Rui Costa, diretor-executivo do Grêmio (Foto: Diego Guichard)
Envolto em um ambiente de frustração no hotel do Grêmio em Rosário, Rui Costa cedeu ao fardo que carrega desde 20 de novembro de 2012, quando aceitou o convite de Fábio Koff para ser diretor executivo do clube. Ali, frente a frente com o atual mandatário, Romildo Bolzan, o agora ex-dirigente entregou o cargo após a queda para o Rosario Central nas oitavas de final da Libertadores. Encerrou, assim, uma trajetória de 41 meses imerso em pressão no futebol tricolor, com 48 reforços, cinco técnicos e nenhuma taça no armário.
Foram 1263 dias entre o "sim" à convocação de Koff, uma espécie de padrinho pessoal dentro do Tricolor, e o desligamento oficial do clube. Ainda antes de assumir o cargo, Rui já atuava ao lado do mandatário, no final de 2012, para assegurar a renovação de Vanderlei Luxemburgo. De lá para cá, o executivo de discurso refinado e ternos bem cortados alternou entre contratações de peso e apostas para reforçar o elenco, ora comandado por técnicos de prestígio junto à torcida, como Felipão e Renato Gaúcho, e por emergentes, como Enderson Moreira.
Sem títulos, guarda algumas conquista pessoais, como o histórico 5 a 0 no Gre-Nal, que suplanta seu retrospecto negativo diante do maior rival. Em 2016, chegou a ter seu nome gritado pela torcida e foi chamado de "mito", no desembarque de Miller Bolaños como reforço de quilate para a Libertadores. Viu a idolatria passageira se dissipar diante de mais cobranças sobre seu trabalho, costumeiras ao longo dos três anos, como o GloboEsporte.com relembra abaixo:
ELIMINAÇÕES EM SÉRIE
A dolorida e traumática eliminação para o Rosario Central, numa atuação apática do Tricolor na derrota por 3 a 0 no Gigante de Arroyito foi o estopim para a queda do executivo, ainda em solo argentino. Mas passa longe de ser um tropeço isolado na carreira de Rui Costa. O dirigente, é bem verdade, teve de lidar com a pressão de mais de uma década anterior sem títulos, mas teve sua parcela de culpa nos concomitantes 15 anos de jejum.
Em mais de três anos no cargo, o executivo colecionou eliminações em 11 torneios, dos quais três ainda em 2016 – além da Libertadores, o Tricolor caiu no Gauchão, para o Juventude, e na Primeira Liga, para o Inter (confira na tabela abaixo). Por falar no maior rival, o Grêmio sofreu derrotas marcantes nas finais dos dois últimos Gauchões justamente para o Colorado.
Durante a gestão de Rui Costa, o clube ainda disputou três Brasileiros sem sucesso na briga pelo título, ainda que tenha alcançado a vaga na Libertadores em duas edições. A equipe foi vice em 2013, sétimo colocado, em 2014, e terceiro, no ano passado.
Se o jejum de títulos persiste no Tricolor, Rui Costa também viveu seca pessoal em Gre-Nais. Após o dirigente assumir, no começo de 2013, o Grêmio ficou oito embates sem vitórias sobre o maior rival. A redenção do executivo veio em grande estilo: em duas goleadas no clássico.
Com o dirigente, os gremistas só voltaram a vencer o Inter em 9 de novembro de 2014, quando, sob o comando de Felipão, aplicou 4 a 1 no maior rival na Arena e replicou o placar da derrota na final do Gauchão daquele ano. Depois,em 2015, o Grêmio voltou a cair diante do Colorado no estadual.
O Tricolor e Rui Costa lavaram a alma diante do Colorado em 9 de agosto de 2015, com o histórico 5 a 0 no Colorado. Ainda assim, o retrospecto é pobre: em 15 clássicos, as goleadas foram as duas únicas vitórias, somadas a seis empates e sete derrotas.
48 REFORÇOS EM 41 MESES
O Grêmio até alternou entre momentos de fartura e de austeridade em suas finanças nos mais de três anos de Rui Costa como executivo, mas nunca abriu mão de reforçar seu elenco. Prova disso são os 48 jogadores contratados em 41 meses com o dirigente no clube – montante capaz de formar mais de quatro equipes. Na média, o dirigente contratou 1,1 jogador por mês. Do total, 18 atletas seguem no elenco gremista.
O perfil almejado pelo executivo é variado, entre apostas, jogadores de renome e gringos com grife e sem grife. Até pelo poderio financeiro do Tricolor em cada temporada. Em 2013, por exemplo, o Grêmio resolveu apostar alto – e como – para a disputa da Libertadores, com Vanderlei Luxemburgo. O executivo buscou nomes como André Santos, Eduardo Vargas e Barcos para a disputa da competição continental. Ainda viu garotos como Wendell e Alex Telles deslancharem, com boas vendas para a Europa. Caiu, porém, para o Santa Fe nas oitavas de final.
Miller Bolaños e Rui Costa no CT Luiz Carvalho (Foto: Lucas Uebel / Grêmio, DVG)
Não para por aí. Em 2014, com recursos módicos, dado o investimento no ano anterior, o Grêmio contratou pouco para a Libertadores e apostou na manutenção do elenco. Novamente acabou eliminado nas oitavas, dessa vez para o San Lorenzo. No segundo semestre, contou com aporte de investidores para contratar Giuliano e Fernandinho. Dois atletas que não corresponderam o investimento pesado – o primeiro é titular com Roger, e o segundo foi emprestado ao Flamengo.
A política austera se manteve em 2015, ano em que o Tricolor apontou para as categorias de base e para apostas pouco badaladas para montar seu elenco para Gauchão, Brasileirão e Copa do Brasil. Novamente com a Libertadores em vista para 2016, os gremistas mantiveram a austeridade financeira, ainda que tenham contado novamente com um investidor para contratar Miller Bolaños. O equatoriano foi recebido com festa e gritos de "Rui Costa" no aeroporto, mas foi atrapalhado pela fratura na mandíbula no Gre-Nal 409.
CINCO TÉCNICOS
Rui Costa pode encher uma das mãos para contar os técnicos com que trabalhou no Grêmio de 2013 a 2016. O executivo iniciou o trabalho com Vanderlei Luxemburgo, em 2013, após participar das negociações para renovar o contrato do treinador, que tinha respaldo de sobra para a Libertadores. Luxa foi demitido, porém, após eliminação na competição, na quinta rodada do Brasileirão.
A escolha de Rui e Fábio Koff recaiu sobre Renato Gaúcho. O ídolo do Mundial de 1983 até caiu na semifinal da Copa do Brasil para o Atlético-PR, mas conseguiu reerguer o Grêmio, com um vice no Brasileirão. Não seguiu, porém, para 2014. O Tricolor apostou em técnico de perfil emergente, Enderson Moreira, que voltou a acumular eliminações na Libertadores e no Gauchão. Sem força, caiu na 12ª rodada do Brasileirão, após a Copa, com derrota por 3 a 2 para o Coritiba.
Rui Costa e Roger Machado (Foto: Diego Guichard)
Novamente, a diretoria optou por um nome de idolatria e força perante a torcida: Luiz Felipe Scolari. Felipão voltou ao clube para se reerguer depois do 7 a 1 na Copa de 2014 e encerrou 2014 em alta, apesar de não classificar a equipe para a Libertadores. Com o Gauchão em foco para 2015, o comandante não resistiu a nova derrota para o Inter na final e caiu na segunda rodada do Brasileirão.
A partir daí, Roger foi o escolhido, novamente com identificação com a torcida. O atual treinador conseguiu resgatar a equipe e levá-la ao 3º lugar do Nacional. Em 2016, porém, já acumula três eliminações, a ponto de fazer Rui Costa se despedir de forma oficial do Tricolor.
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Sem títulos, guarda algumas conquista pessoais, como o histórico 5 a 0 no Gre-Nal, que suplanta seu retrospecto negativo diante do maior rival. Em 2016, chegou a ter seu nome gritado pela torcida e foi chamado de "mito", no desembarque de Miller Bolaños como reforço de quilate para a Libertadores. Viu a idolatria passageira se dissipar diante de mais cobranças sobre seu trabalho, costumeiras ao longo dos três anos, como o GloboEsporte.com relembra abaixo:
ELIMINAÇÕES EM SÉRIE
A dolorida e traumática eliminação para o Rosario Central, numa atuação apática do Tricolor na derrota por 3 a 0 no Gigante de Arroyito foi o estopim para a queda do executivo, ainda em solo argentino. Mas passa longe de ser um tropeço isolado na carreira de Rui Costa. O dirigente, é bem verdade, teve de lidar com a pressão de mais de uma década anterior sem títulos, mas teve sua parcela de culpa nos concomitantes 15 anos de jejum.
Em mais de três anos no cargo, o executivo colecionou eliminações em 11 torneios, dos quais três ainda em 2016 – além da Libertadores, o Tricolor caiu no Gauchão, para o Juventude, e na Primeira Liga, para o Inter (confira na tabela abaixo). Por falar no maior rival, o Grêmio sofreu derrotas marcantes nas finais dos dois últimos Gauchões justamente para o Colorado.
Durante a gestão de Rui Costa, o clube ainda disputou três Brasileiros sem sucesso na briga pelo título, ainda que tenha alcançado a vaga na Libertadores em duas edições. A equipe foi vice em 2013, sétimo colocado, em 2014, e terceiro, no ano passado.
Se o jejum de títulos persiste no Tricolor, Rui Costa também viveu seca pessoal em Gre-Nais. Após o dirigente assumir, no começo de 2013, o Grêmio ficou oito embates sem vitórias sobre o maior rival. A redenção do executivo veio em grande estilo: em duas goleadas no clássico.
Com o dirigente, os gremistas só voltaram a vencer o Inter em 9 de novembro de 2014, quando, sob o comando de Felipão, aplicou 4 a 1 no maior rival na Arena e replicou o placar da derrota na final do Gauchão daquele ano. Depois,em 2015, o Grêmio voltou a cair diante do Colorado no estadual.
O Tricolor e Rui Costa lavaram a alma diante do Colorado em 9 de agosto de 2015, com o histórico 5 a 0 no Colorado. Ainda assim, o retrospecto é pobre: em 15 clássicos, as goleadas foram as duas únicas vitórias, somadas a seis empates e sete derrotas.
48 REFORÇOS EM 41 MESES
O Grêmio até alternou entre momentos de fartura e de austeridade em suas finanças nos mais de três anos de Rui Costa como executivo, mas nunca abriu mão de reforçar seu elenco. Prova disso são os 48 jogadores contratados em 41 meses com o dirigente no clube – montante capaz de formar mais de quatro equipes. Na média, o dirigente contratou 1,1 jogador por mês. Do total, 18 atletas seguem no elenco gremista.
O perfil almejado pelo executivo é variado, entre apostas, jogadores de renome e gringos com grife e sem grife. Até pelo poderio financeiro do Tricolor em cada temporada. Em 2013, por exemplo, o Grêmio resolveu apostar alto – e como – para a disputa da Libertadores, com Vanderlei Luxemburgo. O executivo buscou nomes como André Santos, Eduardo Vargas e Barcos para a disputa da competição continental. Ainda viu garotos como Wendell e Alex Telles deslancharem, com boas vendas para a Europa. Caiu, porém, para o Santa Fe nas oitavas de final.
Miller Bolaños e Rui Costa no CT Luiz Carvalho (Foto: Lucas Uebel / Grêmio, DVG)
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Rui Costa e Roger Machado (Foto: Diego Guichard)
Novamente, a diretoria optou por um nome de idolatria e força perante a torcida: Luiz Felipe Scolari. Felipão voltou ao clube para se reerguer depois do 7 a 1 na Copa de 2014 e encerrou 2014 em alta, apesar de não classificar a equipe para a Libertadores. Com o Gauchão em foco para 2015, o comandante não resistiu a nova derrota para o Inter na final e caiu na segunda rodada do Brasileirão.
A partir daí, Roger foi o escolhido, novamente com identificação com a torcida. O atual treinador conseguiu resgatar a equipe e levá-la ao 3º lugar do Nacional. Em 2016, porém, já acumula três eliminações, a ponto de fazer Rui Costa se despedir de forma oficial do Tricolor.
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