O Grêmio está na cabeça de Pedro Júnior desde meados dos anos 1990 em sua infância no Pará, quando cantava o hino do clube e brigava para ser o Paulo Nunes nas peladas de bairro. Mesma cabeça que, em 2006, o atacante usou para dar o título gaúcho ao Tricolor, contra o Inter, ao empatar o duelo em 1 a 1 aos 33 do segundo tempo - entrara aos 17. Um cenário semelhante se descortina no próximo domingo, uma vez que o time gremista novamente empatou sem gols em casa e poderá levar a taça e evitar o penta rival se usar o saldo qualificado no Beira-Rio - até o árbitro será o mesmo. É por isso que, nove anos depois, seu nome virou mantra entre torcedores. Exemplo de esperança. Do outro lado do mundo, Pedro Júnior está atento. Ainda acompanha o Grêmio enquanto atua no futebol japonês e, ao GloboEsporte.com, revela que aquele Gre-Nal jamais sairá de sua... cabeça.
- Eu sei, acompanhei o clássico aqui do Japão. Eu sempre acompanho o futebol brasileiro, o Grêmio marcou a minha carreira. Neste ano, eu estava de férias em Caldas Novas-GO, e um torcedor me reconheceu e agradeceu pelo gol - exulta, em contato durante uma madrugada brasileira, após treinamento em Kobe. - Eu tenho a camisa do título em Goiânia, tenho todos os quadros do Grêmio. Tenho a medalha do campeonato, o troféu de destaque. Posso ganhar qualquer título, mas esse vai ser o mais especial.
Contratado como joia rara do Vila Nova-GO em 2005, após ótima Copa São Paulo de Juniores, junto com Paulo Ramos, que morreu em 2009 de problemas cardíacos, Pedro Júnior não se firmou no Grêmio. Deixou o clube em 2007 e passou a viver uma ponte aérea Brasil-Ásia. Há quase dois anos, sustenta boa fase no Vissel Kobe, da cidade que viu o Tricolor de Felipão vencer a Recopa Sul-Americana, em 1996.
Não guarda mágoas de Porto Alegre. Pelo contrário, faz "mea culpa". Segundo o atacante, se tivesse na época a cabeça de hoje, com 28 anos e família formada, teria "explodido". Ah, a cabeça de Pedro Júnior... Que, assim, como na infância, ainda pensa no Grêmio. E que valeu taça e vaga cativa na história dos Gre-Nais a um herói improvável. Que agora virou torcedor:
- Se o Grêmio fizer um gol, leva o título porque o Inter vai se desesperar. O Giuliano vai decidir para o Grêmio. Ou o Luan.
> Confira mais trechos da entrevista:
Pedro, não sei se você sabe, mas, nesta semana, seu nome é um dos mais comentados em Porto Alegre…
Por causa do Gre-Nal, né? Eu sei, acompanhei o clássico aqui do Japão. Eu sempre acompanho o futebol brasileiro, o Grêmio marcou a minha carreira. No começo, a gente não tem tanta ideia. Mas, no decorrer dos anos, sempre quando acontece um Gre-Nal, o pessoal comenta e eu vejo o quanto marcou. Neste ano, eu estava de férias em Caldas Novas-GO, e um torcedor me reconheceu e agradeceu pelo gol. Eu estava me servindo no restaurante. Fiquei até meio sem graça. Para você ver como marcou.
Assim como em 2006, empatou em 0 a 0, decisão no Beira-Rio… Até o árbitro é o mesmo.
É o mesmo? O Vuaden? Tudo igualzinho mesmo.. Então, vai dar Grêmio de novo. Nossa, vai estar bonito.
Do que você se lembra daquela decisão?
Eu estava na expectativa de jogar. No 0 a 0, fiquei chateado de não ter entrado. Eu era um dos artilheiros do time. Fiquei um pouco frustrado pelo momento em que eu estava. No segundo jogo, eu estava muito confiante. Quando o Fernandão fez 1 a 0 (aos 13 do 2º tempo), o Lipatin (ex-centroavante) falou: “que bom que saiu o gol”. E eu: “Mas por quê? Você está louco?”. Aí, ele respondeu: “Não. É porque um de nós vai entrar para fazer o gol do título”. Quando fui chamado, entrei com esse pensamento. Apesar de o Mano insistir muito naquela jogada área, naquela altura não tinha mais posicionamento. Era todo mundo correndo em direção à bola.
Você finalizou de de costas, nem viu o gol.
É, mas, quando senti o jeito que bateu na minha cabeça, senti que seria gol. Bateu e senti que ela ia entrar, eu estava muito perto do Clemer. Gol é gol de qualquer jeito, né.
Assim como a torcida, você também revive o momento?
Eu tenho a camisa do título em Goiânia, tenho todos os quadros do Grêmio. Tenho a medalha do campeonato, o troféu de destaque. Fui campeão goiano pelo Vila, mas o que marcou em termos de torcida e paixão foi o Grêmio, foi o que marcou minha carreira. Posso ganhar qualquer título, mas esse vai ser o mais especial.
E por que você não deslanchou depois daquele título?
Eu queria ter dado uma sequência maior. Faltou mais de mim mesmo. Faltou experiência para mim, a palavra é essa. Não soube aproveitar o momento. Fiquei acomodado, fui perdendo espaço. Também é um peso muito grande. É diferente, a gente não tinha essa noção. Eu gostava do Grêmio, mas não tinha real noção. Hoje, eu paro e penso: pô, eu joguei no Grêmio. Na época, eu só queria jogar futebol. Poderia ter dado um pouco mais. Se eu tivesse aquela oportunidade com a cabeça de hoje, teria explodido no Grêmio e feito uma história maior ainda no clube. Poderia ter dado um pouco mais.
Havia problemas disciplinares?
Eu nunca fui baladeiro. Ganhei fama de baladeiro pela convivência que eu tinha com jogadores que saíam mais à noite. Eu não era muito de sair, nunca fui de festa. Nunca foi meu forte, nem quando solteiro. Mas perdia muito o sono em casa, ficava na internet, no bate-papo. Deixei o auge subir à cabeça.
E agora, com 28 anos, como você se sente?
A idade também melhora você, faz você dormir bem, se alimentar bem… Quando eu vim para o Japão pela primeira vez em 2007, foi muito difícil a adaptação. Era um molecão, não tinha um foco total. Mas aqui, no Japão, é ótimo. Você não tem atraso de salário, não tem incomodação do torcedor. Porque, no Brasil, o calor da torcida é ótimo, mas, se você perde, não serve mais. É muito bom para viver aqui, para a família. Hoje, graças a Deus, estou bem estabilizado. Devo muito ao Jair da Silva, meu empresário. Começamos a trabalhar em 2006. Ele tem me ensinado muito. Tenho uma boa situação financeira. E quero investir mais na parte de construção civil. Investir em sítio, mais nessa área.
Já se sente um cidadão oriental?
A parte da língua eu arrisco. Mas não falo fluente. Eu me viro bem, em restaurante, para sair em lojas. Mas o clube te dá o extracampo muito bom, com intérprete, carro, apartamento mobiliado. É só jogar bola. A alimentação é tranquila, tem mercado brasileiro, tem tudo, arroz, feijão, carne…A cinco minutos de casa tem churrascaria brasileira. Kobe é a melhor cidade em que já morei no Japão. Meus filhos (Nicolas e Rebeca) estudam numa escola em que aprendem quatro idiomas, é muito bom. Não tem preço.
E o Vissel Kobe, seu time?
No ano passado, fiz 13 gols, quase terminei como artilheiro. Agora, começou a temporada e estou me recuperando de uma lesão no tendão de Aquiles. O treinador é o Nelsinho Baptista, tem também o Marquinhos e o Ferrugem de brasileiros. Aqui, eu aprendi a marcar. Eu jogo naquele esquema parecido com o que o Tite usa no Corinthians. Hoje aqui no Japão, eles pedem muito o futebol europeu. É um ponta, antigo meia que vai e volta. E também jogo de centroavante, prefiro ser centroavante.
O Grêmio está atrás de um centroavante…
Pois é, quem sabe...Se viesse, seria uma boa. O Grêmio seria voltar para casa.
Você pensa em voltar para o Brasil?
Recebi uma proposta de um clube da Série A do Brasil em janeiro. Penso em voltar. Estou com 28 anos. Tentar, quem sabe, fazer um Campeonato Brasileiro. Tenho um bom nome aqui. Foi onde consegui fazer minha estabilidade financeira. Mas eu penso, sim.
Você foi contratado em 2005 sob grande expectativa, do Vila Nova-GO, junto com o Paulo Ramos. Ele morreu em 2009. Vocês mantinham contato na época?
A gente era parceiro. Começamos quase juntos. Eu sempre jogava com ele. A gente despontou na Copa São Paulo e fomos morar juntos em Porto Alegre. Quando ele morreu, eu estava no Japão. Falei com ele um dia antes, pelo Orkut. Ele me disse que um médico de São Paulo ia liberar ele para jogar. O médico de Goiânia disse que ele não poderia mais jogar. Enfim. À noite, ele foi para uma pelada. Eu voltei do treino, minha esposa avisou. Bateu um desespero. Era um cara alegre para caramba. Coração não suportou. Até hoje, é algo muito doído para mim.
Agora, falando sobre o próximo domingo. Você tem compromisso certo, não? Ver a final. Virou um torcedor à distância.
Na verdade, sempre gostei do Grêmio. Nasci no Pará, e um dos primeiros hinos que aprendi quando criança foi o do Grêmio. A gente brincava, na hora do futebol: hoje, vou ser o Paulo Nunes, você vai ser o Jardel… E o Paulo Nunes é de Goiás, como a minha família. E ficou para sempre na minha cabeça.
Como é ver a final de longe, bate saudade de estar lá?
A Arena estava bonita demais! Você vê aquele calor da torcida, é diferente aqui no Japão. Quando vê, bate a saudade na hora. Naquela final em 2006, nossa torcida fez a diferença. Eu conseguia escutar a torcida do Grêmio, mesmo com o Beira-Rio lotado. Ela se sobressaiu. Ficou bem marcado em mim esse momento, além do gol.
E quem pode ser o novo Pedro Júnior?
Penso que o Grêmio não pode esperar. Tem que atacar. Se o Grêmio fizer um gol, leva o título porque o Inter vai se desesperar. O Giuliano vai decidir para o Grêmio. Ou o Luan.
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