida de muitos gaúchos a San Diego. Nos planos das viagens, sempre tratava de mencionar a presença de Andrei, como um esteio aos viajantes nos primeiros dias em solo americano. Ali, o paraquedista era um embaixador do Grêmio. Além dos saltos, agregava os gaúchos para assistir aos jogos do Tricolor em sua casa. E o amigo assegura: o "gremismo" cativava até mesmo os colorados.
- Ele criou meio que um consulado do Grêmio lá. Centralizou nele. Mantinha lá esse elo. Sempre saltando com a bandeira do Grêmio, nem os colorados tinham essa mágoa. Até os colorados respeitavam isso aí. Ele era um ícone. Eu, mais do que ninguém, sei disso. Sempre passava o nome dele para todo mundo. Ele sempre foi um cara que agregou todas as tribos - destaca o amigo.
Viagens pela América para acompanhar o Tricolor
As memórias e a saudade de Pogorelsky do amigo "sensacional" Andrei se misturam com as histórias de torcida vividas pela dupla. O Grêmio, a propósito, foi quem uniu os dois, ainda no Ensino Médio.
Logo, tornaram-se companheiros de arquibancadas no Estádio Olímpico. Ali, no pátio do antigo casarão gremista, costumavam se encontrar com a turma chamada de "Jimbarão" - uma ala da Geral do Grêmio - para se concentrar e beber cervejas antes das partidas.
Andrei programava idas ao Brasil para assistir a jogos do Grêmio (Foto: Reproduçã/Instagram)
Imbuídos do sonho de conquistar o tricampeonato da Libertadores em 2007, a dupla rodou a América do Sul para acompanhar o Grêmio na campanha do vice-campeonato na competição daquele ano. Estavam no Defensores del Chaco, no Paraguai, para vibrar com o clube na estreia, com vitória por 1 a 0 sobre o Cerro Porteño. Depois, foram a todos os jogos da fase de mata-mata, até assistirem ao doloroso tropeço por 3 a 0 diante do Boca Juniors, na Bombonera.
- Fizemos muitas viagens juntos, com a torcida. Era um cara super criativo. Até criou músicas nas viagens. Também estava sempre disposto a ajudar todo mundo. Era um cara sensacional. Tenho certeza que, se ele pudesse opinar, faria tudo igual. Não mudaria nada. Foram seis mil saltos, e ele sempre procurava por isso - destaca Pogoerlsky.
O acidente
Andrei Penz, de 30 anos, morreu após a queda em um salto na última sexta-feira, na cidade de Jamul, na California, Estados Unidos. A perícia ainda analisa as causas do acidente, mas a principal suspeita é de que o equipamento não tenha aberto enquanto o paraquedista realizava uma manobra.
Natural de Porto Alegre, Andrei vivia há cerca de oito anos em San Diego e trabalhava como instrutor de paraquedismo. Apaixonado pelo esporte, já havia dado de 5 a 6 mil saltos na carreira, conforme estimativas de familiares. O corpo de Andrei será cremado nos Estados Unidos.
Andrei costumava levar o Grêmio às alturas em seus saltos (Foto: Reprodução/Facebook)
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É difícil de encontrar quem não fosse cativado pela personalidade carismática de Andrei Penz. Seja na Porto Alegre natal, seja em San Diego, cidade adotada como casa desde 2008, nos Estados Unidos, o paraquedista encantava a qualquer um com as histórias sobre suas paixões. Não eram poucas: da música aos esportes radicais, como o snowboard, o skate, o surfe e o paraquedismo. Todas faces de quem levava com muita intensidade a vida, abreviada há uma semana, na última sexta-feira, aos 30 anos, em uma trágica queda após um salto, na Califórnia. Uma morte dolorosa, de quem fazia questão de bradar aos quatro cantos dois de seus maiores amores, irradiados a quem passasse. Em solo americano, Andrei era um embaixador de dois de seus orgulhos: o Rio Grande do Sul e o Grêmio, time do coração.
A paixão pelo Tricolor gaúcho é um "sintoma" de família, herdado do avô materno, Zeno Ruschel, que pôs no mundo sete filhos, todos gremistas fanáticos. O sentimento, transmitido de geração a geração, levará o paraquedista a realizar uma última aventura. Uma despedida para honrar o amor pelo clube: a intenção da família é depositar parte das cinzas de Andrei no gramado da Arena do Grêmio.
- Nós somos muito gremistas. Uma paixão que herdamos do meu avô. Ele chegava a viajar com os filhos para o interior, para assistir aos jogos do Grêmio. Então, temos essa ideia. Não sabemos se o Grêmio irá nos autorizar, nem quando será feita a cremação e a transferência das cinzas para o Brasil. Mas queremos depositar as cinzas, ou parte delas, no gramado da Arena - afirma uma das irmãs de Andrei, Zara, ao GloboEsporte.com.
A paixão fervorosa pelo Tricolor já rendeu as primeiras homenagens.
No último sábado, gremistas e palmeirenses respeitaram um minuto de silêncio em alusão a Andrei antes da partida na Arena, que encerrou com triunfo do Grêmio por 1 a 0. Nas arquibancadas, a torcida Geral do Grêmio, frequentada pelo paraquedista antes da mudança para a Califórnia, tratou de prestar sua solidariedade ao entoar a música: "Por isso, Grêmio, um campeonato somente te peço. Para os gremista que, lá do céu, cantam comigo. Tu não os vê, tu não os toca, mas estão presentes. Vários momentos inesquecíveis me vêm à mente".
- Nós achamos que o último jogo ia ser meio para baixo, devido à morte do Andrei. Mas, no final, foi o contrário. Todo mundo só tem lembrança boa dele. Começava a contar as histórias e ficou um clima legal. Foi uma homenagem justíssima - destaca o amigo e ex-companheiro de jogos do Grêmio Bruno Pogoerlsky.
Andrei costumava saltar trajado com a camisa do Grêmio nos Estados Unidos (Foto: Reprodução/Facebook)
Paraquedista e embaixador do Grêmio em San Diego
Logo após o acidente, a página de Andrei no Facebook foi tomada por mensagens de amigos e familiares. Os recados lembravam a personalidade carismática e afetuosa do paraquedista e o que ele representava para seus conhecidos. Entre o turbilhão de publicações, muitas remetiam ao clube do coração. Também pudera.
Não raro, o gaúcho fazia questão de saltar de paraquedas trajando as camisetas do Grêmio, compradas de "atacado" nos retornos à terra natal, todos planejados para englobar o maior número possível de jogos do Tricolor. Assim, Andrei conseguiu se despedir do Olímpico, no último Gre-Nal do estádio, e estar presente na Arena, para a inauguração, em 2012.
- Antes de vir, ele olhava o calendário e calculava quantos jogos o Grêmio ia fazer em Porto Alegre no período. Tentava ver se conseguia assistir ainda a algum Gre-Nal no Beira-Rio. Era engraçado. Ele vinha e enchia a mala de camisetas do Grêmio. Comprava todas de todas as temporadas - recorda o amigo.
Grêmio homenageou o paraquedista antes do jogo contra o Palmeiras (Foto: Reprodução/Twitter)
Pogoerlsky é dono de uma agência de turismo em Porto Alegre e costuma arquitetar a ida de muitos gaúchos a San Diego. Nos planos das viagens, sempre tratava de mencionar a presença de Andrei, como um esteio aos viajantes nos primeiros dias em solo americano. Ali, o paraquedista era um embaixador do Grêmio. Além dos saltos, agregava os gaúchos para assistir aos jogos do Tricolor em sua casa. E o amigo assegura: o "gremismo" cativava até mesmo os colorados.
- Ele criou meio que um consulado do Grêmio lá. Centralizou nele. Mantinha lá esse elo. Sempre saltando com a bandeira do Grêmio, nem os colorados tinham essa mágoa. Até os colorados respeitavam isso aí. Ele era um ícone. Eu, mais do que ninguém, sei disso. Sempre passava o nome dele para todo mundo. Ele sempre foi um cara que agregou todas as tribos - destaca o amigo.
Viagens pela América para acompanhar o Tricolor
As memórias e a saudade de Pogorelsky do amigo "sensacional" Andrei se misturam com as histórias de torcida vividas pela dupla. O Grêmio, a propósito, foi quem uniu os dois, ainda no Ensino Médio.
Logo, tornaram-se companheiros de arquibancadas no Estádio Olímpico. Ali, no pátio do antigo casarão gremista, costumavam se encontrar com a turma chamada de "Jimbarão" - uma ala da Geral do Grêmio - para se concentrar e beber cervejas antes das partidas.
Andrei programava idas ao Brasil para assistir a jogos do Grêmio (Foto: Reproduçã/Instagram)
Imbuídos do sonho de conquistar o tricampeonato da Libertadores em 2007, a dupla rodou a América do Sul para acompanhar o Grêmio na campanha do vice-campeonato na competição daquele ano. Estavam no Defensores del Chaco, no Paraguai, para vibrar com o clube na estreia, com vitória por 1 a 0 sobre o Cerro Porteño. Depois, foram a todos os jogos da fase de mata-mata, até assistirem ao doloroso tropeço por 3 a 0 diante do Boca Juniors, na Bombonera.
- Fizemos muitas viagens juntos, com a torcida. Era um cara super criativo. Até criou músicas nas viagens. Também estava sempre disposto a ajudar todo mundo. Era um cara sensacional. Tenho certeza que, se ele pudesse opinar, faria tudo igual. Não mudaria nada. Foram seis mil saltos, e ele sempre procurava por isso - destaca Pogoerlsky.
O acidente
Andrei Penz, de 30 anos, morreu após a queda em um salto na última sexta-feira, na cidade de Jamul, na California, Estados Unidos. A perícia ainda analisa as causas do acidente, mas a principal suspeita é de que o equipamento não tenha aberto enquanto o paraquedista realizava uma manobra.
Natural de Porto Alegre, Andrei vivia há cerca de oito anos em San Diego e trabalhava como instrutor de paraquedismo. Apaixonado pelo esporte, já havia dado de 5 a 6 mil saltos na carreira, conforme estimativas de familiares. O corpo de Andrei será cremado nos Estados Unidos.
Andrei costumava levar o Grêmio às alturas em seus saltos (Foto: Reprodução/Facebook)
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