Briga no Conselho do Grêmio terá registro policial

Élvio Pires, secretário-geral, e Rodrigo Rysdyk, conselheiro, se confrontaram no Olímpico


Fonte: Diário Gaúcho

Briga no Conselho do Grêmio terá registro policial
Deslocamento dos gremistas ao Beira-Rio gerou polêmica
Foto: Ronaldo Bernardi/Agência RBS


A discussão entre o coronel Élvio Pires, secretário-geral do Grêmio, e Rodrigo Rysdyk, conhecido como Alemão da Geral, conselheiro do clube, terá registro policial. Zero Hora ouviu os dois envolvidos que deram suas versões sobre o impasse no deslocamento da torcida gremista ao Beira-Rio no Gre-Nal do último domingo, supostas ameaças de Rysdyk e uma discussão entre ambos durante reunião do Conselho na noite desta segunda-feira.

Élvio Pires afirmou que registrará ocorrência de uma ameaça sofrida durante o clássico e levou o caso ao conselho de ética do Grêmio. Rysdyk disse não ter decidido qual medida será adotada — nota divulgada pela assessoria de imprensa do Movimento Grêmio da Torcida cita que o conselheiro entrará com uma representação junto à presidência do Conselho Deliberativo para tomar medidas referentes ao caso.

Coronel Élvio Pires, secretário-geral do Grêmio


ZH — Qual a sua versão do que aconteceu entre a reunião no BOE, na quinta, e a reunião do Conselho, nesta segunda?
Élvio Pires — Eu sou assessor do presidente, e com esta qualidade, e juntamente com o Nestor Hein e com o Seu Luiz Moreira, nós tratamos das relações de torcidas nos jogos. E simplesmente no Gre-Nal a gente fez reunião com a Brigada, achou um plano de deslocamento dos torcedores mais fácil, já que o Estádio Olímpico vai ser implodido daqui a alguns dias, não tem como colocar ônibus lá dentro do Beira-Rio como tem dentro da Arena. Era domingo, Dia dos Pais, restaurantes abertos, muita gente na rua pelo Bairro Menino Deus, pela José de Alencar, pelas ruas paralelas. Então, chegamos a um consenso que o melhor local de concentração, até porque já existia uma voz dentro do clube, até liderada pelo presidente Paulo Odone, que o melhor lugar para quando o Olímpico fosse implodido seria a concentração lá na Escolinha em frente ao Barra. Porque nós estamos com um novo modelo de estádio no Beira-Rio e na Arena.

Isso foi acordado na reunião lá no BOE, todo mundo presente, assinaram uma ata, o Ministério Público também. E depois, para a nossa surpresa, aconteceu tudo aquilo que aconteceu no domingo, que vocês sabem, de desobediência, quebra-quebra, dificuldades da Brigada em reformular o seu planejamento, enfim, tudo aquilo que aconteceu e vocês viram.

ZH — Como se deu o desentendimento?
Pires — Lá na ocasião do Gre-Nal, a direção e conselheiros estavam em um plano superior, em um camarote acima da torcida do Grêmio. Eis que de repente alguns torcedores começaram a olhar para mim e para o (Luiz) Moreira e fazer um gesto de que iam dar um tiro, que iam degolar, um gesto com os dois dedos como se fosse dar um tiro, um gesto com o dedo no pescoço como se fosse degolar, e eu e o Moreira assistimos àquilo a uma distância de 200 metros. Eu identifiquei visualmente as pessoas que estavam fazendo isso, e ontem (segunda-feira) na reunião do Conselho eu fui perguntar para o Rodrigo (Rysdyk), que é conselheiro, e era um dos que estavam fazendo esses gestos, o que ele queria dizer com aquele gesto. Aí eu o interpelei, de forma educada. Eu tenho 62 anos de idade, trabalhei na Brigada 32 anos. Ele simplesmente não respondeu, virou as costas, alguém o pegou pelo braço e disse "vamos embora, vamos embora", ele se retirou e eu não fiquei sabendo o porquê daquele gesto. Foi isso o que aconteceu. Não houve troca de socos, não houve troca de ofensas, não houve palavrão, não houve absolutamente nada. Nada mais além disso.

ZH — Haverá ocorrência policial ou alguma consequência dentro do Conselho do Grêmio?
Pires —
Eu fiz, sim, um relato, pedi ao presidente do Conselho, ontem, usei da palavra, pedi uma questão de ordem do Conselho e registrei em ata todo o episódio, desde a reunião até a minha interpelação lá na porta do Conselho. E isso o presidente do Conselho deverá levar à comissão de ética e vai analisar friamente o caso.

ZH — Mas há registro policial?

Pires —
Sim, sim. O registro policial eu farei também. A ameaça obviamente requer um registro policial desses gestos. Nós sofremos uma ameaça, eu me sinto ameaçado, inclusive estava com meu filho, era Dia dos Pais, então vou fazer também.


Rodrigo Rysdyk (Alemão da Geral), conselheiro do Grêmio


ZH — Qual a sua versão do que aconteceu entre a reunião no BOE, na quinta, e a reunião do Conselho, nesta segunda?
Rodrigo Rysdyk —
Houve uma vontade por parte do Grêmio de que a escolta saísse do bairro Cristal. Até agora não nos deram um elemento positivo para que o torcedor saísse de lá com segurança.

Lá não tem nada. É um campo de futebol em frente a um shopping que, como tu sabes, é um ponto de concentração dos colorados. E a Azenha, a gente se concentra ali para Gre-Nais desde que o Olímpico existe. Então isso não é novidade para ninguém. Os colorados evitam um pouco a Azenha, e os gremistas evitam aquele lado do Beira-Rio, onde se concentram as Organizadas do Inter e toda a logística do pessoal deles. O mais prudente era sair do Olímpico, tanto que todos os torcedores saíram do Olímpico. Fomos amparados pela Brigada. E temos que fazer um elogio ao 1° Batalhão, que foi a melhor escolta de todas. Foi a melhor escolta de todas, até hoje.

Na quinta-feira, a reunião não era para tratar sobre escolta, a reunião era para tratar sobre o interior do estádio, os materiais que seriam liberados, as orientações da Brigada quanto a depredações dentro do estádio, que tem câmera. Não tinha nada a ver com escolta.

ZH — Então não houve acordo que determinasse a concentração no Cristal?
Rysdyk —
Não, o BOE não faz a escolta. O BOE cuida do interior do estádio. Só que ali na reunião foi colocado para nós que a escolta, a pedido do Grêmio, do Grêmio, foi um pedido do Grêmio, não foi uma ideia da Brigada, foi uma ideia do Grêmio, que montasse a logística lá. E nós, todas as torcidas do Grêmio, não foi só a Geral, dissemos que lá não existe, que ia dar muito problema, que ia dar briga, tanto que teve relatos que gremistas que foram quebrados, que estavam indo para lá para o Cristal. E os colorados também rechaçaram essa ideia absurda por parte do Grêmio. Disseram: "Olha, vocês querem colocar os gremistas contra nós". Foi unanimidade dentro da reunião, ninguém concordou com isso. Tanto que a escolta saiu do Olímpico. É uma coisa ridícula.

O Grêmio, digamos, perdeu uma queda de braço sem fundamento, porque não nos consultou. A Brigada tinha pensado que tinha um acordo entre nós, que tinha um pedido nosso, e não foi um pedido nosso. Esse foi o problema. O Grêmio se importou muito mal.

Colocou a Brigada em uma situação ridícula e perigosa, e nós também.

ZH — E o que aconteceu na reunião do Conselho?
Rysdyk —
A gente estava no Bar do Marquinhos, ali do lado do pórtico, e chegou o presidente (do Conselho) Milton (Camargo) e disse: "Olha, o clima está quente lá em cima, espero que tu tenhas calma". E eu disse: "Presidente Milton, o senhor sabe que eu sempre me importei de maneira exemplar aqui na casa e tu não precisas te preocupar comigo". Eu inclusive comprei uma bronca, eu mandei retirar os seguranças, nunca aconteceu isso de ter segurança. Sempre nas reuniões do Conselho tinha o segurança que abre a porta para entrar no Salão Nobre. Excepcionalmente nessa teve, algo raro, um monte de seguranças lá em cima. O presidente Milton mandou descer todos. O coronel Élvio questionou, disse que era da direção, que podia fazer isso, e o presidente Milton falou que não, que ali não era uma área policial, que ali era o Conselho do Grêmio e que não ia permitir isso.

Eu entrei no elevador, ingressei na sala onde se assina a ata e levei um peitaço, dedo em riste, do Moreira e do Élvio. Não consegui nem assinar a ata. Porque a coisa estava cada vez pior e daqui a pouco eu poderia sofrer uma agressão. Eu preferi descer e me retirar, porque não tinha cabimento, não tinha por que eu estar ali. Foi ridículo o que aconteceu, foi um papelão. Um papelão que eu até peço desculpas ao sócio do Grêmio. Isso não pode acontecer.

ZH — Houve alguma ameaça ao coronel Élvio durante o Gre-Nal?
Rysdyk —
Isso é muito cinema. O dirigente que olha o torcedor, não interessa o gesto ou o xingamento. Se o cara que é dirigente não consegue aguentar a pressão em um resultado negativo, e já são nove... o torcedor está revoltado, o torcedor está xingando. É direito do torcedor, ele está ali. Ele está na arquibancada, pagou ingresso. O que ele não pode fazer é partir para uma agressão física, daqui a pouco arrancar a cabine, chegar ao campo e depredar. A torcida do Grêmio não fez isso. A torcida do Grêmio apoiou o jogo todo. Terminou o jogo, xingou, xingou a direção, xingou os jogadores e foi para casa. Deu, fim de papo.

Não tem motivo plausível para chegar um dirigente, e outro conselheiro e dirigente, e peitar outro conselheiro da maneira que foi feito.



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