Rosario Central sufoca com marcação alta e amarra um Grêmio sem opções

Poucas vezes a Arena viu uma atuação tão pobre do Grêmio sob o comando de Roger Machado. Talvez nunca. O time gaúcho foi amplamente dominado pelo Rosario Central, no jogo de ida das oitavas de final da Libertadores, e sai em desvantagem com a derrota de 1 a 0. Uma marcação sob pressão que já era prevista, mas que surpreendeu os gremistas pela intensidade, e um Tricolor entregue, sem alternativas para sair do nó atado por Eduardo Coudet, complicaram o sonho do tri da América.


Não que a equipe de Rosário tenha empilhado chances e dominado a bola na Arena. Não foi o que ocorreu, embora o centroavante Marco Rubén tenha acertado a trave em grande jogada pessoal. O tento de Rubén saiu de uma falha da defesa. Bressan errou o tempo da bola ao tentar afastar de cabeça e desviou para trás. O centroavante ganhou de Ramiro e Fred e fez o gol argentino.

– A gente, sim, não conseguiu encontrar alternativas. Tivemos poucas vitórias pessoais, quando conseguíamos sair, articulamos pouco, o que não nos deu condições de ter volume. Não vi jogo abaixo da crítica. Jogamos mal, como raros jogos que nós fizemos nesse período em que estou aqui – analisou Roger.

As estatísticas apontam sete finalizações do Central contra apenas quatro do Grêmio, sendo só duas delas na meta de Sosa. A fraqueza no setor ofensivo explica-se pelas dificuldades enfrentadas no campo defensivo.

O Grêmio não conseguiu sair jogando. O toque de bola desde Marcelo Grohe não funcionou. Bressan e Fred não encontravam companheiros desmarcados, mas principalmente Walace e Maicon foram os que mais sofreram. Acossados a todo momento, encheram um balaio de passes errados durante o jogo. A construção esteve prejudicada.

A estratégia montada por Roger, com Miller Bolaños desde o início, foi de tentar utilizar espaços que seriam deixado às costas da defesa por conta justamente da marcação no campo gremista. Algo semelhante ao que foi feito contra a LDU, embora os equatorianos não mantenham este tipo de busca pela bola. Esta amarra arquitetada por Coudet foi, sem dúvidas, o principal problema enfrentado pelos gremistas. E que surpreendeu pela maneira como foi feita.

– A gente tinha analisado os jogos e não tínhamos visto que jogaram desta maneira como foi contra a gente. Agora já sabemos. Vamos trabalhar para sair desta marcação pressão – comentou o capitão Maicon após a derrota, na zona mista da Arena.

Roger não muda seu estilo por resultado. Mantém sua convicção no estilo de toques curtos e jogo de apoio ao máximo. Gosta de ter a bola, tanto que conseguiu tirá-la do Rosario Central na Arena, na partida com menor posse dos argentinos nesta Libertadores e com o menor número de passes completos, segundo dados do Opta.

E o Grêmio ficou sem alternativas. Com Bolaños na frente, não tinha a opção, por exemplo, do lançamento longo e da bola aérea para disputá-la e ganhar o rebote, já metros à frente e superando a primeira linha de marcação. No primeiro tempo, Roger poderia ter lançado mão de Bobô para que os zagueiros descarregassem a bola ao ataque. Mas não. Para o técnico, o “como” se ganha é tão importante quanto ganhar em si.

As mexidas de Roger surtiram efeito apenas com Everton, que conseguiu mais vitória pessoal pelos lados do campo, algo importante para abrir espaços da defesa argentina. Mas a jornada tricolor foi insegura e complicada até pelo clima criado na Arena após o gol sofrido.

O alento que fica para o torcedor gremista é que o Rosario Central, mesmo com a superioridade, só marcou um gol. O 1 a 0 é uma vantagem considerável, mas é reversível no Gigante de Arroyito, principalmente a julgar pelo fato que o Tricolor estará totalmente descansado, com oito dias entre as duas partidas.
A quinta-feira será de uma folga para o elenco gremista lamber as feridas. Além da derrota na Libertadores, há a eliminação no Gauchão na conta. O Tricolor retoma às atividades sexta-feira à tarde, no CT Luiz Carvalho.





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