Peter Siemsen defende alterações no projeto que refinancia dívida dos clubes (Foto: Wagner Meier/LANCE!Press)
Viagens, reuniões, discussões... São pouco mais de dois anos de negociação em prol de um projeto para refinanciar a dívida dos clubes que fizeram o presidente do Fluminense, Peter Siemsen, dividir o tempo entre a gestão do clube, a vida profissional como advogado e o debate para tentar desenvolver uma lei que transforme efetivamente o futebol brasileiro. Mas, do jeito que está a Medida Provisória 671 – assinada pela presidente Dilma Rousseff, que está sendo discutida no Congresso –, o entendimento de Peter (que representa o ponto de vista da maioria dos clubes) é que o resultado não está sendo o ideal.
– A MP é um avanço, mas muito tímido. A legislação tributária brasileira é velha, arcaica, complexa e gera um custo inaceitável. A parte de encargos sociais é péssima para constituição de economia e péssima para abertura de vagas. A MP é dura, traz leis europeias de fair play, mas não muda o modelo de gestão, o que é uma falha gravíssima. Ela não vai além na reestruturação do futebol brasileiro, sem intervenção estatal – afirmou ele.
Nesta entrevista ao LANCE!, ele conta como está o debate e dá o motivo para que os clubes batam o pé em alguns pontos do texto. Peter entende que, assim como ele, muitos presidentes de clubes também querem melhorar o modelo de gestão, mas estão ocupados com outros temas. Uma boa solução, segundo o mandatário do Flu, seria a criação de um organismo que una os clubes.
– Poucos querem manter a estrutura do passado. Mas muitos estão resolvendo tantos problemas que têm pouco tempo para sugerir novos modelos. Como não há uma estrutura de liderança dentro dos clubes, uma representatividade definida, fica um vácuo. Por isso queremos contar e usa a CBF como campo para propor um novo modelo. Mas seria importante que os clubes construíssem uma representatividade, para serem ouvidos de uma forma só em um momento difícil – completou.
Para Peter, apesar do atual impasse entre clubes/CBF e governo federal, a Medida Provisória será uma realidade:
– Acho bem possível que saia.
No entanto...
– A preocupação é como sairá.
Como você avalia o atual momento da MP 671?
Honestamente, não sei se o projeto está maduro e pronto para ir para votação. O que percebi é que há divergências. Cada clube tem seus problemas, características, e a lei tem que ser boa para a maioria para que possa ser eficiente e traga o resultado esperado para a sociedade. Me parece que tem muita gente na correria para que isso fique logo pronto. Corre-se um grande risco de ela fracassar e ficar pelo caminho.
Que tipo de problema você enxerga no atual projeto?
O grande problema é criar punição, fair play, parcelamento, mas não cuidar do modelo de gestão dos clubes brasileiros e isso é muito grave. Cria as contrapartidas, mas não trata na origem, que é o modelo de gestão, o que torna difícil um trabalho a longo prazo. Isso é fundamental, porque há grandes dívidas.
E o item que “incentiva” a criação de sociedades empresárias nos clubes? Acha que vai servir aos clubes?
Para estruturar algo que seja convidativo, a legislação deveria ser mais profunda, tratando não só de um benefício fiscal do ponto de vista de custo tributário (estipula um percentual único de impostos em 5% da receita bruta), mas também definir as regras desse cisão. Até para ter a discussão da aplicação da lei, já que você vai ter o clube com a dívida e a sociedade empresária controlada pelo clube. Acho que precisa de um processo mais avançado de regulamentação da mudança para sociedade empresarial para ter a segurança de apresentar para os associados e eventualmente aprovar isso em uma assembleia geral sem o receio que muita gente no Brasil tem com esse modelo.
Acha que tem gente querendo derrubar a MP?
Existem pessoas preocupadas com a eficácia depois da aprovação, se vai funcionar ou não. São regras duras e possibilidades pequenas de erro. Com o modelo de gestão que existe, o risco é grande. As dívidas dos clubes são grandes e a economia do país não ajuda no momento.
Por que tanto ataque à exigência das Certidões Negativas de Débitos (CNDs)?
Eu sou um dos maiores críticos à CND. É um desequilíbrio entre área publica e privada. Se a área pública precisasse de CND para funcionar, não funcionava. Porque tem descontrole de gastos e falta de planejamento a longo prazo no Brasil. Pimenta nos olhos do outros é refresco. CND é certificado com uma natureza: captação de dinheiro público, por meio de incentivo fiscal ou financiamento público. Aqui, na MP, não temos uma coisa nem outra. O que temos é um parcelamento, em um modelo existente de Refis e tantos outros. É uma dívida reconhecida que está sendo parcelada. Ninguém está captando dinheiro público. O CND é necessário para que tem patrocínio, por exemplo, da Caixa. Estão criando um propósito distorcido da CND. Novamente, vamos ficar na mão do poder público para analisar se vai emitir, se tem autuação tributária, se está em discussão administrativa ou discussão judicial. E se dentro dessa situação tem direito ou não a ter CND. Se eles entenderem que não, tem que entrar com uma ação judicial, como vários clubes fizeram. Não é correto iniciar uma lei na qual o clube tenha que ingressar em juízo. A lei fica toda errada.
Então, qual o modelo ideal de controle da situação financeira dos clubes?
Acho que tem que ser como é na Europa, preto no branco: declaração de pagamento de salário, direito de imagem, recolhimento de imposto de renda, INSS e depósito de FGTS. Aí não tem discussão de autuação ou tributária. Mas querem criar uma situação de CND... Quem trabalha na área conhece as complexidades.
Como têm sido os primeiros seis meses sem a Unimed?
Um desafio grande que estamos enfrentando de forma firme. Desde o início da gestão já estávamos trabalhando bastante as divisões de base para poder usar a grande parte desses jogadores nessa nova fase. temos uma outra condição, mudamos o perfil do técnico, mas os objetivos continuam os mesmos.
Foi melhor ou pior ficar sem ela?
Acho que nem melhor nem pior. Não temos que lamentar o passado, nem lamentar o futuro antes dele acontecer. Foi importante para o Fluminense, deu grandes resultados esportivos, foi uma relação de anos, que nasceu em 1999, passou por processo de construção. Agora o quadro mudou, o cenário é outro, nova perspectiva, mas com os mesmos objetivos de brigar por títulos. Só que com um perfil de clube formador e não comprador.
Tem clube que se acomoda quando tem um patrocinador forte, no ponto de vista do controle de gastos?
No meu caso, desde o primeiro dia o objetivo era rearrumar o Fluminense no ponto de vista financeiro. E também infraestrutura, ter uso adequado do Maracanã, redemocratizar o Fluminense. Vários dos objetivos foram cumpridos. Hoje, temos 25 mil sócios votantes, acabando com aquela política de corredor. Tudo isso sabendo que tinha um patrocinador para ajudar com bons times, disputar títulos. A grande dificuldade que tivemos foi com a área pública, que não é confiável e estável. E daí a minha preocupação com essa legislação. Pelo que eu vivi no Fluminense, sei que quem mais prejudicou foi a área pública. Ela atrasou a recuperação econômica do Fluminense por uns dois anos.
Por causa da história do bloqueio das receitas?
Não é só pelo bloqueio. É o comportamento, conduta, tratamento desigual, confronto, escolha de quem vai beneficiar ou não vai. Isso é inaceitável em uma sociedade série a equilibrada. Acho que estamos atrasados. Eu não confio na área pública, que foi inimiga do Fluminense nesse período.
Você falou que os clubes precisam de representação única. Assumiria a presidência desse órgão?
Acho que não é o meu caso. Tenho uma dedicação ao Fluminense grande. O clube ainda tem problemas severos. Acho que minha presença é fundamental nessa transição do modelo do antigo patrocinador para o modelo formador. O Fluminense passa por um processo de reorganização financeira e ainda a construção de um CT. Tem muita atividade. O meu papel hoje ainda é de presidente executivo, e isso eu critico. Gostaria eu de ser um presidente estratégico, comandando um conselho de administração. Hoje ainda não é possível. Justifica ainda mais a necessidade da necessidade da sociedade empresarial de futebol.
Nessas reuniões na CBF e em Brasília, você tem dividido a mesa com Eurico Miranda, presidente do Vasco. E vocês não se dão bem. Como tem sido isso?
Sou bastante pragmático, coloco meu pensamento, meus objetivos e escuto independentemente quem compõe o grupo de trabalho. Ele tem o papel dele. eu tenho o meu.
Eurico, por falar nisso, foi quem sugeriu à CBF que os clubes tivessem autonomia nos conselhos técnicos, sem veto. Como vê essa medida?
Acho que é uma mudança, mas nada em relação ao mercado brasileiro, ao futebol doméstico. Foi uma evolução, mas isso não é determinante para o futuro no momento.
Houve uma reunião interna dos clubes, que também teve o Bom Senso. Tem mais coisa marcada? Como foi o encontro?
Por enquanto não. Não mudou muito, porque a maioria dos clubes estava na reunião anterior. A opinião de cada um permaneceu, então temos um cenário aberto sobre isso.
Tem algum movimento por participação dos clubes na assembleia geral da CBF?
Acho que no momento a maioria está focada na MP. No momento, está um pouco difícil discutir mudanças em outros aspectos sobre a modernização do futebol brasileiro. Todos os outros assuntos ficam para depois.
E mata-mata x pontos corridos, calendário?
Isso é uma outra discussão, não poderia contribuir tanto. Estou bastante atarefado. Ficaria difícil participar desse ponto.
Os clubes estão rachados, porque cada um puxa por um lado nessa história da MP?
Na MP, existem pontos convergentes. Outros não. Com bom senso, convivemos bem. Acho saudável ter divergências. Acho que são pontuais, a respeito das propostas da lei.
Dá para confiar em Marco Polo Del Nero e quem está na CBF?
Não há por que duvidar. Nenhuma das pessoas lá foi mencionada ou indiciada. Entendo que é possível ter uma boa relação de trabalho. Há divergências e sinergia. A CBF vem acenando com uma possível modernização.
Leu o relatório do FBI? Os dirigentes não ficam desconfiados pela descrição do co-conspirador 12?
Li somente as reportagens. Como é que vou suspeitar de alguém que não foi denunciado, citado, acusado. Numa família, você pode ter pessoas honestas e uma única desonesta. Não coloco o carro à frente dos bois.
Mas não fica uma pulga atrás da orelha?
Hoje, no Brasil, pulga atrás da orelha é normal. Estamos nos deparando com o gigantismo de um caso numa entidade internacional. Sinceramente, pulga atrás da orelha é nossa vida de brasileiro. Mas creio que nesse caso não há por que duvidar das pessoas.
Como está a participação do Fluminense nos grupos de trabalho da CBF?
Eu recusei a participação na comissão dos clubes. Estou trabalhando na discussão da lei, mas no clube, na CBF e até com Bom Senso.
Mas por que?
Porque acho que poderia fazer um trabalho melhor fora dela. Me sinto mais à vontade fazendo um trabalho independente. A comissão representa clubes da Série A, e acho que hoje o foco é a MP. Há tanta coisa paralela.
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– A MP é um avanço, mas muito tímido. A legislação tributária brasileira é velha, arcaica, complexa e gera um custo inaceitável. A parte de encargos sociais é péssima para constituição de economia e péssima para abertura de vagas. A MP é dura, traz leis europeias de fair play, mas não muda o modelo de gestão, o que é uma falha gravíssima. Ela não vai além na reestruturação do futebol brasileiro, sem intervenção estatal – afirmou ele.
Nesta entrevista ao LANCE!, ele conta como está o debate e dá o motivo para que os clubes batam o pé em alguns pontos do texto. Peter entende que, assim como ele, muitos presidentes de clubes também querem melhorar o modelo de gestão, mas estão ocupados com outros temas. Uma boa solução, segundo o mandatário do Flu, seria a criação de um organismo que una os clubes.
– Poucos querem manter a estrutura do passado. Mas muitos estão resolvendo tantos problemas que têm pouco tempo para sugerir novos modelos. Como não há uma estrutura de liderança dentro dos clubes, uma representatividade definida, fica um vácuo. Por isso queremos contar e usa a CBF como campo para propor um novo modelo. Mas seria importante que os clubes construíssem uma representatividade, para serem ouvidos de uma forma só em um momento difícil – completou.
Para Peter, apesar do atual impasse entre clubes/CBF e governo federal, a Medida Provisória será uma realidade:
– Acho bem possível que saia.
No entanto...
– A preocupação é como sairá.
Como você avalia o atual momento da MP 671?
Honestamente, não sei se o projeto está maduro e pronto para ir para votação. O que percebi é que há divergências. Cada clube tem seus problemas, características, e a lei tem que ser boa para a maioria para que possa ser eficiente e traga o resultado esperado para a sociedade. Me parece que tem muita gente na correria para que isso fique logo pronto. Corre-se um grande risco de ela fracassar e ficar pelo caminho.
Que tipo de problema você enxerga no atual projeto?
O grande problema é criar punição, fair play, parcelamento, mas não cuidar do modelo de gestão dos clubes brasileiros e isso é muito grave. Cria as contrapartidas, mas não trata na origem, que é o modelo de gestão, o que torna difícil um trabalho a longo prazo. Isso é fundamental, porque há grandes dívidas.
E o item que “incentiva” a criação de sociedades empresárias nos clubes? Acha que vai servir aos clubes?
Para estruturar algo que seja convidativo, a legislação deveria ser mais profunda, tratando não só de um benefício fiscal do ponto de vista de custo tributário (estipula um percentual único de impostos em 5% da receita bruta), mas também definir as regras desse cisão. Até para ter a discussão da aplicação da lei, já que você vai ter o clube com a dívida e a sociedade empresária controlada pelo clube. Acho que precisa de um processo mais avançado de regulamentação da mudança para sociedade empresarial para ter a segurança de apresentar para os associados e eventualmente aprovar isso em uma assembleia geral sem o receio que muita gente no Brasil tem com esse modelo.
Acha que tem gente querendo derrubar a MP?
Existem pessoas preocupadas com a eficácia depois da aprovação, se vai funcionar ou não. São regras duras e possibilidades pequenas de erro. Com o modelo de gestão que existe, o risco é grande. As dívidas dos clubes são grandes e a economia do país não ajuda no momento.
Por que tanto ataque à exigência das Certidões Negativas de Débitos (CNDs)?
Eu sou um dos maiores críticos à CND. É um desequilíbrio entre área publica e privada. Se a área pública precisasse de CND para funcionar, não funcionava. Porque tem descontrole de gastos e falta de planejamento a longo prazo no Brasil. Pimenta nos olhos do outros é refresco. CND é certificado com uma natureza: captação de dinheiro público, por meio de incentivo fiscal ou financiamento público. Aqui, na MP, não temos uma coisa nem outra. O que temos é um parcelamento, em um modelo existente de Refis e tantos outros. É uma dívida reconhecida que está sendo parcelada. Ninguém está captando dinheiro público. O CND é necessário para que tem patrocínio, por exemplo, da Caixa. Estão criando um propósito distorcido da CND. Novamente, vamos ficar na mão do poder público para analisar se vai emitir, se tem autuação tributária, se está em discussão administrativa ou discussão judicial. E se dentro dessa situação tem direito ou não a ter CND. Se eles entenderem que não, tem que entrar com uma ação judicial, como vários clubes fizeram. Não é correto iniciar uma lei na qual o clube tenha que ingressar em juízo. A lei fica toda errada.
Então, qual o modelo ideal de controle da situação financeira dos clubes?
Acho que tem que ser como é na Europa, preto no branco: declaração de pagamento de salário, direito de imagem, recolhimento de imposto de renda, INSS e depósito de FGTS. Aí não tem discussão de autuação ou tributária. Mas querem criar uma situação de CND... Quem trabalha na área conhece as complexidades.
Como têm sido os primeiros seis meses sem a Unimed?
Um desafio grande que estamos enfrentando de forma firme. Desde o início da gestão já estávamos trabalhando bastante as divisões de base para poder usar a grande parte desses jogadores nessa nova fase. temos uma outra condição, mudamos o perfil do técnico, mas os objetivos continuam os mesmos.
Foi melhor ou pior ficar sem ela?
Acho que nem melhor nem pior. Não temos que lamentar o passado, nem lamentar o futuro antes dele acontecer. Foi importante para o Fluminense, deu grandes resultados esportivos, foi uma relação de anos, que nasceu em 1999, passou por processo de construção. Agora o quadro mudou, o cenário é outro, nova perspectiva, mas com os mesmos objetivos de brigar por títulos. Só que com um perfil de clube formador e não comprador.
Tem clube que se acomoda quando tem um patrocinador forte, no ponto de vista do controle de gastos?
No meu caso, desde o primeiro dia o objetivo era rearrumar o Fluminense no ponto de vista financeiro. E também infraestrutura, ter uso adequado do Maracanã, redemocratizar o Fluminense. Vários dos objetivos foram cumpridos. Hoje, temos 25 mil sócios votantes, acabando com aquela política de corredor. Tudo isso sabendo que tinha um patrocinador para ajudar com bons times, disputar títulos. A grande dificuldade que tivemos foi com a área pública, que não é confiável e estável. E daí a minha preocupação com essa legislação. Pelo que eu vivi no Fluminense, sei que quem mais prejudicou foi a área pública. Ela atrasou a recuperação econômica do Fluminense por uns dois anos.
Por causa da história do bloqueio das receitas?
Não é só pelo bloqueio. É o comportamento, conduta, tratamento desigual, confronto, escolha de quem vai beneficiar ou não vai. Isso é inaceitável em uma sociedade série a equilibrada. Acho que estamos atrasados. Eu não confio na área pública, que foi inimiga do Fluminense nesse período.
Você falou que os clubes precisam de representação única. Assumiria a presidência desse órgão?
Acho que não é o meu caso. Tenho uma dedicação ao Fluminense grande. O clube ainda tem problemas severos. Acho que minha presença é fundamental nessa transição do modelo do antigo patrocinador para o modelo formador. O Fluminense passa por um processo de reorganização financeira e ainda a construção de um CT. Tem muita atividade. O meu papel hoje ainda é de presidente executivo, e isso eu critico. Gostaria eu de ser um presidente estratégico, comandando um conselho de administração. Hoje ainda não é possível. Justifica ainda mais a necessidade da necessidade da sociedade empresarial de futebol.
Nessas reuniões na CBF e em Brasília, você tem dividido a mesa com Eurico Miranda, presidente do Vasco. E vocês não se dão bem. Como tem sido isso?
Sou bastante pragmático, coloco meu pensamento, meus objetivos e escuto independentemente quem compõe o grupo de trabalho. Ele tem o papel dele. eu tenho o meu.
Eurico, por falar nisso, foi quem sugeriu à CBF que os clubes tivessem autonomia nos conselhos técnicos, sem veto. Como vê essa medida?
Acho que é uma mudança, mas nada em relação ao mercado brasileiro, ao futebol doméstico. Foi uma evolução, mas isso não é determinante para o futuro no momento.
Houve uma reunião interna dos clubes, que também teve o Bom Senso. Tem mais coisa marcada? Como foi o encontro?
Por enquanto não. Não mudou muito, porque a maioria dos clubes estava na reunião anterior. A opinião de cada um permaneceu, então temos um cenário aberto sobre isso.
Tem algum movimento por participação dos clubes na assembleia geral da CBF?
Acho que no momento a maioria está focada na MP. No momento, está um pouco difícil discutir mudanças em outros aspectos sobre a modernização do futebol brasileiro. Todos os outros assuntos ficam para depois.
E mata-mata x pontos corridos, calendário?
Isso é uma outra discussão, não poderia contribuir tanto. Estou bastante atarefado. Ficaria difícil participar desse ponto.
Os clubes estão rachados, porque cada um puxa por um lado nessa história da MP?
Na MP, existem pontos convergentes. Outros não. Com bom senso, convivemos bem. Acho saudável ter divergências. Acho que são pontuais, a respeito das propostas da lei.
Dá para confiar em Marco Polo Del Nero e quem está na CBF?
Não há por que duvidar. Nenhuma das pessoas lá foi mencionada ou indiciada. Entendo que é possível ter uma boa relação de trabalho. Há divergências e sinergia. A CBF vem acenando com uma possível modernização.
Leu o relatório do FBI? Os dirigentes não ficam desconfiados pela descrição do co-conspirador 12?
Li somente as reportagens. Como é que vou suspeitar de alguém que não foi denunciado, citado, acusado. Numa família, você pode ter pessoas honestas e uma única desonesta. Não coloco o carro à frente dos bois.
Mas não fica uma pulga atrás da orelha?
Hoje, no Brasil, pulga atrás da orelha é normal. Estamos nos deparando com o gigantismo de um caso numa entidade internacional. Sinceramente, pulga atrás da orelha é nossa vida de brasileiro. Mas creio que nesse caso não há por que duvidar das pessoas.
Como está a participação do Fluminense nos grupos de trabalho da CBF?
Eu recusei a participação na comissão dos clubes. Estou trabalhando na discussão da lei, mas no clube, na CBF e até com Bom Senso.
Mas por que?
Porque acho que poderia fazer um trabalho melhor fora dela. Me sinto mais à vontade fazendo um trabalho independente. A comissão representa clubes da Série A, e acho que hoje o foco é a MP. Há tanta coisa paralela.
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