Grohe usa pênaltis para homenagear a esposa grávida: 'Esse é o meu gol'

Goleiro foca em fazer bom trabalho no Grêmio para ser recompensado com Seleção. Na vida pessoal, fará


Fonte: globoesporte.com

Grohe usa pênaltis para homenagear a esposa grávida: Esse é o meu gol
Marcelo Grohe celebra defesa de pênalti contra o Novo Hamburgo (Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA)

Marcelo Grohe vive grande momento. No lado profissional, acumula boas atuações. Foi peça fundamental ao defender dois pênaltis e ajudar a classificar o Grêmio às semifinais do Gauchão na última quinta-feira, diante do Novo Hamburgo. Por consequência, tem aparecido nas convocações para a Seleção. Na vida pessoal, será pai em breve. Pietro tem previsão de nascimento em torno de dois meses. Uma combinação que faz o goleiro abrir um sorriso de orelha a orelha quando fala sobre cada conquista. Mesmo que conserve a natural sobriedade ao falar, principalmente, sobre o papel importante que ele exerce dentro do time.

- A vitória não é só minha, é de todos. Não quero ser o responsável pela vitória - sentencia.

Para coroar o momento de alegria em um ano que começou com tudo para Grohe, um título cairia bem. O primeiro que o Grêmio busca é o do campeonato estadual, que não vem desde 2010. Apesar das oscilações que a equipe tem apresentado, o goleiro confia que o objetivo será alcançado. Acredita que o empenho do grupo vem dando resultados, o time está evoluindo, e assim mereceria ser recompensado.

Em conversa com o GloboEsporte.com na última sexta-feira, Grohe tratou sobre a carreira e o lado pessoal. Tranquilo, detalhou os momentos da decisão nos pênaltis diante do Novo Hamburgo, desde a concentração na preparação para tentar fazer as defesas, até a comemoração. Dentro disso, uma curiosidade: nervosa com as penalidades, a esposa do goleiro, Paula Grohe, preferiu sair do setor onde estava na Arena e se informar sobre o resultado somente ao fim da partida.

Em casa, mais à vontade, depois da confirmação da vaga às semifinais, o casal assistiu aos lances. Mas ainda com a adrenalina do campo.

- A gente fica muito feliz e até emocionado de ver. Estava olhando ontem à noite, jantando com a minha esposa, e, quando o Paulinho vai fazer a cobrança, parece que a gente vai cair fora, que o cara vai fazer o gol, porque a gente estava muito na adrenalina do jogo ainda (risos) - conta. - Quando terminou o jogo, lembro que ajoelhei, apontei mais ou menos para onde eu sabia que ela estava, e beijei a aliança. Eu não faço gol, não tenho como beijar a aliança, esse é o meu gol.

É nesse clima que Grohe espera, tranquilo, a convocação de Dunga para a Copa América, no dia 5 de maio. Em vez de alimentar ansiedade, transforma o período em motivação para ir ainda melhor nos jogos pelo Grêmio. E aparecer na lista, como deseja.

- Estou bem focado nisso, em ajudar o Grêmio, e se vier será um presente enorme para mim, uma realização muito grande.


Marcelo Grohe comparece aos estúdios da RBS TV na sexta-feira (Foto: Tatiana Lopes/GloboEsporte.com)

> Confira a entrevista com o goleiro do Grêmio:


GloboEsporte.com:A gente percebe sua frieza na hora dos pênaltis. Como trabalha a concentração no dia a dia?
Marcelo Grohe: Até estava falando com a minha esposa depois da partida, ela estava no jogo e na hora das cobranças não quis ver (risos). Ela foi até o banheiro, eu acho. Devia estar muito nervosa. Mas conversando com ela depois eu disse que estava bem tranquilo, procurei me manter concentrado, realmente muito focado na hora da decisão. É o que o goleiro tem que fazer, porque a responsabilidade é muito mais do batedor que do goleiro. E a gente procura ali também desestabilizar, procura uma situação para atrapalhar o batedor.


E na hora da comemoração teve homenagem à esposa...
Quando terminou o jogo eu lembro que eu ajoelhei, apontei mais ou menos para onde eu sabia que ela estava, e beijei a aliança. Eu não faço gol, não tenho como beijar a aliança, esse é o meu gol. Mas eles (jogadores) chegaram, me levantaram, a gente se abraçou. Mas como eu falei, a vitória não é só minha, é de todos. Não quero ser o responsável pela vitória.


Incomoda o título de herói?
Faz parte do futebol. Quando o goleiro acaba pegando os pênaltis, ele é considerado o herói, quando o jogador faz o gol decisivo também. Mas a gente sabe que existe um grupo, um time, que ninguém ganha ou perde sozinho. Claro que existem as individualidades no futebol, mas o sentimento do grupo é essa situação toda coletiva.


Costuma assistir aos lances, analisa seu desempenho?


Eu assisti. A gente fica muito feliz e até emocionado de ver. Estava olhando ontem à noite, jantando com a minha esposa, e, quando o Paulinho vai fazer a cobrança, parece que a gente vai cair fora, que o cara vai  fazer o gol, porque a gente estava muito na adrenalina do jogo ainda (risos). Fico muito feliz de poder ter ajudado.


Se comparou a tua defesa com a do Victor pelo Atlético-MG. Chegou a conversar com ele?
Até conversei com ele ontem durante o dia, ainda não falei com ele depois. Mas o pessoal me lembrou, lembraram o Galatto (na Batalha dos Aflitos em 2005) também, mas realmente foi uma defesa muito parecida. Mesmo canto, mesma perna, com uma bola à meia altura. São grandes amigos que fiz, e fico muito feliz por ter entrado nessa lista.


Tem o hábito de contar as suas defesas de pênaltis?
Não, não tenho essa estatística. Até não sei se eu já peguei muito pênalti, talvez não. 


As convocações dão oportunidade de trabalhar com o Taffarel, que é um profissional que você admira. Como é a relação com ele na Seleção?
Para a minha geração, sem dúvida, é o goleiro na nossa inspiração. O pessoal de vinte e poucos anos, até 30 anos, pegou o Taffarel como goleiro da Seleção em 94, 98, na Copa, então é a referência. Pude conhecer ele, a pessoa que ele é, um cara muito gente boa e um grande preparador de goleiros. Não apenas foi um excelente goleiro, mas é um grande preparador, puxa bastante nos treinos. Pude aprender bastante, nessas duas passagens foram 10 dias. A gente conversa no trabalho mesmo, depois do treino a gente fica conversando, mas dá um tempo legal, porque ficamos confinados. A gente conversou bastante, bem legal.


 


A convocação para a Copa América sai no dia 5 de maio. Fica ansioso? 
Estou tranquilo. Não trago isso como uma pressão, um peso. Trago como uma motivação. Primeiro eu tenho noção que tenho que estar bem no Grêmio, porque a consequência vai ser a lembrança na Seleção. Estou bem focado nisso, em ajudar o Grêmio, e se vier será um presente enorme para mim, uma realização muito grande. Espero ser lembrado no dia 5.


O Grêmio teve oscilações, mas está avançando. O que precisa melhorar ainda? 
A gente já melhorou muito, no começo do Gauchão foi bem difícil mesmo, complicado, as coisas não estavam dando certo, estava bem longe do que é o ideal para o Grêmio. Durante a competição a gente conseguiu formar um grupo, um time, temos muitas opções em vários setores, vieram reforços, o pessoal do departamento médico voltou. Agora, a gente tem que melhorar a cada dia. Não pode se conformar, se acomodar. Tem as finais do Gauchão e depois começa o Brasileiro que é muito mais difícil, com as equipes mais qualificadas, as 20 melhores equipes do país. Mas, sem dúvida, hoje a gente tem um time, tem um grupo já formado.

Em breve, nasce o primeiro filho teu e da Paula. Já está sonhando com esse momento?
Emoção grande, falta pouco tempo, faltam uns dois meses para o Pietro nascer. É uma realização pessoal como ser humano poder ter um filho, é uma bênção de Deus para a minha vida, da minha esposa, da gente como casal. E isso me motiva mais no trabalho, quero que ele veja o pai dele jogando, atuando bem, fazendo inúmeras defesas para que ele tenha orgulho do pai dele. Minha esposa cobra muito, a gente está até pensando em fazer um cursinho juntos de cuidados, acho que vai ser válido. Quero estar muito presente, mas, dentro das possibilidades, porque o futebol consome muito nosso tempo. Quero que ele vá à Arena com o pai, vista a camisa do Grêmio, para ele sentir o clima do futebol. Não que ele seja um jogador, isso ele vai escolher, mas quero que ele vivencie o que o pai vive a cada dia.



Marcelo Grohe no momento da segunda defesa nas cobranças de pênalti (Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA)

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21/12/2024