Em pouco tempo, Kannemann ganhou a confiança de Renato Gaúcho (Foto: Eduardo Deconto/GloboEsporte.com)
Kannemann encerra os mais de 40 minutos de um bate-papo conduzido entre risadas e logo desanda a correr no gramado do CT Luiz Carvalho. Resta pouco tempo para o treino, e o gringo ruma às pressas ao vestiário, com um novo semblante, de seriedade pura, em mais uma amostra da dedicação a que os gremistas já se acostumaram. O "Viking", como foi apelidado, conquistou a torcida pelo estilo de marcação ferrenha, emblemática em jogos decisivos como o desta terça, contra o Deportes Iquique, na Arena, às 21h45, pela Libertadores. E bem diferente do jeito irreverente com que o argentino convive no dia a dia, com direito a uma pitada de brasilidade.
Kannemann carrega uma pitada tupiniquim em sua personalidade, herança da criação dos pais, que o fizeram crescer ao ritmo do samba e do pagode, duas de suas paixões. Quem vê o zagueiro com pegada de xerifão – rótulo logo rechaçado por ele – até se espanta ao vê-lo "soltinho", dos churrascos e do chimarrão com colegas e funcionários do Grêmio à dancinha, um tanto sem jeito, na comemoração do penta da Copa do Brasil. E que promete comandar a zaga do Grêmio pela América ao lado de Pedro Geromel em 2017.
O gringo recebeu a reportagem do GloboEsporte.com e da RBS TV para uma entrevista exclusiva na última quinta-feira. Em bom "portunhol", foi se soltando até deixar o lado brincalhão aflorar, sempre com simplicidade, seja para falar da experiência como campeão da Libertadores, em 2014, pelo San Lorenzo, seja para falar do presente, como um dos heróis do penta em 2016. A conquista o fez cair de vez nas graças da torcida, com carinho imediato, mas não a ponto de fazê-lo aceitar o rótulo de ídolo.
– Ih! (Para ser ídolo) falta ganhar mais título. É muito importante ganhar a Copa do Brasil. O Grêmio é pentacampeão. É o maior campeão da Copa do Brasil. Tem que continuar por este caminho. Para virar ídolo, temos que estar mais próximos ainda – afirma.
> Confira a entrevista exclusiva com Kannemann:
GloboEsporte.com: Você não teve nenhuma dificuldade para se ambientar ao Grêmio. Como isso aconteceu tão rápido?
Kannemann: Foi muito bom. Obrigado aos companheiros, à comissão, às pessoas que trabalham pelo clube. Aqui no Sul tem muita coisa parecida com a Argentina. Aqui se come churrasco, toma chimarrão. Nisso é muito parecido. Foi mais fácil. E eu tinha gana de vir para cá. Tudo somou e foi para o bem.
A acolhida da torcida ajudou nesse processo? Você se surpreendeu com esse carinho tão rápido do torcedor gremista?
Desde o primeiro momento que cheguei aqui e entrei no campo a torcida apoiou. Eu só tratei de devolver esse carinho dentro do campo. E os resultados foram bons. Para um futebolista ter uma vaga importante é muito difícil, ainda mais no Brasil, onde é muito competitivo. Tem muitos bons jogadores. No Brasil, os jogadores são muito físicos. A mim, surpreendeu. Não imaginava finalizar campeão. Deu tudo certo.
A adaptação chama atenção até por isso. Você marcou seu nome na história e virou ídolo em menos de cinco meses...
Não sei se a palavra é ídolo. Tivemos a sorte de ser campeões da Copa do Brasil, que o Grêmio não comemorava algo há muito tempo. Mas, para virar ídolo aqui no Grêmio, tem que ganhar muito mais. Tem uma história muito importante, muito rica. Temos que seguir brigando por mais títulos.
Se fala é que o Kannemann absorveu a cultura do Grêmio em campo. É por aí?
Você pode perder, empatar ou ganhar, mas tem que dar sempre o máximo, não deixar uma bola perdida. Tem que ir nas divididas a ganhar. Sempre que o time tem isso, o torcedor reconhece o sacrifício. Óbvio que o torcedor quer ganhar. Mas, primeiro, pede isso.
Você já é comparado a outros zagueiros gringos de sucesso no Grêmio, como De León e Rivarola. Como vê isso?
Me falaram disso. Que eu tenho um jeito de jogar que a torcida gosta, que o torcedor se sente identificado. Melhor (risos). Sempre quando for positivo no campo, no jeito de jogar, está bem. Se ajuda o Grêmio, melhor.
E como é ser comparado com essas figuras tão importantes na história do Grêmio?
Ser comparado ou nomeado é um orgulho muito grande para mim. Poder somar meu grão de areia para conseguir o título é muito importante. Vou estar sempre agradecido por este clube. Eu e meus companheiros vamos brigar para trazer mais títulos. Não é fácil, mas vamos lutar.
Você é um zagueiro firme, que joga sério. É essa postura que você quer mostrar ao torcedor?
Não sei se quero mostrar isso. É como eu sou. Dentro do campo, os zagueiros não estão para brincadeira. Tem que jogar sério. Dentro do campo, sou muito sério. Fora, sou mais tranquilo.
A Libertadores é uma competição, pelo estilo, em que o time precisa de um xerifão?
Eu acho que não sou xerifão. Aqui tem muito jogador. Edílson, Geromel e Marcelo (Oliveira), além de mim. São todos xerifões. Todo mundo tem uma personalidade muito importante. Eu não me acho xerifão. Eu só trato de ajudar meus companheiros e fazer meu trabalho.
Por que você acha que a dupla com o Geromel deu tão certo?
Acho que além de ser um grande jogador, ele é uma pessoa muito boa. Ele trata de ajeitar com os companheiros, de fazer com que tudo funcione. Ele sempre trata de fazer as coisas simples. E eu também. Foi por isso. Pela simplicidade de sempre melhorar, de falar muito e fazer o que o time precisa no momento certo. Ele é um cara muito simples. Acho que isso ajudou muito. E também não só o Geromel. Todo time é predisposto a falar, cobrar, correr. Isso ajuda muito.
O Renato costuma tirar onda com os atacantes, fazer brincadeiras. Como é o contato dele com os zagueiros?
Ele faz algumas brincadeiras. Só que ele fala sempre que temos que estar tranquilos, porque ele já parou de jogar (risos). Mas ele ajeita muito. Ele fala muito sobre o aspecto defensivo. E trata sempre de que todo o time esteja preparado e posicionado para fazer com que todo mundo corra um pouco e não só alguns. Ele ajuda muito nisso.
A gente acompanha suas redes sociais, em que você publica vídeos engraçados. Tem até vídeo cantando com a comissão técnica.
Ah, eu não sou de publicar muita coisa. Só quando tenho vontade. Aconteceu. Eu gosto da música brasileira. Meus pais são do nordeste da Argentina. É fronteira com o Brasil. Se escuta muito. Por isso botei nas redes sociais. É desde antes. Tem carnaval, muito mais pequeno, mas tem.
Falando em Carnaval, você chegou a ir à Sapucaí...
Eu tive a oportunidade de ir. Fui com Jajá (Jailson). Não sei se vou ter outra possibilidade. Fui conhecer. Gostei. Foi muito bonito. A verdade é que valeu a pena ir. Valeu a viagem. Tudo.
Gosta de samba, então? Deu até uma sambada para comemorar a Copa do Brasil.
É. Quando um jogador é campeão, esquece tudo. Faz o que sente, o que sai.
E o pessoal não pega no teu pé?
Brinca, brinca, brinca. Sabe que minha dança não é muito engraçada, mas eu danço (risos).
Dá para dizer que você tem um lado bem brasileiro fora de campo?
É eu gosto de brincar, não? Quando é o momento. Quando tem que estar sério, tem que trabalhar. Trabalho. Quando pode brincar, brinco. Como todo mundo, como tem que ser.
Além do Rio, você também conheceu Gramado, na serra gaúcha. Gosta de viajar para conhecer o Brasil?
Quando dá para conhecer, trato de fazer viagem. Sempre que dá tempo e não esteja tão cansado, porque aqui se joga muito, eu trato de conhecer, sim. É muito bonito o país.
Teve o episódio do assalto aqui em Porto Alegre (o carro de Kannemann foi roubado a mão armada). Como foi isso?
América do Sul é assim. Fui assaltado na Argentina e por sorte tenho que agradecer que não aconteceu nada ruim. Só roubo material. Mas gosto de Porto Alegre. Eu gosto de comer churrasco com o pessoal aqui do clube.
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Kannemann carrega uma pitada tupiniquim em sua personalidade, herança da criação dos pais, que o fizeram crescer ao ritmo do samba e do pagode, duas de suas paixões. Quem vê o zagueiro com pegada de xerifão – rótulo logo rechaçado por ele – até se espanta ao vê-lo "soltinho", dos churrascos e do chimarrão com colegas e funcionários do Grêmio à dancinha, um tanto sem jeito, na comemoração do penta da Copa do Brasil. E que promete comandar a zaga do Grêmio pela América ao lado de Pedro Geromel em 2017.
O gringo recebeu a reportagem do GloboEsporte.com e da RBS TV para uma entrevista exclusiva na última quinta-feira. Em bom "portunhol", foi se soltando até deixar o lado brincalhão aflorar, sempre com simplicidade, seja para falar da experiência como campeão da Libertadores, em 2014, pelo San Lorenzo, seja para falar do presente, como um dos heróis do penta em 2016. A conquista o fez cair de vez nas graças da torcida, com carinho imediato, mas não a ponto de fazê-lo aceitar o rótulo de ídolo.
– Ih! (Para ser ídolo) falta ganhar mais título. É muito importante ganhar a Copa do Brasil. O Grêmio é pentacampeão. É o maior campeão da Copa do Brasil. Tem que continuar por este caminho. Para virar ídolo, temos que estar mais próximos ainda – afirma.
> Confira a entrevista exclusiva com Kannemann:
GloboEsporte.com: Você não teve nenhuma dificuldade para se ambientar ao Grêmio. Como isso aconteceu tão rápido?
Kannemann: Foi muito bom. Obrigado aos companheiros, à comissão, às pessoas que trabalham pelo clube. Aqui no Sul tem muita coisa parecida com a Argentina. Aqui se come churrasco, toma chimarrão. Nisso é muito parecido. Foi mais fácil. E eu tinha gana de vir para cá. Tudo somou e foi para o bem.
A acolhida da torcida ajudou nesse processo? Você se surpreendeu com esse carinho tão rápido do torcedor gremista?
Desde o primeiro momento que cheguei aqui e entrei no campo a torcida apoiou. Eu só tratei de devolver esse carinho dentro do campo. E os resultados foram bons. Para um futebolista ter uma vaga importante é muito difícil, ainda mais no Brasil, onde é muito competitivo. Tem muitos bons jogadores. No Brasil, os jogadores são muito físicos. A mim, surpreendeu. Não imaginava finalizar campeão. Deu tudo certo.
A adaptação chama atenção até por isso. Você marcou seu nome na história e virou ídolo em menos de cinco meses...
Não sei se a palavra é ídolo. Tivemos a sorte de ser campeões da Copa do Brasil, que o Grêmio não comemorava algo há muito tempo. Mas, para virar ídolo aqui no Grêmio, tem que ganhar muito mais. Tem uma história muito importante, muito rica. Temos que seguir brigando por mais títulos.
Se fala é que o Kannemann absorveu a cultura do Grêmio em campo. É por aí?
Você pode perder, empatar ou ganhar, mas tem que dar sempre o máximo, não deixar uma bola perdida. Tem que ir nas divididas a ganhar. Sempre que o time tem isso, o torcedor reconhece o sacrifício. Óbvio que o torcedor quer ganhar. Mas, primeiro, pede isso.
Você já é comparado a outros zagueiros gringos de sucesso no Grêmio, como De León e Rivarola. Como vê isso?
Me falaram disso. Que eu tenho um jeito de jogar que a torcida gosta, que o torcedor se sente identificado. Melhor (risos). Sempre quando for positivo no campo, no jeito de jogar, está bem. Se ajuda o Grêmio, melhor.
E como é ser comparado com essas figuras tão importantes na história do Grêmio?
Ser comparado ou nomeado é um orgulho muito grande para mim. Poder somar meu grão de areia para conseguir o título é muito importante. Vou estar sempre agradecido por este clube. Eu e meus companheiros vamos brigar para trazer mais títulos. Não é fácil, mas vamos lutar.
Você é um zagueiro firme, que joga sério. É essa postura que você quer mostrar ao torcedor?
Não sei se quero mostrar isso. É como eu sou. Dentro do campo, os zagueiros não estão para brincadeira. Tem que jogar sério. Dentro do campo, sou muito sério. Fora, sou mais tranquilo.
A Libertadores é uma competição, pelo estilo, em que o time precisa de um xerifão?
Eu acho que não sou xerifão. Aqui tem muito jogador. Edílson, Geromel e Marcelo (Oliveira), além de mim. São todos xerifões. Todo mundo tem uma personalidade muito importante. Eu não me acho xerifão. Eu só trato de ajudar meus companheiros e fazer meu trabalho.
Por que você acha que a dupla com o Geromel deu tão certo?
Acho que além de ser um grande jogador, ele é uma pessoa muito boa. Ele trata de ajeitar com os companheiros, de fazer com que tudo funcione. Ele sempre trata de fazer as coisas simples. E eu também. Foi por isso. Pela simplicidade de sempre melhorar, de falar muito e fazer o que o time precisa no momento certo. Ele é um cara muito simples. Acho que isso ajudou muito. E também não só o Geromel. Todo time é predisposto a falar, cobrar, correr. Isso ajuda muito.
O Renato costuma tirar onda com os atacantes, fazer brincadeiras. Como é o contato dele com os zagueiros?
Ele faz algumas brincadeiras. Só que ele fala sempre que temos que estar tranquilos, porque ele já parou de jogar (risos). Mas ele ajeita muito. Ele fala muito sobre o aspecto defensivo. E trata sempre de que todo o time esteja preparado e posicionado para fazer com que todo mundo corra um pouco e não só alguns. Ele ajuda muito nisso.
A gente acompanha suas redes sociais, em que você publica vídeos engraçados. Tem até vídeo cantando com a comissão técnica.
Ah, eu não sou de publicar muita coisa. Só quando tenho vontade. Aconteceu. Eu gosto da música brasileira. Meus pais são do nordeste da Argentina. É fronteira com o Brasil. Se escuta muito. Por isso botei nas redes sociais. É desde antes. Tem carnaval, muito mais pequeno, mas tem.
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Gosta de samba, então? Deu até uma sambada para comemorar a Copa do Brasil.
É. Quando um jogador é campeão, esquece tudo. Faz o que sente, o que sai.
E o pessoal não pega no teu pé?
Brinca, brinca, brinca. Sabe que minha dança não é muito engraçada, mas eu danço (risos).
Dá para dizer que você tem um lado bem brasileiro fora de campo?
É eu gosto de brincar, não? Quando é o momento. Quando tem que estar sério, tem que trabalhar. Trabalho. Quando pode brincar, brinco. Como todo mundo, como tem que ser.
Além do Rio, você também conheceu Gramado, na serra gaúcha. Gosta de viajar para conhecer o Brasil?
Quando dá para conhecer, trato de fazer viagem. Sempre que dá tempo e não esteja tão cansado, porque aqui se joga muito, eu trato de conhecer, sim. É muito bonito o país.
Teve o episódio do assalto aqui em Porto Alegre (o carro de Kannemann foi roubado a mão armada). Como foi isso?
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esse é o cara quando falo em cara de gremio
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