Como Anderson virou 'Talisca', e como pode virar 'novo Rivaldo'


Fonte: ESPN

Como Anderson virou Talisca, e como pode virar novo Rivaldo
Canelas finas, passadas largas, chute preciso de esquerda... Seria Talisca o novo Rivaldo? | GUALTER FATIA/GETTY IMAGES

Na última segunda-feira, Anderson Talisca mostrou o porquê de estar sendo considerado a grande sensação da Europa neste início de temporada. O meia-atacante, de apenas 20 anos, foi convocado para a seleção principal pelo técnico Dunga, e tem a chance de confirmar sua rápida ascenção no futebol desde que despontou no Bahia, em 2013.

O jogador, que é artilheiro do Campeonato Português pelo Benfica, com oito gols, já chamava a atenção muito desde cedo, e chegou a receber propostas de três clubes brasileiros e um do exterior para deixar a equipe de Salvador.

"Recebemos propostas de Flamengo, São Paulo e Grêmio por ele. Numa excursão na Europa, o Valencia também pediu emprestado. Sempre foi um jogador que chamou a atenção, pela a maneira como ele bate na bola e pela personalidade", contou Newton Mota, ex-coordenador da base do Bahia e considerado o "descobridor" de Talisca, em entrevista à Rádio ESPN.

Franzino, dono de passadas largas e chute preciso na canhota, não demorou para que o meia-atacante começasse a ser comparado com os um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro. Segundo Mota, no entanto, o atleta não sente a pressão.

"O Talisca já virou xodó em Portugal, as pessoas chamam de Yaya Talisca (risos). A técnica dele é muito apurada, e eu o comparo muito a Rivaldo, que é canhoto e tem passadas largas, fazia a tabela e gols de longe. Guardadas as devidas proporções, é claro, porque Rivaldo é campeão do mundo e tudo mais, mas, se eu vejo uma semelhança, é com ele", afirmou.

Quanto à convocação para a seleção, o descobridor da joia diz que se surpreendeu com a rapidez do chamado de Dunga. Apesar disso, assegura que o baiano de Feira de Santana sempre falou no sonho de disputar a Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

"Ele sempre me dizia que estava bem no Benfica e que o sonho dele era estar na Copa de 2018 e nas Olimpíadas no Rio. Ele tinha esse sonho, mas não esperava chegar tão rápido na seleção! Ele é muito novo, poderia estra ainda disputando a Copa do Brasil sub-20", observou, ressaltando também a maturidade mostrada pelo atleta na hora decisiva.

"Nunca o vi nervoso em jogos importantes. Nunca! Ele sempre fica tranquilo, com o fone de ouvido, só escutando o pagodinho dele..."

Mas por que Talisca?

Conhecedor de Anderson Souza Conceição, nome real de Talisca, desde os 13 anos, Mota "pescou" o garoto na equipe sub-14 do Astro, de Feira de Santana, e o levou para o Bahia. Após 15 dias de testes, viu que o canhoto era de alto nível, e ele se tornou atleta da equipe de Salvador. Foi nessa época que surgiu o curioso apelido.

"Ele era muito mais magro nessa época. Estava se cadastrando para o teste na sala e um menino mais novo que ele disse: 'Olhe, minha mãe, esse menino é muito magro, parece uma talisca!', que é uma lasquinha de madeira. Todos riram muito e o apelido pegou até hoje", relatou Mota.

Talisca nos tempos de Bahia: de volante a atacante | FELIPE OLIVEIRA/GETTY IMAGES

Na base, contudo, Talisca atuava como volante, e não como meia-atacante, posição em que atua hoje. Quem o mudou de posição e o ajudou a achar seu lugar mais próximo à linha de frente foi o técnico Marquinhos Santos, que o comandou já no profissional do Bahia, no início de 2014.

"Quando cheguei, ele fazia a função de segundo volante. Por entender as características, vi que ele poderia atuar mais avançado, quase como falso 9. À época, fui criticado, mas deu certo. Pela qualidade e pela batida na bola, você vê que ele é diferente. Comigo, chegou a jogar em três funções diferentes", exaltou o hoje comandante do Coritiba, em entrevista à Rádio ESPN.

"Eu sempre falei que ele era um jogador de nível europeu. É um menino muito dedicado dentro e fora de campo, e está se destacando por mérito próprio. Era uma pedra a ser lapidada, e a gente insistia que ele chegasse uma hora e meia antes do treino e fazia treino de bola parada, escanteio, falta e pênalti", completou Marquinhos, que concorda com as comparações sobre Rivaldo.

"São gerações diferentes, e o Talisca precisa conquistar muito para ser comparado, mas o perfil e o biótipo, além da performance dentro de campo, lembram muito as características técnicas do Rivaldo. É longilíneo, de passadas largas, sendo um meia de transição e atacante, que o futebol europeu gosta", finalizou.

Puxador de pagode

Além do alto nível técnico, a personalidade alegre de Talisca também é exaltada por quem o conhece bem. Segundo Newton Mota, o meia-atacante é quem puxa o pagode na concentração e nas viagens, dando canja como um instrumentista de primeira.

"Ele tem em astral fantástico, tinha até um conjunto de pagode na concentração no tempo do Bahia! Tocava instrumentos musicais como o timbau, cantava, fazia de tudo. Ele gosta dos sambas do Jorge Aragão e do Grupo Revelação", salientou.

Talisca se apresentou à seleção na segunda-feira | BRUNO DOMINGOS/MOWA PRESS

De acordo com o descobridor, a revelação do Bahia também não deixou o sucesso subir à cabeça, mantendo a mesma humildade do início de carreira.

"Ele morava na periferia de Feira de Santana, na rua de uma detenção policial. Graças a Deus hoje esta podendo ajudar a família. É um cara muito fiel aos colegas. O sogro do Patrick, amigo dele de base, montou uma escolinha de futebol, e o Talisca está ajudando, fazendo um marketing, pedindo pra garotada da cidade apoiar, que uma hora dessas ele irá visitar. Ele continua muito simples, nada do que está acontecendo muda a cabeça dele. Antes de ir ao Benfica ele veio aqui na minha academia de futebol e tirou fotos com todo mundo. É muito querido pelos torcedores do Bahia", disse.

Apesar disso, Newton Mota admite que ainda dá conselhos ao pupilo.

"Mandei uma mensagem para ele no Whatsapp: com tanta coisa boa de repente, o mais importante, Talisc,a é você precisa estar preparado para tudo isso que está acontecendo. Talvez nem você esperasse tanta coisa boa de repente. A prudência e a humildade têm que fazer parte, porque com mesma velocidade com que se sobe, se cai também", alertou.



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