Pacotão do Gre-Nal: papo de técnicos, brilho de gringo, confusões e até "olé"

Grêmio aplica goleada histórica por 4 a 1 sobre o Inter, no Brasileirão (Foto: GloboEsporte.com)

É provável que nem mesmo o mais otimista dos gremistas projetasse o desfecho do Gre-Nal deste domingo, na Arena, válido pela 33ª rodada do Brasileirão. Nem mesmo Felipão, aniversariante do dia, que pediu um triunfo para viver o "melhor aniversário da vida". Foi presenteado com mais. O Grêmio goleou o Inter por 4 a 1, devolveu o placar da final do Gauchão e acrescentou novo capítulo à história do clássico. De quebra, ultrapassou o rival na tabela: é terceiro, com 57 pontos, enquanto o Colorado caiu para sexto, com 56.

Não faltaram gols, entradas duras, confusão e, claro, festa do lado azul, que comemorou aos gritos de "olé" a quebra do tabu de nove jogos sem vitórias diante do adversário,ou aos pulos dentro de campo, como fez Marcelo Grohe após o último tento da partida.

Antes de a bola rolar, Abel Braga e Luiz Felipe Scolari trocaram um longo abraço à beira do campo - gesto que soou como um despiste para o clima quente que tomou conta do jogo dentro das quatro linhas. O clássico 403 foi marcado por entradas duras, confusões e duelos particulares, como o que envolveu D'Alessandro e Fellipe Bastos. Sem falar dos gols. Alan Ruiz gravou para sempre seu nome nos registros do clássico ao balançar as redes duas vezes em apenas 12 minutos. Por outro lado, He-Man, que marcou o tento de honra para os colorados, consolidou sua marca de artilheiro dentro da Arena.

> Confira os destaques compilados pelo GloboEsporte.com:

ABRAÇO ENTRE ABEL E FELIPÃO

O clima de tensão gerado pelas brigas, entradas duras e sarrafos que marcaram o Gre-Nal deste domingo não contagiou Abel Braga e Luiz Felipe Scolari. Os treinadores deram um belo exemplo de que os dois lados antagônicos do Rio Grande do Sul podem conviver em harmonia. Antes de a bola rolar, os dois comandantes se encontraram à beira do gramado e, após um longo abraço, conversaram ao pé do ouvido em tom descontraído.

DUELO QUENTE

D'Alessandro e Fellipe Bastos travaram um duelo à parte durante o primeiro tempo do clássico deste domingo. Aos 17, os dois discutiram calorosamente em campo depois de uma entrada dura do argentino. A resposta veio no lance seguinte. O colorado dominou de costas para o gol e logo foi pressionado pelo rival, em uma entrada dura. Com os ânimos ainda efervescentes, os adversários retornaram ao gramado para a segunda etapa lado a lado, em uma conversa ao pé do ouvido, sob os olhares do árbitro Luiz Flávio de Oliveira.

TRICOLOR AO CONTRÁRIO

Os gremistas viveram uma tarde "ao contrário", de acordo com o retrospecto recente. Dono do quarto pior ataque do Brasileirão com 31 gols, o Grêmio parece ter economizado seu poderio ofensivo ao longo do campeonato para abusar de seu ataque no Gre-Nal. A equipe marcou mais de dois tentos pela primeira vez após 33 rodadas. Logo fez quatro, com Luan, Ramiro e Alan Ruiz, duas vezes. Curiosamente, Barcos, artilheiro da equipe, que havia marcado quase metade dos gols do Tricolor até o Gre-Nal - 13 de 27 - passou em branco.

HOMEM-ARENA

A goleada histórica passou longe de ser o resultado ideal almejado por Rafael Moura para o clássico deste domingo, na Arena, mas o centroavante confirmou as credenciais de “Homem Arena”. He-Man entrou aos 12 do segundo tempo, na vaga de Alan Patrick, para três minutos depois anotar o tento de honra para o Inter. E um golaço. O colorado é o artilheiro do clássico no estádio ao lado de Barcos, com três gols.

ANIVERSARIANTE DO DIA

Gremista levou cartaz de parabéns a Felipão, que faz aniversário neste domingo (Foto: Diego Guichard/GloboEsporte.com)

Aniversariante neste domingo, Felipão afirmou, às vésperas do clássico, que uma vitória sobre o Inter constituiria o “melhor aniversário da vida”. Não imaginava que viveria uma tarde histórica, com direito a goleada por 4 a 1 e Grêmio em terceiro, na briga pelo G-4, no dia em que completou 66 anos. Tanto que não se conteve na entrevista coletiva após a partida.

- Foi o ápice, a coroação de uma carreira, que eu nunca achei que ia acontecer, vencer um Gre-Nal pelo Grêmio, o time do meu coração, no meu aniversário, e ainda por 4 a 1.

SARRAFOS

Como é de costume nas disputas ferrenhas entre Grêmio e Inter dentro de campo, o Gre-Nal 403 foi marcado por entradas duras e até mesmo alguns sarrafos. Aos 22, Willians avançava pela direita, quando foi parado por Dudu, que o acertou com as travas da chuteira na coxa - o lance passou despercebido pelos olhares de Luiz Flávio de Oliveria. Cinco minutos mais tarde, foi a vez de o volante colorado abrir a caixinha de ferramentas. O camisa 8 entrou atrasado e deixou o pé ao ser driblado por Alan Ruiz.

CONFUSÃO

Alan Ruiz mal teve tempo de comemorar o quarto gol da goleada deste domingo e já se viu envolto em uma confusão. O argentino parou para celebrar o tento em frente ao banco de reservas do Inter. Deu início à confusão. D’Alessandro foi um dos primeiros a ir tirar satisfações com conterrâneo e, logo, integrantes das duas equipes se encontravam em meio à confusão. Mais tarde, aos 40, Willians deixou o cotovelo no rosto de Dudu, em lance na lateral, e provocou outra rusga, que foi contida pela arbitragem e pelos integrantes das duas equipes.

BICICLETA

À exceção do belo gol de Rafael Moura, um dos únicos lampejos de qualidade técnica do Inter surgiu dos pés de Nilmar. Isolado no ataque colorado, o camisa 7 teve de se esforçar e abusar de sua criatividade para se destacar em campo. Aos 32 do primeiro tempo, o atacante viu a bola sobrar para si, após cobrança de falta de Alan Patrick que explodiu na barreira. Com pouco espaço para agir, emendou de bicicleta. A bola subiu e por pouco não entrou no ângulo esquerdo de Marcelo Grohe.

GROHE VAI À LOUCURA

Gremista desde criança e profissional do clube desde 2005, Marcelo Grohe é um dos atletas mais identificados com o Grêmio e com a torcida do elenco atual. Não à toa que foi à loucura para comemorar o quarto gol na goleada que liquidou a seca de nove jogos sem triunfo dos gremistas diante do Inter. Como um torcedor, o arqueiro saiu aos pulos em uma arrancada no gramado para celebrar o tento.

O NOME DO JOGO

Bastaram 12 minutos em campo para que Alan Ruiz se tornasse o principal personagem do Gre-Nal 403. O argentino ingressou no clássico aos 28 do segundo tempo, na vaga de Luan para infernizar a defesa colorada. Cavou faltas com dribles curtos, tirou Willians e D’Alessandro do sério e marcou os dois gols derradeiros da goleada gremista por 4 a 1. Suficiente? Não. Ainda provocou uma confusão entre gremistas e colorados ao comemorar o último tento da tarde em frente ao banco de reservas do Inter. Acabo substituído aos 40, para evitar maiores incidentes.

AOS GRITOS DE "OLÉ"

Se os jogadores não pouparam esforços dentro de campo para construir um placar elástico, os gremistas não fizeram por menos ao comemorar a goleada histórica por 4 a 1. Extravasaram a plenos pulmões a quebra do tabu de nove jogos - ou dois anos e dois meses - sem bater o rival a cada tento marcado. No fim da partida, ainda provocaram os colorados aos gritos de "olé", em troca de passes do Grêmio no campo de defesa.

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