Grêmio usa Libertadores por "espírito" da Arena e mira volta da "avalanche"

Em projeto pioneiro no clube, Departamento do Torcedor Gremista estreita laços com os fãs influenciado pelo Borussia Dortmund e vislumbra volta da "cultura do torcedor"


Fonte: Globo esporte

Grêmio usa Libertadores por espírito da Arena e mira volta da avalanche
Barras e cilindros de plástico já fazem parte da festa na Arena (Foto: Lucas Uebel/Grêmio)
A quarta-feira é de decisão para o Grêmio. E nada melhor que casa cheia para superar os argentinos do Rosario Central nas oitavas da Libertadores, às 21h45, na Arena. Com projeção de mais de 40 mil pessoas, o clima no estádio é um dos trunfos para um bom resultado. E há um grupo de dirigentes do clube envolvidos diretamente neste caso. O objetivo deles é criar uma identidade para o estádio gremista que se assemelhe à do Olímpico. Inclusive com a volta da tão famosa "avalanche" na comemoração dos gols tricolores.

O Departamento do Torcedor Gremista (DTG) comanda ações como as vistas na partida contra o Toluca, na semana passada, com o recebimento da equipe com fumaça e papel picado. Mas as novidades começaram a aparecer no 4 a 0 sobre a LDU, no primeiro compromisso em casa pela Libertadores de 2016.

Dirigido por Kevin Krieger, ainda tem como diretores Thiago Floriano, Ricardo Todeschini, André Gutierres, João Saraiva e Mário Guedes. Os quatro primeiros receberam o GloboEsporte.com nas cadeiras da Arena e falaram sobre os planos para melhorar o clima no estádio gremista.
INFLUÊNCIA DO BORUSSIA DORTMUND

A iniciativa é pioneira. O Grêmio fez um estudo e criou o departamento para que tenha uma relação mais próxima com a torcida, principalmente depois da mudança para a Arena, quando o sentimento afetivo com o antigo Estádio Olímpico foi quebrado. A inspiração é o Borussia Dortmund, da Alemanha, e a maneira como ele lida com os seus torcedores. O apoio dos alemães na Muralha Amarela, setor atrás de uma das metas do Westfalenstadion, é exemplar para os gremistas.
– Fomos estruturando um projeto baseado no Borussia Dortmund, um projeto técnico. Adaptando o que eles têm lá, os procedimentos, à nossa realidade – relata Thiago Floriano, um dos diretores-adjuntos do Departamento do Torcedor Gremista.

A ideia iniciou a ser planejada ainda em 2014, com João Saraiva e Ricardo Todeschini, também diretores do núcleo. Passou por conversas com o Conselho Deliberativo e diretoria para que fosse implantado dentro do clube em novembro do ano passado. Eles entendiam necessária uma interlocução ativa com o poder público e o clube para melhorar a experiência dos torcedores.

– Fizemos uma pesquisa e achamos o modelo ideal para ter o tratamento com o torcedor, não só organizado, mas também que frequenta todo o estádio. Lá (na Alemanha), como aqui no Brasil, há distúrbio com o torcedor, racismo. Mas, no modelo que buscamos, conseguimos alinhar a conduta do torcedor, junto com o Estatuto do Torcedor – completa Todeschini.

"CULTURA DO TORCEDOR"
O grande desafio nas mãos do diretor Kevin Krieger e dos cinco adjuntos é ampliar o clima no estádio e enraizar nos gremistas o comportamento de "torcedor". Como diz ele, "a Arena não é um teatro". O grupo partiu do princípio de que bandeiras, barras, papel picado e até pó colorido pudessem estar novamente nas arquibancadas, algo alijado do processo há tempos.

A intenção é que o tricolor não sente nas cadeiras um minuto sequer, principalmente aqueles nos anéis mais próximos ao campo, para pressionar o adversário. Já nesta quarta, contra o Rosario, a ideia é que o frio gaúcho se dissipe à base de gritos e saltos nas dependências da Arena.

– São pequenas ações que acabam fanatizando o torcedor. Já é uma torcida fanática, pioneira, e o DTG tem que ser um facilitador. Em um primeiro momento, o DTG que colocou os trapos. Mas a ideia é que o torcedor confeccione o seu e o traga. Parece um detalhe, mas, além do impacto visual, incentiva a torcida, inflama mais, transformando o ambiente mais impactante para o adversário. Queremos deixar um legado, uma cultura – reforça André Gutierres.

Sugestões são aceitas pelo grupo, claro. Gremistas podem entrar em contato pela página no Facebook ou até por e-mail. Tudo para transformar a Arena em uma versão remodelada e moderna no Olímpico, mas com sua própria identidade. Algo que era visto como ausente nestes primeiros anos no estádio novo.

– No terceiro dia que estávamos colocando os trapos, o Kevin sugeriu abrir uma promoção para os sócios trazerem e eles próprios os colocarem no campo. Teve gente que saiu chorando daqui de dentro. Tem um apego a esta cultura que sentimos que estava morrendo, todos sentíamos. Tem um resgate muito legal – completa Floriano.
VOLTA DA AVALANCHE

Dentro da intenção de retomar a "cultura de torcedor", há um plano audacioso a longo prazo: o retorno da avalanche. O movimento da comemoração do gol não é feito desde o jogo com a LDU pela Libertadores de 2013, quando a grade da base da Arquibancada Norte cedeu, deixando feridos. Não há uma planificação detalhada de como isso poderia ocorrer, pois depende de inúmeros fatores.
– Começamos como torcida punida, sem banda e barras, e conseguimos mais do que isso. A longo prazo, nosso planejamento inclusive é voltar com a avalanche, que é a marca do torcedor gremista – diz Ricardo Todeschini.

JOGO COM O ROSARIO
Contra o Toluca, na semana passada, houve pela primeira vez o uso de fumaça no “recebimento” do Grêmio, quando o time entrou em campo. Barras de plástico foram usadas pela torcida no setor Leste, que fica de frente para as câmeras de televisão.

Para o jogo desta quarta, a situação se repetirá. As barras plásticas estarão também no quarto anel do estádio e atrás da meta Sul, lado contrário ao setor de organizadas, na Arquibancada Norte. A fumaça, na verdade um pó de amido de milho colorido, segue no roteiro. Os famosos "bandeirões", feitos com bambu, devem reaparecer.
Todas estas situações citadas e outras tantas são objetivos para o ano todo, não só para a Libertadores. Os diretores ainda buscam novidades, como o retorno de bobinas de papel ou outras situações corriqueiras no Olímpico.

Mas nem tudo são flores na vida de relacionamento com a torcida. O clube avança no cadastro dos integrantes das organizadas, algo antes emperrado. Hoje, são 150 pessoas no sistema junto à Promotoria do Torcedor. Outros 60 têm credenciamento biométrico, o que ajuda em um ponto determinante: a inibição da violência e responsabilização individual por qualquer tipo de delito.

– Temos trabalhado com a Promotoria do Torcedor para ver quem é o indivíduo que causou o delito, com uma punição forte e pesada individualmente aos cidadãos, que, infelizmente, às vezes, saem cometendo atos irregulares ou de violência. A vida não é tão simples, mas trabalhamos para minimizar estas situações – ressalta Krieger.
Temos trabalhado com a Promotoria do Torcedor para ver quem é o indivíduo que causou delito, com uma punição forte e pesada individualmente.

Kevin Krieger,
diretor do DTG
Um exemplo colocado em prática para que o todo, no caso, o Grêmio, não seja punido é a responsabilização individual de todos os instrumentos da banda da Geral do Grêmio. Quem entra no estádio com algum instrumento musical, tem RG e CPF atrelados ao objeto. Se forem utilizados em alguma confusão, a pessoa é facilmente encontrada.

– A instituição Grêmio quer uma torcida forte, integrada, que seja atuante no dia do jogo. Que a Arena seja um caldeirão, que tenha uma banda forte, que tenha milhares de torcedores cantando. Justamente por isso que o nosso trabalho junto ao poder público é trabalhar na identificação dos torcedores que por ventura cometam atos ilícitos ou briguem. Proibir a entrada (dos brigões) em estádios e preservar o coletivo, a torcida e a festa – relata Gutierres.

PARTICIPAÇÃO ATIVA
O departamento frequentemente ouve as demandas dos gremistas que estão na Arena. Por exemplo, surgiu dos torcedores a ideia de colocar a faixa de apoio ao Equador após o terremoto no país de Bolaños, inclusive com doação da bandeira usada na homenagem.

Pela página recém criada no Facebook, o contato é constante. Nesta terça, um torcedor pediu ações nas cadeiras Gramado Sul. Foi atendido e ainda se transformou em um propulsor de ações entre os gremistas que ali sentam durante as partidas.

– O torcedor está integrado no espírito. Não é executor, é protagonista em tudo. A própria bandeira do Equador foi uma doação. Esse tipo de coisa é muito simbólico do espírito que estamos implantando. O torcedor esta se sentindo próximo do Grêmio por meio do departamento – resumiu Floriano.


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