Goiás x Vitória foi o jogo com mais tempo de bola rolando até agora no Brasileiro (Foto: O Popular)
Para o torcedor que é apaixonado por futebol e vai ao estádio acompanhar seu time de coração, não há nada melhor do que assistir a uma partida repleta de gols e lances emocionantes. Pena que muitos confrontos sejam truncados e com pouco tempo efetivo de jogo. Para não prejudicar o espetáculo, a Fifa considera que a bola deve rolar, no mínimo, por 60 minutos durante cada jogo, dois terços do tempo total. A realidade, no entanto, ainda está muito distante do Campeonato Brasileir da Série A, que retorna nesta quarta-feira após a pausa para a Copa do Mundo. Dos 90 confrontos nas nove primeiras rodadas, antes da interrupção para o Mundial, apenas quatro tiveram 60 minutos ou mais de bola rolando, o que representa 4,4% do total. E mesmo assim, os "aprovados" passaram raspando no limite estipulado pela Fifa.
A partida com mais tempo de bola em movimento foi Goiás x Vitória, na oitava rodada, que teve 62m49s. O mais curioso é que isso não se traduziu em gols, e os dois times ficaram no empate em 0 a 0. Na sequência vem o confronto válido pela sétima rodada entre Chapecoense e Palmeiras, vencido pela equipe catarinense por 2 a 0, com 61m57s. Na terceira colocação aparece Cruzeiro 3 x 0 Flamengo, na nona rodada, com 61m16s, seguido por Figueirense 0 x 2 Santos, pela quarta rodada, que teve 60m05s. Todas as demais 86 partidas registraram menos de 60 minutos de bola rolando.
Vitória x Sport foi o jogo com menos tempo de bola rolando até agora no Brasileiro (Foto: Ag. Estado)
O campeão negativo foi Vitória 0 x 1 Sport, na nona rodada. Foi quando a bola menos rolou, com 34m42s, quase a metade do que deseja a Fifa. Em segundo lugar aparece Chapecoense 0 x 1 Corinthians, pela primeira rodada, que teve 40m36. Internacional 2 x 1 Atlético-PR, na quarta rodada, teve 43m11s, seguido por Criciúma 0 x 0 Internacional, pela quinta rodada, com 44m27s.
Na média, o Brasileirão teve até agora 52m29s de bola rolando por jogo, praticamente 7m30s a menos que o ideal. A Copa do Mundo, com jogos em bom nível técnico, supera o campeonato nacional, mas também está abaixo da média da Fifa, com 57m36. Vale registrar que o Mundial teve tempo de acréscimo dos árbitros maior em relação ao Brasileiro, tanto no primeiro tempo (1m50 contra 1m24) como na etapa complementar (4m10 contra 3m09). Ainda assim, a média de bola rolando no Mundial ficou cerca de 2m30 abaixo do recomendado. Na comparação da média de gols, a Copa também leva: 2,6 (171 gols em 64 jogos), contra 2,1 (193 gols em 90 partidas) do Brasileiro.
(Imagem: InfoEsporte)
Faltas diminuem tempo de jogo
O presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, afirma que a estatística tem relação com o número de faltas. Quanto menos o árbitro interrompe o jogo, mais tempo de bola rolando. Na Série A, a média de faltas é de 34 por jogo (3.072 em 90 partidas), enquanto na Copa este número cai para 30 (1.928 em 64 confrontos). Segundo ele, outra diferença está na qualidade dos gramados nos estádios e no próprio comportamento dos jogadores estrangeiros, que não têm o hábito de "encenar" uma infração para enganar o juiz durante as partidas.
Sérgio Corrêa diz que tempo de bola rolando tem relação com número de faltas (Foto: André Durão)
- Nos campeonatos aqui no Brasil tem jogador que se "lesiona" com a placa de substituição levantada só para retardar a saída de campo, e assim ganhar tempo. Já na Copa, além de todos os campos estarem em ótimas condições, os jogadores, em sua maioria, são de países que não têm esta cultura de simulação. Claro que ainda estamos longe do ideal, mas já melhorou bastante. Em 1990, a média de faltas no Brasil era de 58 por partida. Com a ajuda da própria Fifa e, sobretudo, graças ao trabalho da Comissão de Arbitragem que vem realizando cursos regulares com os árbitros e assistentes de todo o país desde 2008, essa média de faltas caiu para 34 por jogo no ano passado e se manteve nas nove rodadas iniciais do Brasileirão de 2014. Apesar da evolução ainda estamos atrás da média de faltas registrada por alguns países como Inglaterra (21), Espanha (27) e Itália (28). Basta assistir aos jogos do Campeonato Inglês para observar que muitas faltas não são marcadas. São jogadas viris, mas sem maldade - afirma Corrêa.
Dos 20 clubes da Série A, o Sport (192) é o time que mais cometeu faltas até a nona rodada. Na última colocação está o Corinthians (118). Uma das maneiras que os árbitros têm para coibir tanto a violência como o antijogo e o rodízio de faltas é através do uso dos cartões. Na Série A foram aplicados até a interrupção para a Copa 413 amarelos (média de 4,5 por jogo) e 20 vermelhos (média de 0,2 por partida). O Coritiba (28) foi a equipe que mais recebeu cartões amarelos, enquanto que o Sport, clube mais faltoso, teve 19. Por sua vez, o Fluminense (13) foi a equipe que menos levou este tipo de advertência. O Bahia (3) registrou o maior número de expulsões, enquanto Atlético-PR, Botafogo, Criciúma, Flamengo, Grêmio, Palmeiras e Vitória tiveram apenas um jogador expulso cada.
O italiano Marchisio foi um dos dez jogadores expulsos na Copa do Mundo no Brasil (Foto: Reuters)
No Mundial foram aplicados 184 amarelos (média de 2,8 por jogo) e 10 vermelhos (média de 0,15 por partida). Embora estes números indiquem um rigor maior por parte dos nossos juízes, o Brasileirão ainda está atrás de alguns campeonatos europeus no que diz respeito à quantidade de cartões amarelos, como por exemplo o Espanhol (5,48 cartões por jogo) e o Italiano (5,06). Já a média de expulsões é inferior à do Espanhol (0,41), do Italiano (0,33) e do Francês (0,32).
Apesar do número de bolas e de gandulas ao redor do gramado ter aumentado para agilizar o andamento dos jogos ainda se perde muito tempo não só em lances de falta, como também nos laterais, escanteios e tiros de meta. Em média, cada partida da Série A ficou parada 13 minutos por conta da demora na cobrança de faltas. No entanto, nos confrontos Sport 2 x 1 Chapecoense e Bahia 1 x 1 Vitória este tempo chegou a 20m50 e 19m41, respectivamente. Já os arremessos laterais consumiram cerca de oito minutos por jogo, sendo que na partida Vitória 0 x 1 Sport foi registrado 14m11 de tempo perdido só com este tipo de lance. Por sua vez, os tiros de meta tiraram quase 6m50 de cada partida. O caso que chama mais atenção é o da partida Flamengo 1 x 1 Bahia, que teve 11m23 desperdiçados devido à demora dos goleiros na hora de repor a bola. Os escanteios também contribuem para diminuir o tempo de bola rolando, já que cada jogo costuma perder 4m22 com a lentidão das equipes para bater o corner. Neste quesito, o confronto entre Vitória e Sport também se destacou, com 11m18 de tempo perdido.
Crise técnica
O comentarista do SporTV Lédio Carmona destaca o baixo nível técnico dos jogadores, que tentam compensar esta deficiência interferindo na arbitragem do Brasileirão.
- Vivemos uma crise técnica no Brasil. Os jogadores reclamam de tudo com os árbitros e tentam "apitar" o jogo a todo custo. Ao sofrer uma falta, por exemplo, o jogador demora a se levantar e isso vai "comendo" tempo. Os juízes também contribuem para esta situação, pois são complacentes com a atitude dos atletas, "amarrando" o jogo com uma quantidade excessiva de faltas, muitas delas desnecessárias. A partida não flui, não desenvolve. Tem árbitro que marca muita falta até para se desgastar menos fisicamente. Enquanto na Copa vemos vários jogos com até cinco minutos ou mais de acréscimo, no Brasileiro os árbitros preferem dar aquele tempo padrão, assinalando um minuto no primeiro tempo e três na etapa complementar.
Com a retomada do Brasileirão, Sérgio Correa garante que os árbitros foram mais uma vez orientados a marcar somente as faltas que realmente ocorrerem, punindo com o devido rigor quem se exceder ou tentar fazer qualquer tipo de simulação para "enganar" a arbitragem. Essa e outras recomendações como o correto uso da área técnica e o tempo de acréscimo fazem parte de uma circular emitida em fevereiro deste ano pela Comissão de Arbitragem com o objetivo de reforçar junto aos árbitros as principais orientações técnicas, disciplinares e administrativas do Livro de Regras, que apesar de serem de total conhecimento deles nem sempre são cumpridas como devem. Segundo Sérgio Corrêa, os juízes não são orientados a dar um tempo de acréscimo padrão.
- Os árbitros brasileiros são orientados a dar o acréscimo necessário para a recuperação do tempo devido na partida. A gente tem observado uma padronização no tempo dos acréscimos: um a dois minutos no primeiro tempo e três a quatro minutos na segunda etapa. O árbitro não tem que copiar, inventar ou padronizar, mas, sim, recuperar o tempo que efetivamente foi perdido em cada partida.
Lédio diz que jogadores brasileiros tentam "apitar" o jogo a todo custo (Foto: Reprodução SporTV)
Gramados ruins também comprometem
As péssimas condições de alguns gramados, como o do Joia da Princesa, em Feira de Santana, também interferem na quantidade de minutos desperdiçados. Não é à toa que a partida Vitória 0 x 1 Sport, realizada neste estádio, tenha sido justamente a que apresentou o menor tempo de bola rolando (34m42) ao longo das nove primeiras rodadas. Segundo o meia Cáceres, do Vitória, além de prejudicar a qualidade do jogo, o gramado ruim ainda aumenta a quantidade de faltas.
- Num gramado de péssima qualidade é muito difícil de rolar a bola, manter no pé, fazer as jogadas. A bola rola diferente. Finalizar é difícil também. Como se não bastasse, o número de faltas é muito maior porque o jogo é mais de contato. Você não consegue trocar passes, então a bola sempre fica mais presa.
Apesar de o time pernambucano ter conquistado os três pontos, o atacante Érico Júnior, do Sport, reconhece que tanto o time pernambucano como o Vitória acabaram sendo prejudicados pela má condição do gramado do estádio Joia da Princesa. Além disso, o jogo ficou mais "amarrado", pois o árbitro marcou muitas faltas até para evitar contusões graves.
- O campo prejudicou muito o toque de bola. A grama estava soltando, o chão cheio de lama e qualquer coisa o árbitro marcava falta, até para prevenir alguma lesão. Foi o pior estádio que jogamos até agora e, por isso, creio que a qualidade do jogo não foi tão boa. Sabíamos que seria decidido na bola parada, como foi.
A presença do público nos estádios está diretamente ligada ao nível técnico das partidas. Enquanto na Copa, as arenas ficaram lotadas em quase todos os jogos, no Brasileiro a média de público este ano é de 12.504 espectadores por jogo, inferior inclusive à de 2013 (14.951). O maior público pagante foi de 44.975, no triunfo do Vitória sobre o Fluminense por 2 a 1, no Maracanã, pela terceira rodada. Na média, o Corinthians tem a melhor o melhor desempenho, com 28.095 espectadores por partida. Já o pior público foi no empate em 1 a 1 entre Atlético-PR e Chapecoense, no estádio Willie Davids, em Maringá, pela quinta rodada, com apenas 766 pagantes. O Furacão também tem a pior média da Série A, com 3.804 torcedores por jogo.
Campos em más condições como o Joia interfere no tempo de bola rolando (Foto: Diego Ribeiro)
Clubes opostos
Dos dez confrontos com maior tempo de bola rolando, o Goiás, sétimo colocado no Brasileiro, aparece em quatro, o que na opinião do técnico esmeraldino, Ricardo Drubscky, não é mera casualidade, pois o time costuma dar importância nos treinamentos para a posse de bola e o futebol bem jogado. O clube tem apenas uma partida entre as dez com menor tempo de bola rolando nas nove primeiras rodadas do Brasileirão.
Drubscky afirma que sempre valoriza a posse de bola nos treinamentos (Foto: Globoesporte.com)
- Isso me deixa muito feliz, pois não é coincidência. Quem acompanha meus trabalhos e minhas palestras sabe que eu sempre peço para valorizar o jogo e a posse de bola. Já temos números interessantes. Hoje em dia temos muitas ferramentas para analisar um jogo de futebol e muitos especialistas. Os números às vezes apontam falhas, mas também podem indicar que estamos indo bem em alguns quesitos. Sempre queremos valorizar o bom futebol.
O clube goiano é seguido de perto pelo Cruzeiro, líder da competição, que está presente em três, além de não ter nenhum confronto entre os dez com menor tempo de jogo. Para o atacante Éverton Ribeiro, isso é reflexo do trabalho realizado pelo técnico da Raposa, Marcelo Oliveira, que orienta a equipe a ficar o maior tempo possível com a bola nos pés como forma de criar mais oportunidades de gol.
- É uma característica da nossa equipe, gostamos de ficar com a posse de bola e assim a gente consegue atacar bastante. O Marcelo nos orienta para ficarmos com a bola nos treinamentos, e isso ajuda na hora de manter ela em jogo.
Já nos dez jogos em que a bola menos rolou, Vitória e Atlético-PR aparecem em três partidas cada um. A equipe paranaense não tem nenhum jogo entre os dez confrontos com mais tempo de jogo, e o Leão, apenas um. Para o volante Otávio, do Furacão, a explicação não está na qualidade dos gramados, mas sim no nivelamento entre as equipes e na marcação cada vez mais forte.
- Creio que os gramados não têm interferido. Devido à readequação dos estádios para a Copa do Mundo, os gramados estão bons. Acredito que seja mais porque as equipes têm se dedicado bastante à marcação. O futebol está bem competitivo e acho que por isso temos pouco tempo de bola rolando. É claro que o ideal seria um jogo com mais tempo de bola rolando. Isso seria melhor não só para quem está assistindo ao jogo como para quem está jogando. O futebol está cada vez mais disputado. E o nivelamento das equipes dentro de campo, principalmente quanto à marcação, torna as partidas com menos tempo de bola rolando.
E. Ribeiro diz que posse de bola ajuda o Cruzeiro a ter mais chances de gol (Foto: Reginaldo Castro)
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Para o torcedor que é apaixonado por futebol e vai ao estádio acompanhar seu time de coração, não há nada melhor do que assistir a uma partida repleta de gols e lances emocionantes. Pena que muitos confrontos sejam truncados e com pouco tempo efetivo de jogo. Para não prejudicar o espetáculo, a Fifa considera que a bola deve rolar, no mínimo, por 60 minutos durante cada jogo, dois terços do tempo total. A realidade, no entanto, ainda está muito distante do Campeonato Brasileir da Série A, que retorna nesta quarta-feira após a pausa para a Copa do Mundo. Dos 90 confrontos nas nove primeiras rodadas, antes da interrupção para o Mundial, apenas quatro tiveram 60 minutos ou mais de bola rolando, o que representa 4,4% do total. E mesmo assim, os "aprovados" passaram raspando no limite estipulado pela Fifa.
A partida com mais tempo de bola em movimento foi Goiás x Vitória, na oitava rodada, que teve 62m49s. O mais curioso é que isso não se traduziu em gols, e os dois times ficaram no empate em 0 a 0. Na sequência vem o confronto válido pela sétima rodada entre Chapecoense e Palmeiras, vencido pela equipe catarinense por 2 a 0, com 61m57s. Na terceira colocação aparece Cruzeiro 3 x 0 Flamengo, na nona rodada, com 61m16s, seguido por Figueirense 0 x 2 Santos, pela quarta rodada, que teve 60m05s. Todas as demais 86 partidas registraram menos de 60 minutos de bola rolando.
Vitória x Sport foi o jogo com menos tempo de bola rolando até agora no Brasileiro (Foto: Ag. Estado)
O campeão negativo foi Vitória 0 x 1 Sport, na nona rodada. Foi quando a bola menos rolou, com 34m42s, quase a metade do que deseja a Fifa. Em segundo lugar aparece Chapecoense 0 x 1 Corinthians, pela primeira rodada, que teve 40m36. Internacional 2 x 1 Atlético-PR, na quarta rodada, teve 43m11s, seguido por Criciúma 0 x 0 Internacional, pela quinta rodada, com 44m27s.
Na média, o Brasileirão teve até agora 52m29s de bola rolando por jogo, praticamente 7m30s a menos que o ideal. A Copa do Mundo, com jogos em bom nível técnico, supera o campeonato nacional, mas também está abaixo da média da Fifa, com 57m36. Vale registrar que o Mundial teve tempo de acréscimo dos árbitros maior em relação ao Brasileiro, tanto no primeiro tempo (1m50 contra 1m24) como na etapa complementar (4m10 contra 3m09). Ainda assim, a média de bola rolando no Mundial ficou cerca de 2m30 abaixo do recomendado. Na comparação da média de gols, a Copa também leva: 2,6 (171 gols em 64 jogos), contra 2,1 (193 gols em 90 partidas) do Brasileiro.
(Imagem: InfoEsporte)
Faltas diminuem tempo de jogo
O presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, afirma que a estatística tem relação com o número de faltas. Quanto menos o árbitro interrompe o jogo, mais tempo de bola rolando. Na Série A, a média de faltas é de 34 por jogo (3.072 em 90 partidas), enquanto na Copa este número cai para 30 (1.928 em 64 confrontos). Segundo ele, outra diferença está na qualidade dos gramados nos estádios e no próprio comportamento dos jogadores estrangeiros, que não têm o hábito de "encenar" uma infração para enganar o juiz durante as partidas.
Sérgio Corrêa diz que tempo de bola rolando tem relação com número de faltas (Foto: André Durão)
- Nos campeonatos aqui no Brasil tem jogador que se "lesiona" com a placa de substituição levantada só para retardar a saída de campo, e assim ganhar tempo. Já na Copa, além de todos os campos estarem em ótimas condições, os jogadores, em sua maioria, são de países que não têm esta cultura de simulação. Claro que ainda estamos longe do ideal, mas já melhorou bastante. Em 1990, a média de faltas no Brasil era de 58 por partida. Com a ajuda da própria Fifa e, sobretudo, graças ao trabalho da Comissão de Arbitragem que vem realizando cursos regulares com os árbitros e assistentes de todo o país desde 2008, essa média de faltas caiu para 34 por jogo no ano passado e se manteve nas nove rodadas iniciais do Brasileirão de 2014. Apesar da evolução ainda estamos atrás da média de faltas registrada por alguns países como Inglaterra (21), Espanha (27) e Itália (28). Basta assistir aos jogos do Campeonato Inglês para observar que muitas faltas não são marcadas. São jogadas viris, mas sem maldade - afirma Corrêa.
Dos 20 clubes da Série A, o Sport (192) é o time que mais cometeu faltas até a nona rodada. Na última colocação está o Corinthians (118). Uma das maneiras que os árbitros têm para coibir tanto a violência como o antijogo e o rodízio de faltas é através do uso dos cartões. Na Série A foram aplicados até a interrupção para a Copa 413 amarelos (média de 4,5 por jogo) e 20 vermelhos (média de 0,2 por partida). O Coritiba (28) foi a equipe que mais recebeu cartões amarelos, enquanto que o Sport, clube mais faltoso, teve 19. Por sua vez, o Fluminense (13) foi a equipe que menos levou este tipo de advertência. O Bahia (3) registrou o maior número de expulsões, enquanto Atlético-PR, Botafogo, Criciúma, Flamengo, Grêmio, Palmeiras e Vitória tiveram apenas um jogador expulso cada.
O italiano Marchisio foi um dos dez jogadores expulsos na Copa do Mundo no Brasil (Foto: Reuters)
No Mundial foram aplicados 184 amarelos (média de 2,8 por jogo) e 10 vermelhos (média de 0,15 por partida). Embora estes números indiquem um rigor maior por parte dos nossos juízes, o Brasileirão ainda está atrás de alguns campeonatos europeus no que diz respeito à quantidade de cartões amarelos, como por exemplo o Espanhol (5,48 cartões por jogo) e o Italiano (5,06). Já a média de expulsões é inferior à do Espanhol (0,41), do Italiano (0,33) e do Francês (0,32).
Apesar do número de bolas e de gandulas ao redor do gramado ter aumentado para agilizar o andamento dos jogos ainda se perde muito tempo não só em lances de falta, como também nos laterais, escanteios e tiros de meta. Em média, cada partida da Série A ficou parada 13 minutos por conta da demora na cobrança de faltas. No entanto, nos confrontos Sport 2 x 1 Chapecoense e Bahia 1 x 1 Vitória este tempo chegou a 20m50 e 19m41, respectivamente. Já os arremessos laterais consumiram cerca de oito minutos por jogo, sendo que na partida Vitória 0 x 1 Sport foi registrado 14m11 de tempo perdido só com este tipo de lance. Por sua vez, os tiros de meta tiraram quase 6m50 de cada partida. O caso que chama mais atenção é o da partida Flamengo 1 x 1 Bahia, que teve 11m23 desperdiçados devido à demora dos goleiros na hora de repor a bola. Os escanteios também contribuem para diminuir o tempo de bola rolando, já que cada jogo costuma perder 4m22 com a lentidão das equipes para bater o corner. Neste quesito, o confronto entre Vitória e Sport também se destacou, com 11m18 de tempo perdido.
Crise técnica
O comentarista do SporTV Lédio Carmona destaca o baixo nível técnico dos jogadores, que tentam compensar esta deficiência interferindo na arbitragem do Brasileirão.
- Vivemos uma crise técnica no Brasil. Os jogadores reclamam de tudo com os árbitros e tentam "apitar" o jogo a todo custo. Ao sofrer uma falta, por exemplo, o jogador demora a se levantar e isso vai "comendo" tempo. Os juízes também contribuem para esta situação, pois são complacentes com a atitude dos atletas, "amarrando" o jogo com uma quantidade excessiva de faltas, muitas delas desnecessárias. A partida não flui, não desenvolve. Tem árbitro que marca muita falta até para se desgastar menos fisicamente. Enquanto na Copa vemos vários jogos com até cinco minutos ou mais de acréscimo, no Brasileiro os árbitros preferem dar aquele tempo padrão, assinalando um minuto no primeiro tempo e três na etapa complementar.
Com a retomada do Brasileirão, Sérgio Correa garante que os árbitros foram mais uma vez orientados a marcar somente as faltas que realmente ocorrerem, punindo com o devido rigor quem se exceder ou tentar fazer qualquer tipo de simulação para "enganar" a arbitragem. Essa e outras recomendações como o correto uso da área técnica e o tempo de acréscimo fazem parte de uma circular emitida em fevereiro deste ano pela Comissão de Arbitragem com o objetivo de reforçar junto aos árbitros as principais orientações técnicas, disciplinares e administrativas do Livro de Regras, que apesar de serem de total conhecimento deles nem sempre são cumpridas como devem. Segundo Sérgio Corrêa, os juízes não são orientados a dar um tempo de acréscimo padrão.
- Os árbitros brasileiros são orientados a dar o acréscimo necessário para a recuperação do tempo devido na partida. A gente tem observado uma padronização no tempo dos acréscimos: um a dois minutos no primeiro tempo e três a quatro minutos na segunda etapa. O árbitro não tem que copiar, inventar ou padronizar, mas, sim, recuperar o tempo que efetivamente foi perdido em cada partida.
Lédio diz que jogadores brasileiros tentam "apitar" o jogo a todo custo (Foto: Reprodução SporTV)
Gramados ruins também comprometem
As péssimas condições de alguns gramados, como o do Joia da Princesa, em Feira de Santana, também interferem na quantidade de minutos desperdiçados. Não é à toa que a partida Vitória 0 x 1 Sport, realizada neste estádio, tenha sido justamente a que apresentou o menor tempo de bola rolando (34m42) ao longo das nove primeiras rodadas. Segundo o meia Cáceres, do Vitória, além de prejudicar a qualidade do jogo, o gramado ruim ainda aumenta a quantidade de faltas.
- Num gramado de péssima qualidade é muito difícil de rolar a bola, manter no pé, fazer as jogadas. A bola rola diferente. Finalizar é difícil também. Como se não bastasse, o número de faltas é muito maior porque o jogo é mais de contato. Você não consegue trocar passes, então a bola sempre fica mais presa.
Apesar de o time pernambucano ter conquistado os três pontos, o atacante Érico Júnior, do Sport, reconhece que tanto o time pernambucano como o Vitória acabaram sendo prejudicados pela má condição do gramado do estádio Joia da Princesa. Além disso, o jogo ficou mais "amarrado", pois o árbitro marcou muitas faltas até para evitar contusões graves.
- O campo prejudicou muito o toque de bola. A grama estava soltando, o chão cheio de lama e qualquer coisa o árbitro marcava falta, até para prevenir alguma lesão. Foi o pior estádio que jogamos até agora e, por isso, creio que a qualidade do jogo não foi tão boa. Sabíamos que seria decidido na bola parada, como foi.
A presença do público nos estádios está diretamente ligada ao nível técnico das partidas. Enquanto na Copa, as arenas ficaram lotadas em quase todos os jogos, no Brasileiro a média de público este ano é de 12.504 espectadores por jogo, inferior inclusive à de 2013 (14.951). O maior público pagante foi de 44.975, no triunfo do Vitória sobre o Fluminense por 2 a 1, no Maracanã, pela terceira rodada. Na média, o Corinthians tem a melhor o melhor desempenho, com 28.095 espectadores por partida. Já o pior público foi no empate em 1 a 1 entre Atlético-PR e Chapecoense, no estádio Willie Davids, em Maringá, pela quinta rodada, com apenas 766 pagantes. O Furacão também tem a pior média da Série A, com 3.804 torcedores por jogo.
Campos em más condições como o Joia interfere no tempo de bola rolando (Foto: Diego Ribeiro)
Clubes opostos
Dos dez confrontos com maior tempo de bola rolando, o Goiás, sétimo colocado no Brasileiro, aparece em quatro, o que na opinião do técnico esmeraldino, Ricardo Drubscky, não é mera casualidade, pois o time costuma dar importância nos treinamentos para a posse de bola e o futebol bem jogado. O clube tem apenas uma partida entre as dez com menor tempo de bola rolando nas nove primeiras rodadas do Brasileirão.
Drubscky afirma que sempre valoriza a posse de bola nos treinamentos (Foto: Globoesporte.com)
- Isso me deixa muito feliz, pois não é coincidência. Quem acompanha meus trabalhos e minhas palestras sabe que eu sempre peço para valorizar o jogo e a posse de bola. Já temos números interessantes. Hoje em dia temos muitas ferramentas para analisar um jogo de futebol e muitos especialistas. Os números às vezes apontam falhas, mas também podem indicar que estamos indo bem em alguns quesitos. Sempre queremos valorizar o bom futebol.
O clube goiano é seguido de perto pelo Cruzeiro, líder da competição, que está presente em três, além de não ter nenhum confronto entre os dez com menor tempo de jogo. Para o atacante Éverton Ribeiro, isso é reflexo do trabalho realizado pelo técnico da Raposa, Marcelo Oliveira, que orienta a equipe a ficar o maior tempo possível com a bola nos pés como forma de criar mais oportunidades de gol.
- É uma característica da nossa equipe, gostamos de ficar com a posse de bola e assim a gente consegue atacar bastante. O Marcelo nos orienta para ficarmos com a bola nos treinamentos, e isso ajuda na hora de manter ela em jogo.
Já nos dez jogos em que a bola menos rolou, Vitória e Atlético-PR aparecem em três partidas cada um. A equipe paranaense não tem nenhum jogo entre os dez confrontos com mais tempo de jogo, e o Leão, apenas um. Para o volante Otávio, do Furacão, a explicação não está na qualidade dos gramados, mas sim no nivelamento entre as equipes e na marcação cada vez mais forte.
- Creio que os gramados não têm interferido. Devido à readequação dos estádios para a Copa do Mundo, os gramados estão bons. Acredito que seja mais porque as equipes têm se dedicado bastante à marcação. O futebol está bem competitivo e acho que por isso temos pouco tempo de bola rolando. É claro que o ideal seria um jogo com mais tempo de bola rolando. Isso seria melhor não só para quem está assistindo ao jogo como para quem está jogando. O futebol está cada vez mais disputado. E o nivelamento das equipes dentro de campo, principalmente quanto à marcação, torna as partidas com menos tempo de bola rolando.
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GRÊMIO DE OLHO NO FUTURO! Reunião com técnico europeu e possível retorno de Arthur movimentam os bastidores!
GRÊMIO SE PREPARA PARA DECISÃO! Treino intenso e reforços da base intensificam foco no duelo contra o Cruzeiro!
VENDA DEFINITIVA? Grêmio recebe novidades e possíveis mudanças no destino de Adriel.
ARTHUR DE VOLTA AO GRÊMIO? Clube sonda ex-campeão da Libertadores!
LUÍS SUÁREZ DE SAÍDA DO INTER MIAMI? Futuro do craque é incerto e possibilidade de retorno ao Grêmio agita torcida!
Grêmiotv transmite final decisiva das Gurias Gremistas no Gauchão Feminino
Os melhores desenvolvedores de jogos de cassino on-line: quem são os líderes do setor?
PRESSÃO TOTAL NO GRÊMIO! Renato manda recado sobre futuro e desafios na reta final do Brasileirão!