Roger revela paixão por marcenaria e garante ter comando: 'Sou um líder'

Ídolo gremista agradece dicas de Tite e afirma ter pulso firme para cobrar elenco na hora certa, apesar da amizade com jogadores; veja entrevista exclusiva à RBS TV


Fonte: GloboEsporte

Roger revela paixão por marcenaria e garante ter comando: Sou um líder
Multicampeão pelo Grêmio como um jovem lateral-esquerdo eficiente e, mais recentemente, um também precoce treinador estudioso são algumas facetas já bem conhecidas de Roger Machado, atual comandante gremista. Em entrevista exclusiva à RBS TV, o treinador apresentou outro lado mais particular e contou histórias nem tanto comuns. Lembrou o surgimento no clube gaúcho, falou do momento atual e também revelou um dos seus hobbies: a marcenaria.

Após a disputa do Campeonato Gaúcho, no qual comandou o Novo Hamburgo, Roger entendeu que precisava descansar. Procurou uma nova ocupação, bem distante do futebol. O ídolo gremista buscou algo uma suas diversões e se inscreveu em um curso para se especializar: o de marceneiro, que teve de ser deixado para trás após o convite do presidente Romildo Bolzan:

- Uma das minhas paixões é cuidar da família. Nos períodos que você está desempregado, você procura ocupações no tempo que sobra. Decidi fazer uma das atividades que me dava prazer. Sempre gostei de madeira. Fui me informar, conheci um curso e gostei do método. Nesse meio, fui chamado pelo Grêmio. Assim que puder, gostaria de recomeçar.


Entrevista exclusiva com Roger Machado, técnico do Grêmio (Foto: Reprodução / RBSTV)

Roger entende que a rotina maçante do futebol desgasta o profissional. Por isso, acredita que é necessário se desligar um pouco desse ambiente nos momentos em que não está a serviço de um clube.

- Você precisa algo para espairecer. Poder em alguns momentos não pensar em futebol. Não só a marcenaria ou outro hobby que venha exercer é importante. Amo jogar futebol, mas como profissão. Nos momentos e lazer, gostaria de desfrutar de outras coisas - avalia.

Aprendizado com outros técnicos

O sonho de Roger, no entanto, está adiado. Motivo para tristeza? Nada disso. Agora, realiza outro. No clube pelo qual se consagrou, busca trilhar como técnico o mesmo sucesso que teve como jogador. Só que o canhoto já sabia que, assim que pendurasse as chuteiras, não conseguiria se desvencilhar do futebol.

Ainda em campo, começou a buscar ensinamentos com os chefes para ver se poderia seguir no esporte, mas em outra função. Não por iniciativa própria. Por uma observação de Tite. O caminho de Roger com o atual comandante do Corinthians se cruzou em 2001, quando o treinador foi contratado pelo Grêmio, clube no qual o então lateral estava desde sua adolescência. Em determinado momento, chamou-o para uma conversa. Deu um disquete com um programa de análise tática.

- Talvez o Tite tenha percebido minha facilidade ou desejo de ser treinador. Quem joga na defesa acaba vendo o jogo com prisma ou ângulo diferente. Consegue agregar ao trabalho, entender o que acontece à frente. Mas posso dizer que aprendi com todos que passaram por mim. Felipão, Renato, que foi meu treinador e fui auxiliar. O Tite foi meu treinador e, sempre que posso, troco mensagem. O Vanderlei (Luxemburgo) me ajudou muito. Aprendi muito com o Celso Roth também - lembra.

Roger tem quatro jogos pelo Grêmio (Foto: Diego Guichard)



A saída do Grêmio como auxiliar e o retorno

A bagagem acumulada com os técnicos e a vivência no campo não o satisfizeram. Depois de encerrar a carreira, após passar também pelo Fluminense e deixar o DC United uma semana depois de ser apresentado, por conta de problemas nas costas, apostou em sua qualificação. Cursou faculdade de Educação Física na Sogipa, em Porto Alegre. Era o aluno mais destacado da turma a cada semestre. Fez curso de Gestão Esportiva e participou em dois anos do Fórum Internacional de Futebol (Footecon).

Neste período, iniciou o trabalho nas categorias de base do Grêmio, com um estágio ainda da faculdade. Em seguida, passou a figurar como auxiliar de treinadores do elenco principal, como Vanderlei Luxemburgo e Renato Gaúcho. Treinou o time de maneira interina em oito oportunidades, com quatro vitórias e quatro derrotas. Resolveu sair do Grêmio em 2013, para efetivamente se lançar como técnico no mercado e voltar ao clube. A data é guardada em segredo, mas admite que a chance apareceu antes do esperado:

- Entendi que precisava cumprir a última etapa que era ser treinador principal. Até então, só tinha dirigido o clube de maneira auxiliar. Muito do que me movia era retornar ao clube como treinador. Tenho na minha cabeça a data que deveria de estar aqui. Como tudo na vida aconteceu de forma precoce, entendi que foi no tempo certo. Mesmo não sendo a primeira opção, entendo que reuni os pré-requisitos para ser esse comandante.

O discurso sincero de Roger é ressaltado ao admitir que o passado gremista o ajudou também a conquistar o cargo de sucessor de Felipão. Porém, apenas isso não o garantirá por um longo período:

- Meu retorno parte também da minha história, mas o que vai me respaldar são os resultados em campo.

Amizade com jogadores e cobrança

Para alcançar esta performance, Roger precisará expor seus conhecimentos. Tanto táticos como de líder. O ex-lateral entende que tem condições de cumprir mais esta função. O estilo menos expansivo em relação ao antecessor Felipão não é visto como empecilho para o triunfo:

- Sou um líder de vestiário. Meu maior trabalho é conseguir gerir o grupo quando conseguimos fazer que grandes jogadores se sintam responsáveis pelo sucesso do trabalho. Uma das funções do treinador é dar feedbacks para os seus atletas referentes ao que ocorre em campo, dividir o conhecimento e poder acrescentar algumas coisas.

O estilo professoral e parceiro não permitirá, entretanto, desleixo. Roger garante que sabe o momento de mostrar sua força perante aos jogadores e promete exercer tal postura quando necessário for.

- A cobrança existe - sentencia.

Roger garante que sabe cobrar os jogadores apesar do perfil (Foto: Diego Guichard)


Onde o Grêmio pode chegar?

Atualmente, o Grêmio está em sétimo com 11 pontos, cinco atrás do líder São Paulo. O time de Juan Carlos Osorio, aliás, foi o único para o qual perdeu - 2 a 0. Na "Era Roger", foram quatro jogos, com duas vitórias - 3 a 1 em cima do Corinthians e 2 a 1 sobre o Atlético-PR - e um empate - 1 a 1 com o Goiás -, o que dá um aproveitamento de 58,33%.

O treinador não se deslumbra com o início. Tampouco estipula metas para o que o Grêmio brigará, apesar de acreditar que o Tricolor gaúcho tenha condições de lutar pelo topo do Brasileirão:

- O andamento da competição nos dirá. Planejamos jogo a jogo. É difícil olhar lá para a 38ª rodada. Às vezes é mais fácil desmembrar em pequenos blocos, mas queremos fazer um campeonato à altura do nosso time, brigando sempre pelas primeiras colocação. Não abro mão.

Como surgiu para o Grêmio

A obstinação de Roger se traduz em seu perfeccionista. O técnico é detalhista em tudo. Lembra-se com riqueza de detalhes até quando começou sua história no Grêmio. Em 1992, então com 17 anos, o garoto do Bairro Auxiliadora - Zona Norte de Porto Alegre - resolveu fazer o teste, influenciado por um amigo. Não demorou para o talento cativar os responsáveis pelas categorias de base:

Roger Machado em seus tempos de jovem lateral
(Foto: Reprodução/RBS TV)


- Aos 17 anos, por influência de um amigo, fui fazer um teste no clube. Depois de alguma insistência, eu fui. Era uma quinta-feira, 17 de julho de 1992, fiz um período de testes e no final dele, o treinador me disse que eu ficaria nos juvenis do clube. O Álvaro Laitano, o Português, me disse, "leva a sério essa profissão que daqui a dois anos o Grêmio terá um grande lateral-esquerdo". Mas ele errou, porque um ano e meio depois eu debutei como profissional - sorri.

A precocidade pegou até a família de surpresa. Roger evitou fazer alarde em casa. Mas sua mãe descobriu ao ler um jornal, o que ainda tentou desdobrar:

- Eu não comentei quase nada em casa. Lembro que um dia minha mãe estava no jornal em que dizia que eu estava no grupo profissional. Eu disse acho que era só um período de avaliação, imagino que vou voltar par a base. A reação de todos foi excelente. Foram 12 anos de clube.

O Grêmio e Roger esperam que o mesmo sucesso conquistado em campo se repita com a prancheta. Neste sábado, às 21h, dará mais um passo. Em jogo válido pela oitava rodada do Brasileirão, a equipe enfrenta o Palmeiras na Arena.

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