Grupo de torcedores gremistas vai ao Mineirão sem ingresso garantido

Cerca de 50 torcedores se reuniram para viajar a MG após time se garantir na final da Copa do BR. Com passagens e hotel, correm risco de ficar do lado de fora do estádio


Fonte: Globo Esporte

Grupo de torcedores gremistas vai ao Mineirão sem ingresso garantido
Gremistas se reúnem em almoços e jantas para torcer pelo Tricolor (Foto: Beto Azambuja / GloboEsporte.com)
De um grupo de WhatsApp nasceu uma parceria entre 50 pessoas que tinham um propósito em comum: estar no Mineirão para assistir a Atlético-MG x Grêmio pelo primeiro jogo da final da Copa do Brasil. Porém, serão apenas 2 mil lugares oferecidos ao Tricolor no estádio rival e há possibilidade de nem todos da turma ter conseguido ingresso. Nada que os abale.

As passagens aéreas e a hospedagem no hotel que servirá de concentração gremista em Belo Horizonte começaram a ser comprados logo após a definição dos mandos de campo da decisão. Quem deu largada ao grupo foi o especialista em gestão desportiva Carlos Presser Filho, que reuniu alguns amigos na rede social e postou a imagem do voucher da viagem para Minas.

– Já estávamos mobilizados desde o 2 a 0 contra o Cruzeiro (primeiro jogo da semifinal). Começamos a ver passagens e foi crescendo. Foi na paixão mesmo. Faz tempo que o Grêmio não vai a uma final, então, temos que dar valor a isso. Os jogadores sentem o carinho, a presença do torcedor. Quando entrarem no campo, vão ver aquele pessoal fazendo festa lá no cantinho – comenta Carlos.

Inicialmente, a turma continha cerca de 20 pessoas, mas a notícia se espalhou até os "amigos dos amigos". Hoje, os gremistas estimam que a comitiva terá em torno de 50 integrantes. Eles devem desembarcar em Minas entre esta terça e quarta-feira, alguns sem ingresso à mão. Tudo para levar adiante o verso de Lupicínio Rodrigues: "com o Grêmio onde o Grêmio estiver".

– Em algum lugar de Minas Gerais nós vamos estar para assistir ao jogo do Grêmio, de preferência dentro do Mineirão, claro. Na pior das hipóteses, vamos para lá tomar uma cerveja. Já fomos juntos até o Uruguai. Não tem ruim. Aonde for, que dia for, com chuva ou sol, para o que der e vier – resume o corretor de imóveis Nilo Lagoas.

Problema não é o trabalho, mas em casa

A organização antecipada da viagem permitiu aos tricolores que não encontrassem muitos obstáculos em termos de perder trabalho. Alguns optaram por tirar férias no período das finais, outros guardaram a folga a quem têm direito pela atuação como mesários nas eleições. Uma outra parte já admite atrasar o serviço como autônomo.

Em casa, porém, a história muda de figura. O funcionário público Luiz Armindo Gonçalves não demora muito para recordar o ano de 1983, quando o Grêmio foi campeão do mundo no Japão. À época, estava com a mulher grávida do filho Rafael. Um ultimato foi o suficiente para abandonar a ideia de acompanhar o time no Oriente. Se entrasse no avião, o casamento seria desfeito.

Vacinado em 2016, Luiz já está com a passagem garantida para Minas Gerais – com a anuência da patroa, é claro. A situação, no entanto, despertou ciúme justamente no pivô do desentendimento de 33 anos atrás. Agora é Rafael quem se vê às vésperas do matrimônio, e há obrigações de casal que o impedem de estar no Mineirão na quarta-feira.

– Está possesso comigo. Ele estava com o casamento marcado, mas ficou 28 dias no hospital e teve de mudar a data. Como (o casamento) já tinha sido adiado, a esposa proibiu ele de mudar de novo por causa da viagem (para Belo Horizonte). Está bravo comigo e com ela! Mas a última palavra é "sim"! Minha nora também me proibiu de acontecer qualquer coisa comigo! Mas a gente vai representá-lo. Importante é conquistar o título. O resto a gente resolve depois – brinca.

O advogado Márcio Floriano Júnior também vive as últimas semanas no limite entre a família e a paixão pelo Grêmio. Ele garante, no entanto, que a viagem para solo mineiro não irá interferir na relação com a mulher, que está grávida de seis meses de uma menina. Conta ainda com a "sorte" de ter uma companheira solidária ao fanatismo.

– Acho que ela já esperava. Desde que a gente se conhece, ela sabe da realidade. Não precisou de uma negociação. E é tão fanática quanto eu. O amor que eu tenho pelo Grêmio é equivalente ao que eu tenho por ela e pela minha filha, que vai nascer em fevereiro. Só que se trata de algo interior. Vale qualquer sacrifício – finaliza.

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