Walace se diz alheio a assédio e quer atingir "perfeição" no Grêmio em 2015

Convocado pelo técnico Alexandre Gallo para a Seleção sub-20, volante de 19 anos fez análise positiva de sua estreia como profissional na temporada de 2014


Fonte: Globo Esporte

Walace se diz alheio a assédio e quer atingir perfeição no Grêmio em 2015
Walace mira titularidade pelo Grêmio em 2015 (Foto: Eduardo Deconto/GloboEsporte.com)

A fala pausada e um tanto quanto lacônica de Walace indica a personalidade mais recatada do baiano de 19 anos. Contrasta, porém, com o salto da carreira do jovem atleta com a camisa do Grêmio em 2014. E graças a Felipão. No Tricolor desde 2013, o volante emergiu das categorias de base pelas mãos de Scolari para estrear como surpresa em um Gre-Nal, quando viu seu nome surgir pela primeira vez diante da torcida no Beira-Rio lotado. Encararia ainda um Maracanã tomado por 69 mil flamenguistas e um período de instabilidade superado com a retomada da titularidade, novamente diante do maior rival, na história goleada por 4 a 1.

Teve de conviver ainda com os primeiros interesses despontados do futebol europeu para contar com seu talento. Assédio que faz brilhar seus olhos ao ver se aproximar o sonho de atuar no exterior, mas que não ofusca a modéstia do menino para projetar o futuro. A começar por 2015. Walace mira se firmar na equipe titular do Grêmio e conquistar o primeiro título profissional no ano que se avizinha - se possível, logo de cara, a começar pelo Gauchão. Mas também resguarda um plano para a próxima década. Sempre com os pés no chão. É preciso evoluir. Aprimorar um ou outro fundamento. E mais: aprender.

- Eu quero a titularidade e quero conquistar meu primeiro título como profissional. Eu trabalho para isso. Eu busco a perfeição. Até meus 30 e poucos anos, vou procurar aprender alguma coisa. Em 2015, vou procurar aprender um pouco mais a parte defensiva, a parte tática. E com certeza, o Felipão ajuda. desde a chegada dele, me passou o que ele sabe. É um treinador de muita experiência. Vou absorver tudo o que ele tiver para me ensinar - pondera, em entrevista ao GloboEsporte.com.

Walace defenderá a Seleção sub-20 no Sul-Americano, em janeiro (Foto: Rafael Ribeiro/Divulgação CBF)

Após uma primeira temporada exitosa, nada melhor do que o descanso para concretizar as projeções futuras, certo? Não para Walace. Convocado para defender a seleção sub-20 no Sul-Americano, no Uruguai, a partir de 15 de janeiro, o volante encurtou o período de descansos em Salvador, ao lado da família e de amigos, para trabalhar sob o comando de Alexandre Gallo a partir de 26 de dezembro. Um esforço pequeno perto do sonho de vestir a camisa da seleção brasileira.

Foi justamente em um dos raros períodos livres, entre o treino da manhã e o da tarde, que o volante atendeu ao GloboEsporte.com, direto da Granja Comary. Por telefone, o garoto fez um balanço positivo de seu desempenho ao longo da temporada atual e projetou alavancar o rendimento em 2015, cumprindo “um passo de cada vez”.

> Confira a íntegra da entrevista:

GloboEsporte.com - Qual o balanço que você faz de sua primeira temporada como profissional?
Walace -
Foi um ano surpreendente para mim. Muito positivo. Eu não esperava uma transição tão rápida. Mas claro, eu trabalhei bastante, e as coisas foram acontecendo. Graças a Deus, para mim, foi um ano muito bom. De afirmação.

É impossível separar seu primeiro ano como profissional dos clássicos Gre-Nais. Até em sua estreia, contra o Inter, no Beira-Rio, você entrou na fogueira. Como você encara essas partidas decisivas?
Eu não esperava jogar o primeiro Gre-Nal. Muito menos o segundo. Graças a Deus, eu pude atuar, estava bem e tive boas atuações. Eu gosto muito de jogos decisivos. Não precisa de motivação extra. Não tem como precisar disso para jogar um Gre-Nal. É um confronto que desperta grandes imagens. Motivação para isso, não precisa.

Qual você acha que foi sua principal virtude nesse primeiro ano como profissional?
Eu procurei fazer o sempre o que o Felipão estava pedindo. Ter muita firmeza na marcação e fazer o simples quando tiver a bola com o pé. Fazendo isso, está de bom tamanho. Ele me pedia par anão conter muito a bola. Fazer o simples. Marcar como ele pede. Dar um, dois toques na bola. Esse foi um ponto positivo.



E em que ponto você acha que pode melhorar na próxima temporada?
Na parte da marcação. Tenho que exercer uma marcação mais intensa. Mais agressiva. Isso a gente não aprende do dia pra noite, a gente vai melhorando. Às vezes, fica meio incomodado, mas é uma questão de trabalho.

O Felipão comentou bastante suas participações após as partidas, com elogios e algumas cobranças. Após o Gre-Nal da tua estreia, no Beira-Rio, por exemplo, ele disse que você fez uma boa atuação, mas errou no lance do gol por ser muito novo. O quão importantes são esses conselhos? Você se vê mais maduro ao fim do ano?
Com certeza. Desde a chegada dele, ele me passou o que ele sabe. É um treinador de muita experiência. O que ele tiver para me ensinar, vou procurar escutar para aprender. É um treinador muito amigo. Quando fui convocado para a seleção sub-20, ele veio até mim no vestiário, me deu um aperto de mão e me desejou parabéns.

Você acha que deixou a desejar em algum aspecto em 2014?
Eu não falo em deixar a desejar, mas eu posso mostrar um pouco mais de vontade em tudo. Vontade de aprender, de aprimorar. De evoluir sempre. Eu miro a perfeição. Até meus 30 e poucos anos, vou procurar aprender alguma coisa, vou procurar aprender um pouco mais na parte defensiva, parte tática, vou estar sempre procurando aprimorar.

O que você projeta para 2015 com a camisa do Grêmio?
Eu quero a titularidade. Eu trabalho para isso, trabalho pra me firmar, claro, sempre respeitando os parceiros de posição. É isso. Vou procurar me firmar no Grêmio primeiro e dar sequência à seleção brasileira. Tenho que começar me firmando, fazendo um bom Gauchão e, se possível, ser campeão. Eu quero conquistar meu primeiro título como profissional.

Walace ressalta o aprendizado que obteve com Luiz Felipe Scolari (Foto: Lucas Uebel / Grêmio, DVG)

Como você encarou o assédio de clubes da Europa, que começou a surgir ao final do ano? Você sonha em jogar no exterior?
Eu procuro não me aprofundar. Eu deixo para o meu empresário. Sei que, quando vier uma coisa certa, vai me comunicar. Procuro ficar tranquilo. Meu sonho é jogar num time da Europa, claro, mas meu 2015 é com a camisa do Grêmio. Não tem pressa. Tudo no tempo de Deus. Se a coisas tiverem de acontecer, vão ocorrer naturalmente.

O ex-presidente Fábio Koff, atual vice de futebol, por sua vez, disse que pretende segurar uma possível venda para que você possa deslanchar no Grêmio. Como você encara essa posição do dirigente?
A gente fica muito feliz com esse momento que estou vivendo na carreira. É uma motivação a mais para dar a sequência. Eu tenho contrato com o Grêmio até 2018. Deixo para ele e para meu empresário decidirem meu futuro.

Como você acompanha essa política do Grêmio de contenção de custos para 2015?
Eu não tenho acompanhado muito isso, não. Se acham que isso é melhor para o Grêmio, é o que tem que fazer. Mas acho que para quem é mais novo, que vem da categoria de base, o ano de 2015 pode ser até mesmo de mais oportunidades com o Felipão.

Walace aproveitou as férias mais curtas com amigos em Salvador (Foto: Reprodução/Instagram)

Como foi o período após o término do Brasileirão? Deu tempo para aproveitar e descansar ao lado da família e de amigos?
Walace - Com certeza. Vim para Salvador, curtir um pouco com a família e com os amigos. Deu para fazer alguns churrascos, aproveitar as férias e ir a algumas festas, mas claro, com certa moderação. Também fiz academia para não ficar parado e não chegar abaixo dos demais à Seleção.

E os primeiros trabalhos com a seleção brasileira? Bateu o nervosismo ao chegar pela primeira vez à Granja Comary?
É um período muito bom. De muito trabalho. Não vejo muito nervosismo, não. Sempre entrei na fogueira. Com certeza, é um sonho de criança, que hoje, graças a Deus, está começando a se realizar.

Você acha que o período de descanso mais curto, devido aos compromissos com a Seleção, pode atrapalhar o rendimento em 2015?
A gente não pode pensar nisso agora. Eu estou na Granja Acomary. Se é algo que vem para o bem, uma coisa que a gente consegue... Todo o jogador que almeja alguma coisa, tem que fazer sacrifícios. Comigo não é diferente. Vou ficar com o maior prazer e dar o melhor de mim. Depois, quando puder descansar, descanso.

Você projeta um bom rendimento com a Seleção sub-20 para se credenciar a uma vaga nos Jogos Olímpicos de 2016?
Tenho que pensar primeiro no Sul-Americano e fazer uma grande competição. Depois tem o Mundial e vem o Grêmio. Primeiro, temos que pensar no que está pela frente. Não no que está distante. Vamos trabalhando de pouquinho a pouquinho.


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