Desde a troca na presidência da Caixa Econômica Federal, após a reeleição de Dilma Rousseff, não se fala em outra coisa nos bastidores de mercado: o banco deve deixar o futebol no final deste ano, assim que todos os contratos com os times terminarem. A expectativa pessimista é compartilhada por boa parte dos clubes.
Segundo a diretoria da empresa, no entanto, o prognóstico se trata apenas de uma mera "ilação", sem nenhum fundamento real.
"São ilações do mercado, nao tem nada disso", afirmou o Superintendente Nacional de Promoções e Eventos, Gerson Bordignon, em entrevista ao ESPN.com.br.
A mudança de comportamento, percebida nesse começo de ano, de colocar praticamente todos os contratos com ponto final em dezembro foi o principal motivo para a especulação começar.
A justificativa oficial é de que faz parte de uma nova estratégia para avaliar melhor onde o investimento tem que ser feito, levando em consideração o desempenho dos times na temporada, além de concentrar as negociações em um único momento.
A classificação para a Libertadores também tem peso importante para a Caixa.
"A discussão é técnica. Não queremos ter uma janela muito grande de negociações no ano. Queremos discutir tudo em um momento só. A gente fez contratos até o dia 31/12. Assim, temos um tempo pra poder negociar pra 2016. O que a gente não quer mais é fazer contrato que acabe no meio do ano. A partir desse ano a gente vai ter contratos até dezembro, sempre será assim. A gente vai saber quem vai estar disputando qual série, quem vai para a Libertadores...", explicou.
"Libertadores dá mais exposição, com certeza. É uma garantia maior de jogos transmitidos, para regiões importantes. Se você for precificar isso, eles têm alguns pontos na frente de outros", completou o executivo.
À frente das negociações, Gerson Bordignon tem de lidar com os mais diferentes perfis de dirigentes do futebol brasileiro. Ele aponta que as conversas mais difíceis são com os cartolas-torcedores.
"Nas negociações, tem clube que é mais profissional, tem uma equipe diretiva mais profissional, no sentido de ser mais de mercado. E tem clube que é mais no esquema antigo, é o torcedor como dirigente. E quando ele é torcedor complica um pouco. Não pode ter o amor na camisa na frente. Mas isso faz parte", disse.
"Quando o cara é torcedor, evidente que ele quer que o time ganhe tudo, quer ter um elenco competitivo, mas quando o cara faz essa gestão com muito amor a camisa, ele pode tomar algumas decisoes não adequadas", acrescentou, sem identificar quem é quem.
O grande problema para acertar um contrato, no entanto, tem sido com as Certidões Negativas de Débito, exigência feita pelo banco para conceder o patrocínio.
Além de ter que ter tudo certo para assinar o acordo, o clube tem de apresentar os documentos frequentemente para receber o dinheiro em sua conta. Nem todos estão conseguindo, como é o caso do Coritiba, e como já aconteceu com o Corinthians no ano passado também.
"O maior entrave que temos hoje em dia é mesmo as CNDs. Depois, com o contrato em andamento é muito simples: se o cara tem certidão válida, ele recebe, se não tem, não recebe", afirmou o superintendente.
"É uma empresa pública, faz parte do nosso trabalho. Isso não incomoda. Eu trabalho com muita variável. São coisas normais. Faz parte", respondendo se o fato de os clubes ficarem sem as certidões no meio do contrato incomodava a empresa de alguma forma.
Balanço, elitização e campeonatos regionais
Depois desses dois anos e meio no futebol, e mesmo em meio a especulações de saída, a Caixa diz que o balanço do patrocínio é muito positivo. Dentro do novo plano estratégico, apenas clubes das séries A e B poderão concorrer pelos recursos do banco.
"O balanço foi muito bom. Claro que tem times que te dão retorno maior, outros são menores. No tocante a midia. a gente não avalia só retorno de midia, tem todo um arcabolso de itens que a gente leva em consideração. Não só as negociações com o clube, mas também com governo e prefeitura. Claro que quando a gente fala dos times grandes, eles dão um retorno maior", explicou Gerson Bordignon.
"Vamos fazer só série A e B. Não vamos deixar de fazer a segunda divisão. A gente tem uma grande preocupação para que o futebol não acabe se elitizando. Se você pegar a Série A, a gente exclui muito outras regiões. Por ser empresa pública, a gente tenta também chegar em outras regiões, apoiando os campeonatos regionais, como a Copa do Nordeste a Copa Verde. É uma forma de compensar e de ter uma presença nacional. Os torcedores de lá estão muito felizes".
Sem querer falar de forma institucional, o executivo diz que gosta muito dos regionais, mas garante não fazer nenhum tipo de lobby para que sejam levados para outros estados.
"Eu vejo com bons olhos regionalizar campeonatos, me parece interessante. A competitividade é maior, acho muito legal, mas é uma opinião de torcedor", finalizou.
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A mudança de comportamento, percebida nesse começo de ano, de colocar praticamente todos os contratos com ponto final em dezembro foi o principal motivo para a especulação começar.
A justificativa oficial é de que faz parte de uma nova estratégia para avaliar melhor onde o investimento tem que ser feito, levando em consideração o desempenho dos times na temporada, além de concentrar as negociações em um único momento.
A classificação para a Libertadores também tem peso importante para a Caixa.
"A discussão é técnica. Não queremos ter uma janela muito grande de negociações no ano. Queremos discutir tudo em um momento só. A gente fez contratos até o dia 31/12. Assim, temos um tempo pra poder negociar pra 2016. O que a gente não quer mais é fazer contrato que acabe no meio do ano. A partir desse ano a gente vai ter contratos até dezembro, sempre será assim. A gente vai saber quem vai estar disputando qual série, quem vai para a Libertadores...", explicou.
"Libertadores dá mais exposição, com certeza. É uma garantia maior de jogos transmitidos, para regiões importantes. Se você for precificar isso, eles têm alguns pontos na frente de outros", completou o executivo.
À frente das negociações, Gerson Bordignon tem de lidar com os mais diferentes perfis de dirigentes do futebol brasileiro. Ele aponta que as conversas mais difíceis são com os cartolas-torcedores.
"Nas negociações, tem clube que é mais profissional, tem uma equipe diretiva mais profissional, no sentido de ser mais de mercado. E tem clube que é mais no esquema antigo, é o torcedor como dirigente. E quando ele é torcedor complica um pouco. Não pode ter o amor na camisa na frente. Mas isso faz parte", disse.
"Quando o cara é torcedor, evidente que ele quer que o time ganhe tudo, quer ter um elenco competitivo, mas quando o cara faz essa gestão com muito amor a camisa, ele pode tomar algumas decisoes não adequadas", acrescentou, sem identificar quem é quem.
O grande problema para acertar um contrato, no entanto, tem sido com as Certidões Negativas de Débito, exigência feita pelo banco para conceder o patrocínio.
Além de ter que ter tudo certo para assinar o acordo, o clube tem de apresentar os documentos frequentemente para receber o dinheiro em sua conta. Nem todos estão conseguindo, como é o caso do Coritiba, e como já aconteceu com o Corinthians no ano passado também.
"O maior entrave que temos hoje em dia é mesmo as CNDs. Depois, com o contrato em andamento é muito simples: se o cara tem certidão válida, ele recebe, se não tem, não recebe", afirmou o superintendente.
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Balanço, elitização e campeonatos regionais
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"O balanço foi muito bom. Claro que tem times que te dão retorno maior, outros são menores. No tocante a midia. a gente não avalia só retorno de midia, tem todo um arcabolso de itens que a gente leva em consideração. Não só as negociações com o clube, mas também com governo e prefeitura. Claro que quando a gente fala dos times grandes, eles dão um retorno maior", explicou Gerson Bordignon.
"Vamos fazer só série A e B. Não vamos deixar de fazer a segunda divisão. A gente tem uma grande preocupação para que o futebol não acabe se elitizando. Se você pegar a Série A, a gente exclui muito outras regiões. Por ser empresa pública, a gente tenta também chegar em outras regiões, apoiando os campeonatos regionais, como a Copa do Nordeste a Copa Verde. É uma forma de compensar e de ter uma presença nacional. Os torcedores de lá estão muito felizes".
Sem querer falar de forma institucional, o executivo diz que gosta muito dos regionais, mas garante não fazer nenhum tipo de lobby para que sejam levados para outros estados.
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